07. Um dia de surpresas

Capítulo 7 - Um dia de surpresas

Namjoon estava na casa do namorado cuidado dele pois o mesmo havia lhe mandado uma mensagem avisando que faltou do cursinho por estar passando mal da sinusite. 

— Parece que um trator passou em cima de mim. — resmungou Seokjin.

— Continue tomando os remédios que você vai melhorar. — falou fazendo carinho no cabelo dele.

— E como vai você e o Jungkook? 

— Acho que o estresse dele passou... Mas eu me sinto desconfiando. Ainda mais depois que ele se aproximou de certas pessoas e, de repente, descobriu que se atrai por todas as classes com destaque em alfas. Jungkook é inocente, para ele ter percebido esse detalhe sobre si, deve ter acontecido algo, não acha? Resta saber o quê. — estreitou os olhos, pensando em mil e uma coisas. 

— Se estiver falando do Jimin, ele não está fazendo nada, Jeonie. E se o Jungkook tem atração por ele não tem problema também.

— Eu não quero que ele se machuque. — choramingou.

— Não é você que controla isso. Pode vir alguma desilusão amorosa, por quem é que seja? Sim! Ele pode fazer algo errado em alguma descoberta ou curtição da vida? Sim! Mas estamos aqui para ajudá-lo. Agora se você continuar o prendendo e o tratando como uma criança protegida por uma bolha, vai machucar ainda mais!

— Eu só quero o bem dele.

— Tem que entender que o que você faz não é saudável. E, caramba, custa colocar nessa uma cabeça dura que é importante para o seu seang ser tratado de igual para igual e ter direito de simplesmente fazer as próprias escolhas? Jungkook acaba de ser maturado e ainda é um tanto reprimido se comparar com os lupinos de sua idade. Isso não é legal! Entenda de uma vez que ele não é nenhuma criança e, como um adulto, tem direito fazer o que quer. Para de ser como um pai chato super protetor e o deixe experimentar, errar, aprender, cair, levantar, amar, quebrar a cara até acertar. Caralho, deixe ele viver como qualquer outra pessoa! 

Namjoon se calou. Talvez Jin tivesse razão mas seu orgulho não o permitia admitir isso em voz alta, então optou por ficar quieto, apenas refletindo e anotando mentalmente que precisava aceitar o fato que seu Jungkook cresceu e soltá-lo um pouco mais, mesmo que quase morresse de medo e preocupação.

— Eu vou contar a ele. — quebrou o silêncio, expondo sua decisão.

— Sobre?

— A empresa. — suspirou. — Jungkook está grandinho, irá entender, não é? — perguntou um tanto inseguro, ao mesmo tempo que seu instinto protetor gritava que não.

— Sim, óbvio.

— Mas não é só por isso. Hoje ele me mostrou que mesmo estando nervoso comigo nesses dias, ele ainda confia em mim e é honesto. Eu quero mostrar o mesmo. Digo, eu sou um adulto, por que não reforcei esse laço antes? 

— Porquê você estava ocupado com o trabalho, ocupado pensando em proteger a inocência do seu irmão mesmo ele tendo dezoito anos na cara, ocupado em desconfiar que Jimin está tramando algo contra o bebê Jeon e, claro, ocupado comigo mas nisso eu dou um desconto. — sorriu, se aconchegando no peito dele.

— Você é tão sincero. — riu.

— Eu sou. E também sou como sua consciência, a parte que não deixa a sua cabeça dura e inconsequente ficar ativa por muito tempo.

— Bendito seja Park Seokjin. — brincou, ganhando uma risada do namorado.

Batidas na porta foram ouvidas e uma voz em específico se pronunciou:

— Jinnie? Posso entrar? 

— Claro, Chim. 

Ele o fez, de imediato dando uma careta ao ver seu irmão e melhor amigo grudadinhos na cama. Aquilo era uma cena que nunca imaginou na vida, era estranho demais.

— Mamãe disse que estava mal.

— É o mesmo de sempre. Já bebi os remédios, melhorei um pouco, e em breve estarei cem por cento. — garantiu.

— Quer que eu faça algo para você comer?

— Eu já fiz, Jimin. — disse o castanho, sorrindo. 

