🍍CAPÍTULO XXV: ABACAXI🍍

"Entro em seu paraíso de arco-íris (paraíso)

Num estado de espírito de batom de morango (estado de espírito)

Eu fico tão perdido nos seus olhos

Você acreditaria nisso?

Você não precisa dizer que me ama

Você não precisa dizer nada

Você não precisa dizer que é minha

Amor

Eu andaria no fogo por você

Apenas me deixe te adorar

Como se fosse a única coisa que eu faria na vida". — Adore You (Harry Styles)

Hoseok nunca imaginou que teria a visão do paraíso ainda estando vivo, mas, pelo visto, o impossível estava bem diante de seus olhos como uma bela miragem no deserto, como um pôr do sol perfeito em uma ilha paradisíaca, como se fosse um belo sonho se construindo aos poucos bem diante de si.

Prendeu a respiração quando viu Yoongi tirar a blusa preta que marcava seu corpo, sentiu o coração martelando no peito quando viu o peitoral largo e forte, os braços grandes, os ombros largos e musculosos, respirou fundo tentando não parecer um bobo vidrado, mas não tinha jeito: era mesmo um idiota apaixonado secando quem roubou seu coração sem mais e nem menos.

— Hobi... — aquela voz rouca fez Hoseok piscar três vezes, voltando a realidade, e encarando o sorriso sapeca do rockstar naqueles belos lábios, a língua dele passou pelo lábio inferior, fazendo Jhope suspirar com a imagem — se continuar me olhando assim, não vou conseguir me segurar — comentou com a voz falhando, e isso fez um fogo começar dentro do peito do revisor de texto.

— Não quero que se segure — comentou em alto e bom som, fazendo o volume da calça jeans do rockstar se acentuar.

O escritor voltou o olhar para o corpo, para os gomos em seu abdômen, a forma como a luz azul do apartamento cobria aquela pele quase translúcida, a forma como uma veia no pescoço do cantor saltava, como seus braços pareciam um mapa coberto por linhas azuis em cada canto, evidenciadas com um sutil relevo de cada veia, Hoseok suspirou.

— Não quero que se segure nunca mais — comentou ainda encarando o corpo de Yoongi. O cantor soltou um riso baixo e jogou a blusa preta longe, inclinou seu corpo para mais perto de Hoseok que soltou a respiração ao sentir as mãos do cantor em seu peito, puxando o pano da blusa, e o trazendo mais para cima, fazendo seu corpo se elevar um tanto e peito bater contra com os músculos desnudos do cantor.

— Tem certeza? — sussurrou com os lábios rentes, Jhope concordou rapidamente com a cabeça, sentiu quando o rockstar o soltou no sofá, bateu de leve as costas no acento e viu o corpo forte e grande de Yoongi deitar sobre o seu — não serei piedoso com você, Jung Hoseok — comentou com um rosnado e sorriu com malícia para o escritor que sentia arrepios por todo o seu corpo.

— Nunca pedi que fosse — sussurrou de volta e viu o artista se inclinar para mais perto de seu corpo, notando que seu mundo inteiro era somente aquele corpo seminu.

Sua visão foi tomada por aqueles braços translúcidos, aquelas veias saltadas; sua audição foi invadida por aquela respiração quente em sua pele; seu tato foi permeado por aqueles cabelos escuros, lisos e pretos caindo para frente, aquelas mãos deslizando em sua cintura, o apertando e alisando sem piedade.

O paraíso parecia um lugar bom demais para ser real, ainda estando vivo, experimentava um pedaço do céu com cada sensação que o rockstar despertava nele.

O cantor tomou seu lábios com fervor, o beijando com tanta intensidade que fez as entranhas de Hoseok mexerem dentro dele, seu corpo estremeceu, os toques intensos, passando por seu corpo, os lábios firmes, se chocando contra os seus, o beijo rápidos, mas que pareciam não ter fim, tentou tomar fôlego enquanto beijava de volta, mas parecia quase impossível.

Aproveitou um momento quando o rockstar chupou seu lábio inferior devagar e o soltou, respirou fundo. Mas antes de terminar de dar a lufada de ar, sentiu os lábios novamente nos seus, o consumindo por completo, conseguiu recuperar um pouco de ar quando Yoon deslizou a boca pela sua e passou a morder o canto de seu rosto. Ia falar algo, mas logo os lábios do cantor estavam nos seuS novamente, colocou as duas mãos nos ombros de Yoongi que se afastou confuso.

— Yoon... — Hoseok disse entre respirações profundas — preciso respirar — o cantor revirou os olhos e negou com a cabeça.

