Como é o inferno?

Boa leitura!♡
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Taehyung se materializou em uma sala mal iluminada, o cheiro de incenso e vela queimando preenchendo o ar. Ele franziu a testa, aborrecido. À sua frente, três garotas se reuniam em um círculo, suas mãos segurando um livro de feitiços surrado. Olhando de relance, ele percebeu que eram apenas adolescentes imitando o que viam em filmes.

— Que chato... — murmurou, pensando em como queria ver a noite de Jungkook e foi interrompido por três adolescentes.

Mas antes que pudesse se afastar, uma ideia atravessou sua mente. Por que não dar uma lição nelas? Ele se aproximou, aparecendo abruptamente na frente delas, com um olhar que misturava desprezo e diversão.

— Olá garotas. — Sorriu perverso. — Estou tão bonzinho hoje, mas da próxima vez que me tirarem da minha paz, e me envocarem, não serei tão gentil — disse, a voz soando como um trovão.

As garotas se encolheram, olhos arregalados, mas uma delas, com cabelos desgrenhados, ousou perguntar:

— Te chamamos para perguntar algo... — Nervosa receou se deveria continuar a dizer ou não, mas tomou coragem e foi direta. — O que é o inferno de verdade?

Taehyung riu, mas a risada tinha um tom cruel.

— Você realmente quer saber? — Ele se inclinou para frente, um brilho maligno nos olhos. — É um lugar onde idiotas como você vão, e não é nada divertido. Agora, pare de fazer perguntas estúpidas, não gosto de responder, prefiro mostrar.

As garotas, no entanto, insistiram, curiosas e aterrorizadas ao mesmo tempo. A atmosfera na sala tornou-se pesada, como se o ar estivesse prestes a romper. Com um gesto rápido, Taehyung lançou uma praga, fazendo com que todas as três sentissem dor ao mesmo tempo, uma expressão de horror se formando em seus rostos.

— Aqui vai uma dica — ele disse, a voz fria como gelo. — Se tentarem evocar algo deste universo novamente, ou até mesmo pesquisarem ou mencionarem o nome "Demônio", suas almas serão enviadas direto para o inferno. Agora, fiquem longe de mim.

Ele se virou, desvanecendo-se novamente na escuridão, deixando as garotas em choque, enquanto a atmosfera ameaçadora se dissipava, mas o eco de suas palavras permanecia, pesado como uma maldição.

As garotas, ainda tremendo, insistiram em suas perguntas, a curiosidade superando o medo. Taehyung olhou rapidamente para o relógio na parede e percebeu que ainda tinha tempo até o trabalho de Jungkook. Um sorriso sádico se formou em seus lábios.

— Muito bem, vamos lá. O que mais vocês querem saber? — ele perguntou, cruzando os braços e encostando na fresta da porta da sala.

A primeira garota, ainda hesitante, levantou a mão.

— O que realmente acontece no inferno?

Taehyung fez uma pausa, olhando diretamente para ela com um brilho maligno nos olhos.

— Ah, o inferno... É um lugar onde a dor e o desespero são eternos. As almas gritam sem parar, e o calor é insuportável. Não é um muito agradável, mas não há como eu descrever, vocês humanos não entenderiam.

A segunda garota, com voz trêmula, perguntou:

— E... como você chegou a ser um demônio?

— Eu nasci assim. Não escolhi, e nem me importo com isso. O que importa é que eu tenho poderes que vocês nem conseguem imaginar, deveriam ter medo, e não mexerem com o que não conhecem.

A terceira garota, com um tom desafiador, questionou:

— Então você poderia, tipo, jogar uma praga em alguém? Fazer o cabelo de alguém cair etc...?

Ele riu, inclinando-se para elas.

— Claro que posso. Mas não jogamos pragas para fazer cabelos caírem. Demônios não se importam com coisas tão superficiais. — Ele parou, olhando para as garotas que estavam prestes a se entregar a um desejo mais profundo. — Eu poderia fazer coisas muito piores... como causar desespero, dor, ou até mesmo arrancar suas almas, ah... é daí pra muito pior.

As garotas se entreolharam, um misto de medo e esperança em seus rostos.

— Na verdade, tem um grupo de garotas na escola que nos atormenta... — começou uma delas, hesitante. — Você poderia, sei lá, fazer algo com elas? Algo que as deixasse carecas ou desse uma lição para que nunca mais elas mexessem conosco?

