💔 CAPÍTULO XVI: PIEDADE 💔
"Me mostra uma porta aberta
E aí você vai e bate ela na minha cara
Eu não posso aguentar mais
Estou dizendo: Amor, por favor, tenha piedade de mim
Pegue leve com meu coração
Mesmo que não seja sua intenção me machucar
Você continua acabando comigo". — Mercy (Shawn Mendes)
— Jimin, eu já te disse, eu estou bem — Jhope falava enquanto guardava seus livros de volta na prateleira, uma mania sua para se manter ocupado e calmo: tirar o pó de todos os seus livros, mas seu primo não achava que aquilo tinha ajudado muito — sério, eu estou bem e... — ele terminou de colocar um e se virou para o primo loiro sentado em sua cama, Jimin encarava o vazio, parecia muito pensativo — você está muito quieto, o que foi? — o primo suspirou e o encarou.
— Eu não sei o que fazer para te convencer de que você merece esse romance! — ele falou estridente e irritado, mas com uma expressão de desânimo aparente na face, Jhope revirou os olhos, sorriu de lado e se sentou na cama do lado de seu primo, relaxou os ombros, fechou os olhos e jogou o corpo para trás, deitando em sua cama e levando as duas mãos até a cabeça.
— Eu sei que mereço viver um romance e...
— Esse romance! Esse! Não qualquer romance! Esse homem mexe muito contigo e você deveria se permitir viver isso — falou se virando para Hoseok deitado e colocando uma mão de apoio na cama — entendo seu medo, ele é famoso e tudo, mas... — Jimin suspirou, Hoseok o encarou e tirou as mãos da cabeça — mas você merece se entregar a tudo isso — Jhope se sentou de supetão.
Era sexta de noite, ele tinha passado a semana inteira sem falar ou ver Yoongi, mas sabia que seu emprego ainda estava garantido, porque seu chefe não mandou nenhuma mensagem; talvez o rockstar fosse mais caridoso do que o escritor pensava, ele respirou fundo, fechou os olhos rapidamente e negou com a cabeça com a imagem de todos os futuros possíveis que tinha criado em sua mente.
— Além do mais, foi somente um beijo — Jimin comentou suave, enquanto Jhope abria seus olhos devagar — você está pensando muito à frente, como sempre — o primo se levantou da cama e ficou de pé na frente dele — viva o momento! — falou alto e ergueu as duas mãos para cima, parecia muito exausto, de uma forma que deixava nítido para Jhope como ele estava tentando, pela milésima vez, fazê-lo ceder aos seus argumentos, mas eram os mesmos, e Hoseok não tinha se convencido antes, era como se por repetição ele pudesse convencer.
— Eu sei, mas só de pensar que se a gente for visto somente se beijando um caos pode acontecer, você viu o que aquelas fotos no banheiro causaram na minha vida e... — ele suspirou profundo, e desviou o olhar, ele queria aquilo, queria o beijo, a sensação, a entrega, mas sua mente tinha tanto medo de que ele pudesse se dar mal, não somente pela fama, algo em seu coração gritava que ele iria se machucar uma hora ou outra, tanto o racional quanto o emocional berravam para ele: cuidado! — eu não sou uma pessoa comum — encarou o primo ali de pé — até se eu fosse neurotípico essa situação seria complicada e...
— Não venha com essa não — falou interrompendo a fala de Hoseok e ergueu um dedo para ele — cansei de ver você colocar sua condição como algo que te limita, você claramente encantou o maior rockstar do mundo! — falou exasperado — sabe o poder que você tem? E isso não tem nada haver com seu autismo, você está negando esse romance por outros medos, sabe muito bem disso, entendo que a fama pode atrapalhar, mas... não custa tentar, e outra: foi somente um beijo, nada demais, não é como se ele tivesse feito uma puta declaração para você — e colocou as mãos na cintura.
