Just One Night
- Passo por tua casa pelas cinco. Vamos deixar-te linda para o rapaz! - A Esme fala quando lhe viro costas para voltar a casa, mesmo que não tenha acreditado que alguém me seguiu fez questão de me levar a casa, é por estas atitudes que eu a amo.
- Sim! - Grito sem virar as costas, abano a mão e ouço-a rir antes de andar com o carro.
Ainda é uma da tarde e eu preciso de comer e talvez dormir um pouco. Entro em casa sabendo que apenas Myra está em casa.
- Mana? - Ouço-a correr pelo quarto até à cozinha onde me encontro. Podemos ser primas mas ela nunca me tratou como uma, para ela sempre fui a sua irmã mais velha.
- O que te apetece comer?
- A tua massa.- Pede com um beicinho. Desde pequena que lhe faço massa com molho de tomate, salsicha e queijo e Myra sempre foi obcecada por ela. Faço sempre o que ela pede, porque me recorda tempos em que era tão pequena... vê-la crescida faz-me sentir velha, como se o tempo passasse demasiado rápido. Começo a cozinhar enquanto ela fica sentada no balcão observando-me.- Estava a pensar em encomendar uma pizza e ver um filme hoje à noite.
- Hoje não posso Myra.- Ela fica de olhos arregalados.- Vou sair com a Esme.
- De noite? Vais a alguma festa? - Pergunta sorrindo de lado.
- Tira esses pensamentos da cabeça! Só vamos espairecer.
- Ouviste o pai, não chegues grávida a casa!
- Ele disse isso a ti! - Acuso, rindo da sua cara divertida.- Tu é que és a maluca daqui de casa.
- Ele disse que tiveste pesadelos outra vez.- Myra muda o assunto e com ele foi todo o riso e entrou a tensão. Parece preocupada comigo, sabe que quando os pesadelos começaram, da última vez, eu fui passar uns tempos fora.
- Foi só um pesadelo, nada de mais.- Dou de ombros e abro um sorriso tranquilizador, ela parece acreditar em mim.- Hey.- Deixo a massa a cozer e me dirijo ao seu encontro. Pouso a mão na sua.- Nada me vai acontecer maninha. Eu não vou a lado nenhum.- Beijo a sua testa e recebo um sorriso de resposta.
Quando a comida está pronta vou comendo enquanto Myra fala dos seus namoradinhos e sobre o quanto a sua vida é tão difícil. Aprecio estes tempos com ela mais do que tudo no mundo, ela é o meu sangue e para mim é uma irmã, nunca conseguiria olhar para ela e ver uma prima. Eu vi-a nascer, vi-a crescer, ela faz parte de mim e eu dela.
Ela convence-me a fazer pipocas e a ver um filme com ela como compensação da minha indisponibilidade hoje à noite. Myra coloca o filme e encosta-se ao meu ombro, faz comentários sobre os atores, a história e tudo o que acontece no segundo em que acontece. As suas frases e o som do filme no ar começam a tornar-se cada vez mais distantes, os olhos pesam e os músculos relaxam até finalmente me deixar atingir pelo sono.
"Billie..."
Ouço o meu nome e sei que ele voltou, a sua voz rouca e assustadora voltou.
O meu "eu" subconsciente levanta os punhos e tenta defender-se da voz, dá voltas e voltas mas não consegue localizá-la. O meu nome repete-se outra vez com mais força, e outra, e outra, cada vez mais alto.
Mando-a embora mentalmente, fecho todas as portas e janelas que permitem o som entrar para o meu sonho, crio muros, ergo montanhas e coloco sinais de proibição à voz. Mas ela persegue-me, e mesmo que a minha fortaleza mental pareça impenetrável, ele continua lá, chamando por mim com vontade.
Então começo a imaginar o sofá onde adormeci, imagino-me a acordar, uma e outra vez, forçando-me a abrir os olhos.
Tento mexer o corpo, abano-o como se estivesse a ter algum ataque.
- VAI EMBORA! - Grito, mas desta vez a minha voz não se repete como um eco. Ouço-a, a minha voz real, e percebo que acordei.
Acordo num pulo, estou deitada no sofá, a algum ponto da minha sesta a Myra deixou-me. Lá fora já começa a escurecer. Faço por tudo para controlar a respiração mas não parece estar a resultar.
