Uma nova oferta.
Boa leitura!!
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Jungkook caminhava pelas ruas, sentindo a brisa fresca no rosto. Ao seu lado, Taehyung o acompanhava, seu olhar curioso fixo nele. Embora ainda houvesse um atrito entre eles, algo na presença de Taehyung o deixava mais à vontade, como se, de alguma forma, esquecia que era um demônio que estava ao seu lado, e sim um garoto insuportável.
— Estou pensando em pegar algumas coisas em casa - Jungkook comentou. — Já que meu pai não está lá.
— E o que você precisa? —Taehyung perguntou, inclinando-se um pouco mais para ouvir.
— Algumas roupas e coisas que eu deixei — Jungkook respondeu, hesitando por um momento. — Não posso ficar dependendo só de Hoseok para tudo.
Enquanto caminhavam, Taehyung aproveitou a oportunidade para perguntar sobre o passado de Jungkook.
— Como era sua vida antes de tudo isso? Com sua mãe, quero dizer. — Taehyung questionou, a sinceridade em seu tom era inesperada.
Jungkook hesitou, mas decidiu abrir-se.
— Era ótimo. Minha mãe era a única que se importava realmente, sempre me apoiando, me incentivando. Ela fazia tudo parecer tão leve, até que tudo desmoronou. Depois que ela se foi, tudo ficou péssimo...
Taehyung observou com atenção, parecendo genuinamente interessado.
— E seu pai? Sabe... antes disso tudo?
Jungkook respirou fundo, lembrando-se dos momentos bons.
— Ele era diferente. Tinha seus problemas, mas quando minha mãe estava viva, as coisas eram mais estáveis. Ele se esforçava para ser presente. Era mais... amoroso.
Após um longo desabafo, Jungkook parou e olhou para Taehyung.
— Mas por que você quer saber isso? Não é típico de um demônio se importar com a vida de alguém, certo?
Taehyung ficou em uma saia justa, seu sorriso se desvanecendo por um momento. Ele se arrumou, tentando encontrar uma saída.
— Ah, bem, é só... curiosidade profissional. Você sabe, um demônio precisa entender a alma que vai lidar. — Ele deu uma piscadela, tentando disfarçar a sinceridade que havia se infiltrado em suas palavras.
Jungkook revirou os olhos, mas não pôde deixar de rir um pouco da desculpa esfarrapada.
— Curiosidade profissional, huh? Isso é novo.
— Não é todo dia que se encontra alguém tão... intrigante. — Taehyung respondeu, reestabelecendo o tom provocador, mas Jungkook percebeu que havia um fundo de verdade ali.
Taehyung sentiu a sensação que alguém estava o invocando, então se despediu de Jungkook com um ar descontraído.
— O dever me chama. Te vejo depois. — As palavras saíram de seus lábios como um eco, sem saber o que o aguardava.
Ao desaparecer, ele se encontrou em uma casa abandonada no meio do mato. O ambiente era sombrio, e o cheiro de mofo e umidade preenchia o ar. Em meio à penumbra, Yeonjun estava à sua espera, um sorriso sádico estampado no rosto.
— Olha só quem apareceu! — Yeonjun disse, com um tom de desprezo. — O grande Taehyung, agora se transformando no anjinho protetor de Jungkook. É hilário, não acha?
Taehyung cruzou os braços, seu olhar frio.
— Olha só, o demônio classe B resolveu vir falar com o mestre, que deselegante. — Disse Taehyung com uma gargalhada sem humor, ácida.
Yeonjun riu, um som áspero.
— Todos no inferno já sabem que você está amolecendo com ele. É ridículo para um demônio de classe A. Deveria ser mais forte, mais repugnante, menos... humano.
— Não tenho interesse algum por Jungkook
— Taehyung rebateu, sua voz baixa, mas firme. — Estou apenas enganando ele para pegar sua alma.
Yeonjun inclinou a cabeça, provocador.
— Então você não se importaria se eu arrancasse a cabeça dele, certo? — O sorriso se alargou, como se estivesse saboreando a ideia.
Taehyung olhou inquieto, mas se esforçou para manter a calma.
— É melhor não mexer nas presas de alguém mais forte que você.
Yeonjun avançou um passo, a fúria transparecendo em seu olhar.
— Você não se lembra do porquê de eu te odiar, não é? Lembra daquela vez que matou o Soobin? Aquele humano que era importante para mim? Você disse que se envolver com alguém da terra não era certo, e que fez o que devia fazer, mas olha só para você agora, repugnante, se envolvendo com alguém da terra e acha isso certo. A verdade é que você fez isso por egoísmo, você se acha melhor que todo mundo.