— Mas você não sabe cozinhar.

— Sua mãe me ajudou. 

— Ah, claro. — forçou um sorriso. Agora sim estava com ciúmes bobo. — Então, já que não precisam de mim, eu vou indo. 

— Jimin? — Namjoon o chamou antes que saísse pela porta. — Pode me fazer um favor? — ele assentiu. — Quero que busque Jungkook na escola e o leve para a empresa. 

— Como? — questionou, descrente. — Eu ouvi bem? Você quer que eu busque o seu Jungkook e o leve para a empresa?

— Sim. Eu quero. 

— Mas você mal deixa ele saber daquele lugar e me quer a milhas de distância dele, por que isso agora? 

— Amigo, só me faça esse favor antes que eu mude de ideia. 

— Se você diz. — deu de ombros. — Eu vou nessa. — informou, saindo dali e pensando "bizarro". No entanto, não iria reclamar, claro que não, era uma ótima oportunidade de aproximar do mais novo.

— Parabéns. — disse Jin. — Gostei de te ver dar um voto de confiança ao meu irmão e começar a melhorar com o Jungkook.

— Mas é aquele ditado: deixe seu amigo perto e o inimigo mais perto ainda. E adivinha? Jimin é os dois! É por isso que ele tem que ficar bem pertinho, com meu dongsaeng junto, assim poderei ficar de olho neles e intervir se for necessário porque eu me preocupo com ambos. Não quero que eles se machuquem, menos ainda entre si.

— Você é impossível. — rolou os olhos.

— E você me ama. — o deu um beijinho na bochecha. O rapaz continuou sério então Nam continuou, distribuiu beijos por todo o rosto dele até arrancar um sorriso.

Park foi direto para a escola. Estacionou em frente ao portão, observando o monte de adolescentes com diversas personalidades distintas ou semelhantes, tendo que conviver no mesmo ambiente, saindo pela enorme porta da instituição de ensino. A maioria estava com seus grupos de amigos, conversando e rindo animadamente, isso lhe bateu uma nostalgia e ele sorriu pois essa época de sua vida foi incrível, apesar dos pesares.

O pesar é que Jimin já foi traído. Tanto em seus poucos relacionamentos amorosos quanto em suas raras amizades. Sempre terminava como odiava: sozinho. 

Quando perdeu seu pai essa sensação veio com mais força mas ele se agarrou na presença de sua mãe, do seu irmão, Namjoon e também de longas noites com pessoas desconhecidas que no fim poderiam lhe proporcionar alguma forma de prazer e lhe fazer esquecer do vazio em seu peito ao qual não ousava contar para ninguém. 

Talvez seja por isso que se sinta temeroso no atual momento. A insegurança de não ser o suficiente e medo de ficar só eram terríveis. Além do ciúmes, acreditava que o novo casal iria o descartar já que pararam de lhe incluir nas coisas. Então antes de ser ferido, ele queria atacar primeiro, mesmo que em uma vingança boba, optando por ser inconsequente ao invés de conversar com eles e expor seus sentimentos.

— Jimin-ssi? 

Assim que mirou o jovem, sorriu. Ainda que seus amigos esquecessem de sua existência ou apenas lhe deixarem de lado para namorar, agora tinha Jungkook. Ele parecia inofensivo para si. Portanto, seria ótimo com ele, agiria um amigo de verdade para, quem sabe, ter um ombro para chorar no futuro. Ou uma cama para lhe aquecer e tirar a sensação estranha de vazio fodendo até o amanhecer. 

— O que faz aqui? 

— Te explico no caminho. Vamos? 

O ômega acompanhou, pensando se Namjoon estava bem porque ele mandou Park Jimin lhe buscar e, convenhamos, isso era bem inusitado.

— Estou preocupado. Aconteceu alguma coisa?

— Seu irmão me pediu para que te buscasse e levasse para a empresa. — os olhos do jovem saltaram de surpresa.

— Espera. Calma. Deixa eu ver se entendi. Jeon Namjoon mandou você me levar para a empresa

— Acredite, estou tão surpreso quanto você. Mas não se anime tanto, tenho certeza que ele fará vista grossa. Não acho que ele vá te deixar circular por lá, provavelmente terão lugares restritos, mas isso eu entendo já que tem salas que você não deve entrar. O que acha disso? 

