Sentimento Recíproco

Pov. Bridget

Logo após que Hook saiu, Ella sentou do meu lado curiosa.

— O que você tava conversando com o Hook? – questionou a plebéia.

— Nada de importante – dei de ombros – Bom, já que você tá aqui, eu queria conversar com você sobre um assunto.

— Pode falar.

Contei a Ella sobre a saudade que sentia dos meus pais, e disse também que não queria mais ir pra casa de idosos ajudar a tia dela nas férias. Hook tinha razão sobre tudo o que disse. Ella me entendeu no final e pediu desculpas por não ter pensado nos meus pais quando eu não fosse voltar pra casa.

Disse a Ella que ficaria mais um pouquinho perto do lago, tava precisando respirar um ar fresco. Assim, a plebéia saiu dali me deixando sozinha. Fiquei lembrando do momento que tive com Hook antes da Ella chegar.

Nossos rostos próximos, aquele frio na barriga, aquele sentimento estranho, meu coração acelerado, nossas mãos unidas, tudo aquilo me deixou pensativa.

Eu teria feito papel de idiota se a Ella não tivesse chegado a tempo. Com certeza eu teria beijado o Hook. Só de pensar nele, meu coração acelera de novo e um sorriso se forma nos meus lábios.

Aí, aí Hook...

***

Já era de noite, eu estava deitada na minha cama olhando pro teto enquanto Ella estava lendo um livro do meu lado da cama, já que era de casal. Pedi pra ela dormir hoje no meu dormitório, era como uma festa do pijama entre melhores amigas.

Um pensamento invadiu minha mente, tá mais pra uma pergunta que queria fazer pra Ella. Ela era a única que tinha um crush, então ela era a pessoa certa pra eu perguntar.

— Ella, posso te fazer uma pergunta?

— Pode sim, Bridget – respondeu ainda olhando pro livro.

— Como é... Se apaixonar? – perguntei meio tímida. Minha pergunta fez a plebéia tirar a atenção do livro que lia e me encarar perplexa.

— Por que essa pergunta?

— Nada não, é que eu queria saber como era se apaixonar por alguém. Tipo, você tá apaixonada pelo Encantado e eu queria saber como é a sensação, ainda mais agora que vocês estão bem mais perto.

— Tá bem... – ela fechou o livro – Quando eu tô perto do Encantado, eu sinto meu coração bater mais rápido, minhas mãos até suam de tão nervosa que fico, sinto borboletas na barriga, eu me perco no olhar dele às vezes, a presença dele me faz bem. O sorriso dele faz meu dia de iluminar mais ainda, me sinto bem na presença dele, sabe? Nunca tinha sentido isso por ninguém... – e foi aí que eu travei.

Tudo isso que ela disse sobre ela em relação ao Encantado, era o que acontecia comigo em relação ao Hook. Principalmente hoje perto do lago.

As mãos suadas, as borboletas na barriga, o coração acelerado, eu me perdendo no olhar dele, a presença dele me faz mais feliz – por incrível que pareça, sim –, tudo isso era o que acontecia comigo.

Pelas cartas da minha mãe...

— E o que mais?

— Meu corpo todo amolece quando estamos juntos. Quando tô com ele, parece que nada mais importa, às vezes sonho com ele, sem contar na imensa vontade que eu tenho que beijá-lo – travei mais ainda – Foi tipo... Amor à primeira vista.

Quando ela falou sobre o sonho, lembrei de um sonho que tive recentemente onde o Hook me beijava. Pelas cartas da minha mãe!

— Mas por que essa pergunta repentina, Brigdet? Você tá apaixonada por alguém? – sua fala me fez sair do transe.

— Não, não. Era só curiosidade mesmo, pra caso algum dia eu me apaixonar por alguém – sorri forçado e ela pareceu se convencer.

Não é possível que eu tenha me apegado tanto ao Hook em tão pouco tempo, né?

Será que eu tô apaixonada pelo Hook?

Pov. Hook

Eu e Morgie estávamos no nosso dormitório sem fazer nada. Quer dizer, ele tava brincando com seus bonequinhos e eu realmente tava sem fazer nada, apenas encarando o teto com um dos braços atrás da cabeça.

Comecei a me lembrar do que aconteceu perto do lago. Se a Ella não tivesse chegado, eu teria beijado à Bridget. Decidi fazer uma pergunta ao Morgie, o cara era meu amigo mais próximo, não tinha problema em perguntar pra ele.

— Morgie... Posso te fazer uma pergunta?

— Fala, Hook.

— Como você acha que seria... Estar apaixonado por alguém? – meu amigo parou de brincar com os bonecos e me olhou surpreso. Logo depois, deu uma risada alta – Qual é a graça, cara?

— Você tá apaixonado por alguém? – falou entre risos. Peguei uma almofada da cama e joguei nele.

— Isso é sério, Morgie. Como você acha que é ficar apaixonado?

— Não sei. Nunca me apaixonei por ninguém – falou cessando o riso – Sei lá, talvez você deva perguntar pro Hades. Ele e a Malévola estão namorando, eles sabem sobre esse assunto.

— Não, não, valeu. Não quero contar isso pra mais ninguém. E você nem ouse falar pra alguém que eu te perguntei isso, ouviu?! – ameacei.

— Tá bom, tá bom, senhor mão de gancho – levantou as mãos em redenção – Mas por que a pergunta? Tá apaixonado por alguma gatinha? – disse de um jeito malicioso.

— Não! Quer dizer... – suspirei derrotado. Era melhor eu contar – Tem uma garota que anda mexendo muito comigo. Não sei se isso é amor ou não, mas ficar perto dela me faz bem, eu me sinto confortável.