— Teve um mês para respirar — comentou e afundou a cabeça na clavícula de Jhope, beijando ela com intensidade — agora — disse entre os beijos e mordidas — vai ficar o final de semana inteiro sem — Hobi soltou uma risada baixa com isso, sentindo a elevação de seus ombros, a tentativa desesperada do corpo de puxar mais ar.

— Acho que isso não é humanamente possível, Yoongi — disse sentindo a língua em seu pescoço.

— Dá seu jeito — o cantor respondeu, fazendo Jhope rir ainda mais, o rockstar voltou o rosto e encarou Hoseok nos olhos, deslizando a visão por cada canto do rosto, aproveitando o momento e vendo os detalhes: os olhos puxados; a face lisa e corada, a maneira como estava ofegante, lindo e tímido, trêmulo e sexy — tudo bem, talvez eu vá devagar... — comentou brincando.

Ao contrário de uma rapidez e intensidade que esperava, os lábios de Yoon desceram devagar por seu pescoço vagarosamente, beijando sua clavícula, fazendo Hoseok revirar os lábios quando sentiu a ponta da língua passando para o seu peito, dentro da blusa. Desejava que Min o devorasse com rapidez, entendia aquela demora como uma tortura particular feita somente para ele.

— Esse pano — o cantor comentou segurando a gola da camiseta de Jhope e o encarando nos olhos, o escritor tremeu e respirou fundo, sentindo o hálito de hortelã de Yoongi em sua boca e face — está me incomodando — grunhiu quando beijou o revisor com intensidade e levou as duas mãos para as barras da camiseta sem pensar duas vezes, puxando-a com força enquanto aumentava a rapidez do beijo, saboreando aquela pequena boca, aqueles lábios macios, aqueles suspiros tímidos e contidos, aquele corpo rígido e medroso, tremendo e ansiando por mais.

Quando Yoongi parou o beijo e ia tirar de uma vez a blusa cor de salmão de Hoseok, o escritor segurou os dois braços do cantor que juntou as sobrancelhas e se sentiu confuso. Talvez, estivesse indo rápido demais, talvez tudo estivesse assustando Jhope, tudo bem que a distância e a saudade potencializaram as emoções de ambos, talvez estivesse se aproveitando da situação... será que estou... passando algum limite?

— Eu... eu... — Hoseok se perdeu nas palavras, deixando o cantor ainda mais tenso, desviou o olhar para o chão e respirou fundo — eu tenho vergonha do meu corpo — concluiu sem olhar aqueles olhos pretos e profundos.

Min suspirou de alívio, soltou a barra da camiseta, desceu seu rosto até o queixo de Hobi, o beijou devagar, depois seu pescoço, ouvindo o suspirar do menino abaixo de si, deslizou sua língua até o peito e, então, se arrastou para mais baixo, Hoseok arregalou os olhos e disse:

— O que está fazendo? — perguntou trêmulo, Yoongi sorriu de forma malandra e deu de ombros.

— Vou te mostrar como venero seu corpo, Jung Hoseok — o escritor engoliu um seco e encarou o teto mais uma vez, sentindo seu corpo inteiro explodir por dentro com cada toque do rockstar em seu corpo.

Primeiro, Yoongi deslizou as mãos pela cintura de Hobi, apertando ela com firmeza e deslizando os polegares pela barriga lisa do escritor, sentiu quando o garoto se arrepiou e sorriu com isso, abaixou o rosto até o cós da calça, fazendo Hoseok sentir o pau pulsar de prazer, duro já fazia um tempo, esperando para sair.

Revirou os olhos quando a língua de Min deslizou por sua barriga, subindo cada vez mais sua blusa com a outra mão, fazendo com que Hobi ficasse, ao poucos, sem ela, beijando cada canto, e subindo vagarosamente, apertando sua cintura e até arranhando ela quando parava de subir o pano de forma devagar, fazendo Jhope arfar e perder o ritmo de sua respiração.

— Você é perfeito — Yoongi comentou com os lábios rentes as costelas de Hoseok que sentia o corpo inteiro mole, fechou os olhos para apreciar ainda mais a sensação da boca do cantor em sua pele, ele deslizava até a ponta dos dentes, causando arrepios em Jhope que começava a se contorcer no sofá.

— Perfeito demais — Min comentou depositando um beijo nas costelas, deslizando ainda as mãos pela lateral do corpo de Hobi, desfrutando cada tremer e cada suspiro que ouvia — eu amo seu corpo, seu cheiro, sua pele — o cantor disse passando a língua e subindo ela até o mamilo, Hoseok se contorceu mais.

