CAPÍTULO 54
No outro dia por volta das 07:00 da manhã o despertador tocou dentro do dormitório. Eu e o Arashi fomos os primeiros a levantar, cada um foi fazer sua higiene pessoal e se vestir com o uniforme padrão da Senshi que é uma calça militar preta, um belo par de botas táticas e uma blusa preta com o kanji da corporação em dourado nas costas e nossos nomes na parte da frente. Enquanto nos arrumávamos notei algumas cicatrizes bem feias no peito e braços do Arashi, logo perguntei do que se travava.
(Arashi) Isso aqui é o resultado de usar minha individualidade por muito tempo.
(Samy) Caraca, por isso você...
(Arashi) Por isso eu evito usar. Minha individualidade "Lightning" me permite controlar raios ou correntes elétricas de alta voltagem, mas tem um preço... Nossos corpos não conseguem suportar tanta energia assim...
(Samy) Puxa... Não sabia dessa. Deve ser bem chato você ter um poder tão grande e não conseguir usar.
(Arashi) Chega de falatório, acorda seus amigos, temos que trabalhar.
Fui até o beliche onde Otosu e Kemuri estavam dormindo e bati no rosto dos dois com minhas meias.
(Samy) Ei, acordem! Tá na hora.
Os dois saíram da cama um pouco assustados com aquilo e logo que levantaram Arashi foi até eles.
(Arashi) Os senhores estão de férias por acaso?
(Otosu) *Nervoso* não senhor.
(Kemuri) *Sonolento* Claro que não né.
(Arashi) Vocês tem exatos trinta segundos para se arrumar e me encontrar lá fora! Agora vão!
Os dois saíram em disparada até o banheiro do dormitório para se lavarem, logo depois vestiram os uniformes fornecidos e saíram para fora onde eu e Arashi os esperávamos.
(Arashi) Demoraram demais.
(Otosu) Perdão senhor, não vai se repetir.
(Arashi) É bom mesmo.
(Samy) Vamos comer alguma coisa pessoal?
Seguimos em direção ao prédio do refeitório, quando saímos para a área externa o vento gelado da manhã soprou nos saudando. As luzes dos postes se desligaram pois o sol começou a aparecer. Chegamos ao refeitório e fomos para a fila pegar nossas bandejas e nos servir das mais variadas opções de desjejum como pães, queijos, frutas, etc.
(Kemuri) *Cochichando* Ei Otosu, notou que o Samy tá meio estranho.
(Otosu) Ele fica assim quando o Arashi está por perto. Acho que ele tem medo...
(Kemuri) Ou é apenas um puxa saco.
Depois que nos servimos fomos andando entre as mesas onde outros heróis e agentes estavam comendo. De repente ao longe a Taiyō nos chamou para sentar com ela, a Kyamirī e outras moças.
(Taiyō) Bom dia rapazes, como foi a noite?
(Kemuri) Terrível, o Samy roncou o tempo todo.
(Samy) É... Um probleminha de respiração que eu tenho. Não é culpa minha.
(Otosu) E como foi sua primeira noite na Senshi Kyamirī?
(Kyamirī) Foi tranquila. Não é tão diferente de dormir na escola.
Terminamos de comer e como não tinha nenhuma tarefa naquelas primeiras horas da manhã eu e meus colegas fomos andar pela parte externa do complexo. Kyamirī ficou encantada com todas as construções e veículos modernos que estavam perto da área de embarque. Otosu parou perto de uma das ruas que davam para um dos hangares das naves, as portas estavam abertas e os técnicos faziam a manutenção diária.
(Otosu) Olha lá, muito maneiro né?
(Kyamirī) Sim! Parece que saiu de um filme de ficção.
(Otosu) Andar nela é super legal.
Kemuri olhava ao redor escondendo a mesma admiração que Kyamirī estava tendo, nunca vou entender esse cara. De repente algumas sirenes tocaram e os altos falantes começaram a transmitir uma mensagem repetidamente:
(Voz no alto falante) Todos os agentes e heróis compareçam a sala de reuniões principal!
Dei um tapa leve no ombro do Otosu e começamos a correr na direção do prédio principal onde a sala de reuniões ficava. Dei uma olhada para trás e vi a Kyamirī e o Kemuri parados enquanto alguns agentes corriam ao nosso lado.
(Samy) Vão ficar aí assistindo anime? Venham logo!