— Fiz o certo mesmo, só errei não te matando também. — Taehyung respondeu, a frieza em sua voz inabalável. — Eu não estou me envolvendo com Jungkook, apenas executando minha tarefa, algo que você não conseguiu sem se apaixonar, né?
— Ah, mas agora estou tentando fazer o que é certo também, Taehyung! Torturar Jungkook, só para você aprender como dói. Ah... como seria maravilhoso ver você se contorcer de desespero!
Taehyung deu de ombros, desafiando.
— Vá em frente. Se acha que isso vai me afetar, você está enganado. Jungkook não significa nada para mim.
Os dois se encararam, a tensão elétrica entre eles, uma luta silenciosa de vontades. Yeonjun se aproximou, com um brilho maligno nos olhos.
— Você realmente acredita que pode protegê-lo?
— Protegê-lo? — Taehyung riu, o som era quase divertido. — Eu não preciso protegê-lo. Não de você, pelo menos.
O silêncio se instalou, com a promessa de um conflito iminente pairando no ar. Ambos sabiam que a batalha entre eles estava longe de terminar.
E agora Taehyung sabia que Jungkook, era alvo de Yeonjun.
— Você acha que pode ficar com ele e ainda se considerar um demônio? — Yeonjun provocou, os olhos brilhando com malícia. — É um desrespeito para todos nós, você sempre foi meio mulherzinha, mas um depressivo? não tinha coisa melhor?
— E você escolheu algo super diferente né? um garotinho com vários problemas psicológicos que te amava do jeitinho que você era? Fala sério, olha para você, quem seria capaz de amar alguém como você? — Taehyung respondeu, sua voz carregada de desprezo. — Você vive se escondendo, tentando se promover às custas dos outros, até sua classe te rejeita.
Yeonjun riu, desdenhoso. — E você? Se tornou um guardião? Isso é patético. Olhe para você, se importando com o "ggukie." — Ridicularizou.
Yeonjun passou a mão pelos cabelos, rindo. — Isso de "pegar a alma dele" é só um truque para esconder o quão fraco você realmente se tornou. Escondendo isso até se si mesmo, ora, que feio! Sabe o que acontece com os demônios fracos como você? Eles desaparecem.
— E quem diz isso? — Taehyung rebateu, os dentes apertados. — Você, que não é nem uma sombra da sua própria classe? tão insignificante quanto um grãozinho minúsculo de areia?
Yeonjun se aproximou, o tom ameaçador. — Posso acabar com você e com ele a qualquer momento. E você, meu caro, está prestes a descobrir o que acontece quando se cruza meu caminho.
— Tente, então. — Taehyung sorriu de maneira desdenhosa. — Mostre sua verdadeira face. Mas saiba que se tentar tocar Jungkook, eu farei sua vida no inferno parecer um passeio no parque.
Yeonjun hesitou por um instante, surpreso pela confiança de Taehyung. — Você está se arriscando. Se isso não for amor, não sei o que é. E isso te torna ainda mais vulnerável.
— Amor? Não é isso que estou sentindo. — Taehyung corrigiu, mas sua voz estava tingida de emoção. — Eu não perderia a chance de te aniquilar a qualquer momento, e isso parece uma boa desculpa.
— Então, muito bem. — Yeonjun recuou um passo, com um sorriso desafiador. — Mas saiba que estarei sempre por perto, esperando a oportunidade de te destruir. E, eu arrastarei Jungkook junto.
Taehyung mordeu o lábio, o fogo da raiva crescendo dentro dele. — Se você se atrever a me tocar, você sabe, todo o inferno irá atrás de você.
— Será? acho que os demônios não estão muito contentes com você, vossa alteza. — Yeonjun revirou os olhos, mas havia uma faísca de apreensão em seu olhar. — Mas vamos ver quem realmente tem a última palavra.
××
Jungkook estava atrás do balcão, distraído, enquanto seu chefe, Namjoon, folheava o jornal. A luz do poste entrava pela vitrine, mas sua mente estava longe, pensando em Taehyung e seu sumiço.
— Ei, Jungkook! — Namjoon chamou, puxando-o de seus devaneios. — Você viu isso? Uma tempestade forte está prevista para semana que vem. Melhor preparar o estoque, só para garantir.
— Ah, sim... — Jungkook respondeu absente. — Vai ser a terceira desse mês, não é?
