Primeiro Beijo
Pov. Hook
Depois de duas aulas seguidas, decidi ir pro dormitório descansar, já que no momento não tínhamos aula. Deitado na cama, encarava o teto perdido em meus pensamentos.
É como se eu tivesse em coma, sonhando, como se eu tivesse anestesiado. Quando ela sorriu pra mim durante a aula, meu coração acelerou, um sorriso também se formou no meu rosto. Sua risada era gostosa de se ouvir, principalmente por eu ter feito uma piada e a fez rir tanto que até chorou.
Sim, eu estava pensando nela. Bridget.
Tem algum jeito de se desapaixonar por alguém? Tirar alguém do coração e da mente? Me sinto um idiota por ser tão clichê pensando dessa maneira, mas é verdade.
Me afastar seria um ótimo plano, mas sei que no momento eu não conseguiria. E não é pra seguir o plano idiota da Uliana, e sim porque eu quero ficar perto dela. Gosto da sua presença, da sua risada, do seu cabelo cor de rosa, tudo nela...
Como é que aquela princesinha conseguiu me fazer sentir algo que nunca senti por ninguém?
Pensar na Bridget me faz bem, pensar nos nossos momentos, por mais que tenham sido poucos, já me trazem alegria. O que me faz mal, é pensar que nosso relacionamento poderia ser impossível e que talvez ela nem goste de mim do mesmo jeito.
Por que eu não consigo parar de pensar nela?!
Não sei até onde esse sentimento vai me levar, mas é aí que me pego sorrindo de novo ao lembrar do sorriso que ela me deu na aula hoje.
Como ela era linda...
Enquanto pensava, nem percebi quando Morgie entrou no quarto. Voltei a realidade, pigarreando.
- Tá fazendo o que aqui? - olhei pra ele colocando um braço atrás da minha cabeça.
- Esse quarto também é meu, esqueceu?
- Não, mas eu pensei que você tava com os outros.
- E eu tava. Até a gente começar a jogar e o Hades sair ganhando todo alegrinho! - disse irritado - Que ódio desse cara!
- Calma, nem deve ter sido tão ruim assim.
- Não? Por eu ter perdido, eu tive que comer uma cebola inteira e ainda chupar um limão!
- Tá, isso é ruim.
- Vê se eu tô com bafo de cebola - o do topete se aproximou de mim com a boca aberta. Já dava pra sentir o bafo daqui.
- Saí, Morgie! - tampei meu nariz - Esse seu bafo tá péssimo!
- Eu odeio aquele jogo e odeio o Hades! - reclamou já se afastando.
- Vai reclamar em outro lugar porque eu tô ocupado.
- Fazendo o quê, idiota?
- Fazendo nada! - disse como se fosse óbvio - Agora saí daqui porque eu quero ficar sozinho.
- Tá bom, senhor, mão de gancho - zoou indo em direção a porta. Peguei uma almofada e joguei nele por conta do apelido, o mesmo saiu correndo e fechou a porta.
E eu continuei ali, feliz nos meus devaneios, só eu e meus pensamentos, como um idiota apaixonado.
***
Já no outro dia, tinha terminado a aula do Merlin e tava voltando pro meu dormitório, quando Bridget acabou esbarrando em mim. A última pessoa que eu queria ver era ela.
Na noite passada mal consegui dormir direito pensando nela. Fiquei com tanta raiva que acordei já estressado, jogando tudo pro ar. Literalmente.
- Desculpa, Hook, eu não tinha te visto - sorriu simpática, porém desfez o sorriso quando notou minha expressão séria - Aconteceu alguma coisa?
- Vem comigo! - peguei na mão dela bruscamente e a arrastei até uma sala vazia.
Entrando lá, a luz tava apagada, mas era possível ainda ver os móveis e ver Bridget. Fechei as portas e me virei pra princesa. Ela parecia estar assustada.
- Por que me arrastou até aqui?
- O que tem de tão especial em você?! - pedi de um jeito autoritário pra que ela me respondesse.
- É o quê?
- Apenas responda! - insisti.
- Eu não tenho nada de especial, Hook. Eu sou só uma garota comum. Não tô entendendo essa conversa.
- Não - neguei balançando a cabeça - Você tem que ter alguma coisa além desse rosto bonito! - disparei. Eu já tava ferrado mesmo.
- Hook, você tá bem?
- Só vou ficar melhor quando eu colocar tudo pra fora - me aproximei dela - Eu não consigo mais, Bridget...
- Não consegue mais o que?
- Esconder o que eu sinto por você! - ela arregalou os olhos de leve - Por que você fez isso, Bridget?
- Eu fiz o quê? - sua voz saiu baixa, quase como um sussurro.
- Eu tenho que confessar logo, se não eu vou enlouquecer - disse olhando em seus olhos - Eu sinto coisas por você, Bridget. Coisas essas que nunca senti por ninguém. Meu coração acelera quando tô perto de você, sinto borboletas no estômago, começo a ficar nervoso, perco as forças e ultimamente só tenho pensado em você. Às vezes isso saí do meu controle. Seu sorriso me alegra, gosto de sentir seu perfume, seu corpo perto do meu, fico até bobo perto de você. Eu me sinto outra pessoa ao seu lado, você me diverte, me faz feliz, foi com você quem eu dei a minha primeira risada sincera, sem ser maléfica. Você mexe comigo de um jeito que ninguém mexeu antes - confessei tudo o que tava preso dentro de mim.
- Eu faço você sentir tudo isso?
- Sim... - me aproximei um pouco mais dela.