— Vo-vo-você que é perfeito, Yoongi — o escritor disse entre respirações profundas, sentindo o pau pulsar cada vez mais em sua calça — você é perfeito — sussurrou e soltou um gemido quando Min passou a ponta da língua pelo mamilo dele, fazendo círculos e subindo a outra mão que apalpava e arranhava as costelas do outro lado.

— Você é uma... — o escritor disse e respirou fundo, sentindo o coração martelar no peito — perdição — completou e engoliu o seco, levando uma de suas mãos até o cabelo de Yoongi e o puxando com força.

— Me leve até as estrelas, Yoongi — completou e puxou mais os cabelos, ouvindo o cantor gemer enquanto começava a beijar seu mamilo com intensidade, arranhando com força suas costelas do outro lado.

Por mais que cada toque e beijo o deixasse bem e com tesão, por outro lado, sua mente ficava imaginando o momento de paz que seria quando parasse de se sentir tão perto de alguém.

Receber carinho, toque, não era algo fácil para ele, sua mente era uma bagunça na hora do sexo, sentia medo, mas ao mesmo tempo desejo, vontade, mas ansiedade, e tudo isso se complicava a cada toque, frase e gemido que ouvia do cantor que subia sua blusa cada vez mais.

Respirou fundo quando Yoongi foi para o outro mamilo, era uma delícia sentir aquela língua brincar com sua pele, era até torturante sentir aquela mão arranhando seu corpo, como se desejasse que ela fizesse muito mais, como se ansiasse para que ele agilizasse tudo, somente para que o seu outro lado, o ansioso e medroso com toques e aproximações, parasse de irritá-lo em um momento tão bom e íntimo.

Quando o cantor ficou cara a cara com ele de novo, parou de apertá-lo, segurou a blusa levantada até o queixo de Hoseok e encarou a confusão do lago castanho que eram seus olhos. O rockstar suspirou ao ver que, mesmo gostando, suspirando e desejando, o escritor parecia, ainda assim, apreensivo, respirou fundo e falou encarando ainda os lábios do revisor:

— Está tudo bem? — disse rouco e encarou o castanho novamente.

— Tenho medo, Yoon — comentou trêmulo, Yoongi sorriu de lado, ainda segurando a blusa, quase a tirando, beijou a ponta do nariz de Hobi, depois suas duas bochechas, levou a outra mão até o rosto de Hoseok, fez carinho em seu rosto, notando que o garoto começava a se acalmar, fechando os olhos e respirando fundo sentindo os toques mais calmos e singelos.

— Eu sei, meu bem — Jhope abriu os olhos devagar e lá estava o oceano preto e perfeito diante de si — os toques estão te deixando ansioso, não é? — o escritor concordou com a cabeça, feliz por estar com alguém que o conhecia tão bem ao ponto de ver, somente por seus olhos e expressão, exatamente o que estava o incomodando, sem, necessariamente, precisar falar aquilo com todas as letras. — Hobi, se quiser parar...

— Não, não quero — disse afobado e tentando controlar a respiração — eu só... eu só... — engoliu o seco — preciso me acostumar mais, eu acho, eu sinto que não tenho o controle disso, por um lado, é bom, por outro, me deixa nervoso — respirou fundo mais uma vez, Yoon deslizou o polegar pela bochecha dele mais uma vez e sorriu gentilmente.

— Eu sei, meu bem, que tal fazermos assim... — Hoseok esperou Yoongi completar a frase como se fosse ouvir um grande não, como se fosse ser rejeitado bem naquele momento, como se o cantor não pudesse esperar mais, mesmo sabendo que ele tinha dito que esperaria o tempo que fosse. Estava com medo, sentindo a ansiedade ruim tomar conta do peito, mas tudo se suavizou quando o artista falou:

— Que tal criarmos uma palavra de segurança? — Hoseok juntou as sobrancelhas.

— Como assim? — Yoon deu de ombros.

— Toda vez que sentir que estou indo rápido demais, ou quando quiser que eu pare de te tocar muito em alguma região, você fala a palavra e eu paro.

— Como se fosse uma palavra de segurança de BDSM? — Min juntou as sobrancelhas.

— Como sabe que há palavra de segurança em relações BDSM?

— Não importa — o rockstar soltou um riso baixo — há a internet, Yoongi — disse a contragosto, e detestava como, ainda vendo o cantor rir dele, e não com ele, sua ereção continuava dura dentro da calça — e por que usar uma palavra de segurança? Não estamos em uma relação BDSM...