Só conseguia pensar que era praticamente surreal estar ao lado desse alfa. O mesmo que babou vendo atuar e homenageou várias vezes enquanto via seu desempenho. O tesão de ser que fez sua libido despertar. O cara a quem queria muito, mais muito, dar ao menos um beijo...

Por ter se prendido em seus pensamentos, ao sentir uma mão apertar sua coxa de leve, além de um choque interno, levou um susto, ainda mais ao olhar para ele e vê-lo tão atento em si com aquele rosto lindo demais. 

— Então?

— P-pode repetir? — perguntou, tenso por ter aquela palma pousada na sua carne. 

— O que acha sobre seu irmão finalmente te deixar conhecer a Your Entertainment?

— É g-grande avanço, não é? — sorriu de leve, aguardando que aquela mão se retirasse de seu corpo. Estava se sentindo mais quente que o normal apenas por um toque. Um maldito se simples toque. Bochechas, parem de corar! E feromônios, pelo amor do santo lobinho, não apareçam!

— Você vai gostar de lá. Tem pessoas legais. Mas não dê confiança para alguns atores e atrizes, eles são cafajestes. 

— Sei. — pigarreou, encarando a mão repleta de anéis, que parecia boa para ser tocada e, definitivamente, tocar. Parecia fofa, porém Jeon não ousava se iludir visto que nos vídeos elas pareciam conseguir fazer belos estragos.

— Te incomoda? — perguntou, ressaltando ao apertar a coxa dele outra vez. 

— N-não. — gaguejou. Se questionando como algo tão adorável podia ter tanta força. E, caramba, por que aquele carro estava tão quente? Teve que abrir o vidro até o final.

— Se incomodasse eu teria que pedir para você se acostumar porque agora somos namorados, lembra? — brincou, erguendo uma das sobrancelhas, tomando um ar sexy e flertante.

— Ah, é. — foi o conseguiu dizer como afirmação já que sua timidez estava aguçada.

— Você topou porque quer só vingança ou porque pensou direitinho e quer que eu te proporcione descobertas?

— Os dois? — franziu o cenho. — E-eu não quero tecnicamente me vingar, quero fazer isso por mim, sabe? Adquirir novas experiências já que você está disposto a me ensinar e também mostrar ao meu irmão que posso namorar ou fazer o que for. Só que vai afetar do mesmo jeito. — deu de ombros.

— Então não te interessa que tenhamos motivos diferentes, certo? Eu estou focado na vingança, você não tanto, mas, como disse, de qualquer forma o fim será o mesmo: seu irmão fora do sério. Estamos de acordo?

— Sim. 

— E como foi seu dia hoje, Jungkook? 

— Normal, você sabe como é a escola. E o seu? Muito trabalho? — sem querer querendo a pergunta curiosa saiu de sua boca.

— Não. Eu vou ter uma folga mais longa a partir de amanhã. Talvez, se os planos continuarem os mesmos, férias de um mês. Pensei em viajar, espairecer. Se quiser ir… 

— Ah, seria interessante, mas eu acho melhor irmos com calma antes que o hyung surte de vez. Fora que não posso faltar um mês, não quero repetir de ano.

— Entendo. 

— Posso te fazer uma pergunta? — havia pensado nisso hoje, aproveitou o momento para sanar mais uma curiosidade.

— O que quiser. 

— Eu não quero parecer intrometido mas queria saber se… Se você gosta do seu trabalho...? — soou meio hesitante. 

— Tem seus lados bons e ruins como todo emprego. No começo eu não me orgulhava porque há quem fala mal da gente se expor tanto nas cenas quentes. Só que com o tempo acostumei e parei de me importar porque a empresa do seu irmão não é pequena, são grandes produções com um alto retorno dos adultos, o que me faz ganhar bastante. Eu gosto de transar, de me exibir, de sentir desejado, essas coisas inflam meu ego. Ganho para isso então sim.

— Imagino que não pretende parar.

— Apenas quando não me satisfazer mais.

— Ah, sim. — havia entendido, ainda que achasse estranho o mais velho gostar desse tipo de trabalho. Não sobre a parte de atuar mas transar na frente de câmeras.

