Pov. Hook

Voltei pro meu dormitório assim que aquela reunião chata acabou. Me joguei na cama e comecei a pensar em como eu faria pra me aproximar da Bridget. Ainda tava me perguntando porquê aceitei isso, essa vingança nem era minha, a Uliana que é doida. De tanto pensar, acabei dormindo, só acordei de manhã com o chato do Morgie gritando no meu ouvido.

A primeira aula era de poções com o Merlin, tecnicamente todas as aulas eram com ele. Depois de me arrumar, eu e Morgie fomos em direção à sala, porém algo me chamou atenção.

Nosso caminho em direção à sala, sempre passávamos pela diretoria, onde Merlin ficava. Passando pela sala, vejo Merlin sentado na cadeira com a mesa cheia de papéis e livros. Escuto ele dizer que hoje ele iria passar um trabalho em dupla pra nós.

Nesse momento tive uma ideia.

Consegui dar uma enrolada no Morgie e fiz ele ir embora sem mim. A porta da sala do Merlin tava escorada, então pigarreei e bati nela. Mó educado, né?

- Entre! – escuto ele dizer, em seguida entro e fecho a porta atrás de mim.

- Olá, meu grande e querido professor Merlin – olha a educação do garoto.

- Hook? O que faz aqui? – perguntou me olhando confuso.

- Eu tava indo pra aula, quando escutei o senhor dizendo que iria passar um trabalho em dupla hoje pra nós – disse me aproximando do velho com as mãos atrás de mim.

- É, já faz um tempo que não passo um trabalho em dupla pra vocês. Mas dessa vez eu irei escolher as duplas – disse sem me olhar.

- Perfeito! – falei animado – Quer dizer... Olha, eu vou direto ao ponto, professor. Eu queria lhe pedir um favor antes da aula começar.

- Que favor seria esse?

- Eu queria que o senhor deixasse eu e a Bridget como dupla – o velho arregalou os olhos.

- Você e a Bridget? Por que esse interesse, Hook? Mesmo sendo eu que iria escolher as duplas, eu iria colocar você com algum de seus amigos vilões.

- Mas eu quero ficar com a Bridget. Poderia por favor colocar ela como minha dupla? – pedi mais uma vez.

- E eu posso saber por quê quer ficar com ela? – perguntou colocando os cotovelos sobre a mesa.

- Eu... – suspirei – Tô gostando da Bridget – dá onde eu tirei isso?

- Oh! – ele fez uma expressão surpresa – Você tá gostando da Bridget? – assenti timidamente – Você está bem, Hook?

- Tô bem sim, senhor. Quer dizer, eu acho que eu tô com a febre do amor – sorri parecendo um garotinho apaixonado. Com tanto que ele se convença, faço de tudo, até pagar de idiota – Já faz um tempo que venho sentindo isso pela Bridget, mas eu não sou muito bom com esse negócio de romance, então não sei como me aproximar dela. Então, já que o senhor vai passar esse trabalho, eu pensei em pedir pra que eu possa fazer com a Bridget.

- Eu acho a Bridget muita areia pro seu caminhãozinho.

- O que é um caminhão?

- Sei lá, escutei um dos alunos falando e resolvi falar também – acho que foi o Morgie, ele fala cada coisa sem sentido – Mas agora é sério, Hook. Você tá mesmo gostando da Bridget?

- Sim. E eu afirmo que isso é um sentimento sincero, puro, não a intenção de machucá-la... – eu não, mas a Uliana sim – Quando vejo ela ficou todo bobo. Aquela menina me fascina, me deixa louco e eu não sei o que eu faço! – disse sorrindo.

- A Bridget é uma menina muito animada, está sempre cheia de energia, e você é...

- Um vilão, um irresponsável, que só faz besteiras, eu sei. Mas eu realmente tô interessado na Bridget, aquela princesinha conseguiu conquistar meu coração. Eu tô disposto a tudo pra me aproximar dela. E por favor, não conte a ninguém sobre minha paixão por ela – acho que a partir daí eu já não tava mais me reconhecendo.

