Deus trabalha de maneiras misteriosas, Jungkook

Boa leitura!♡
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Jungkook olhou para o relógio na parede da loja, contando os minutos que restavam para o fim do expediente. A luz fluorescente piscava, criando uma atmosfera cansativa, e o cheiro de café e salgadinhos misturados o envolvia. Ele estava na frente do caixa, organizando algumas prateleiras, quando a última cliente saiu, agradecendo com um sorriso.

- Finalmente - ele murmurou para si mesmo, esticando os braços e se espreguiçando.

Enquanto apagava as luzes e arrumava o espaço, lembrou-se de como tinha sido bem recebido pelo chefe, e como a loja se tornara um refúgio, longe do tumulto de casa.

Assim que fechou o caixa, ouviu o barulho da porta se abrindo e olhou para cima, vendo Taehyung entrar, já com seu sorriso provocador.

- Pronto para mais uma noite na sua vida sem graça? Tá satisfeito de trabalhar nessa espelunca? Não tinha nada melhor não? - Taehyung provocou, o fuzilando de perguntas, com as mãos enfiadas nos bolsos da jaqueta de couro.

- Pelo menos é um trabalho. - Jungkook respondeu, com um meio sorriso.

Enquanto caminhavam juntos para fora da loja, Jungkook sentiu um alívio ao deixar o ambiente. O céu estava escurecendo, e a brisa fresca da noite trazia um aroma de liberdade, se comparado à claustrofobia da lojinha. Eles conversaram sobre trivialidades, mas, no fundo, Jungkook sentia que Taehyung estava mais interessado em ouvir do que em falar.

Ao chegarem em casa, Jungkook hesitou na entrada. Respirou fundo e abriu a porta. A cena familiar o aguardava: seu pai jogado na poltrona, cercado por garrafas vazias, um quadro de desespero que ele já estava acostumado a ver.

- Olha só, seu velho irresponsável ali, praticamente pedindo uma passagem direta para o inferno - Taehyung comentou, um sorriso sarcástico no rosto.

- É, ele pode ser um péssimo pai, mas não desejo isso a ninguém - Jungkook respondeu, a tristeza pesando em suas palavras.

Taehyung ficou em silêncio por um momento, como se a resposta o surpreendesse. Jungkook percebeu que, mesmo sendo um demônio, Taehyung não tinha resposta para aquela lealdade.

- Você é um otário por ainda se importar - Taehyung disse, mas a provocação não tinha a mesma força de antes.

Jungkook sorriu, sentindo uma conexão estranha entre eles.

A noite se arrastava, e, mesmo com o caos ao seu redor, algo parecia diferente de todos os outros dias, ao menos sentiu isso naquele momento.

Assim que entraram no quarto de Jungkook, Taehyung se jogou na cama, fazendo uma careta de desagrado.

- Sério, você não limpa aqui? Está pior do que tudo que eu já vi - ele exclamou, olhando em volta, as roupas espalhadas e embalagens de salgadinhos acumuladas.

Jungkook deu um sorriso amargo, enquanto jogava a mochila em um canto.

- Não tenho ânimo pra nada. A depressão faz isso com você - respondeu, a voz baixa, como se o peso das palavras o consumisse.

Taehyung se sentou na beira da cama, franzindo a testa.

- Olha, você precisa se mexer. Se continuar assim, vai se decompor junto com o resto dos salgadinhos jogados aqui - ele disse, a provocação misturada com um tom de preocupação.

Jungkook suspirou, entendendo a verdade nas palavras de Taehyung. Ele se sentiu motivado, mesmo que levemente, e decidiu que precisava fazer algo a respeito.

- Tudo bem, vou tentar organizar um pouco - murmurou.

Com isso, começou a juntar algumas roupas do chão, separando as que estavam limpas das sujas. Ele pegou um cesto e começou a colocar as peças sujas lá, enquanto outras roupas foram dobradas e colocadas no armário. Cada movimento parecia pesado, mas ele persistia.

Taehyung observou Jungkook por um momento, sentindo uma estranha vontade de ajudar. Sem dizer nada, começou a pegar as embalagens de salgadinhos espalhadas pelo chão, jogando-as no lixo. Seus movimentos eram silenciosos, quase automáticos, como se aquilo fizesse parte de sua rotina.