Dou outro pulo quando ouço a campainha tocar. Fixo o meu olhar na porta e tento perceber se ainda estou a sonhar, estou num estado dormente e sonolento. O meu corpo treme tanto que não sei se aguentaria de pé. Do nada a Myra aparece para abrir a porta, acena para mim com um sorriso que me diz que apenas me deixou descansar e nada de especial aconteceu. Abre a porta e a Esme entra de rompante, quando me vê anda a passos rápidos até e mim.
- Desculpa a demora. Temos que nos preparar. - Olho para o relógio pregado à parede e vejo que são seis e meia.
- A que horas vamos?
- O Caleb disse-me para estarmos lá ás nove.- Olho-a confusa. Em uma hora estaria pronta, e ela está a dizer que 2 horas e meia não chegam? Reparo que ela ainda usa o que levou para a universidade, na sua mão tem uma mala maior onde deve ter trazido a sua roupa. Parece tão preocupada com o tempo limitado que temos então resolvo não discutir, faço um teste ás minhas pernas e tento me levantar. Tenho força suficiente para me pôr de pé.- Está tudo bem? Estás tão pálida.
- Já é normal.- Sorrio e começo a andar até ao meu quarto. Ela entra atrás de mim e pousa a mala na minha cama, tira roupa atrás de roupa e olha para mim ansiosa.- Isso é tudo para ti?
- Como eu sei que não tens nada aqui, eu trouxe. - Ela estende dois vestidos na cama e coloca os saltos correspondentes em baixo de cada um.- Vai tomar um banho. Eu espero.- Mais uma vez decido não responder. Tomo um banho rápido, enrolo-me numa toalha e encontro a Esme no quarto, enrolando o cabelo loiro. Quando me vê levanta-se e entrega-me umas cuecas de renda preta e um sutiã a condizer.
- Eu tenho roupa interior, Esme.
- Sim, mas não vais para a cama com um rapaz nas tuas cuecas de avó.
- Eu não vou para a cama com ninguém.- Olho para ela ofendida.
- Isso é o que vamos ver.- Murmura enquanto volta a trabalhar no seu cabelo.- O Caleb mostrou-me o miúdo e, bem, vamos dizer que é mesmo o teu estilo.
- Eu tenho um estilo? - Ela concorda distraída com um caracol no seu cabelo. Por momentos sinto-me curiosa.- Posso vê-lo? - Agora nega com a cabeça.- Porquê?
- Porque quero que seja uma surpresa! - Ela aumenta o tom e eu percebo que não devo perguntar mais nada.- Diz à tua tia que vens dormir a minha casa. Não te esqueças.
- Não esqueço.- Depois de vestir o conjunto de roupas íntimas fico a olhar para o vestido escolhido para mim como se ele me estivesse a chamar os piores nomes.
- Nem comeces, vais vestir isso e não quero resposta.- Ela ameaça determinada e, mais uma vez, não quero ir contra ela. Pego no vestido e analiso-o, parece confortável, é preto, justo e com um decote em coração não muito grande, tem umas alças largas que supostamente deviam cair pelos meus ombros. Depois de o vestir tenho algumas queixas com o decote, parece que os meus seios estão quase a saltar do tecido e eu odeio estar preocupada com a possível escapatória do mamilo. Felizmente o vestido nao é demasiado curto, pelo menos aí sinto-me confortável.
- Então hoje decidiste vestir-me como uma oferecida.- Queixo-me baixinho, mas ela ouve-me na mesma com os seus ouvidos de tísica.
- Todos os homens vão cair aos teus pés.- Ela levanta-se mostrando que o seu cabelo está pronto e sorri para mim de lado.- Agora vamos tratar desse cabelo e dessa cara.
A Esme esticou o meu cabelo, apenas para acertar as pontas rebeldes no meu cabelo já liso. Também me obrigou a pôr uma maquilhagem não muito exagerada, uma base, rímel e um batom nude para combinar com os sapatos e a mala minúscula que ela trouxe para eu usar. Quando estamos prontas são quase oito e meia da noite. Precisamos de ir.