- Está tentando me enganar contando uma história amorosa porque possivelmente está planejando algo maléfico com seus amigos? – ele disse sério enquanto se levantava. Engoli a seco – Pois se está... Conseguiu me convencer! – ele deu um largo sorriso.

- Convenci?

- Sim! – exclamou empolgado – Confesso que de primeira eu desconfiei, mas eu adoro uma história de amor. Tudo bem, senhor Hook, irei colocar a Bridget como sua dupla – suspirei aliviado – E confesso que sempre achei vocês um belo casal – encarei ele espantado.

- Achou, é?

- Sim. Espero que vocês sejam felizes juntos, e cuide bem dela. Bridget é uma garota muito especial. E não se preocupe, não vou contar seu segredo à ninguém – ele piscou. Sorri torto concordando com a cabeça.

Merlin pegou seus livros e foi até a porta, logo nós dois saímos indo em direção à sala. Foi fácil demais enganar esse velho.

Confesso que fiquei pensativo quando ele disse que achava eu e a Bridget um belo casal. Eu e aquela princesinha nunca vai rolar nada. Eu me recuso a me apaixonar por alguém.

Entrando na sala, todos já estavam lá, fui até meus amigos vilões me sentando ao lado de Uliana.

- Por que demorou tanto?! – ela perguntou.

- Tive que resolver uma coisa. Depois eu conto – respondi sem encará-la.

A aula começou com Merlin mandando a gente pegar os ingredientes. Logo ele parou pra poder falar sobre o trabalho em dupla.

- Já sabemos que nós vamos ficar juntos. Então, tá de boa! – disse Uliana. Olhei pra frente dando um sorriso de lado por causa do meu plano ter funcionado. Eles nem imaginavam.

Merlin começou a fazer a divisão das duplas, até chegar nas últimas.

- Ella e Encantado, Bridget e Hook, e todos os outros vilões juntos.

- O quê?! – exclamou Uliana desacreditada – Professor Merlin!

- Sim, Uliana? – ele disse com tédio.

- O Hook também faz parte do nosso grupo, ele sempre faz com a gente. Ele tem que ficar conosco!

- Sinto muito, Uliana, mas eu quero que ele faça dupla com a Bridget.

- Por quê?!

- Motivos que não posso contar... – o professor lançou um olhar cúmplice pra mim.

- Lamento, galera. Mas eu tenho que fazer esse trabalho – disse olhando pro meu grupo enquanto me levantava.

Andei até a primeira mesa da fileira da direita onde Bridget estava, em seguida me sentei no lugar vazio ao lado dela.

- Oi, Hook – cumprimentou Bridget sorrindo.

- E aí – respondi indiferente.

- Que tipo de poção você quer fazer? Eu já dei uma olhada no livro e tem muitas opções boas!

- Pode ser qualquer uma, contanto que a gente tire uma nota boa, tá ótimo! – respondi com tédio. Eu odiava estudar, isso pra mim era chato.

- Tá bom. Vamos ver... – ela deu uma olhada no livro – Que tal poção polissuco? – ela me olhou de volta – Aquela faz a gente se transformar em outra pessoa temporariamente.

- Pode ser, só quero logo acabar com isso.

***

Durante o processo da poção que Bridget fazia, sentia o olhar de Merlin em mim, seu olhar era observador. Quando eu notava isso, olhava pra Bridget ao meu lado com um olhar apaixonado, fazendo Merlin dar um sorriso e voltar a olhar suas coisas. Eu era um bom ator.

Enquanto Bridget fazia a poção, eu ficava mexendo no celular e outras vezes até nos potes com os ingredientes estranhos que Bridget usava na poção.

(Vamos dizer que naquela escola já tinha celular, pra ficar mais fácil).