Rapidamente os dois irmãos começaram a correr e nos alcançaram. Subimos de elevador até o décimo quinto andar e fomos até um grande anfiteatro com um palco e várias telas gigantes viradas para o público. Junto de nós quatros estavam mais alguns agentes, além da Taiyō e o Arashi. Logo que nos sentamos alguns outros membros da corporação foram chegando e ocupando os assentos.
(Kyamirī) *Cochichando* olha só quanta gente. O que será que vai acontecer?
(Otosu) *Cochichando* provavelmente só uma reunião para dar instruções.
De repente uma porta se abriu e Tafu entrou indo até um púlpito de vidro no centro do palco.
(Tafu) Senhoras e senhores, heróis e agentes. Sei que devem querer saber o que está acontecendo, então vamos as vias de fato.
Ele pegou um controle e apontou para uma das telas mostrando uma imagem de satélite de uma estrada.
(Tafu) As 19:00 horas de ontem a noite um comboio que trazia equipamentos para cá vindos de Tokyo foi atacado, infelizmente não houveram sobreviventes. As imagens recuperadas dos veículos de escolta revelaram que os autores desse ataque eram robôs. Até essa manhã não tínhamos nenhuma pista de quem estaria por trás disso até recebemos esse vídeo.
Tafu apontou para a tela principal e um vídeo do Shadow começou a ser reproduzido.
(Shadow) *Voz sinistra* Cidadãos do Japão. Vocês não estão seguros. São controlados por pessoas fracas que prometem defender vocês de vilões extremamente poderosos. Eles se quer podem se defender e graças ao descuido da corporação Senshi meus guerreiros que escolheram entrar no caminho das sombras estão preparados para um combate direto!
Uma cena com vários vilões armados e encapuzados foi exibida, todos começaram a gritar e mostraram as armas que carregavam. Eram rifles de assalto de alta tecnologia iguais aqueles dos filmes futuristas.
(Shadow) No meu novo reino vocês serão governados por alguém forte, alguém em quem vocês possam confiar. Alguém que conseguirá derrotar qualquer ameaça que surgir, alguém que...
O vídeo foi pausado, todos na sala engoliram em seco, um sentimento de medo e apreensão tomou conta do local. A quantidade de vilões que apareceram no vídeo era maior que o contingente da Senshi inteiro, isso fora os robôs que tinham assaltado o comboio e Shadow.
(Tafu) Para nossa sorte eles foram descuidados e não removeram os rastreadores das caixas que foram levadas para um complexo militar desativado a quinze quilômetros de Nozomu. Imagens de infravermelho de um dos nossos drones revelaram que esse lugar está sendo usado como base por Shadow.
Novamente Tafu apontou para uma tela que mostrou a foto do Shadow e da tal base onde ele supostamente estava.
(Tafu) As novas leituras mostram que ele não está sozinho. Pelo que foi escaneado o contingente inimigo é de pelo menos cinco mil. O estado é grave pessoal. Nossa prioridade nesse momento será destruir o caminho das sombras. Mantenham o treinamento intensivo e se prepararem para uma missão de ataque futura. Dispensados.
As luzes do local se acenderam e todos começaram a sair.
(Kyamirī) Puxa, todos os dias são assim aqui?
(Taiyō) Não... Pela cara do chefe a coisa é séria mesmo.
(Samy) Bem... Precisamos nos preparar. Eu vou treinar, quem vai comigo?
(Kemuri) Eu, tô precisando me exercitar um pouco. Não fui com a cara daquele tal de Shadow, mó cara de bunda. Ele nem deve ser tão forte.
(Samy) É... Por aí.
Enquanto saímos do local Tafu passou pelo Arashi e sussurrou algo no ouvido dele. Não entendi direito aquilo, eles ficaram em um canto conversando baixinho por alguns minutos e depois saíram por uma porta lateral. As telas continuaram ligadas, fiquei parado encarando a foto do Shadow. Cerrei os punhos e respirei fundo lembrando daquela luta, de como ele destruiu parte da cidade e quase me matou.
{Ele disse.... Termine o que começou... Eu vou terminar... E dessa vez... Você vai sentir a fúria dos elementos... Shadow!}
Enquanto estava perdido em meus pensamentos Kemuri gritou da porta do anfiteatro me assustando.
(Kemuri) Vai ficar aí assistindo anime? Vem logo!
(Samy) Tô indo.
(Kemuri) Anda logo, eu quero lutar com você.
(Samy) Revanche da prova de licença provisória?
(Kemuri) Com certeza.
A Taiyō acompanhou eu e meus colegas até o simulador. Quando chegamos entrei naquela sala branca junto do Kemuri, tirei a blusa e comecei a me alongar.
(Samy) Pode usar sua individualidade. Não precisa se segurar ok?