— Mesmo assim, vou segunda-feira contar tudo para o meu chefe, essa autobiografia não vai funcionar para mim — Jimin sorriu de lado ouvindo isso — e se depender de mim — Hoseok se levantou da cama e começou a andar até a porta do quarto, abriu ela, parou ali e olhou seu primo sobre os ombros — se depender de mim, eu nunca mais vou ver Min Yoongi pessoalmente — e saiu do quarto.
🎸🎸🎸
— Minha nossa senhora das bandas de rock! — o grito estridente do outro lado da linha fez Yoongi respirar fundo, tinha passado tanto tempo com Hoseok que tinha até mesmo se esquecido desse tipo de reação que as pessoas tinham ao falarem com ele.
— É isso mesmo então?! Eu não tô sonhando?! Min Yoongi ligou para mim?! Eu?! Meu Deus, você é uma lenda, sua música In Your Skin é minha favorita, e a Just Your então, ela é a música da minha vida! Adoro os outros integrantes da banda, mas você... ai me desculpe, eu estou nervoso, controle-se, Jimin — Yoon riu quando notou que ele tinha conversado consigo mesmo durante a ligação.
— Tudo bem, sem problemas, eu preciso da sua ajuda — Min falou de forma tão natural, calma, que Jimin juntou as sobrancelhas, parecia ser nada demais, mas foi inevitável para ele soltar um grito alto quando ouviu a seguinte frase do outro lado da linha — quero preparar uma surpresa para Hoseok — o grito fez até Yoon tirar o telefone do ouvido de tanto que o incomodou, fez uma careta, ainda ouvido o barulho estridente e respirou fundo imaginando como uma pessoa tão expressiva como Jimin poderia ser primo de alguém que prefere tanto o silêncio e calmaria como Jhope.
— Alô? Jimin? Ainda está aí?
— Sim, sim, sim, desculpa, nossa, jura? Por favor, parece que o universo me ouviu! Claro que te ajudo, para ontem! Qual a sua ideia? — Yoongi sorriu malandramente e falou devagar:
— Amanhã de noite, sábado, vai acontecer, sua missão é somente fazer Jhope sair de casa e ir até a Love Is Blind — a risada nervosa e forçada do outro lado da linha deixou Min até mesmo ansioso — o que foi?
— Fazer Hobi sair de casa? É quase impossível! Você sabe, ele não sai por nada.
— Inventa alguma coisa, só preciso que ele esteja lá 21 horas, sem falta, na Love Is Blind, consegue fazer isso?
— Meu querido, eu sou Park Jimin, eu faço o impossível todo dia, já me viu dançando? Inclusive, por favor, me dê uma chance de dançar em um clipe seu pelo amor que tem ao deus que for, por favor!
— Tudo bem, sem problemas, se bem que meus clipes geralmente não tem dançarinos...
— Ah, não importa o som, eu danço, sem problemas, amanhã Hobi estará onde você quer e no horário que você quer, mas, somente por curiosidade, o que você pretende fazer? — Yoongi tomou um fôlego e falou:
— Então...
🎸🎸🎸
— Eu já falei e vou repetir: vou ficar em casa lendo!
— Puta que pariu, Hobi, você não me dá um dia de paz, cara — Jimin falou irritado dentro do quarto de seu primo às 20 horas do sábado.
— Chama o Jungkook, ele adora sair com você, chamar atenção e essas coisas de criança como andar de um lado para o outro rindo de si mesmo — Hoseok falou com seu livro em seu colo deitado em sua cama enquanto seu primo andava de um lado para o outro como se estivesse armando um plano para conquistar a lua.
— Jungkook está ocupado — e eu que não posso falar nada para ele porque o menino não sabe guardar um segredo, Jimin pensou — e eu quero a sua companhia.
