24 • O trágico caso da ema e suas meias 3/4

Jungkook continuou a cantar, com um sorriso bobo preso no rosto. Ele havia começado a cantar olhando para mim, surpreso como todos os outros, mas agora havia virado o rosto para as garotas ali presentes, sem parar de sorrir de forma envergonhada. Nesse momento, Jimin tinha o rosto descaradamente virado para mim, prendendo um sorriso que teimou em sair. Ele abaixou a cabeça.

Butterfly tocava nos meus ouvidos e Jungkook cantava balançando a cabeça. Eu me escorei contra a parede para não começar a me movimentar no ritmo do violão. Taehyung comentou algo muito baixo com J-Hope, que o fez rir alto, descontraído, enquanto Yoongi abraçava à si mesmo de uma forma envergonhada. O pior foi que logo após a risada escandalosa, J-Hope se curvou para me encarar, sorrindo.

Mordi o lábio. Taehyung começou a cantar virando o rosto para o cara do violão.

Jimin começou a cantar seu solo. Hum, será que minha amiga que se auto denominava "Senhora Park" iria querer me matar se algum dia eu admitisse que tinha uma queda pelo Jimin também? Por via das dúvidas, eu preferia ficar calada e observá-lo cantar PERFEITAMENTE BEM ali na minha frente e eu não podia fazer nada. Todos começaram a cantar o refrão, mirando as fãs sentadas na bancada. O som era tão harmônico e perfeito.

Eu amava Butterfly era tão gracioso ouví-los cantar no acústico, e dessa vez eles estavam bem ali! Na minha frente! Os garotos moviam as cabeças no ritmo da música e não desafinavam nem um pouco.

E aquela voz. Aquela voz incendiava meus ouvidos, calma e perfeita. De repente, ele decidiu que eu não existia mais ali, obrigada, Jungkook, sua consideração comigo é incrível. Eu só queria que ele voltasse a olhar na minha direção, enquanto cantava com todas as forças "Butterfly..." e sua voz sobressaía.

Eu mordia tanto meu lábio inferior que acho que ele poderia ter uma hemorragia.

Foi a vez do Yoongi começar a cantar seu solo. E depois veio Hobi com aquela voz maravilhosa dele e quando o Jin começou a cantar eu tive que morder os lábios para não cantar junto com ele. E o refrão recomeçou com Jungkook e Jimin pegando aqueles vidros de ketchup que Sun arrumou tão bem para eles começarem a cantar e fingir que são microfones.

Felizmente, meu desejo se realizou e Jungkook LEMBROU que eu estava ali, virando o rosto para mim. Ele sorriu e tentou prender o sorriso para não atrapalhar a voz. O Jungkook ficou vermelho.

Por fim, ele cantou, mas eu não prestei muita atenção nele. É que Taehyung e Yoongi haviam pegado um pote de açúcar e eles estavam trocando com o pote de sal. Filhos de uma boa sogra. Umas fãs começaram a rir deles e eles se afastaram da merda que fizeram, fingindo que nada tinha acontecido e voltando a cantar o refrão.

Logo veio Namjoon e depois finalizou Jungkook, virando o rosto, que agora eu reparei, totalmente vermelho para mim e prendendo outro daqueles sorrisos que eram denunciados por seus dentinhos de coelhos. As fãs aplaudiram muito e os garotos se levantavam lentamente e conversavam com elas.

Eu me apressei em passar por trás deles e seguir meu rumo até a porta do vestiário. Quando eles me viram passar, se exaltaram.

– Madison! - a voz de Taehyung foi a mais forte.

– Mad, espera! - Namjoon, Jin, J-Hope e Yoongi seguiram-se.

Eu passei por eles como um raio e todos vieram atrás de mim, Jungkook saiu correndo e ainda tropeçou no caminho. Entrei no vestiário e logo após que todos entraram, eles fecharam a porta e começaram a falar um atropelando o outro.

– Não é o que você tá pensando. - disse um deles, Jimin para ser precisa. Interessante, então as moscas não são mamiferos?

– Não tome conclusão precipitada! - Yoongi falou. Que pena, eu estou morrendo de vontade de comer um hambúrguer como café da manhã.

– Nós podemos explicar! - esse foi Namjoon, o decente.

– Mad, me desculpa.

A última frase soou tão baixo, mas mesmo assim tão alta nos meus ouvidos. Encarei Jungkook, que me olhava de forma triste. Eu levantei as mãos e mandei delicadamente, todos calarem a boca. Cruzei os braços e fiz cara de mamãe-sou-fortinha.

– Agora, vai... - eu disse baixo. - Me expliquem.

E eles voltaram a atropelar um o outro, falando diversas coisas ao mesmo tempo. E eu ainda consegui ouvir Jin falando alguma coisa sobre comida.

– UM DE CADA VEZ, POR FAVOR! - gritei e apontei para Taehyung, que ficou vermelho e colocou as mãos no bolso.

– É que nós somos... Meio que famosos. - ele admitiu baixinho.