— Entendi – ele suspirou – É a Uliana, não é?

— Pelo gancho do meu pai, não! – exclamei assustado – Não é a Uliana.

— Certeza?

— Absoluta! – afirmei sério.

— Eu acho que, se eu tivesse apaixonado por uma menina, iria tentar me aproximar mais dela, pra pelo menos saber se ela sente o mesmo.

— Entendi... – talvez eu pudesse fazer isso com a Bridget. Me aproximar mais dela pra tentar descobrir o que eu sinto de verdade.

— Mas de qualquer jeito, é melhor você esquecer essa garota. Lembra do que a Uliana disse, o amor é inútil, é uma fraqueza. Nós vilões não nos apaixonamos... Só a Malévola e o Hades!

É, talvez ele tenha razão. Eu nem sei o que sinto pela Bridget direito.

E se não for recíproco? E se ela nem gostar de mim?

Sem contar que também ninguém iria aproveitar muito um namoro nosso, muito menos a Uliana. É, talvez um romance entre uma princesa e um vilão seja realmente impossível.

Mas eu posso fazer isso escondido. Um romance secreto. Na frente dos outros eu e a Bridget seríamos como inimigos, e às escondidas, estaríamos namorando. Poderia dar certo.

Claro, também teria que ver se ela também sente o mesmo.

***

— Bom dia alunos! – cumprimentou Merlin com um sorriso. Sério, quem acorda feliz em plena segunda de manhã? Fora a Bridget, que parece já ter nascido com um sorriso – Iremos fazer uma tarefa de cálculos que, claro, valerá pontos. As questões estão na página 15 e 16. E se quiserem, podem fazer em dupla.

Essa era a minha chance de tentar me aproximar da Bridget, sem ser sobre o plano da Uliana.

Percebendo que Ella foi se juntar com outra pessoa, Bridget ficou sozinha, então eu saí do meu lugar com o livro na mão e fui até a princesa.

— Oi, Bridget. Posso me sentar com você pra fazer o dever? Prometo não te deixar na mão dessa vez – disse sorrindo.

— Hã... Claro, tudo bem – ela disse parecendo meio nervosa. Não entendi muito bem, mas me pus a sentar na cadeira ao seu lado – Vai querer ajuda com alguma questão?

— Sério mesmo que eu preciso responder? – disse debochado, e ela riu.

— Eu te ajudo, relaxa. Mas tenta pelo menos fazer algumas sozinho.

Juro que tentei fazer algumas questões sozinho, mas elas parecem não se encaixar na minha cabeça.

Por que a matemática pede pra a gente resolver os problemas dela? Ela tem que criar vergonha na cara e amadurecer pra resolver seus próprios problemas.

Meu cérebro parecia que ia explodir se eu continuasse tentando resolver esses malditos cálculos.

— Desisto! – joguei meu lápis na mesa irritado.

— Já desistiu? E olha que só foram 7 minutos – a princesa riu.

— Eu não entendo esses cálculos. Não passei nem da primeira questão e já me embrulhei todo. Matemática é mesmo uma chatice – falei com tédio.

— Não é tão difícil quanto parece – ela se inclinou um pouco pro meu lado pra dar uma olhada no meu livro – É só você somar os números, depois com o resultado multiplicar por 2 e pronto!

— É só isso? – ela assentiu – Sério que é fácil assim e eu me enrolei todo?

— Eu já disse, não é tão difícil quanto parece. Se você conseguir resolver a primeira questão, vai conseguir resolver a segunda. Tenta! – incentivou.

Respirei fundo e peguei o lápis. Fiz a primeira questão, como ela tinha explicado e uma setinha verde apareceu ao lado mostrando que tava correta. Nosso livro era mágico, toda questão que tivesse determinada resposta iria aparecer uma seta verde ou vermelha pra certo e errado.

Espera... Eu realmente tinha acabado de responder uma questão correta? Isso tava realmente acontecendo?

Fui pra segunda questão e consegui acertar ela também, assim como a terceira.

Sempre achei os estudos uma coisa chata e sem importância, e nunca liguei pra fazer as tarefas por achar todas difíceis, mas agora eu tô achando muito fácil. E o pior, eu tava gostando.

Já tava respondendo a quarta questão e tava certa de novo.

— Uau! Você conseguiu resolver 4 questões seguidas! – Bridget disse surpresa – Você não tá colando de mim não, né? – ri.

— Não, eu só fui fazendo a primeira e acabei nem percebendo quando fiz as outras.

— Meus parabéns, Hook. Desse jeito vai ganhar um 10 – disse sorrindo – Tô feliz por você.

— Eu também tô feliz por mim. Valeu pela ajuda, Bridget – agradeci com um sorriso.

— De nada.

Nisso, Bridget puxou seu livro pra mais perto do meu e começamos a fazer juntos. Quando eu não entendia a questão, ela me ajudava e sempre aparecia certa.

Às vezes eu olhava pra Brigdet quando ela estava concentrada no livro ou me explicando. Bridget às vezes percebia meu olhar sobre ela e sorria, tanto que em algumas vezes eu corei por ela ter notado que eu a olhava.

Estar tão perto dela fazia meu coração acelerar, comecei a sentir borboletas no estômago, o sentimento estranho tinha voltado, mas dessa vez não me incomodava como antes. Sua voz era como música pros meus ouvidos.

De repente, estudar não se tornou mais tão chato como antes. 

Não sei se era porque eu realmente tava entendendo os assuntos, ou era causa da presença desse lindo anjo ao meu lado. Sim, desse lindo anjo chamado Bridget.

Agora sim eu admito, eu tô apaixonado por ela.

Continua...

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