32 • Sem um órgão
Quando eu publiquei essa fanfic pela primeira vez, havia acabado de ser lançada a música GoGo, e eu decidi não mudar isso, já que isso me deixou nostálgica :')
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Eu nem acreditei quando li a letra da música que eles iriam gravar. Se chamava Go Go Go, a música era simplesmente perfeita. Enquanto os garotos ficavam encubados dentro daquela sala à prova de som, eu me joguei no sofazinho atrás do vidro e mexi no celular enquanto tomava um café do Starkbucks que ficava no andar de baixo. Eles filmavam o tempo inteiro os meninos cantando e algumas vezes, apenas o garoto certo em sua estrofe certa.
Como Jimin foi o primeiro a gravar seu solo e o refrão, ele logo saiu da sala e se sentou ao meu lado, dessa vez, repousando a cabeça no meu ombro. Aspirei seu perfume masculino e sorri levemente. Jimin podia estar em silêncio, mas ele nunca deixava de ser sexy caladinho.
– Você dormiu com o Jungkook, Mad? – O moreno me pegou de surpresa enquanto eu estava perdida em pensamentos.
– O qu... Não! – arregalei os olhos levemente. – Por que você achou isso? Você não sabe como o Jungkook é preguiçoso? Ele só não quis arrumar o quarto de hóspedes para mim.
– Hum. – ele balançou a cabeça, aceitando os fatos ou apenas com sono, eu nunca entendia sua expressão. – Acho que eu senti ciúmes de vocês juntos. – eu soltei um risinho, pois eu queria que aquilo fosse verdade. – Ou só tenha me sentido excluído por não ter essa relação que você e o Jungkook têm.
– Eu não sei de que relação você está falando, Park. – eu revirei os olhos. – Eu soube que o Jungkook está apaixonado.
– De fato, ele está. Já cansou de encher o nosso saco com isso. – Jimin sorriu, encarando Jungkook dentro da sala abafada, que agora, gravava seu solo e parecia se esforçar para se sair bem, franzindo a testa como se cantar fosse realmente difícil. – Eu adoro você, Mad.
Eu virei lentamente a cabeça em sua direção e abri um sorriso imenso, quase rasgando meus lábios.
– Obrigada, Jimin, eu também adoro você. – senti meu rosto corar violentamente.
– Olha que gracinha você ficando vermelha! – ele apontou para meu rosto e me cutucou, me fazendo rir e me acompanhando ao soltar gargalhadas. – Ah, cara, eu queria estar apaixonado por você. – enquanto ele continuava a olhar para a sala de gravação com o olhar perdido, naquele momento, eu senti meu coração dar um pulo e quase me deixar sem ar. Mas também não entendi por que ele saiu do assunto do Jungkook apaixonado por alguém e veio falar em querer estar apaixonado por mim. – Seria incrível namorar e gostar de alguém tão... Você.
Jimin se virou para mim e fez carícias em meu rosto com seu polegar de uma forma amigável.
– Vou violar a Starbucks e comprar essa coisa que está nas suas mãos, estou com fome. Quer me acompanhar? – perguntou.
– Não, valeu, Angry Birds é realmente divertido quando você sente que pode alcançar o nível dezesseis e vem um porco desgraçado que te faz repetir o mesmo nível quinze trilhões de vezes. – eu rolei os olhos, jorrando ironia. Jimin riu com seu senso de humor náufrago e acenou, pegando o elevador para o andar de baixo.
Voltei a matar porcos com pássaros vermelhos, azuis e amarelos que às vezes, tinham poderes especiais. Angry Birds é uma terapia para mentes emboladas de pessoas que costumam cair da escada e bater a cara no assoalho perfumado. Quando dei por mim, havia um corpo enorme jogado no sofá ao meu lado e eu nem havia percebido quando Jungkook tinha se jogado ali, mas ele estava lá, me encarando silenciosamente a jogar o jogo que fazia barulhos irritantes.
– Ah, Jeon! – eu abaixei o celular, encarando o garoto com os braços atrás na cabeça em uma posição masculina e confortável. – Está aí há quanto tempo?
– Desde a fase dezessete, quando você começou a perder incansavelmente e a xingar os porcos de todos os nomes, inclusive alguns que eu jamais ouvi uma garota falar.
Me senti ficar vermelha. Jeon Jungkook e sua capacidade de fazer isso acontecer.
– Pode continuar jogando, é legal ver suas caretas. – ele abriu um sorriso que simplesmente me tirou o fôlego ao ver.
– Se importa de ir à merda? Eu nunca vi alguém gostar tanto de me ver em momentos embaraçosos, Jungkook. – franzi os lábios e ele gargalhou.
– Eu gosto de aprontar com o Taehyung porque ele sempre apronta comigo, mas eu prefiro ver você se dando mal sozinha.