Jungkook lançou um olhar de canto e notou Taehyung, surpreso. O demônio estava agindo de forma tão natural, como se se importar com a bagunça fosse algo normal para ele. Um sorriso involuntário surgiu no rosto de Jungkook. Era algo inesperado e, de certa forma, reconfortante.

- Você sabe que não precisa fazer isso, né? - ele disse, a voz carregada de incredulidade.

- Não é por você, eu tenho agonia de bagunça. - Taehyung respondeu, sem olhar, mas com um toque de desprezo na voz, como se aquilo não tivesse importância.

A simplicidade do gesto de Taehyung fez Jungkook sentir uma leveza que não sentia há tempos. Continuou organizando, agora um pouco mais animado, enquanto Taehyung seguia ajudando em silêncio. Era uma conexão que crescia entre eles, algo que nem mesmo o demônio poderia explicar, e Jungkook se permitiu sorrir para si mesmo, sentindo que, mesmo nas pequenas coisas, não era tão ruim assim.

Enquanto organizavam o quarto, Jungkook olhou de soslaio para Taehyung, uma expressão curiosa no rosto.

- Você realmente me observava? - perguntou, quebrando o silêncio que os envolvia. - Por que resolveu se manifestar de repente?

Taehyung parou por um instante, olhando para Jungkook com uma expressão neutra.

- Estou acostumado a ver pessoas nessas situações - ele respondeu, a voz quase desinteressada. - A função de um demônio é fazer com que essa pessoa venda a alma de algum jeito.

Jungkook sentiu um aperto no peito.

- Então, esse ainda é o seu objetivo? - indagou, a frustração começando a se acumular.

- Sim - Taehyung afirmou, sem hesitar.

Um silêncio pesado se instaurou entre eles. Jungkook não conseguia evitar a leve decepção que brotava em seu peito. Era um demônio, depois de tudo; não podia esperar compaixão ou amizade de alguém como ele. Essa realidade o atingiu como um balde de água fria.

- Olha, Taehyung... - ele começou, a voz trêmula. - Você pode ir embora. Eu realmente não vou vender minha alma.

Taehyung o observou por um momento, uma expressão difícil de decifrar no rosto.

- Se é isso que você quer, tudo bem - disse ele, levantando-se da cama.

Jungkook desviou o olhar, tentando esconder a insegurança que se formava em seu interior.

- Tenho certeza que você vai precisar de mim - Taehyung acrescentou.

Jungkook respirou fundo, a voz firme, mas ainda cheia de dúvidas.

- Eu prefiro que isso não aconteça.

Taehyung balançou a cabeça, um misto de desdém e algo que Jungkook não conseguiu identificar. Em seguida, se virou e desapareceu do quarto, deixando Jungkook sozinho, cercado pelo silêncio e pelas suas próprias incertezas.

Jungkook, exausto, tenta se deitar e dormir, mas seu sono é inquieto. Lá embaixo, ele ouve o pai murmurando e se mexendo na poltrona, o som de garrafas batendo ecoa pela casa. As batidas na porta, inesperadamente altas, o fazem sentar na cama, o coração acelerando.

- Abre essa porta, garoto! - a voz do pai, áspera e embriagada, quebra o silêncio.

Relutantemente, Jungkook abre, temendo a ira que sempre o espera do outro lado. Seu pai, com o rosto avermelhado pelo álcool, está mais agressivo do que o normal.

- Onde você esteve? O que tanto faz fora de casa? Você pensa que é quem, hein? - o pai o empurra, os olhos injetados de raiva.

Jungkook, já calejado, tenta responder com calma, explicando que estava trabalhando, mas o pai não quer ouvir. As palavras se perdem em meio a ofensas, até que ele, sem motivo aparente, explode.

- Se não está satisfeito aqui, então vai embora! Some da minha casa! - Jogou a garrafa de soju em direção ao garoto, que em resposta colocou as mãos na frente mas por sorte, a garrafa passou longe.

O choque paralisa Jungkook por um momento. Ele tenta argumentar, dizer que não tem para onde ir, mas seu pai está irredutível. Ele o empurra de novo, apontando para a porta da frente.