— Escolhe um livro e senta aqui comigo e lê — Jimin suspirou e revirou os olhos — e não sei se você lembra — Jhope falou fechando o livro com o marcador de páginas — mas a última vez que saímos eu acabei em um encontro às cegas sem querer com o maior astro do rock do mundo e ainda por cima tinham fotos minhas na internet e pessoas olhando meu cardigã rosa quando eu saia de casa, ou seja, é melhor ficar em casa.
— A culpa é minha agora que você é tão popular? — Hoseok revirou os olhos — e eu também tenho culpa agora que você foi capaz de encantar um astro do rock somente dizendo vários "não" na cara dele e o rejeitando? Quem dera eu tivesse esse feitiço que você tem — Hobi até soltou uma risada baixa.
— Eu não encantei ninguém... — e pegou o livro novamente, abrindo-o. Jimin suspirou.
— Tudo bem, você não me dá escolhas: ou você vem comigo até esse rolê ou a gente vai brigar feito — Hoseok ergueu as sobrancelhas sabendo de antemão que o primo não conseguiria sustentar isso por muito tempo, Jimi relaxou os ombros e olhou para o teto — quem eu quero enganar? É quase impossível ficar bravo com você e — encarou seu primo — eu faço o que você quiser por um mês — Jhope juntou as sobrancelhas e olhou sobre o livro para o primo.
— Por que quer tanto que eu saia hoje? Você está mais insistente do que o normal...
— Porque você está há dias deprimido nesse quarto! Trancado, sem fazer nada! Não ter vida social é uma coisa, virar um urso que hiberna é outra! Você precisa ver gente, pelo menos, não precisa falar, somente ver outros rostos para ver se tira esse rockstar da cabeça — Hoseok suspirou com o monólogo do primo — faço qualquer coisa...
— Que tal não me pedir para sair mais por um mês?
— Perfeito! — Jimin disse batendo as mãos e começou a saltar de felicidade quando viu Hoseok se levantando — graças ao bom Deus das causas impossíveis!
🎸🎸🎸
O carro de Jimin tinha parado em uma rua que Jhope pensou que já conhecia, ouviu o ronco do carro morrer quando o primo o desligou e tirou as chaves, Hobi estreitou os olhos no banco do passageiro ao lado do motorista e ficou encarando aquele letreiro até que seu deu conta que estava justamente na frente da boate Love Is Blind, onde toda a confusão começou em sua vida um pouco mais de um mês atrás.
— Jimin... — falou ansioso tirando o rosto de perto do vidro escuro da janela e virando a cabeça devagar para encarar o primo que começava a pegar sua bolsa no banco de trás.
— Sim? — falou colocando a bolsa preta no colo e encarando o primo.
— Estou louco ou essa é a Love Is Blind? — Jimin ergueu as sobrancelhas, se inclinou para frente e visualizou a fachada com as letras em neon brilhando em vermelho do outro lado da rua.
— Olha só — Jimin falou despretensiosamente e voltou suas costas no banco — que ótimo, podemos ir no mesmo lugar que você já foi e estudou que nem maluco, não é ótimo? É ótimo, vamos — falou se virando abruptamente para a porta e a abrindo, mas Hobi segurou o braço do primo, fazendo o loiro encará-lo — o que foi? É muito familiar para a sua rigidez cognitiva? — Hoseok revirou os olhos e largou o braço do primo.
— Não é isso, é que... — suspirou desviando o olhar para a janela — esse lugar me trás lembranças que quero esquecer — ouviu Jimin suspirar e sentiu o toque dele em seu ombro, olhou rapidamente para o loiro, seu primo era uma das poucas pessoas que podiam tocar nele sem que Hoseok desviasse do toque em questão de segundos.
— Você precisa superar isso e, confia em mim, hoje vai ser um dos melhores dias da sua vida — Hoseok juntou as sobrancelhas ao ouvir isso, Jimin soltou seu ombro e sorriu de lado, desviando o olhar para baixo — nunca se sabe quando coisas boas acontecem, mas tenho um pressentimento sobre hoje — e voltou a encarar o primo, Jhope respirou fundo e levou uma das mãos até as têmporas.