Depois de todos terminarem as poções, Merlin chamou todas as duplas pra apresentar na frente da sala, chegando finalmente a hora de mim e Bridget. Com tédio, me levantei indo pra frente da sala junto com Bridget.

- Bom, nosso trabalho será mostrar a tão famosa poção polissuco – Bridget ergueu um mini caldeirão – A mistura já está feita, só precisamos de um cobaia – ela me olhou.

- Pode parar! – alertei com as "mãos" na frente do corpo – Eu não vou fazer isso. O cobaia vai ser o Morgie – disse olhando pra ele.

- EU?!

- Não, minha mãe! – disse sarcástico – Vem logo, Morgie! – com a cabeça baixa, ele veio até nós parando entre mim e Bridget.

- Bom... Hook, com licença – a princesa de cabelo rosa se aproximou de mim e rapidamente arrancou um pouco do meu cabelo, me fazendo gritar de dor – Desculpa... – sorriu sem graça. Bridget colocou o pedaço do meu cabelo na poção e entregou o frasco à Morgie, que de primeira se recusou a beber, mas eu empurrei a mão dele goela abaixo, fazendo-o tomar.

O filho da Morgana fez uma careta por conta do gosto e em poucos minutos, ele se transformou em mim. Todos os alunos fizeram som de surpresa, Bridget entregou um espelho à Morgie e o mesmo ficou surpreso.

- Eu virei o Hook! – exclamou animado – Cara, isso é demais! Até o gancho é real – nisso, Morgie ficou fazendo várias poses e palhaçadas com o gancho, fazendo todos rirem, até eu.

- Professor, eu misturei todos os ingredientes que estavam no livro, espremi as vagens, os olhos de dragão. Tudo passo a passo – disse Bridget sorrindo.

- Muito bem, Bridget. E você Hook? – ele olhou pra mim – O que fez no trabalho? – eu congelei.

Eu literalmente não tinha feito nada, apenas fiquei no celular enquanto deixava a Bridget fazendo o trabalho sozinha. Tô ferrado!

- Bom, eu...

- Ele me ajudou pegando as asas de morcego e a esmagar os olhos do dragão. Foi um trabalho em dupla sim! – Bridget respondeu ficando na minha frente.

- Meus parabéns, Bridget e Hook. Ganharam nota A! – abri a boca chocado. Nunca tinha tirado essa nota antes, acho que nenhum vilão daqui tirou.

Todos os alunos aplaudiram, até Morgie, que ainda estava igual a mim se admirando com o gancho.

- Uliana, Malévola, Hades e Morgie, onde está o trabalho de vocês? – o professor perguntou sério, fazendo meus amigos saltarem de assustados.

Os vilões não responderam nada, apenas ficaram se entre olhando nervosos.

- Como sempre, não fizeram! Terão até essa tarde pra me entregar esse trabalho, se não é zero na hora e vocês iram pra recuperação! – ouvimos o sinal tocar, indicando o final da aula – Bom, todos já podem ir.

Fui até minha mesa, pegando meus materiais - que não eram muitos. Após Bridget sair da sala, corri até ela pra alcançá-la.

- Ei, Bridget, espera! – ela se virou pra mim.

- Que foi?

- Obrigado por ter falado pro Merlin que eu te ajudei com o trabalho. Eu provavelmente iria ficar com F e iria pra recuperação. Valeu mesmo – agradeci com um sorriso.

- De nada – ela sorriu – Mas você acabou me ajudando sim. Não lembra que foi você quem amassou os olhos do dragão enquanto eu mexia a poção? – ela tem razão.

Enquanto Bridget mexia o poção, ela me pediu pra amassar os olhos do dragão. Eu fiquei tão focado no celular, que nem percebi isso.

- Tem razão.

- Bom, eu tenho que ir. Tchau, Hook – ela se despediu de mim com um aceno.

Até que fazer esse trabalho com ela não foi tão ruim. Pelo menos eu tô livre da recuperação.

Continua...