Pensando um pouco, se tivesse no lugar dele, a situação não seria assim. Não teria coragem de se mostrar, não iria querer filmar o sexo que faz - até então inexistente - que ao ser ver pertencia somente a sua intimidade particular e certamente não gostaria de ganhar dinheiro sendo esse tipo de ator. Mas era ele, não Jimin. 

Os lupinos e lupinas têm o direito de ser, agir e também de trabalhar com o que quisessem desde que as fazem bem e não prejudicam o outro. Portanto, respeitava.

— Chegamos. 

Eles desceram do carro juntos e o moreno não demorou a segurar a mão de Jungkook, o guiando pelo local muito bem conhecido por si.

O jovem observava tudo, captando todos os detalhes possíveis com seus olhos curiosos.

Dentro da empresa era amplo, as cores escuras tomavam conta das paredes repletas de quadros sensuais e alguns enfeites adultos. Cada pessoa pela qual passavam os encarava de uma maneira diferente. Uns cumprimentavam, sorriam, alguns ignoravam, outros lançavam um olhar de inveja ou malícia, talvez uns de reprovação, e o ator não ligava pois ninguém tinha nada haver com sua vida e Jungkook descobriu não estar nem aí também, afinal, se sentia confortável ao lado de Jimin.

— Onde está o Namjoon hyung? — perguntou à beta que estava vindo de uma das salas de gravações. Esta secou o acompanhante dele de cima a baixo. — Hannah?

— Está te esperando na sala dele. A propósito, quem é esse? O atorzinho virgem para a gravação de hoje? — desdenhou. 

— É o irmão do chefe. — ela entreabriu a boca para falar algo mas Park a impediu. — E, se nos der licença, tenho que levá-lo. — saíram, deixando ela surpresa.

— Eu sinto que ela não gostou de mim. — o dongsaeng expôs o incômodo. 

— Me desculpe. Eu a beijei em uma festa da empresa, a partir de então ela pensa que temos algo e não gosta de me ver próximo a ninguém, o que eu acho tão ridículo que simplesmente ignoro. Para o seu bem, faça isso também, ou ela vai brigar com você baseado em fundamento algum.

— Meu Deus. Por que meu irmão contrata esse tipo de pessoa?

— Que tal perguntar diretamente para ele? Essa é a sala do hyung. 

Jungkook analisou a porta. Era imensa. Jimin bateu na mesma, tendo a permissão para entrar. 

O CEO estava sentado em uma cadeira acolchoada, girando de um lado para o outro contendo alguns papéis em mãos aos quais lia atentamente mas os deixou na mesa quando viu quem estava ali.

— Finalmente. Estou um pouquinho ocupado mas quero conversar com cada um em particular. Agora com você, Jimin.

— Licença. — o garoto, mesmo que curioso do que iam tratar, saiu.

— Posso saber por que mudou os dias e horários das gravações sem me consultar? E ainda no seu último dia de filmagem antes de suas férias?

— Por respeito ao Jungkook, claro. Ele vai ficar me seguindo aqui, não quero que ele me veja nisso e aposto que você também não. 

— Olha por um lado, você está certo. Mas por outro algo me diz que não devo depositar toda minha confiança em você, até porque conheço muito bem meu melhor amigo.

— Que juízo você faz de mim. — colocou a mão no peito, sendo dramático.

— Como disse, eu te conheço. Bem demais para estranhar sua repentina amizade com o Jungkook. Você não é de colecionar amigos e sim fodas.

— Relaxa, não precisa se preocupar, afinal, não sou eu quem rouba o irmão dos outros e até o induz a ocultar coisas.

— São situações bem diferentes. 

— São? Porque para mim dá no mesmo.

— O que você pretende com isso? Iludir meu irmão, ficar com ele e descartar, para se vingar de mim?

— Eu quero uma amizade verdadeira, e daí? Se evoluir, você se fode. — sorriu.

— Jimin… 

— Tenho que mostrar a empresa para o Kook-ah. Nos vemos depois, hyung! — saiu deixando um Jeon irritado para trás, porém não é novidade.