— Jimin, se tem algo para me falar...
— Não — falou rapidamente, fazendo Hoseok encará-lo e largar a cabeça — é que... — respirou fundo — é que eu te amo tanto, mas tanto, você é uma pessoa tão incrível, tão altruística, que eu só quero que você seja feliz e vejo como nessa semana você ficou tão para baixo, sem responder direito minhas mensagens, sem me olhar direito durante as visitas, sei que contato visual não é seu forte, mas você meio que gosta de olhar para mim, nem que seja somente para rir de uma piada minha — isso fez Jhope sorrir genuinamente — sabe, às vezes sinto, na verdade até sei, que o mundo parece estar te perdendo por você se esconder tanto, hoje só quero que entre lá com uma mente aberta e um coração mais ainda.
— Somente eu vou entrar?
— Vou estar logo atrás de você, como sempre, seja para vibrar por sua felicidade ou te acolher por conta de sua tristeza — Hobi não se aguentou e segurou a mão do primo, algo que fez o loiro até se assustar.
Jhope tinha feito isso somente três vezes durante toda a vida que se conheciam: uma vez no parque de diversões dentro do trem fantasma quando se assustou; outra em um casamento da família que viu Jimin ficar emocionado e quis confortá-lo de alguma forma e outra durante o funeral do pai de Jimin quando os dois estavam prostrados vendo o caixão; e a quarta, agora, não era para consolar, nem para afastar o medo, era somente por pura afeição e isso fez algo dentro do peito de Jimin estremecer.
— Também amo você, Jimin — isso fez o loiro dar aquele sorrisinho sem vergonha nos lábios finos.
— Vamos? — perguntou radiante, Jhope somente concordou com a cabeça, soltou a mão do primo, abriu a porta do carro, encarou o logo enorme e vermelho, sensual e selvagem, intrigante e nostálgico até, da boate Love Is Blind e se perguntou onde que Min Yoongi estaria agora.
Gostaria que estivesse ali dentro, gostaria de voltar para a noite que nós conhecemos, gostaria de reviver tudo, mesmo a parte dolorosa, somente para sentir seu cheiro de novo, ver seus belos olhos pretos e profundos e sentir seus macios, fortes e molhados lábios entre os meus, Hobi pensou e saiu do carro.
Andou para o outro lado da rua sentindo que sua vida mudaria a partir do instante que entrasse novamente na boate, não somente um pressentimento, mas um aviso de almas: ele sabia, mesmo não querendo aceitar, que algo lá dentro o invadiria como um cometa em um planeta, arrasando toda a terra por onde passasse a causando um buraco enorme em seu peito.
Apesar de toda ansiedade, de todo o medo, ele seguiu até lá, pensando em como era sortudo por ter Jimin como seu primo e como era grato por ter vivido um breve romance que, para ele, tinha acabado há uma semana, mas ele mal poderia imaginar que estava, na verdade, prestes a começar a maior aventura de sua vida.
🎸🎸🎸
Hobi foi guiado pelo garçom junto com Jimin às suas costas para dentro da boate escura e repleta do breu mais preto que já tinha vivenciado, ao contrário da última vez, não ouviu vozes, muito menos o barulho de copos de vidro e de talheres de prata; respirou fundo pensando que talvez esteja muito cedo para que as pessoas tenham chegado, mas logo percebeu que não tinha mais ninguém para entrar e muito menos para sair e juntou as sobrancelhas com isso.
Parece que esse lugar está... deserto? Ele pensou, sua mente vagava entre esse fato curioso, uma das mais recentes e badaladas boates estar vazia e a sensação de desejar, ansiar, por voltar no tempo e estar naquela noite há um mês atrás em que entrou, sem querer, na cabine de um dos maiores rockstars do mundo.