Olho pela última vez para mim no espelho e não me reconheço, o meu cabelo azul escuro está esticado ate à perfeição, os meus lábios carnudos cobertos pelo batom ficam melhor do que pensava e o vestido... o vestido realça todas as curvas que ainda tenho. A Esme olha para mim satisfeita e depois faz algumas poses à minha beira no seu vestido vermelho super curto, mas lindo. Mas ela sempre se parece como uma modelo, já é algo natural.
Finalmente, já prontas, podemos sair daqui.
A Esme conduz-nos até à festa. Pelo caminho ligo para a minha tia e digo que vou dormir a casa de Esme, coisa que não suspeita, faço isso várias vezes. Obviamente não lhe conto para onde vou e o que vou fazer, ela ficaria louca.
O caminho não é longo, começo a ver o mar sendo iluminado pelas luzes da festa, parece estar lotado. A Esme encontra um lugar para estacionar e vamos para a entrada. Tenho que me agarrar ao seu braço para conseguir andar nos saltos, é das primeiras vezes que ando nestas coisas, e a loira disse que fez um esforço para escolher uns saltos baixos.
- O Caleb diz que está a chegar.- E quando avisa o Caleb aparece do nada sorrindo enquanto corre até nós.- Finalmente! - Ela fala como se estivéssemos aqui há muito tempo.
- Desculpa, fiquei à espera do Justin, que só avisou depois que vinha no carro dele.- Recebo cotoveladas e um sorriso malicioso de Esme.
- Assim pode ir embora quando quiser.- O que ela queria dizer ? Que ele já tinha ideia de levar alguém para sua casa e assim não precisava de ficar dependente do Caleb? - E onde está ele?
- Ali está ele.- Caleb olha para trás e eu e Esme fazemos um esforço para distinguir algum rapaz da nossa idade na multidão de pessoas que passam de um lado para o outro.
Depois, os meus olhos encontram os seus. O meu corpo inteiro vibra, a pele das minhas costas aperta e um arrepio de corpo inteiro atinge-me. É uma sensação horrível e tão prazerosa ao mesmo tempo porque sei que é ele que a provoca. Eu sei que é ele apenas porque o sinto.
O rapaz anda ate nós com um sorriso sacana no rosto, tudo nele me transmite confiança, a sua postura, o seu olhar até o seu andar. Veste uma camisa preta justa, um casaco de couro da mesma cor e umas calças de ganga escura. Parece-me cada vez maior à medida que se aproxima de nós, não tão grande como Caleb mas alto o suficiente.
Sinto a minha cara queimar instantaneamente, sei que estou a corar mas não posso evitar pensar que ele está aqui para mim, porque o Caleb lhe falou de mim, provavelmente lhe mostrou fotos que a Esme tem. Por alguma razão isso faz-me sentir tão envergonhada.
- Justin, esta é a Billie.- O Caleb aponta e ele dirige-se a mim, dá um beijo na minha bochecha e mais uma vez o meu corpo vibra. Não precisa sequer de me tocar, a minha pele teve a mesma sensação de hoje cedo com o miúdo moreno, mas ao mesmo tempo é diferente, eu não sinto medo, sinto... eu não sei o que sinto.- E essa é a Esme.- Apresenta a Esme e também ela recebe um beijo. O seu perfume invade as minhas narinas e é bem vindo, até o seu cheiro é atraente.
Acompanho o casal para dentro, com o Justin ao meu lado. Bastou um olhar do segurança para nos dar passagem. Lá dentro estão demasiadas pessoas para o espaço onde estamos, está realmente lotado. Tenho que dar a mão a Esme para me guiar por lá, sentindo sempre a presença do Justin atrás de mim. Por alguma razão o Caleb arranjou-nos uma mesa para ficar, depois de me sentar ao lado de Esme, ele sai com Justin com o intuito de ir buscar bebidas.
- Ele gostou de ti.- Esme levanta as sobrancelhas e sorri de lado.- Gostaste dele? - Não consigo responder, só sinto as bochechas corarem de novo.- Eu sabia.- Celebra, convencida.- Para mim não tens hora para chegar a casa, querida. Mas quando saires de casa dele vem direta para a minha, quero saber tudo! - Abro a boca para responder, mas depois não posso evitar rir. Por muito que duvide que o Justin tenha gostado do que viu não acho que me queira levar para casa. Porque é que já estou a considerar isso? Estou a dar em louca ou é só desespero?
- E o Caleb ?