O sorriso de Taehyung se alargou, uma ideia surgindo em sua mente.

— Oh céus, virei psicólogo.... — Disse rindo frustrado com a situação.

Mas não demorou muito até ver a oportunidade que estava bem em sua frente, uma oportunidade perfeita para um pacto.

— Quer que eu arranque os pulmões delas? Ou algo pior? algo como morrer engasgando com o próprio sangue.... hmmm. — Pensou em outras sugestões mas as garotas rapidamente negaram com a cabeça.

— Não, não queremos matá-las, apenas... dar uma lição.

Taehyung revirou os olhos.

— Escutem, posso oferecer muito mais do que isso. Que tal uma adolescência incrível? Popularidade, dinheiro, todas as suas inimigas carecas, e vocês sendo as mais lindas da escola? Mas... cês sabem, há um preço.

As garotas, tomadas pela sede de vingança e ganância, se inclinaram para frente, ansiosas.

— Que preço? — uma delas perguntou.

— Dez anos, apenas dez anos de suas vidas vivendo isso. Depois disso, vocês serão enviadas para o inferno. O que me dizem?

Um silêncio pairou na sala, enquanto elas ponderavam. A ambição e a ira as consumiam. Finalmente, em uníssono, gritaram:

— Aceitamos!

Taehyung, satisfeito, levantou a mão e murmurou as palavras do pacto, selando o acordo entre eles. Um brilho vermelho iluminou o ambiente, e as garotas sentiram uma energia pulsante que as envolveu.

— Bem-vindas ao seu novo destino — ele disse, com um sorriso diabólico, antes de desaparecer na escuridão, deixando as garotas em um misto de excitação e terror.

— Adolescentes burras... — Pensou e logo após se teletransportou novamente para jungkook, que dessa vez, já estava na rua, a caminho da loja.

Taehyung apareceu ao lado de Jungkook com a mesma facilidade de um sussurro. Ele se apoiou contra a parede, um sorriso enigmático no rosto.

— Tive um probleminha, mas agora que já resolvi, sou todo seu esta noite — disse, com um tom de malícia.

Jungkook revirou os olhos, desdenhando.

— Ótimo, mais um dia ao lado de um demônio escroto. O que rolou?

Taehyung hesitou, claramente não querendo compartilhar o que havia ocorrido. Mas a insistência de Jungkook foi implacável.

— Vai, me conta! O que foi?

Ele olhou para o chão, ponderando. Era mais fácil ignorar, mas o jeito que Jungkook o pressionava o deixou sem alternativas.

— Tudo bem, tudo bem... — Taehyung finalmente soltou, seu tom mudando. — Eu fiz um pacto com algumas garotas.

Jungkook franziu a testa, intrigado.

— Pacto? Como assim? Como isso funciona?

Taehyung cruzou os braços, com uma expressão que misturava diversão e desdém.

— Elas queriam vingança contra algumas inimigas na escola. Ofereci popularidade, beleza, e em troca, dez anos de vida. Depois disso, elas vão para o inferno.

— Sério? — Jungkook questionou, um misto de choque e curiosidade em seu olhar. — Isso é real mesmo? Como você pode fazer isso? são adolescentes cara.

— É simples, na verdade. Eu tenho o poder de realizar desejos, mas sempre há um preço. E essas garotas estavam tão sedentas por vingança que não hesitaram em aceitar. — Taehyung disse, a satisfação evidente em sua voz.

Jungkook pensou por um momento, a gravidade da situação começando a se assentar sobre ele.

— E se elas se arrependerem depois?

Taehyung deu de ombros, desinteressado.

— O arrependimento não muda o que foi selado. Uma vez que você faz um pacto, não há como voltar atrás. Isso é parte da diversão.

A tensão pairava entre os dois, enquanto Jungkook processava a informação. Ele sabia que Taehyung era imprevisível, mas a ideia de um pacto com consequências tão sombrias o deixava inquieto.

— E se eu quisesse um pacto? — Jungkook perguntou, um misto de provocação e curiosidade na voz.

Taehyung sorriu, um brilho de interesse em seus olhos.

— Ah, isso seria uma conversa interessante... mas, como você sabe, eu sou um demônio, e os desejos têm seus preços. Você está disposto a pagar?

Jungkook balançou a cabeça, tentando dissipar a ideia.

