Trancados
Pov. Ella
Depois do Morgie ter me convencido a ajudar ele a fazer a Bridget e o Hook se unirem de novo, – o que eu também acho estranho da minha parte, já que eu sempre critiquei os vilões – fomos até uma sala de aula vazia pra pensarmos em um plano.
— E se a gente fizer uma poção do amor pra fazer eles se apaixonarem? – sugeriu Morgie.
— Acho melhor não. Nós nem aprendemos como fazer essa poção e pode acabar dando algum efeito colateral se der errado.
— Mas a receita tem no livro de poções.
— Mesmo assim, pode ser arriscado. Vamos descartar essa ideia! – o vilão bufou levando o tronco pra frente e colocando o queixo sobre a mesa.
— Esse negócio de ser cupido é cansativo.
— E olha que eu só concordei por causa da Bridget. Se não, eu já estaria bem longe daqui.
— E se a gente trancar eles em uma sala? Na hora do intervalo, trancamos eles nessa sala e vamos embora – o vilão sugeriu e eu comecei a pensar. Não era uma ideia tão ruim. Talvez assim eles poderiam resolver os problemas logo – Ou podemos trancar eles em um quarto. Vai que acaba rolando algumas brincadeirinhas lá? – Morgie sorriu malicioso.
— Não, não! Vamos descartar a ideia de trancar os dois no quarto! – disse apavorada – Porém, a ideia de trancar eles na sala foi boa. Faremos isso no final das aulas, pra ter certeza que ninguém os encontre.
— Se você quer assim...
— Mas como vamos conseguir a chave de uma das salas?
— Deixa essa parte comigo.
— Ok. Espero que eles não se matem quando estiverem presos.
— Os cupidos vão entrar em ação! – Morgie levantou da cadeira e começou a dançar engraçado. Balancei a cabeça negativamente dando um sorriso por causa da sua bobeira.
***
Já eram 5 horas, Bridget disse que ia até o dormitório descansar, enquanto eu ia pro ponto de encontro pra encontrar Morgie. Quando o vi perto dos armários, apressei meus passos até ele.
— E aí, conseguiu a chave? – perguntei à ele.
— Aqui – ele mostrou uma chave dourada – Foi muito fácil roubar isso. Agora só precisamos atrair Bridget e Hook pra lá.
— Eu já sei o que fazer com a Bridget, mas você precisa atrair o Hook pra lá também. Trancamos os dois na sala sem que eles nos vejam.
— Deixa comigo, plebéia, do meu amigão, eu cuido! – revirei os olhos com raiva por ele ter me chamado de plebéia.
Espero que a Bridget se resolva logo com o Hook. Não vou aguentar ficar perto do Morgie por muito tempo.
Pov. Bridget
No meu quarto, eu estava cantando enquanto fazia a tarefa. Paro de escrever quando ouço batidas na porta.
— Pode entrar – avistei Ella entrando.
— Oi, Bri. Desculpa vir aqui te atrapalhar, sei que queria estar descansando.
— Ah não, não tem problema – falei sorrindo – Do que você precisa?
— A professora Abigail tá te chamando na sala de alquimia. Disse que era importante.
— Tudo bem. Já tô indo – levantei da cama indo meu guarda roupa pegar um vestido, já que eu tava de pijama.
Após ficar pronta, andei até a sala de alquimia, o que era estranho, já que a professora Abigail nunca pediu pra me encontrar com ela lá. Abri as portas da sala, vendo ela toda escura, somente uma luz da janela refletia sobre a mesa, onde eu vi o Hook sentado nela.
Pera aí, Hook?
— Hook? Tá fazendo o que aqui? – perguntei por estranhar a sua presença.
— Eu é que pergunto, o que você tá fazendo aqui? A não ser que você virou a Uliana.
— Eu não sou a Uliana, e o que ela estaria fazendo aqui?
— Foi pra isso que eu vim. Disseram pra me encontrar aqui porque a Uliana queria falar comigo. E você?
— Eu vim por outro motivo, mas acho que foi um mal entendido. Eu vou embora – me dirigi até a porta.
— Tchauzinho, princesa – revirei os olhos com o que Hook disse.
Giro a maçaneta da porta, porém não consigo abrir. Tento outras vezes, mas realmente não tava conseguindo, era como se tivesse trancada. Me virei pra Hook ainda com a mão na maçaneta.
— Hook, eu não tô conseguindo abrir a porta.
— Isso é uma desculpa pra você ficar aqui?
— Não, não é. Eu realmente não tô conseguindo abrir – olhei pra porta de novo tentando abrir.
— Não tomou café da manhã hoje? – zombou rindo.
— Que engraçadinho você é – disse sarcástica olhando pra ele.
— Você que deve ser fraquinha.
— É sério, eu não tô conseguindo abrir.
— Parece que eu vou ter que salvar a princesinha – Hook saiu de cima da mesa, vindo até mim em seguida – Dá licença que eu vou te mostrar como se abre uma porta. Presta a atenção!
— Por favor, me mostre. Desenha se for preciso – disse irônica, indo um pouco pro lado pra ele conseguir abrir.
Com um sorriso vitorioso, Hook girou a maçaneta, mas a porta não abriu. Seu sorriso sumiu completamente ao perceber isso. Encarou a porta girando a maçaneta diversas vezes.
— Que foi? Não tomou café da manhã hoje? – falei sorrindo sarcástica.
— Para de me zoar, garota!
Após mais algumas tentativas, Hook desistiu.
— Quem foi o idiota que trancou essa maldita porta?! – reclamou o vilão.