O ômega aguardava ansiosamente pela hora que seu irmão fosse esclarecer as coisas, mas enquanto o momento não chegava e ele conversava com Jimin sobre sabe-se lá o que, aproveitava para explorar o local. Por alguns minutos andou pelos corredores, quando achou uma sala que parecia interessante devida a porta ser de listra de zebras, rodou a maçaneta, assustando ao ter o braço agarrado com força. 

— O que está fazendo? — exclamou virando o rosto para ver a pessoa, se deparando com a beta de mais cedo.

— Estou pouco me importando se você é irmão do chefe, ouviu? Fique esperto e bem longe do que é meu!

— Que porra você está pensando? — ao achá-los, Jimin puxou ômega para si, acariciando seu braço. — Ela te machucou? — entretanto, antes que ele dissesse algo, se voltou para Hannah — Você me deve satisfação!

— Ele estava querendo entrar em uma sala proibida, eu só estava querendo ajudar. — deu de ombros, se fazendo de boa moça. 

O castanho rolou os olhos, pensando que ela era mentirosa. Odiava pessoas mentirosas.

— Depois resolvo com você. Vem, Jungkook-ah. — o levou para seu camarim. — Ela mentiu, não é? 

— Você tem certeza que não tem um caso com ela? — questionou, meio duvidoso.

— Sim, por que?

— "Fique esperto e bem longe do que é meu." —  imitou a voz dela, pegando no braço do alfa da mesma maneira mas sem apertar. O mais velho ergueu a sobrancelha e riu, tanto pela imitação, quanto pelo o que Hannah disse.

— Sou dela só nos sonhos. Vou resolver isso mais tarde. Não precisa se preocupar. — ele assentiu. — Esse é meu camarim, quer fazer alguma coisa? 

— E-eu… — ficou sem jeito, estava pensando em coisas nada puras nesse instante. Por sorte o mais velho nem reparou pois já organizava o vídeo game.

— Quer jogar? Ou sei lá, ver TV, usar a internet à toa, você escolhe. Só não pode mexer no meu guarda roupa. 

— Tem coisas tão inapropriadas assim? — brincou, encarando o item fechado.

— Há só fantasias e tem uns acessórios bem pesados que você não deveria conhecer por enquanto.

— O que quer dizer com "por enquanto?" — indagou se sentando no sofá. — Q-quer dizer, deixa pra lá. — riu sem graça, sentindo seu rosto arder em vergonha. 

Park sorriu gentil, sentando ao lado dele.

— Você ainda não sabe tanto. Tem que se adaptar primeiro ao contexto para depois acrescentar essas coisas na sua vida, entende? 

— Podemos jogar agora? — tudo para não se remoer de vergonha.

— Claro. 

Foi então que colocaram um jogo de luta onde Jungkook não deixava o mais velho ganhar de jeito algum e assim seguiu por boa parte da tarde.

— Ei! Isso é maldade! — alfa fez um biquinho irritado por ter perdido outra vez.

— Maldade é o que você faz fingindo que sabe jogar. — riu.

— Eu sei jogar muito bem, mas não esse tipo de jogo. — piscou, sorrindo safado.

— Sei. — retrucou, tentando não focar nisso, continuando a apertar os botões do controle.

Alguns minutos depois Park conseguiu ganhar. Mas só porque o ômega deixou. Este não iria admitir que forma alguma e o ator estava muito feliz para questionar tal coisa.

— Isso! Isso! Isso! — exclamava como uma criança eufórica, dando socos no ar e em seguida gargalhando, jogando a cabeça para trás e escorando na parte superior do sofá.

— Que droga, Jimin-ssi. — também se escorou. — Você deve ter trapaceado quando eu me distraí. — resmungou, fitando os olhos azuis que possuíam um brilho diferente e único. E, surpreendentemente, não estava falando de maldade.

— Não seja um péssimo perdedor, Jungkook-ah. — murmurou já que estavam muito perto, o fazendo sorrir e, claro, se arrepiar todinho pela como foi chamado. 

— Eu sei perder, principalmente para um alfa ruim como você. — as bochechas alheias ficaram fartas, os olhos viraram duas luas crescentes e os dentes branquinhos apareceram em um sorriso enorme. Foi aí que Kook se perguntou como ele conseguia ser tão lindo.