Namjoon assentiu. — E não é só isso. Tem uma nova onda de assaltos na cidade, principalmente em áreas comerciais. As pessoas estão ficando preocupadas.
Jungkook franziu a testa, um frio na barriga. Ele não tinha falado com Taehyung desde aquela manhã e, por mais que tentasse se concentrar, a preocupação o consumia. O que o demônio poderia estar aprontando?
Nesse momento, a porta da loja se abriu e uma moça entrou. Seu semblante era sério, mas ela era realmente bonita. Ela se dirigiu à prateleira e pegou uma lata de refrigerante vermelho. Cumprimentou Jungkook com um olhar firme.
— Oi. — Ela disse, quase sem emoção.
— Oi! — Jungkook respondeu, tentando sorrir, mas sua mente ainda estava em outro lugar.
Após passar as compras, ela olhou para Jungkook e apontou para uma prateleira acima dele. — Parece meio solta, vai cair.
Namjoon interveio, com um sorriso tranquilo. — Não se preocupe, eu mesmo as coloquei aqui pela manhã. Estão novinhas em folha.
A moça sorriu brevemente, antes de sair da loja. Assim que a porta se fechou, um estrondo ecoou pela loja. A prateleira desabou com força, fazendo Jungkook se encolher instintivamente. Por sorte, nada caiu sobre ele.
Namjoon e Jungkook trocaram olhares, surpresos e um tanto aliviados.
— Parece que ela tinha razão. — Jungkook comentou, o coração acelerado.
— Estranho como essas coisas acontecem. — Namjoon respondeu, ainda olhando para o chão. — Vamos ter que consertar isso. Você tá bem, Jungkook?
— Estou, só... pensando em algumas coisas. — Jungkook disse, ainda atordoado.
— Se precisar conversar, estou aqui. — Namjoon ofereceu, percebendo a distração do rapaz.
Jungkook acenou com a cabeça, mas sua mente estava longe, procurando qualquer sinal de Taehyung.
Assim que a porta da loja se abriu novamente, Jungkook virou a cabeça e deu de cara com um cara alto e atraente, com cabelo preto e uma boca carnuda que parecia esculpida. O rapaz caminhou com confiança em direção à seção de alimentos, pegando alguns vegetais e massas. Jungkook não pôde deixar de notar a inquietação no semblante de Namjoon, que parecia hipnotizado pela presença do estranho.
— Oi! - cumprimentou o visitante, com um sorriso caloroso. — Tudo bem?
— Oi! Tudo certo! — Jungkook respondeu, tentando parecer natural.
— Desculpe, qual é seu nome? É a primeira vez que te vejo aqui — Jungkook perguntou, puxando conversa.
— Seokjin! — respondeu o moreno, com um brilho nos olhos.
Namjoon, percebendo a oportunidade, estendeu a mão, sorrindo de volta, revelando suas adoráveis covinhas.
— Prazer, Seokjin! O que você vai cozinhar com essas belezuras? — perguntou Namjoon, genuinamente interessado.
Seokjin sorriu, animado.
— Estou pensando em fazer uma massa com molho de tomate caseiro e salada. Gosto de cozinhar quando tenho tempo livre.
— Parece muito bom, uau! — exclamou Namjoon, claramente impressionado. — Tem algum truque especial?
— Sempre uso ervas frescas. Faz toda a diferença! — Seokjin disse, piscando.
— Vou anotar essas dicas! — Namjoon respondeu, com um sorriso que iluminava seu rosto.
Depois de mais algumas trocas amigáveis, Seokjin se despediu e saiu da loja, deixando um ar de encanto no ar. Jungkook olhou para Namjoon, que estava quase sonhando acordado.
— Então... será que estou captando algo no ar? — Jungkook provocou, com um sorriso travesso.
Namjoon rapidamente se envergonhou e balançou a cabeça, tentando disfarçar a timidez.
— O que? Não! — ele respondeu, corando.— Ele é só mais um cliente.
—Claro, claro... só um cliente — Jungkook disse, rindo da reação do chefe.
Namjoon tentou parecer sério, mas o sorriso não conseguia se apagar do rosto.
Namjoon se agachou para começar a arrumar a bagunça da prateleira que havia caído. Enquanto isso, Jungkook o ajudava, ainda distraído, até que ouviu o sininho da porta ecoar novamente.
— Seja bem-vindo, o que está procurando? — Namjoon perguntou, sem olhar.