– Eu vou fingir que não ouvi para não te dar um tapa.
– Bem, eu vou comer alguma coisa lá embaixo. – quando Jungkook se levantou do sofá, de repente, eu senti como se não quisesse isso. Eu queria reprimir aquela ansiedade de continuar com ele ali, me observando, mas me esqueci disso, levantando-me e parando na sua frente. O rosto de Jungkook se iluminou, como se estivesse se lembrando de algo. – Ah! Você ouviu a música? Ouviu meu solo? – questionou ansiosamente.
– Ouvi dez vezes incansáveis até que o produtor escolheu a melhor gravação. – revirei os olhos em sinal de tédio, mas eu só entendi que o "incansável" saiu como um elogio quando eu terminei de falar e arregalei os olhos, dando um tapa na minha própria testa e quase gritando para mim mesma "O QUE FOI QUE EU DISSE?". MADISON, SUA LOUCA! SE INTERNA!
– Incansável ouvir minha voz, é?
A reação foi bem inesperada, apesar de certamente estar me provocando. Jungkook abriu um sorriso de orelha a orelha, arregalando bem os olhos asiáticos como se estivesse estupidamente feliz. Acho que mais bonito, ele não poderia ser. Suas orbitas castanhas me refletiam nitidamente e seu sorriso versão Pernalonga era maravilhoso.
E eu fui percebendo o quão perfeito ele era a cada respiração que eu dava, notando que estávamos realmente próximos e que agora, ele parecia se inclinar na direção de uma determinada pessoa aqui.
Ele abriu a boca para responder algo, mas nesse momento, ouvimos um grito vindo do elevador.
– JUNGKOOK, O JIMIN QUER SABER SUA OPINIÃO SE A BUNDA DELE FICOU GRANDE DEMAIS NA GRAVAÇÃO! AS APOSTAS JÁ ESTÃO FECHANDO! VEM! – gritou a voz do Yoongi, gargalhando depois disso. Uma gargalhada tão alta que até eu me assustei com os gritinhos que ele soltava no meio da risada.
Eu soltei uma risada e Jungkook fechou os olhos, mordendo os lábios e tentando não gargalhar. Ele abriu as órbitas castanhas novamente, soltou um suspirou e o resto, aconteceu tudo muito rápido.
Primeiro, ele levou as mãos às minhas, escorregando-as rapidamente até meus ombros e me segurou com uma certa força exagerada, que chegava a doer levemente. Mas eu não me importei, eu de certa forma gostava. Era como se ele estivesse com medo que pudesse escapar e achasse que a melhor forma possível de evitar isso era esmagando minha coluna, e eu pude ver isso em seus olhos confusos.
Jungkook não se conformava em olhar só para minhas íris, e eu via sua confusão em olhar para minha expressão ou minha boca inúmeras vezes como se não estivesse certo do que fazer e aquilo me deixava cada vez mais nervosa. Por fim, os segundos foram decepcionantes. Meu estômago revirava apenas com a proximidade nunca antes experimentada.
Jungkook, em um impulso, se inclinou em direção a meus lábios, desviando suavemente no último segundo e roçando sua boca no meu rosto de forma extremamente provocante, me causando arrepios leves. Ele fez força com sua boca contra meu rosto, como um beijinho que teve sua duração estendida e se afastou milimetricamente.
– Mad. – sussurrou tão baixo de uma forma arrastada, mas meu ouvido estava tão perto. Como se estivesse cansado de pensar se deveria ou não, arrastou sua boca pelo meu rosto até alcançar o canto da minha boca, impulsionando novamente, deixando-se respirar forte contra meu rosto, trazendo suas duas mãos que apertavam meus ombros até minha nuca, e chegando, finalmente, aos meus lábios, com mais um impulso que é capaz de ter me deixando sem órgãos internos pela sensação que me causou.
Não que ele tenha dado alguma reação inferior a uma montanha russa de madeira incendiada por um burrito dentro da minha barriga, de qualquer forma.
Jungkook não esperou pela minha reação ao abaixar as mãos e se separar bruscamente do contato inesperado. Apenas sorriu com o canto da boca enquanto mirava o chão extremamente vermelho e saiu da pequena cabine de espera, em direção do corredor que continuava carregado pelas risadas dos garotos vindas de algum lugar perto do elevador, em passos descompassados como se fosse tropeçar a qualquer momento.
Foi apenas um selinho. Um roçar de lábios sem precisão ou desculpa, sem explicação, eu podia tentar relaxar a tensão ou acalmar meu órgão que bombeava sangue (diga-se de passagem, mas meu coração estava prestes a ter um ataque cardíaco), mas tudo que conseguia fazer era morder a boca para controlar o sorriso idiota que se formava pelos cantos, enquanto levava uma das mãos até o lábio inferior, quente, marcado, que continuava formigando com a sensação tão repente dos lábios do Jeon.
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