— Acho que o zelador deve ter trancado a sala sem saber que tinha gente aqui – falei balançando as pernas, pois estava sentada em cima de uma mesa.
— Ou eu posso arrombar – arregalei os olhos com a sugestão de Hook.
— Melhor não. O diretor vai brigar com você se fizer isso e você pode ir pra detenção.
— Que droga! – resmungou.
Ficamos em silêncio por um tempo, até eu decidir quebrar. Precisava conferir uma coisa.
— Agora que estamos aqui, eu quero saber o que todo mundo anda dizendo por aí – falei levantando meu olhar pro Hook.
— O que você quer?
— Eu escutei alguns rumores que dizem que você voltou a ser o mesmo de antes. Que anda maltratando os outros, fazendo bullying, voltando a andar com o grupo da Uliana... É verdade, Hook?
— O que eu faço da minha vida não te importa, princesa! – disse num tom rude.
— Pelo jeito é...
— Tá, se quer mesmo saber, sim! Eu voltei a ser o mesmo de antes, algum problema? – disse frio.
— Não. Você faz da sua vida o que você quiser...
Ficamos de novo naquele silêncio desconfortável. Hook até sentou na mesa de tão cansado que tava.
— A gente ainda não tentou pedir socorro – saí de cima da mesa e fui até a porta – ALGUÉM AJUDA, POR FAVOR! ESTAMOS PRESOS AQUI! – gritei contra a porta enquanto batia nela pra tentar chamar atenção.
— Nem adianta. Nesse horário, não fica quase ninguém pelos corredores. Vai ser uma perda de tempo – bufei derrotada. Ele tinha razão. Seria inútil pedir ajuda nessa hora.
— O que faremos agora? – perguntei voltando a me sentar na mesa.
— Sei lá – respondeu entediado – De todas as pessoas que eu podia ficar preso, acabo ficando com essa princesinha fresca!
— Eu sou o quê? – perguntei olhando pro sujeito.
— Uma princesa fresca – repetiu com deboche – Ah desculpe, faltou chata, patricinha, tonta, lerda...
— Dá pra calar a boca ou tá difícil?!
— Ui, a princesa ficou bravinha. Aí, tô morrendo de medo! – debochou.
— Eu não fico brava com facilidade, mas você tá passando do limite.
— O que vai fazer? Arrancar minha cabeça, perfurar meus olhos, cortar minhas pernas... – ignorei suas baboseiras olhando pra frente – Me trair ficando com outro garoto – encarei ele espantada.
— Parece que você gostou de me trair com a Nathalia. Aliás, falando nela, como tá a sua nova namorada?
— Ela não é minha namorada, e quantas vezes vou ter que dizer que eu não beijei ela?! – exclamou irritado.
— Suas palavras não vão servir de nada, não depois do que eu vi.
— Se tivesse chegado 1 minuto antes, teria visto o que realmente aconteceu, mas pra quê eu tô te dando explicações? Você não vai acreditar porque é uma tonta! Realmente ficar com você foi uma perda de tempo – senti uma pontada no peito quando ele disse isso. Era como se ele tivesse acabado de cravar uma faca no meu coração.
Realmente ele pensava isso? Que nosso namoro foi uma perda de tempo?
Já tava sentindo meus olhos arderem querendo chorar.
— Eu não acredito... – fiquei de pé olhando pra ele – Você parecia muito feliz comigo quando estávamos namorando.
— E eu tava. Até você pisar nos meus sentimentos e jogar eles no lixo, duvidando do meu amor por você – fiquei calada só escutando ele – Sabe, eu tenho certeza que você ainda sente alguma coisa por mim – disse sorrindo pretensioso.
— Eu tenho nojo de você! – falei com raiva.
— Ah, tem nojo de mim? – ele saiu de cima da mesa se aproximando de mim – Quer apostar quanto que se eu te beijar agora, você não morre?
— Claro, eu vou morrer de depressão. Você não me afeta mais tanto como antes – provoquei sorrindo.
— Isso é o que vamos ver... – Hook se aproximou de mim. Até um pouco demais, tanto que eu já conseguia sentir a respiração dele.
Nós estávamos muito perto. Eu tava nervosa. Comecei a intercalar meu olhar pros olhos de Hook e pra sua boca entreaberta, assim como a minha. Fechei meus olhos, sentindo nossos narizes já encostados, mais um pouquinho e aconteceria um beijo. E isso teria acontecido, se não tivéssemos ouvido um barulho na porta.
— Eu sempre esqueço que deixo meu livro aqui... – o diretor Merlin parou de falar quando nos viu – O que vocês dois estão fazendo aqui?
— Er... – eu e Hook nos afastamos rápido – Alguém trancou a gente aqui, professor – respondi nervosa.
— Deve ter sido o zelador. Bom, já que eu os encontrei, podem sair. Foi sorte eu ter vindo aqui, se não iriam ficar presos até amanhã – e se ele não tivesse aparecido, teria acontecido um beijo entre mim e o Hook – Podem ir.
Hook foi o primeiro a se retirar da sala. Sem falar mais nada, vejo ele indo pro lado oposto que eu iria pro meu dormitório. Em passos rápidos, fui até meu dormitório, me trancando lá e desejando não sair nunca mais.
Eu tenho que fingir que o Hook já faz parte do meu passado, por mais que eu ainda ame ele.
Tem como tirar alguém do coração? Da mente?
Ele tá bem sem mim. Eu também tenho que ficar bem sem ele.
Continua...
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