- Que bom... Que bom que eu não sou a única que também sente isso - a encarei surpreso - É, Hook, eu também sinto tudo isso por você. Quando estamos juntos, meu coração acelera, sinto borboletas no estômago, coisas essas que tô sentindo agora. Às vezes fico até meio sem jeito, só penso em você e fico ansiosa esperando pra quando algum professor passar um trabalho em dupla, você vier até mim pra fazermos juntos. Você também me faz ser diferente, alguém um pouco mais especial... Alguém mais apaixonada - sorriu se aproximando mais - Eu te amo, Hook - aquela foi a minha morte.
Os olhos dela estavam marejados de emoção. Ela tinha se declarado pra mim... Meus sentimentos eram recíprocos.
- Não sabe como ficou feliz em ouvir isso. Agora finalmente vou poder fazer aquilo que tanto queria - sussurrei antes de quebrar nossa única distância e finalmente a beijei.
Sim, eu beijei ela.
Bridget correspondeu na mesma hora, entrelaçando seus braços ao redor do meu pescoço. O que começou com um selinho, foi se aprofundando pra um beijo intenso. Finalmente fiz o que tava com vontade a tanto tempo. Era meu primeiro beijo, assim como ela também foi meu primeiro amor.
Envolvi meu braço ao redor da cintura dela e com minha única mão, segurei seu rosto, aprofundando mais o beijo.
Céus, como era bom beijar alguém, principalmente quando gostava dessa pessoa. Nossas línguas se encaixavam tão bem, eu estava feliz.
Bridget desceu suas mãos até o meu peitoral parando lá mesmo, então desci minha mão até sua cintura, puxando ela mais pra mim, se é que era possível.
Nos separamos do beijo ofegantes. Abri os olhos vendo Bridget dar um lindo sorriso logo em seguida. Aquilo me fez sorrir também.
- Esse foi... O meu primeiro beijo - ela confessou.
- O meu também. E fico feliz que tenha sido com você, porque foi maravilhoso! - nós rimos.
- Eu também achei... - seu sorriso sumiu - Mas o que vai acontecer agora? Digo, em relação aos nossos sentimentos. O que faremos com isso?
- Acho que essa é a parte que eu te peço em namoro! - Bridget arregalou os olhos. Segurei uma das mãos dela e a olhei com carinho - Bridget... Aceita namorar comigo? - a expressão da princesa se tornou surpresa.
- O quê?! - questionou desacreditada - É sério? Cê jura?
- Sim. Eu sei que namorar um vilão pode ser um pouco assustador, já que você é princesa e não vai ser como namorar um príncipe como o Encantado, mas...
- Não, não, eu gosto de você assim. Eu prefiro namorar um pirata do que um príncipe encantado - ela se aproximou mais de mim, sorrindo - Sim... Eu aceito namorar com você!
Por conta da felicidade, abracei ela por impulso, tirando a mesma um pouco do chão. Bridget retribuiu na mesma hora. Desfiz o abraço e olhei pra ela sorrindo.
- Valeu por me dar essa chance, prometo não te decepcionar - meu sorriso desapareceu quando me lembrei de algo. Agora que eu tava namorando ela, eu precisava ser sincero - Bridget, eu preciso te confessar uma coisa.
- Pode falar.
- É sobre a Uliana - Bridget ficou séria.
Contei a ela sobre o plano maléfico de Uliana querendo me usar pra fazer ela se apaixonar por mim. Bom, de certa forma funcionou, mas tudo o que aconteceu entre nós não fazia parte do plano estúpido da Uliana. Meus sentimentos pela Bridget eram reais.
- Então a Uliana realmente ficou brava com o incidente dos cupcakes. A culpa foi toda minha - a princesa à minha frente deu um olhar triste.
- Não, não! - neguei - A Uliana que provocou tudo aquilo, você tentou alertá-la e ela que não ouviu.
- De qualquer jeito, parece que o plano dela funcionou, né? Eu me apaixonei por você - sorriu.
- E que fique claro que eu não tô mais fazendo parte do plano da Uliana, na verdade, nunca quis fazer parte. Ela praticamente me forçou, eu não tive escolha. Meus sentimentos por você são reais, nada do que aconteceu entre nós dois foi parte daquele plano idiota. Eu realmente me apaixonei por você - quis dar uma reforçada na minha fala pra caso ela ainda tivesse dúvida do meu sentimento por ela.
- Você já me contou a sua versão, eu acredito! - suspirei aliviado.
- E eu também te dizer uma coisa... - Bridget me olhou atenta - Sei que agora somos namorados, mas será que a gente pode manter isso em segredo? Tipo, um romance secreto.
- Por que você quer fazer isso?
- Eu não quero que a Uliana te machuque. Se ela souber, com certeza vai fazer alguma coisa pior pra te machucar e eu não quero isso - o que era verdade.
A Uliana era louca, sabe se lá o que ela poderia aprontar com a Bridget se descobrisse que ela é minha namorada.
- Tudo bem. Eu topo! - concordou sorrindo.
- Mas tem que ser secreto mesmo, ninguém pode saber.
- Nem mesmo a Ella?
- Não, nem ela. Você promete?
- Prometo - sorri em agradecimento e ela se aproximou mais de mim e me beijou.
Aprofundei mais o contato apertando sua cintura e as mãos dela estavam segurando meu pescoço. Beijar minha namorada era algo maravilhoso.
Pois é.
Minha namorada.
Posso não estar mais fazendo parte do plano da Uliana, só que eu irei proteger a Bridget dela e de quem quiser machucá-la. O sentimento de estar apaixonado é tão bom.
Continua...
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