— Eu sei, meu amor, mas você — beijou o topo da testa de Hobi — é uma pessoa autista que se incomoda com toques, então, precisamos de uma palavra de segurança caso fique muito desconfortável... é para... você somente se sentir bem, agora, quero te deixar bem, e não ansioso ou nervoso.

— Tudo bem, podemos tentar assim — o artista conteve o riso e concordou com a cabeça — mas... qual palavra?

— Qual fruta você não gosta? — Min perguntou, Jhope desviou o olhar pensando e, após alguns segundos, respondeu:

— Abacaxi.

— Perfeito, fale abacaxi e eu paro e vemos por onde recomeçar, tudo bem? — Hoseok concordou com a cabeça.

Min olhou para a própria mão, começou a subir mais a blusa do escritor que sorri para ele, Yoon estreitou os olhos e, quando tirou a blusa pelos braços e, por fim, pela cabeça, segurou ela ainda confuso, olhando o corpo magro de Hobi e falou rouco:

— Achei que ia falar abacaxi — Jhope negou com a cabeça, entrelaçou os dedos nos cabelos do rockstar, o puxando para si e sussurrou em seu ouvido:

— Ainda não.

Ao sentir um pouco do peso de Yoon por cima de si, Hobi sentiu seu mundo diminuir um tanto, ficou assustado, abriu a boca, mas logo se calou quando sentiu os beijos do rockstar em seu pescoço. A aproximação tão intensa o deixava mais incomodado do que os toques em si, respirou fundo, e notou que o cantor parou o beijo, preocupado:

— Abacaxi? — Yoon perguntou, Hoseok negou com a cabeça, sentindo ainda os longos e macios cabelos do cantor em seus dedos, acariciando eles com cuidando.

— Não, apenas... não fique tão em cima de mim — sussurrou, o cantor se apoiou em um cotovelo e encarou Hoseok — assim é melhor — Yoon sorriu, se abaixou mais, fazendo as mãos do escritor sair de sua cabeça, beijou seu pescoço de novo, desceu a boca por seu corpo, depositando beijos até sua barriga. Hoseok voltou a se contorcer e, quando o cantor mordeu de leve embaixo de seu umbigo, suspirou de prazer e revirou os olhos — Yoongi...

— Hm... — o artista disse deslizando suas mãos pela cintura, passando elas pelas duas pernas do cantor, subindo pela parte interna, ainda por cima da calça, e segurando, depois, com força o cós do jeans. Hoseok arfou ainda mais quando o rockstar puxou o cós mais uma vez para cima, fazendo a elevação na calça do escritor ficar ainda mais evidente.

— Hm? — fez em tom de pergunta, mas o silêncio de Jhope foi o suficiente como resposta, Yoongi deslizou a boca, somente os lábios, pelo cós da calça, sentindo o pau de Hoseok pulsar perto de sua garganta.

Quando a mão de Yoongi saiU do cós da calça e deslizou pela elevação de Hoseok, causando pressão, algo intenso e quente comentou a se acentuar dentro do corpo do revisor; ele respirou fundo, abriu a boca, ia falar algo, mas quando ouviu seu ziper ser aberto, olhou para baixo, e aquela visão, dos cabelos desgrenhados, a testa suada, os ombros nus e A respiração com dificuldade, fez com que Jhope entendesse que...

Talvez o momento de falar abacaxi tenha ficado para trás.

🎸🎸🎸

Do outro lado do oceano, Mary Lee estava em seu apartamento alugado com os dois robôs atrás de si, olhando os contatos que Ester tinha enviado para ela, pessoas que sabiam hackear muito bem um computador e até mesmo um celular, sabia que somente precisava da senha para ter acesso, mas o que Yoongi colocaria como senha fora a combinação facial?

Sabia que, assim, no momento que invadisse dessa forma a privacidade de Yoon, todas as suas fantasias jamais seriam realizadas; sabia que antes elas eram um sonho distante, mas, se fizesse isso, seriam algo totalmente impossível. Levou as duas mãos até a testa, ainda sentada em sua mesa e com o notebook aberto, se questionando se deveria ou não fazer isso.

Os dois cenários eram bem óbvios: ou ela entregava o celular a Yoongi ou Tae, tendo, assim, seu grande agradecimento por isso e até mesmo simpatia, mas o que não acarretaria em nenhuma descoberta de nada, ou invadiria e veria todas as mensagens, fotos e o que mais tivesse dentro do aparelho para ver e, então, o que fizesse com isso poderia ter consequências catastróficas.

Respirou fundo e começou a mandar e-mails sobre a proposta de trabalho um tanto... estranha. Invadir um celular, assim, era crime; e ela sabia que Min Yoongi não pouparia esforços tanto pessoais quanto financeiros na justiça para acabar com ela se soubesse que teve acesso a algo, mas somente uma olhadinha... não seria nada demais, Mary pensava consigo.