— Eu estava apenas insinuando, Taehyung. Não tenho interesse algum em fazer um pacto.

Mas Taehyung, com um brilho persuasivo nos olhos, não desistiu. Ele se aproximou um pouco mais, a voz suave e tentadora.

— Mas pensa só no que você poderia ganhar, Jungkook. Muito dinheiro. Uma vida sem preocupações. Imagine estar livre do seu pai, sem aquela pressão toda e vida tranquila?

Jungkook hesitou, um misto de raiva e desejo passando por ele.

— E isso resolveria tudo mesmo?

— Não apenas isso. Você poderia até ressuscitar sua mãe. — A afirmação de Taehyung fez o coração de Jungkook acelerar. — Um desejo, e ela estaria de volta, tudo como antes. Sem mais sofrimento.

— Não... — Jungkook balançou a cabeça, mas a ideia estava começando a enraizar-se em sua mente. — Isso não pode ser real.

— Por que não? — Taehyung insistiu, com um sorriso que desafiava a lógica. — Eu tenho o poder de fazer isso. Todos os seus problemas se esvairiam como fumaça. Você poderia ser livre, feliz.

Jungkook sentiu o peso das palavras, a tentação de uma vida melhor quase insuportável.

— E o preço? — perguntou, a cautela ainda presente na sua voz, embora o coração estivesse se abrindo para a possibilidade.

— Dez anos. Apenas dez anos de uma vida cheia de tudo o que você deseja, e depois... bem, isso seria uma questão a ser resolvida mais tarde. — Taehyung piscou, como se a simplicidade da proposta tornasse tudo mais fácil.

Jungkook fechou os olhos por um instante, lutando contra a ideia. Ele sabia que não podia ceder.

— Eu não posso. Não vou para o inferno por isso.

— Pense bem, Jungkook. A vida é cheia de dor e sofrimento. Por que não ter a chance de viver plenamente, mesmo que por um tempo limitado? — Taehyung continuou, sua voz um suave veneno, seduzindo cada parte do ser de Jungkook.

Ele estava prestes a ceder, a lógica estava se perdendo em meio à esperança. Mas algo dentro dele gritou que essa não era a resposta.

— Não. — Ele respirou fundo, tentando reafirmar sua determinação. — Não vou fazer isso, esquece.

Taehyung fez uma expressão de desapontamento, mas um brilho de diversão ainda estava presente.

— Como quiser. Mas lembre-se, Jungkook, oportunidades como essa não aparecem duas vezes. E você pode acabar se arrependendo de não ter arriscado.

Jungkook chegou à loja de conveniência, o coração estava batendo acelerado. Ao entrar, foi recebido por Namjoon, seu chefe, que tinha um sorriso acolhedor.

— Bem-vindo, Jungkook! — cumprimentou, estendendo a mão. — Estou feliz que você esteja aqui. Vamos começar com o básico do caixa.

Namjoon passou os próximos minutos explicando como funcionava o sistema, mostrando como registrar as vendas e lidar com o troco. Jungkook pegou tudo rapidamente, absorvendo cada detalhe. Namjoon, satisfeito, assentiu.

— Ótimo! Agora vou precisar dar uma saída rápida. Não sei se consigo chegar antes de fechar, então você vai ficar aqui sozinho durante o turno da noite hoje, mas não se preocupe, você vai se sair bem.

Assim que Namjoon saiu, Jungkook sentiu um misto de ansiedade e liberdade. Ele estava finalmente no controle de sua vida, mesmo que por pouco tempo.

No entanto, a presença de Taehyung logo se fez notar.

— Então, uma noite solitária, hein? Cê tá acostumado né?— comentou Taehyung, aparecendo ao lado dele, com um sorriso malicioso. — O que você queria se tivesse a chance de fazer um pacto agora?

Jungkook revirou os olhos, mas não pôde evitar um leve sorriso.

— Se eu fosse fazer um pacto, bem... — ele começou, pensando em voz alta. — Primeiro, queria um carro incrível, tipo um esportivo. Depois, gostaria de viajar pelo mundo, experimentar tudo. E, quem sabe, ter um grupo de amigos da hora, que realmente se importassem comigo. Ah, e talvez um superpoder, como voar.

Taehyung ouviu atentamente, os olhos brilhando de interesse, porém, rindo dos pedidos de Jungkook.