— Sou ruim apenas nisso. Tem várias outras coisas que eu mando bem. — disse ao que, pela primeira vez, prestava a devida atenção no rosto bonito de Jeon. E, porra, ele é uma graça de tão belo e encantador!

— E no que você mais manda bem? — perguntou, mordendo o lábio, vendo o rosto dele ganhar um semblante malicioso.

— Tem certeza que não faz ideia do que seja? — passou a língua sobre os lábios fartos, sorrindo em seguida. Jungkook negou fazendo um pequeno biquinho nos lábios, então Jimin nem fez esforço de se segurar.

— Então eu vou te mostrar. — aproximou, colando seus lábios em um selinho. Mas o encostar de lábios pareceu rápido demais visto que a porta se abriu, os interrompendo e assustando.

— Jimin! — exclamou Katy, amiga do alfa e funcionária dali, ao se deparar com aquela cena. — Jimin, não acredito! Esse é o irmão do-

— Por favor, não fala nada. 

— Não vou falar, mas depois você vai me explicar isso direitinho, hein?

— Não tenho nada para dizer. — deu de ombros.

Um silêncio tomou conta do ambiente até Park o cortar. 

— Jungkook, essa é a Katarina mas os íntimos a chamam de Katy. — os apresentou. 

O garoto parecia um pimentão naquele instante, todavia, estava aliviado por saber que os dois eram amigos e não corria risco de ser entregue para o irmão que provavelmente faria uma tempestade enorme em torno de um mísero selinho.

— O-Olá.

— Oi, jovenzinho. Seu irmão quer falar com você. Ainda bem que me ofereci para vim te chamar. Pelo o que sei do lado super protetor dele, não quero imaginar o que faria ao ver vocês se beijando.

— Ele teria matado o Jimin-ssi e depois me matado. E-eu vou indo. — levantou atrapalhado pois ainda se encontrava atordoado pelo encostar de lábios.

— Te vejo mais tarde, Jungkook-ah. — ele assentiu, sorrindo de leve e saindo dali.

— Você... — disse a beta em tom acusatório.

— Sem comentários. — resmungou, mudando de assunto. — Sabe a Hannah? 

— A beta obcecada em você? 

— Essa mesma. Ache os podres dela e a demita. — exigiu.

— Mas você nunca se importou antes.

— O problema não foi comigo. Ela quase machucou o Jungkook. Na verdade acho que machucou pelo aperto que deu em seu braço.

— Nossa. — ficou boquiaberta. — Por que ela fez isso com aquele ômega doce?

— Tudo para mandá-lo não mexer com o que é dela. 

— Credo, não é assim que se conquista o crush não.

— Fale isso para ela. 

Jungkook, um tantinho nervoso e ainda corado pelo acontecimento anterior, entrou na sala do irmão.

— Q-queria falar comigo? — engoliu em seco ao pensar em todos os assuntos que ele poderia tratar. Será que já sabia do beijo…? Não. Não tem como. Não daria tempo. Era só seu medo cogitando essa possibilidade. 

— Vamos direto ao ponto. Essa semana estarei sobrecarregado de trabalho, reuniões e milhares de coisas. Infelizmente não poderei te levar em casa depois da sua aula, nem quero te deixar sozinho lá, então a partir de hoje você passará as tardes aqui.

— Vou ficar aqui? Mas eu nem sei direito o que é isso tudo... — se fez de bobo para ver se o alfa continuaria a mentir.

— Nada mais justo que você saber onde vai ficar. Eu evitei te contar porque você não estava preparado, entende? Depois de maturar, talvez eu que não estivesse pronto para te contar. A questão é que eu estou tentando lidar com o seu crescimento agora e não quero mais ocultar nada. Sei que você não gosta quando fazem isso, mas eu fiz. Na minha mente a justificativa era te poupar já que você sempre foi tão sensível e ainda detestava essas coisas por ter outra visão de mundo, uma mais ingênua, que eu tento manter. Mas você já maturou, teve seu cio, se tornou adulto, e, bem, eu tenho que aceitar os fatos de que você não é tão inocente mais e já pode saber o que eu faço. 

— Eu quero saber.