Sem opção, Jungkook pega uma mochila, jogando suas roupas e pertences mais importantes rapidamente, o coração batendo forte.
O que mais o machuca não é ser expulso, mas o fato de que, mesmo que tentasse, seu pai não o ouviria. Ele desce as escadas e, ao passar pela sala, vê o homem de volta à poltrona, inconsciente mais uma vez.

Com um suspiro, ele sai da casa, o frio da noite o acolhendo. Jungkook se senta na calçada, sem rumo, sentindo o peso da solidão.

E então, ele sente uma presença familiar.

- Eu sabia que você precisaria de mim, mas não aguentou nem uma horinha? - Taehyung aparece, encostado no muro da casa, com um sorriso enigmático.

Jungkook, sem energia para discutir, o encara em silêncio. Ele não quer admitir, mas parte dele sente alívio ao ver Taehyung ali, como se fosse a única constante em meio ao caos.

- Então, o que vai fazer agora? Vai viver nas ruas? - Taehyung pergunta com um tom provocativo, mas há uma curiosidade genuína em seus olhos.

Jungkook respira fundo, tentando manter a cabeça no lugar. Ele olha para Taehyung, lutando contra o desejo de aceitar a ajuda.

- Eu... não sei - ele admite, a voz fraca. - Mas não vou te pedir nada.

Taehyung se aproxima, seus passos lentos, quase felinos.

- Você não precisa pedir. Eu já estou aqui, e eu disse que você vai precisar de mim.

Jungkook, relutante, suspira e finalmente se levanta. Mesmo sabendo das intenções de Taehyung, ele percebe que, no momento, não tem muitas opções.

Jungkook estava tentando manter o pouco de dignidade que restava enquanto o frio da noite se infiltrava em seus ossos. Ele olhou para Taehyung, que se aproximava com aquele sorriso cínico, os olhos carregando uma promessa de problemas.

- Parece que sua situação piorou - disse Taehyung, observando a mochila de Jungkook com desdém. - Posso resolver isso. Eu te ofereço uma casa, um lugar agradável para você não precisar dormir ao relento. O que acha?

Jungkook suspirou, sabendo que aquilo não era uma oferta sem um preço. Ele cruzou os braços, esperando pelo que viria em seguida.

- Mas... é claro que quero algo em troca - Taehyung continuou, a voz sedutora. - Não sou exatamente do tipo que faz caridade. - Ele deu uma pausa dramática, aproximando-se o suficiente para que Jungkook pudesse sentir a intensidade de seu olhar. - Eu quero sua lealdade. Total. Sem reservas. E, quando chegar o momento, você fará o que eu mandar. Seja o que for.

A proposta caiu como uma bomba na cabeça de Jungkook. Sua lealdade? Isso era demais. Ele se recusava a vender sua alma, e agora Taehyung queria sua completa submissão? Ele fechou os punhos, em um ato involuntário.

- Nem pensar - respondeu de imediato, sentindo a raiva crescendo dentro de si.

Taehyung riu, uma risada baixa e perigosa, como se estivesse se divertindo com a resistência de Jungkook.

- Você acha mesmo que tem muitas opções? Olha para você, sem casa, sem ninguém que realmente se importe. E eu estou te oferecendo algo... confortável. Uma casa... talvez até comida quente. Mas você prefere continuar nessa teimosia inútil. - Ele deu de ombros. - Uma pena, parece que você gosta de ser tratado igual um cão de rua.

Jungkook encarou Taehyung por um momento, sentindo o peso da situação, mas, de repente, uma ideia surgiu em sua mente. Hoseok. Ele pegou o celular rapidamente, ignorando o olhar curioso de Taehyung, e procurou o número de Hoseok.

- O que você está fazendo? - perguntou Taehyung, sua expressão se tornando mais séria.

Jungkook o ignorou e esperou enquanto o telefone chamava. Poucos segundos depois, Hoseok atendeu.

- Jungkook? O que aconteceu? Tá tudo bem? - A voz preocupada de Hoseok veio do outro lado da linha.

- Hoseok... eu... eu fui expulso de casa - Jungkook começou, tentando manter a calma. - Você acha que poderia... me ajudar? Eu realmente não tenho para onde ir.