Hoseok suspirou porque quando pensava agora em Yoongi não era as fotos dele em capas de revistas, nem seus prêmios com músicas ou shows do Youtube que invadiam sua mente, mas sim a forma como conversaram aquele dia, como cantaram na sala do artista e como ele o desenhou como se fosse um ato íntimo e sensual.
O que vinha em sua mente não era o Yoongi artista, mas sim o Yoongi pessoa, aquele homem que comia lanche e pizza de forma despretensiosa e até desajeitada, deixando os cantos da boca sujos de molho; aquele rapaz profundo e intenso que viveu algo tão forte com sua mãe que compôs uma música para ela; aquele homem que desafinava no karaoke e que ria de si mesmo durante uma dança no Just Dance; não era o rockstar, mas o homem em si que o fazia pensar em mil e uma possibilidades de viverem juntos.
Jhope andou ainda sendo guiado, achou que entraria em uma cabine, mas não havia porta nenhuma ali e sentiu a respiração pesada de seu primo ao seu lado, sendo deixado por um vulto que provavelmente era outro garçom que o tinha guiado também. Hobi abriu a boca e pensou em falar algo, mas nada vinha em sua mente e começou a pensar no que o primo tinha dito no carro: mente e coração abertos.
Eu mereço ser feliz, viver o momento presente, mas por que isso é tão difícil?
Ia falar, enfim, algo, quando ouviu um barulho fraco ao fundo e olhou na direção, no fundo da pista de dança havia uma luz única e vermelha que se acendeu e revelou um palco. Notou que ele tinha somente um banquinho pequeno com um violão do lado, percebeu, também, que a luz permitia ver parte da pista de dança e ela estava, mesmo, vazia.
Isso deixou uma curiosidade tão intensa invadir Hobi na mesma proporção que uma ansiedade crescente e, então, ele começou a tremer os braços levemente, notou isso, mas procurou ignorar, até que sentiu a mão de seu primo apertar a sua, com o toque, sentiu a pele suada entre seus dedos; ele olhou o garoto loiro e baixo ao seu lado, era percetível ver o sorriso leve e sem dentes do primo ali na luz fraca e avermelhada:
— Relaxe, estou aqui — Jimin sussurrou e entrelaçou os dedos com os de Hobi que sorriu para ele — sempre estarei aqui — terminou de sussurrar e olhou para o palco, Jhope seguiu os olhos do primo e sentiu a boca ficar seca, mil coisas começaram a passar por sua cabeça naqueles instantes.
Primeiro, pensou em como entrou na cabine e ouviu aquela voz pela primeira vez, depois, em como negou passar o telefone para o cantor, depois, no dia de terror em que foi, de fato, perseguido; riu baixo com a imagem de Tae e Yoongi surpresos quando ele fechou a porta na cara dos dois e sentiu seu peito se acalmar e sua respiração ficar leve quando lembrou das palavras de Min para ele lá no morro no parque: me diga o que fazer, o que não fazer; eu faço qualquer coisa para você caber no meu mundo; eu sinto essa chama, ela é só uma faísca, mas quer que eu alimente desde o primeiro dia que te vi, e, com isso, ele sorriu.
Seus olhos se arregalaram quando viu um vulto de um homem alto, forte e vestido com uma jaqueta preta e uma calça saruel entrar no palco com a cabeça baixa; sem pensar duas vezes, Hoseok largou a mão de Jimin e começou a andar para perto do palco, como se tivesse um cordão fincado em seu coração que o ligava a uma única pessoa naquele espaço, uma única pessoa em todo o maldito universo, uma única pessoa que ele desejava, mais do que nunca, que fosse aquele homem de cabeça baixa, com os cabelos longos e pretos caindo e tampando seu rosto e que começava a se sentar no banco e pegar o violão.
