Anteriormente:

- Ele vem fazendo isso a anos, percebe o que sua vida está se tornando? Ele está fazendo você acreditar que nunca terá uma vida, que nunca será feliz.

- Não está, sério.. eu estou bem com tudo isso- menti, afinal eu já estava acostumada a perder as esperanças e Shawn estava certo.

- Não? Vejo nos seus olhos a falta de esperanças que você tem quando alguém fala sobre o futuro. E você não convence a ninguém com esse "Eu estou bem".

Pior que nem a mim mesma eu convencia.

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"Um dia alguém vai te abraçar tão forte que todos os pedaços dentro de você vão se juntar novamente"

- Shawn quantas vezes eu vou ter que dizer que está tudo bem pra você acreditar?- perguntei aflita.

- Até quando realmente for verdade.

Suspiro.

- Olha nos meu olhos e me diz que não há problema algum, diga que gosta... Se conseguir fazer isso de forma sincera, sem mentir, te deixo em paz- diz ele.

- Tudo o que eu falar você vai dizer que é mentira- falo desconfiada.

- Clary a quanto tempo te conheço? Sei quando você mente porque seu próprio corpo te entrega- ele diz algo que me deixa surpresa.

- O que? O que eu faço que faz com que você saiba?

Talvez se eu soubesse eu poderia evitar, tem várias pessoas que mexem no cabelo ou franzem o nariz quando mentem e isso dá para reverter.

- Você cora- responde ele.

Hmmm... Isso eu não era capaz de mudar.

- Droga..Tudo bemm. Eu não gosto okay? Não suporto que ele me toque ou tente fazer qualquer outra coisa comigo, mas eu tenho medo porque sei dos riscos- levanto um pouco a voz.

- Tem que contar pra sua mãe, ela irá acreditar em você- diz ele calmamente.

- Ai ela estaria correndo perigo também.

- Nunca soube que sua mãe tinha um amigo assim tão próximo, minha mãe e ela vivem se falando que ela me conta tudo que acontece com Alice.

Caramba Shawn...Poderia ser menos curioso?

- Não sei se ela já falou sobre ele.

- E por que não falaria?- pergunta ele um tanto confuso.

Eu não sabia responder aquela pergunta, estava ficando em ar puros.

- Não sei, talvez ele não seja tão importante assim.

- Clary você tinha acabado de me falar que eles eram super amigos e que sua mãe ficaria magoada se soubesse de algo porque ele é importante pra ela. Por que agora você está me dizendo o contrário?- pergunta ele com desconfiança.

Fiquei muda, não sabia o que dizer e nem como dizer... Nessa hora já era tarde. Ele já desconfiava da minha mentira já que minha história estava mal contada.
     - Eu...- travei, outro mal sinal.
     - Ou você está ocultando algo de mim ou mentiu... e eu espero que você não tenha mentido- diz ele me fuzilando com os olhos.
    - Eu não menti- minto tentando não corar.
    Ele me encara por alguns segundos, de repente aquele ar doce e compreensivo de calmaria some de seus olhos e foi ali, naquele momento, que eu percebi que ele havia descoberto minha mentira e que não haveria outra maneira além de contar a ele a verdade. 
    Ele se levanta e se senta ao meu lado na cama sem estar mais de frente para mim. Eu gelo.
     - Pensei que eu tivesse sido claro quando disse que queria a "verdade". Eu não estou pra historinhas Clary- fala ele em um sussurro meio irritado.
    Eu estava ao seu lado e uma pedra se movimentaria mais que eu naquele momento. Estava tensa mas mesmo assim não queria que ele soubesse a verdade.
    - Foi jogo baixo o que você fez no restaurante- falo querendo me defender.
     - Melhor do que ver você sofrer sem fazer nada, agora conta a verdade ou vou ser obrigado a...
     - A o que? Vai ligar para minha mãe e contar tudo? Faça-o mas fique sabendo que eu não voltarei com você para o Canada, e você não pode me obrigar- levanto a voz enquanto levanto e ando para a porta com intenção de sair daquele quarto.
     - Clary..- diz ele mas eu finjo não escutar e continuo andando.
    Ando até o elevador e clico para ele descer mas, como sempre, Shawn é mais rápido que eu e consegue entrar também no elevador. Ele aperta no botão que faz o elevador parar. Ele se aproxima me prendendo contra parede e fazendo com que eu não tivesse chance de apertar no painel do elevador. Consigo sentir sua respiração acelerada.
     - Me soltaa, vai querer me levar a força?- digo tentando sair da gaiola que ele havia feito em volta de mim, sem sucesso, não tinha nem feito cócegas.
    - Clarissa não me testa- diz muito irritado- sabe o quão ridícula está sendo? Estou tentando te ajudar e você faz ceninha.
    Aquelas palavras me feriram como uma facada, ridícula... ceninha?
    - O que? Acha que eu estou fingindo só pra chamar a atenção?- não consigo evitar as lágrimas caindo pelo meu rosto.
     Não tentava mais sair de seus braços.
     - Não foi isso que eu disse.
     - Mas entendi que foi o que você quis fizer- falo.
     - Clary olha pra mim- fala ele mas eu não obedeço, ele suspira - Por favor pode olhar pra mim um só segundo?
     Resolvo olhar e quase não consigo segurar a vontade de beijá-lo.
    - Eu só quero te ajudar, é meu principal objetivo... sempre foi. Eu te amo muito, nunca duvide disso- diz acariciando meu rosto e limpando as lágrimas que outrora estiveram ali.
    - Eu sei, mas é difícil pra mim, tenho medo do que pode te acontecer.
    - Não se preocupe comigo, na sua vida você já se preocupou de mais pelas outras pessoas, algo que não há problema, desde que não se esqueça de você mesma.
     Puxo ele para um abraço, calmo e silencioso.
     - Por mais que eu esteja amando esse abraço, acho melhor irmos, alguém deve estar querendo descer- posso sentir ele sorrir e retribuo.