Houve um breve silêncio antes de Hoseok responder.

- Claro, Jungkook. Venha para cá. Não vou deixar você sozinho nessa, de jeito nenhum.

Alívio imediato preencheu o peito de Jungkook, e ele sorriu, algo que Taehyung percebeu instantaneamente. Quando Jungkook desligou o telefone, ele se levantou, olhando direto nos olhos de Taehyung.

- Eu disse... eu não preciso de você.

Taehyung o observou por alguns segundos, os olhos se estreitando levemente, antes de sorrir de novo. Um sorriso frio, calculista.

- É o que você pensa agora. - Ele deu um passo para trás, ainda sorrindo. - Mas acredite, você vai mudar de idéia.

Jungkook o ignorou desta vez, colocando a mochila nas costas e começando a caminhar. Ele sabia que, por mais que Taehyung provocasse e tentasse manipulá-lo, naquele momento ele tinha algo muito mais importante: pessoas dispostas a ajudá-lo sem esperar algo em troca. E, enquanto tivesse isso, ele não cederia às tentações do demônio.

Taehyung o observou se afastar, sem pressa, com um olhar que misturava frustração e... algo mais. Algo que Jungkook ainda não entendia, mas que o fazia se sentir observado, mesmo quando não estava.

Quando Jungkook chegou à casa de Hoseok, já passava da meia-noite. As luzes da sala estavam acesas, e ele viu os pais de Hoseok, o senhor e a senhora Jung, esperando por ele na porta, com expressões preocupadas.

- Jungkook! - exclamou a senhora Jung assim que o viu. - O que aconteceu? Por que você não está em casa?

O senhor Jung, com o semblante grave, se aproximou, colocando uma mão firme no ombro de Jungkook, transmitindo segurança.

- Filho, você está bem? - perguntou o homem, a voz calma, mas cheia de preocupação.

Jungkook suspirou profundamente, sentindo a pressão de tudo o que tinha acontecido nas últimas horas. Ele nunca havia desabafado completamente, nunca contou a ninguém o que realmente se passava em sua casa. Mas, diante daquela acolhida, ele sentiu que era o momento.

- Eu... - começou, sentindo a garganta apertar. - Meu pai... ele... - As palavras estavam presas. As memórias de tudo que suportou surgiram com força, deixando-o vulnerável.

A senhora Jung, percebendo o conflito interno de Jungkook, tocou o braço dele de maneira suave.

- Estamos aqui por você, filho. Fale sem medo.

Jungkook, então, começou a desabafar. Contou sobre os abusos diários, sobre as agressões físicas e emocionais, o álcool que transformava seu pai em alguém monstruoso. Falou sobre a perda recente de sua mãe, e como, desde então, a vida em casa se tornou insuportável. Cada palavra carregava uma dor profunda, uma realidade que ele carregava sozinho por tanto tempo.

Os olhos da senhora Jung se encheram de lágrimas à medida que Jungkook revelava sua realidade, e até mesmo o senhor Jung, um homem firme, parecia abalado.

- Meu Deus... - sussurrou a senhora Jung, levando as mãos à boca, incrédula com o que estava ouvindo. - Eu sabia que as coisas estavam difíceis, mas não sabia que era assim...

O senhor Jung balançou a cabeça, a voz séria, porém cheia de compaixão.

- Ninguém deveria passar por isso, muito menos um jovem como você, Jungkook.

Hoseok, que estava ao lado, também estava visivelmente abalado. Ele sempre soube que as coisas não eram fáceis para Jungkook, mas nunca imaginou a extensão do sofrimento que seu amigo suportava. Ele se aproximou e abraçou Jungkook, sem dizer uma palavra. Às vezes, o silêncio de um abraço dizia mais do que qualquer coisa.

A senhora Jung enxugou os olhos e olhou para Jungkook com toda a gentileza e amor de uma mãe.

- Você vai ficar aqui com a gente, está bem? Vamos cuidar de você. - Ela se aproximou e segurou suas mãos com carinho. - Não precisa mais voltar para aquele lugar.

O senhor Jung assentiu.

- Nós temos espaço. E você vai ser tratado como parte da nossa família. Ninguém deve passar pelo que você passou.