Depois de enviar os e-mails, se encostou na cadeira almofadada vermelha e respirou fundo, fechou os olhos e se negou a olhar seu próprio celular. Não queria ver que, mais uma vez, seu pai não retornaria a nenhuma ligação ou não fazia questão de responder uma simples mensagem. A voz de Ester, em sua cabeça, mentindo sobre sentir saudade invadiu sua mente e sentiu o rosto ficar quente.

Abriu os olhos, encarando os seguranças um em cada canto do grande apartamento na cobertura de um hotel no centro de Londres, via eles somente como estátuas que não emitem som algum, estavam ali somente se algo acontecesse com ela. No passado, brincou muito com isso, para até chamar a atenção do pai, fugia dos seguranças, faziam com que eles a perdessem, mas, ao notar que nem isso chamou a atenção do progenitor, decidiu simplesmente parar.

Nem os seguranças pareciam muito preocupados quando ela sumiu de noite ou até mesmo quando conseguia ficar um final de semana inteiro fora da vista deles e, como sempre, ninguém entrou em contato com ela quando sumiu, fugiu, anos atrás. O que deixava ainda mais claro como ela era ninguém, como não tinha ninguém. Levou as duas mãos até o rosto, contendo as lágrimas da solidão, notando, mais uma vez, que nem quando chorava os brutamontes olhavam para ela com dó.

Lembrava vagamente da mãe que faleceu quando tinha somente seis anos; lembrava, por flash enfumaçado, de uma vida com carinho e atenção de dois pais presentes e sorridentes. Mas aquela vida não parecia a sua, e sim uma lembrança de outra pessoa, já que viveu tantos anos não conseguindo manter ninguém por perto. Suspirou fundo, tirou as mãos do rosto e ligou para Ester, na primeira vez, caiu na caixa postal e, então, sentiu as lágrimas caindo em sua bochecha.

Mary Lee cresceu uma menina mimada com bens materiais, por isso, não sabia lidar quando tinha a atenção de alguém; quando fez seus primeiros amigos na escola, tão ricos como ela, eles detestaram a forma autoritária e até mesmo possessiva que a garotinha lidava com as amizades, via elas como suas posses exclusivas, e sendo seu amigo, não poderia ser de mais ninguém.

Crianças de dez anos não poderiam entender ou mesmo imaginar que Mary Lee perdeu a mãe cedo e que seu pai, antes tão presente, tinha evaporado de sua vida; que as babás não a suportavam e logo eram trocadas, que ela vivia com a sensação de não ter ninguém fixo em sua vida, que tudo parecia vago, rarefeito e superficial, que os jantares em família, para ela, era somente ela e seus seguranças jantando uma comida que descia fria, já que a garota demorava para comer, sonhando que o pai poderia aparecer a qualquer momento.

Na adolescência, tudo piorou. Seus namorados detestavam seu jeito possessivo, ciumento e até mesmo tóxico; Mary Lee criava brigas à toa, somente para criar motivos para afastar alguém que começava a ficar tanto tempo em sua vida. Tinha medo dessa sensação, sentia que todos iriam embora em algum momento, e desejava tirar as pessoas de suas vidas do que vê-las partirem de boa vontade.

Sabotava a si mesma e todas suas amizades e relações, aprendeu muito cedo que ser temida parecia melhor do que ser amada; por isso, fazia bullying, julgava os outros, distanciava todos. Era uma megera quando queria, somente porque também não se sentia digna de nenhum sentimento ou pessoa verdadeira. Se até mesmo seu pai não conseguia olhá-la por muito tempo, devido sua aparência tão semelhante a de sua mãe, quem iria querer ficar?

Respirou fundo e encarou a tela do notebook: os profissionais já começaram a responder, até porque com o valor extravagante que ela ofereceu, até mesmo as pessoas mais justas e honestas pensariam duas vezes em aceitar um trabalho tão suspeito. Mas, como sempre, dinheiro nunca foi um problema para Mary Lee, somente as pessoas, o que sentia por ela, e como sua vida parecia uma peneira que passava todo tipo de grão, como se estivesse furada.

Mal sabia ela que, na verdade, para conseguir se sentir bem com o que sentia pelas pessoas, deveria, antes de tudo, se sentir bem consigo mesma, mas essa hipótese nunca passaria na cabeça de uma pessoa tão autocentrada, obcecada, perdida, sozinha e egocêntrica como Mary Lee.

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CONTEÚDO EXTRA

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