— Filmes adultos.

— Oi? 

— Esta é uma empresa legalizada pelo governo onde os filmes são como qualquer outro, porém, somente maiores de idade tem acesso por conter cenas de sexo explícito. — Jungkook se esforçou para parecer o mais surpreso possível. — Eu nunca te contei porque você antes era uma criança. Ainda não quero que saiba mais do que o necessário porque, acredite, esse não é um ambiente que você quer ter seu irmão mais novo. 

— Obrigado. — suspirou aliviado pois seu irmão, finalmente, foi sincero. — Não tinha o porque esconder sobre seu trabalho. Eu estou sim crescendo, não sou tão ingênuo mais. Você precisa sim aceitar isso antes que tenha um surto, hyung. — respirou fundo. — E eu não me importo com isso aqui. Seu trabalho é só mais um trabalho. De todo modo, fico feliz que tenha tido a decência de me contar pois eu, de fato, merecia saber. Eu sou seu irmão, a gente confia um no outro, então sempre devemos ser honestos, não é?

— Claro. — respondeu, surpreso pela maturidade que o ômega estava mostrando. — Me desculpe por ocultar tudo.

— Desculpo, só, por favor, não esconda mais coisas de mim. Você sabe que isso é fácil de me chatear. Eu me chateei.

— Eu entendo, mas saiba que é difícil para mim também. 

— Justamente, eu me esforço e entendo seu lado. Você que às vezes não entende o meu ou demora demais para entender e fica sendo um chato. — Namjoon ficou mais surpreso com a essa constatação. — Agora que nós acertamos, posso explorar mais por aí? 

— Só toma cuidado com algumas pessoas, elas tendem a ser-

— Cafajestes. Não se preocupe. Jimin-ssi já me falou. 

— Jimin, é? Vocês andam bem próximos ultimamente. Estão… Sabe… Tendo algo? — perguntou como quem não queria nada.

— Não posso ficar próximo do irmão do meu cunhado que inclusive é seu melhor amigo? Aliás, hoje foi você que me empurrou para ficar junto dele.

— Amizade tudo bem. Só não inventa muita coisa porque eu conheço o Jimin e mesmo sendo um bom lupino, acredito que não seja alfa para você. — começou a digitar no computador. — Pode ir quando quiser. 

Mal acabou de falar e o garoto lhe deu as costas, saindo dali nervoso pois Namjoon não tinha que achar nada da sua vida amorosa recém criada que pertencia somente a si.  

— Ora, vamos ver se o Jimin não é alfa para mim! Aliás, cadê ele? 

Andou pelos corredores pedindo informações até descobrir onde ele estava. Minutos depois se encontrava em frente a uma porta grande, ela estava entreaberta com um folheto que dizia "gravando". Movido pela curiosidade, olhou para os lados verificando se não tinha ninguém - para evitar que chegasse ao seu irmão -, e adentrou o cômodo. Jimin realmente estava lá dentro, quando o viu, lhe chamou com o dedo e mostrou a cadeira vaga ao seu lado. 

— O que seu irmão queria? — murmurou.

— Me contar sobre tudo, finalmente. — suspirou aliviado, sorrindo sem jeito enquanto via uma cena se desenrolando a metros de si. 

— Se sente nervoso? — murmurou novamente, dessa vez ao pé do ouvido dele. Jungkook se arrepiou e tremelicou de leve.

— N-não... Só... Me sinto estranho. — apertou os dedos nas coxas, não devia ter entrado ali. Não devia estar tão próximo a Jimin. Não depois de tê-lo visto de tantas formas naqueles vídeos quentes. Exatamente como acontecia na frente deles.

— Isso é normal. Eu também estou "estranho". — sorriu de lado. 

Um gemido ecoou pela sala fazendo o corpo inteiro do ômega estremecer. Olhou de relance para o mais velho e ele lhe encarava, o que lhe deixou sem graça.

— Melhor sairmos daqui. — Park deu a mão ao jovem que aceitou já que estava difícil controlar os feromônios. Se ficasse, poderia dar ruim. Se sentia muito quente. Tudo pela cena e por ter o alfas gostoso ao seu lado. 

— Eu estou com vergonha. — murmurou, mexendo na barra da camisa de uniforme.