Jungkook sentiu um nó se formar em sua garganta. Ele nunca imaginou que alguém pudesse tratá-lo com tanto carinho e respeito, especialmente depois de tudo. Aquele peso que ele carregava, a sensação de que estava completamente sozinho, começou a se dissolver. Pela primeira vez em muito tempo, ele sentiu como se tivesse um lar.

- Obrigado... de verdade - Jungkook sussurrou, com a voz embargada.

A senhora Jung o puxou para um abraço caloroso, enquanto o senhor Jung assentia, um sorriso pequeno, mas genuíno, no rosto.

- Você merece ser tratado com amor, Jungkook. E enquanto estiver conosco, é isso que você vai receber.

Jungkook, acolhido pelos braços de uma família que o tratava com bondade e compreensão, sentiu o coração começar a se aquecer. Por mais que Taehyung o tentasse com promessas vazias e perigosas, ali, naquela casa simples, ele havia encontrado algo muito mais valioso.

Hoseok guiou Jungkook até o quarto, tentando manter o clima leve, mas ainda notava o peso nos ombros do amigo. Assim que entraram, ele foi rapidamente buscar um colchão extra para Jungkook, ajeitando-o no chão ao lado da cama.

- Vou deixar aqui pra você, espero que esteja confortável - disse Hoseok, com um sorriso gentil. Ele se abaixou para arrumar o colchão e, enquanto fazia isso, começou a conversar casualmente, tentando quebrar o gelo. - Sabe... estava pensando no cara que você apresentou mais cedo, o Taehyung. A personalidade dele é bem... diferente, né? - Hoseok riu de leve. - Parecia que ele estava sempre pronto pra atacar, com aquele jeito afiado.

Jungkook, ao ouvir o nome de Taehyung, desviou o olhar por um momento. Não sabia se deveria rir ou se sentir desconfortável, afinal, Hoseok nem imaginava o quão perigoso Taehyung realmente era.

- É... diferente é um jeito gentil de dizer - respondeu Jungkook, tentando esconder o que realmente sabia. Ele se sentou no colchão, observando Hoseok se ajeitar na cama.

Hoseok, ainda sem notar o desconforto de Jungkook, continuou:

- Mas, apesar disso, fiquei feliz que você tenha mais um amigo, sabe? Eu sempre rezei para que você encontrasse boas pessoas, que se enturmasse mais... E parece que minhas orações foram ouvidas. - Ele deu um sorriso sincero, cheio de otimismo.

Jungkook mordeu o lábio, tentando disfarçar o pensamento que veio à mente. Ele achava irônico, extremamente irônico, que Hoseok pensasse em Taehyung como uma "boa pessoa" enviada em resposta às suas preces. Se ele soubesse... O amigo que Hoseok considerava um milagre era, na verdade, um demônio. Literalmente.

- Sim... irônico, né? - murmurou Jungkook, mais para si do que para Hoseok.

- O quê? - Hoseok perguntou, não entendendo.

- Nada, só... - Jungkook balançou a cabeça, sorrindo de canto. - Só acho engraçado como as coisas acontecem.

Hoseok assentiu, mesmo sem compreender totalmente. Para ele, a presença de Taehyung, por mais estranha que fosse, representava esperança.

- Hoseok, você realmente acha que Deus nos escuta? - perguntou Jungkook inocentemente.

- É claro, você tem dúvidas?

- Às vezes...

- Acho que isso é normal, mas tente sempre se agarrar na fé, é melhor do que nada, não? - Disse Hoseok.

Ambos ficaram em silêncio por alguns instantes, mas Hoseok prosseguiu:

- O importante é que você está aqui agora, seguro, e tem mais alguém ao seu lado. - Hoseok olhou para Jungkook com olhos que transbordavam bondade. - Deus trabalha de maneiras misteriosas, Jungkook. Mesmo quando a gente não entende.

Jungkook apenas concordou com a cabeça, mas no fundo sabia que o mistério por trás de Taehyung era muito mais sombrio do que Hoseok poderia imaginar.

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Aaah, mais um capítulo!!
espero que gostem ❤️
(não está revisado, perdão qualquer coisa)

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