(Kemuri) *Bufando* Ok, eu nunca seguro a força.
A sala começou a mudar para o cenário de cidade, fiquei em posição de luta e fiz um sinal chamando o Kemuri para lutar.
(Kemuri) Não vai ativar sua individualidade?
(Samy) Agora não, preciso me aquecer primeiro.
Ao ouvir isso ele respirou um pouco e soltou pela boca algumas brasas e fumaça.
(Samy) Primeira rodada na porrada, ok?
(Kemuri) Vem pra cima!
Samy off/ Narração on:
Os raios de sol da manhã cobriam as construções da base do caminho das sombras e os vilões recém chegados se preparavam para um ataque em massa a capital japonesa, alguns estavam carregando as armas enquanto outros treinavam suas individualidades atacando barris e caixotes velhos. Um som de algo batendo contra paredes de metal ecoava por todo o local, eram dois nomus que tinham sido capturados de um dos laboratórios da liga dos vilões e foram levados para o caminho das sombras, eles tinham acordado ninguém sabia como controlá-los.
(Vilão 1) Você disse que o tranquilizante era forte.
(Vilão 2) Eu achei que...
De repente os nomus se soltaram das cordas que os prendiam e correram na direção dos vilões que guardavam a porta. Todos começaram a gritas desesperados e se prepararam para fugir, mas foram surpreendidos por várias correntes que surgiram do lado de fora e prenderam os nomus. Após isso um homem encapuzado pulou por cima do grupo e, usando duas espadas equipadas com eletrodos, atacou a cabeças dos gigantes que caíram desacordados no chão por conta do choque. O homem pousou em cima de um dos nomus, guardou suas espadas em tirou seu capuz revelando seu rosto com uma cicatriz marcante que ia do olho direito até o canto esquerdo de sua boca, seus cabelos em um tom azul escuro mexiam com a corrente de vento que entrava pela porta, ele encarou os vilões assustados bufou.
(Akutō) E eu ainda falei que vocês seriam uma adição valiosa... São um bando de chorões isso sim. Kusari, obrigado, pode soltar.
Outra pessoa encapuzada entrou no galpão, ela estava com as mãos levantadas e de suas unhas saiam as correntes que prendiam os nomus. Em um movimento rápido ela mexeu as mãos e uma parte das correntes se soltou enquanto a outra voltou para dentro das unhas dela.
(Kusari) Esses bichos são fortes irmão, diferente dos seus amigos aqui.
A moça retirou seu capuz e balançou seu cabelo roxo com pontas rosadas, sua pele branca brilhava com a luz do sol e deixou alguns dos rapazes ali presentes impressionados. Ao perceber isso Akutō foi até a porta e acompanhou a jovem para fora do local enquanto encarava os rapazes.
(Akutō) Tirem os olhos dela... antes que eu os tire de vocês. E cuidem pra que essas aberrações não fujam antes do ataque.
Narração off/ Samy on:
Minha luta com Kemuri começou a ficar interessante. Ele estava evitando me atacar com sua individualidade e apenas a usava para se livrar dos meus ataques. Usei o elemento ar e dei um forte sopro na direção dele, mas o cara virou um monte de brasas e desapareceu.
(Samy) *Sussurrando* Droga...ele fez a mesma coisa na prova de...
Mal terminei de falar e o Kemuri apareceu por trás de mim pronto para me atacar, mas dei um salto e antes que ele pudesse fazer algo girei no ar criando um pequeno ciclone que começou a sugá-lo.
(Kemuri) Essa não!
(Samy) Acha mesmo que eu não ia dar um jeito de lidar com esse teu ataque?
Kemuri voltou ao normal e foi jogado contra uma das paredes do simulador, logo depois ele caiu no chão e simulação encerrou. Me aproximei dele para o ajudar a levantar, mas o mesmo afastou minha mão e foi embora sozinho.
(Samy) Esse é seu erro. Você paga de durão, mas na hora não aguenta um golpe.
(Kemuri) Meu erro foi ter esquecido que você está mais forte.
Para minha surpresa Kemuri que até então tinha sido um verdadeiro mané me cumprimentou e demonstrou respeito por mim. Passamos o dia todo alternando entre academia, áreas de treino externas para nossas individualidades e internas para combates corpo a corpo. Tafu mandou nos preparámos para uma futura missão de ataque, e pelo vídeo que vimos mais cedo, seria um desafio jamais visto. Eu tinha o pressentimento de que aquela seria a missão mais difícil que eu enfrentaria... E eu tinha razão.
Continua...
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