— Vamos nos livrar dela. Já pregou peças em alguém, Jungkook-ah? 

— Várias vezes, por quê? 

— Porque vamos brincar com a Hannah antes dela ser despedida.

— Você vai demiti-la? 

Ele balançou a cabeça positivamente, dizendo que ela já havia feito muita merda contra os outros ali e hoje passou dos limites atacando alguém que ela sequer conhecia. Jungkook perguntou em sua mente se era muita maldade sua ficar feliz com a demissão de alguém. No entanto, sequer pensou sobre isso visto que o moreno tratou de arrastá-lo até uma loja barata. Em seguida, se arriscando ao pegar a bolsa de Hana onde eles trocaram as maquiagens por umas vencidas que irritam a pele, além de derreter e ficar uma desgraça.

Park foi até ela, a puxou para um canto qualquer e enquanto isso o ômega colocou a bolsa no lugar com as inúmeras maquiagens sabotadas.

— Ji- — ele a beijou de um jeito bom para borrar toda a boca dela. Como ótimo ator que era após se separarem ainda deu um largo sorriso, a deixando boba por ter ao menos um pouco o que queria.

Como esperado, ela foi ao banheiro se retocar e depois de o fazer, a dupla aguardou até tudo aquilo derreter. Jeon havia aberto uma fresta da porta então eles puderam ficar escondidinhos, observando... Em minutos o rosto da beta estava irritado, vermelho, escorrendo aos montes. As pessoas a olhavam estranho, algumas com olhar repreendedor, outras riam ou se seguravam para não o fazer enquanto os dois gargalhavam vendo Hannah se irritar. Quando ela decidiu se olhar no espelho, saiu correndo aos berros. 

Os dois diabinhos bateram as mãos num high five, ainda rindo da proeza que fizeram.

— Isso foi tão engraçado que a minha barriga dói! — disse o moreno, secando algumas lágrimas de riso.

— Sim. Espera. Ainda está sujo, Jimin-ssi. — sem medir as consequências aproximou, passando o polegar lentamente nos lábios cheinhos, removendo todos os resquícios de batom que havia manchado a pele alheia. 

Quando o polegar chegou no meio dos lábios entreabertos, Park os fechou, beijando aquele dedo. Eles se encararam por um instante. O olhar do ator era intenso fazendo uma tensão crescer ali. Este pareceu esquecer que estavam em uma empresa movimentada, de quem aquele ômega era irmão, e se aproximou. Porém, o jovem se afastou, indo para outro cômodo rapidamente pois seus ouvidos captaram a voz de Namjoon procurando por si. 

— Jungkook, vamos? 

— S-sim. — pegou sua mochila da mão dele e caminhou na frente, olhando para o chão. 

Jimin havia lhe desestabilizado tanto que nem se despediu e agora, caramba, não conseguia tirar a imagem do selinho repentino e o quase beijo da cabeça.

— Está com fome? Se quiser podemos passar em algum lugar antes. 

— Quero não. — murmurou, ainda perdido em pensamentos.

— Jungkook! — ouviu aquela voz lhe chamar. Respirou fundo, virando em direção a ele.

— Jimin-ssi! 

— Você saiu tão rápido que não deu para perguntar, nos vemos amanhã?

— C-claro. — sorriu, mesmo estando tímido.

— Então até! — selou a bochecha dele, o deixando vermelhinho. 

Namjoon estreitou os olhos estranhando aquilo que claramente não foi do seu agrado, no entanto, não disse nada. Assim como não disse nada sobre o sorrisinho bobo que vez ou outra escapava dos lábios do irmão no caminho até em casa.

— Vou subir. — Kook informou.

— Mas, antes, me diz, o que vocês dois aprontaram? — perguntou, sério.

— Nada. 

— Jungkook, não minta pra mim.

— Jimin demitiu uma das recepcionistas porque ela me ameaçou. Olha, foi ela quem fez. — mostrou o braço que ainda tinha uma marca roxa na pele sensível, de plano a tirar o foco deles. Claro que funcionou. Namjoon ficou possesso com a beta, esquecendo de continuar a questionar sobre as atitudes suspeitas daqueles dois.

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