Jungkook continuou a organizar as coisas no chão, mas logo a voz brincalhona que respondeu chamou sua atenção.
— Estou procurando um estagiário novato e atrapalhado, mas parece que já encontrei. — diz se curvando sob o balcão e vendo Jungkook no chão, falando com um tom leve e divertido.
Jungkook se ergueu rapidamente, um sorriso involuntário se formando em seu rosto. Ele não pôde evitar a felicidade ao ver Taehyung de volta. O demônio estava ali com todo seu charme sorrindo travesso, como sempre, e a presença dele neste dia, fazia seu coração levemente acelerar.
— Onde você estava? — Jungkook perguntou, a curiosidade evidente na voz.
— Ah, sabe como é, só resolvendo algumas coisas... do meu "trabalho" — Taehyung respondeu, piscando.
Namjoon, que tinha acabado de levantar, olhou de um para o outro, sorrindo de forma discreta. Ele então informou:
— Olha, falta só dez minutos para encerrar o expediente. Jungkook, você pode ir embora mais cedo, se quiser. Eu cuido dessa bagunça.
— Sério? Obrigado, Namjoon! — Jungkook disse, sentindo um alívio.
Ele se virou para Taehyung, que estava com um sorriso travesso no rosto.
— Vamos? — Jungkook perguntou, sentindo-se levemente empolgado.
— uhum. — Taehyung respondeu, e juntos eles saíram da loja.
Enquanto caminhavam pelas ruas iluminadas, Jungkook não pôde deixar de questionar novamente:
— Então, o que aconteceu para você sumir a tarde toda? Só apareceu agora à noite...
Taehyung lançou um olhar divertido, um sorriso malicioso se formando em seus lábios.
— Ah, você está tão interessado em mim que não consegue parar de se perguntar onde estou? —ele brincou.
Jungkook parou por um instante, incredulidade estampada no rosto.
— O que? Não, só estava querendo saber se você não tava morto mesmo. — ele respondeu rapidamente, tentando esconder a cor que subia ao seu rosto.
— Aiai, morto é? E se eu estivesse? você choraria por mim? — Taehyung provocou, rindo.
— Lógico que não. E Olha, eu só estava curioso, mas por mim tanto faz por onde cê anda. — Jungkook insistiu, tentando voltar ao sério.
Taehyung apenas sorriu, divertido, enquanto continuavam a andar. Jungkook não pôde evitar sentir uma mistura de irritação e divertimento com a provocação.
Enquanto caminhavam, Taehyung perguntou,
— E aí, já pensou na proposta de ter uma casa própria?
Jungkook balançou a cabeça, desapontado.
— Não estou afim de vender a alma, se é isso que você está dizendo.
Taehyung riu levemente, como se tivesse algo mais em mente.
— Ok, mas e se eu fizer uma nova oferta? E se nós morássemos juntos?
Jungkook franziu a testa, confuso.
— Por que você quer isso?
— Porque seria benéfico para mim. Assim, não precisaria ficar migrando todo dia do inferno para a Terra.
— Mas se você tem tanto poder, por que não tem uma casa aqui? — Jungkook questionou.
Taehyung respondeu como se fosse a coisa mais óbvia do mundo:
— Essas coisas não são de graça, nem pra mim que sou um demônio. Tudo tem um preço. Não posso realizar tudo o que quero a hora que quero. No mundo dos demônios, tudo é feito de acordos e pactos.
Jungkook ficou surpreso, começando a entender a complexidade da situação. No entanto, ainda estava relutante.
— Eu não quero incomodar mais Hoseok e seus pais. E ter minha própria privacidade seria até que benéfico... mas não quero que me force a tomar uma decisão difícil tão rápido...
— Olha, você não está sendo forçado. Mas pense bem, teria seu espaço... a sua liberdade. — Disse já tentando o convencer.
Jungkook suspirou, hesitante.
— Tá bom... eu aceito. — Taehyung realmente achou que seria mais difícil convencê-lo, nem precisou usar suas táticas de persuasão, Jungkook cedeu, e Taehyung sorriu, satisfeito com a resposta.
Esse negócio de migrar do inferno pra terra não passava de uma desculpa barata, Taehyung poderia fazer isso em questão de segundos.
Mas qual era o verdadeiro motivo de querer estar com Jungkook? Para protegê-lo de Yeonjun.
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Espero que gostem! estou lançando esse capítulo em homenagem a JaneLopes049 que está apoiando muito meu livrinho! agradeço de coração ❤️
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