Eu andei até a janela e abaixei a cortina, mostrando a multidão de fãs lá fora, gritando pelo BTS.

– Eu nunca vi alguém ser "meio que famoso" com essa quantidade de garotas gritando lá fora. - eu disse enquanto revezava entre encarar os cartazes lá fora com coisas como "Jin, eat me!" ou "Jungkook, eu não sou o Jimin, mas posso te fazer feliz" e seus rostos que estavam divididos entre sorrir maliciosamente para os cartazes ou tentarem suas melhores caras de cachorros que perderam seus ossos para mim. Hienas interpretariam melhor. E não perderiam seu osso. Jin também não...

– Nós, hum, meio que temos... - Namjoon iniciou.

– ... Algumas fãs no... - J-Hope tentou explicar, balançando as mãos.

– ... Mundo todo. - finalizou Yoongi enquanto abaixava, assim como os outros dois tartarugas ninjas covardes anteriores, sua cabeça.

– Não, não. O palhaço do semáforo é meio que famoso. O bêbado que invadiu o zoológico e quebrou uma garrafa de whisky na cabeça do coordenador de aves com suas meias 3/4 pardas por ter estrangulado a inocente ema ficou meio que famoso. Pessoas com fãs no mundo todo não são "meio que" famosas. - eu disparei enquanto me virava e saía da Cadillac o mais depressa que conseguia, ignorando qualquer "Mad, espera!", "Nós podemos explicar!" ou ainda "MADISON, AJUDA A ARRUMAR OS POTES DE MOSTARDA!", mas esse último eu tenho quase certeza que não veio de nenhum dos garotos.

(...)

Uma pedrinha na janela, duas pedrinhas na janela, três e depois quarto. Se continuasse assim, Jungkook iria quebrar a vidraça da minha baywindow. Mas eu não estava me importando. Eu sabia que ele estava vendo a minha sombra na janela, deitada como um casulo apodrecido de borboleta com meu Macbook no meio das pernas, lendo algumas fanfics menos interessantes do que a minha própria vida, que já era quase irreal, se eu parasse para pensar.

Ele não parava de atirar pedrinhas na minha janela, mas ele não iria me fazer levantar dali tão cedo para falar com ele. Fechei as páginas e levantei da baywindow, procurando minha toalha de banho pelo quarto e chutando Loki para longe, pois ele estava dormindo em cima dela. Adentrei o banheiro, tirei as peças de roupa e entrei na banheira, me sentado e abraçando os joelhos, repousando a cabeça nos mesmos.

Eu não estava irritada com os garotos, ou chateada, ou qualquer coisa do tipo. Afinal, estávamos jogando com a mesma moeda. Eles me escondiam (apesar de não esconder de verdade, mas achar que escondiam) que eram famosos e eu escondia que era fã. Não era muito justo, mas...

– AAAAAAAAAAAARRG! JUNGKOOK! – eu gritei, ainda ouvindo os barulhinhos irritantes na janela.

– Eu não vou perguntar por que você está sentada na banheira com apenas sua cabeça submersa nesse tanto de espuma, só vim avisar que tem algumas pessoas querendo falar com você lá embaixo. – falou Hans Harrison, me olhando de baixo pra cima. Mesmo que não exista esse "cima", porque eu já sou pequena, abaixada ainda mais...

– Eu não quero falar com algumas pessoas.

– Eles estão arrependidos.

– Pai... – eu apontei para meu próprio corpo, nú escondido no meio das espumas na banheira. – Sai daqui. Agora.

Hans riu e foi se retirando do banheiro.

– Vou manda-los subirem. – disse após fechar a porta.

Eu não pensei sobre aquela frase, continuei apenas com a cabeça apoiada na banheira, quando me toquei que ele tinha falado alguma coisa. Então rebobinei as falas na minha cabeça e ponderei sobre o que ele disse. O que me fez dar um salto da banheira e puxando a minha toalha, correndo para fora dos azulejos de golfinhos saltando em ritmo nas paredes.

Eu precisava me arrumar e pular da janela e (talvez) ter a sorte de NINGUÉM me segurar lá embaixo, mas antes eu precisava parar de fazer escândalo porque meu tombo após escorregar no azulejo desgraçado com o pé molhado, fora tão grande que eu vou ganhar uma página no Guines por ter, além de um galo e uma galinha, uma vaca no meio da testa.

Naquele intervalo de dez segundos esparramada com a cara no chão, enrolada apenas por uma toalha de banho azul e listrada, eu ouvi a porta do meu quarto se abrir e depois se fechar, muito rapidamente.

Virei o rosto para a porta e tentei ouvir algum barulho, já que as pedrinhas haviam cessado.

– Não, Jungkook, você não pode entrar agora, espera mais um pouco, ela não está...

– Cala a boca, Namjoon, eu preciso falar com a Mad...

A porta do quarto se abriu com força, com um Jeon Jungkook empurrando um Kim Namjoon e se jogando para dentro do quarto, acabando por cair com a cara no chão, e aí, o senhor idiota se tocou que eu estava seminua.

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