Jhope parou de andar quando o homem terminou de se sentar e ajeitou o violão na perna, notou que ele jogou os cabelos para trás e viu um microfone em sua boca, seu coração disparou quando reconheceu cada traço daquele rosto preenchido pela luz intensa, única e vermelha que caia no cantor de forma sensual e perfeita; Hobi sentiu as pernas tremendo, levou uma das mãos até a boca, soltou um gritinho baixo, mas perceptível, que fez Yoongi sorrir para ele e piscar com somente um olho, com aquela língua um tanto para fora lambendo os lábios.
— Essa música não é minha, mas começou a ser faz uma semana — a voz era dele, o rosto era dele, as roupas, os trejeitos, tudo, mas, mesmo assim, Hoseok não queria acreditar naquilo, não queria admitir para si mesmo que estava diante de Min Yoongi de novo, achou que isso nunca mais aconteceria — espero que essa música seja nossa, que você tenha piedade de mim, assim como o compositor tanto pede na letra.
Quando os dedos hábeis e longos do cantor deslizaram entre as primeiras notas, Jhope tinha notado qual música era aquela: Mercy, do Shawn Mendes, e seu coração disparou ao mesmo tempo que seu corpo inteiro virou uma gelatina; se Min Yoongi pedia misericórdia por seu coração, por que era, então, justamente Jhope que se sentia partido ao meio, em dois, com aquela aparição e o começo daquele show?
Quando as primeiras palavras da letra começaram, Hobi sentiu que seu mundo se partia em dois: de um lado, seu medo e dúvidas, do outro, seu desejo e vontades; prendeu a respiração com aquela melodia, com a forma intensa que o rockstar cantava, com a visão de sua garganta estendida e a cabeça erguida, e quando ele pausou depois dos primeiros versos, Hobi se permitiu respirar fundo.
Não posso, não posso me permitir sentir, não posso... mas como uma psicologia reversa, quanto mais pensava em não sentir, mais sentia, mais seu coração se expandia, mais seu corpo tremia, mais suas mãos suavam e mais seu coração ansiava para que ele pulasse naquele palco e agarrasse Yoongi sem pensar duas vezes.
Jhope olhou para os lados: ninguém, o artista deveria ter fechado o lugar somente para aquele show particular, voltou lentamente a cabeça para encarar o cantor e sentiu uma ansiedade intensa tomar seu coração quando o refrão começou:
— Estou dizendo: amor, por favor, tenha piedade de mim. Pegue leve com meu coração — cada palavra era cantada de forma intensa, o dedilhar no violão deixou a música mais lenta, mas mais confortável para Jhope, mais nítida e mais clara, como se fosse um perfeito amanhecer ou pôr do Sol.
— Mesmo que não seja sua intenção me machucar. Você continua acabando comigo — e neste instante Yoongi o encarou de forma tão intensa que o corpo de Hoseok reagiu automaticamente: deu mais quatro passos para frente, ficando bem perto do palco, o que fez o cantor sorrir abertamente entre as palavras que cantava sem muito esforço.
— Você poderia, por favor, ter piedade de mim? — cantou alto, intenso, reverberando por cada canto daquela boate, um veia saltando em seu pescoço; fazendo com que Jhope tivesse ainda mais a sensação de que somente os dois existiam ali.
Era como se estivessem em um espaço feito somente para eles: sem fama, sem julgamentos, sem fofocas e sem fãs malucas; somente os dois em si mesmos, sentindo as palavras atravessando por cada músculo e pele, fazendo o som se materializar, e na última palavra, Yoongi cantou tão alto que fechou os olhos e ergueu a cabeça para cima, fazendo Hobi ofegar somente com aquela visão.
— Sou uma marionete em suas cordas. E mesmo que você tenha boas intenções
.Eu preciso que você me liberte — e o cantor tomou um fôlego para a última parte do último refrão: — Você poderia, por favor, ter piedade, piedade do meu coração? Você poderia, por favor, ter piedade, piedade do meu coração?
🎸🎸🎸
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