- Vou dar-lhe o que ele quer e depois vou embora. Não consigo dormir no colchão dele.- Comenta com um sorriso.- E tu tens que te divertir. Usa e abusa dele e depois vai embora. Não tens que o ver mais na tua vida. - Ela abre os olhos como se fosse a melhor ideia de todos os tempo, sexo apenas pelo sexo.
Eles aparecem do bar e pousam as bebidas na mesa rindo de alguma conversa que estavam a ter, será que eu era uma desses temas? Porque é que estou tão curiosa?
Bebo um pouco do meu copo, o liquido tem um gosto de maracujá delicioso, sou puxada para a pista de dança pela Esme. Ela agarra os meus braços e balança-os para me incentivar a dançar, aos poucos vou sentindo a batida e dançando ao ritmo da música, a musica é tão sensual que eu não posso evitar mexer a minha cintura e me deixar envolver. A musica acaba e eu sou obrigada a abrir os olhos que estavam fechados ate agora, procuro Esme mas não a vejo em lado nenhum, então olho para a mesa e encontro apenas Justin me observando atentamente.
Não sei se esteve a olhar para mim enquanto dançava mas secretamente desejo que sim. Como não encontro Esme decido me aproximar da mesa e consequentemente, dele. Sento-me ao seu lado e pego no meu copo, bebo quase todo o liquido que lá contém, dançar deu-me sede. Sinto o álcool começar a fazer efeito, para alguém que não bebe muito é normal não ter tanta tolerância, mas hoje é diferente, hoje quero me divertir e esquecer tudo.
- Viste a Esme? - Justin sorri e aponta para a nossa frente. Ela está com o Caleb, eles já não dançam, estão se a beijar fervorosamente, agarrando-se como se quisessem arrancar um pedaço um do outro. Arregalo os olhos e ouço a risada rouca de Justin ao meu lado.
- Ainda bem que trouxe o meu carro.- Ele admite e eu rio abanando com a cabeça.- O Caleb disse-me que estudas Direito.- Mais uma vez abano com a cabeça.- O que é que uma pessoa tão inteligente faz com gente como o Caleb ?
- Ele anda em filmes com a Esme. Como consegues ver.- Aponto para o casal que quase se engole. Dou de ombros.- Só vim por acréscimo.- Quando falo o Justin aproxima-se do meu ouvido.
- Tenho que agradecer à Esme então, graças a ela posso conhecer-te- Não tenho nenhuma reação senão olhar para ele e encontrar o seu rosto demasiado perto do meu.
- Então não estás arrependido? - Pergunto num momento de insegurança, porque é que lhe perguntei isso? Será a bebida? Ou a falta dela? Acabo a minha bebida antes que ele responda. Justin agarra a minha coxa descoberta e vira o meu corpo para si.
- De todo. Estou bastante satisfeito.- Aproxima o seu rosto do meu e eu não sei que fazer. O que é isto ? Algo sem significado que só tem que acontecer e pronto ? É apenas preciso uma atração física ? É que essa está definitivamente aqui, ela obviamente existe.
Ele nota a minha hesitação e cola os seus lábios aos meus, assim, sem mais ou menos. Os seus lábios grossos movem se com os meus primeiramente com calma, depois com mais vontade.
Os seus dedos apertam a minha coxa com força enquanto a outra agarra a minha cintura puxando-me para si parecendo querer estar o mais perto possível de mim. Sinto uma chama no meu coração que depois se torna num fogo que incendeia todo o meu corpo. Quando a sua língua me invade a boca dou lhe toda a permissão que ela quiser, passo as mãos pelos seus braços musculados e depois agarro o seu pescoço trazendo o para mais perto de mim. A minha cabeça não me deixa pensar, não consigo ter um pensamento que seja direito. Só sei que o meu corpo o quer, o deseja, agora mesmo.
- Billie...- Ele geme o meu nome a meio do beijo e eu quase que me venho com a sua voz rouca contra mim. O que se passa comigo ? Será da bebida ? Mal me aguento. Ele parte o beijo ofegante e agarra a minha cintura com força, a puxa e me obriga a levantar com ele.- Vamos sair daqui ? - Justin diz abrindo um sorriso enorme, por completa loucura abano a cabeça e sinto a sua mão entrelaçar na minha.
Eu vou mesmo fazer isto com um desconhecido ? Um completo desconhecido ?
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