— E só isso? mais nada?

— Estranho, talvez, mas eu também gostaria de entender as estrelas. Saber tudo sobre elas. — Jungkook riu, percebendo a bizarrice dos próprios desejos. — No final das contas, nem isso me faria ceder a um pacto.

— Você é teimoso. — Taehyung comentou, mas havia um toque de admiração na sua voz.

Qualquer humano na situação de Jungkook facilmente venderia sua alma por um pouco de prazer.
Melhor uma vida curta e incrível do que uma vida longa e desprezível, isso fazia sentido na cabeça de Taehyung.

Nesse momento, um cliente entrou na loja. Jungkook se virou, focando em sua tarefa.

— Boa noite! — disse a jovem, com um sorriso radiante. — Você é novo aqui? sou a Rosé.

Jungkook retribuiu o sorriso, sentindo uma onda de conforto e positividade que emanava dela.

— Olá, Rosé! Sou sim! Me chamo Jungkook, O que você gostaria de comprar?

Ela começou a escolher alguns itens, e a conversa fluiu facilmente entre eles. Rosé parecia estar genuinamente interessada no que Jungkook tinha a dizer, fazendo perguntas sobre os produtos e dando apoio nesse seu novo emprego.

— Você trabalha aqui há quanto tempo, já que é novo, algumas semanas? — ela perguntou, enquanto Jungkook registrava suas compras.

— Na verdade, acabei de começar. É meu primeiro dia. — ele respondeu, um pouco envergonhado.

— Que ótimo! Eu tenho certeza de que você vai se sair bem. — ela elogiou. — Já está na verdade. — Sorriu simpática.

Quando ela finalizou a compra, sorriu mais uma vez e, antes de sair, disse:

— Que Deus lhe abençoe.

A frase atingiu Jungkook como uma onda de calor. Uma paz indescritível envolveu o ambiente, e ele sentiu como se estivesse cercado por uma aura de boas energias. Era como se todas as dúvidas e ansiedades que o atormentavam por um momento se dissipassem.

Taehyung, observando, franziu a testa, intrigado.

— Que foi isso? Eu hein, crente fica na rua até essas horas? — Taehyung disse.

Jungkook apenas sorriu, lembrando que, mesmo em meio ao caos, ainda havia pequenos momentos de alegria que faziam seu coração sorrir.

Taehyung sentiu uma inquietação dentro de si, uma espécie de desconforto que não conseguia ignorar. Aquela paz que envolvia Jungkook, algo que ele nunca havia presenciado antes, parecia estar ligada a algo maior. Um anjo da guarda? pensou, frustrado. Não podia ser, não em meio a tudo isso.

— Olha, Jungkook, você realmente deveria evitar se aproximar demais de clientes. — começou Taehyung, tentando parecer casual, mas a tensão em sua voz era clara. — É arriscado perder seu emprego, seu chefe vai gostar disso? Vai que uma delas tem alguma intenção estranha ou algo assim? Roubar você, se beneficiar, sabe como é, pessoas podem ser... imprevisíveis.

Jungkook apenas revirou os olhos, absorvendo a energia positiva que Rosé deixara para trás.

— Ah, por favor. — ele respondeu, desinteressado. — É só uma cliente simpática. Educação não faz mal não. Só não estrague meu dia com paranóias sem sentido não.

Taehyung cruzou os braços, estressado com a situação.

— Sério, você não entende? Já avisei. Se você fizer amizade, pode acabar se envolvendo em coisas que não pode controlar. Já vi isso acontecer antes.

Mas Jungkook estava perdido em seus próprios pensamentos, apreciando a calma que aquele dia lhe proporcionara. Não queria arruinar isso com preocupações infundadas.

— Eu estou bem, Taehyung. Deixe pra lá. Não quero estragar a vibe boa que estou sentindo agora.

Taehyung olhou para ele, preocupado, mas não insistiu. Algo dentro dele sabia que, apesar do desejo de proteger Jungkook das garras de um anjo, esse caminho era diferente. E, de alguma forma, aquela luz poderia trazer mais desafios do que ele estava disposto a enfrentar.
Anjos e demônios não se misturam, e se Rosé aparecesse e se revelasse para jungkook ele não pensaria duas vezes em quem escolheria para estar ao seu lado, e Taehyung sabia, ele não escolheria o demônio.

Jungkook olhou para Taehyung, intrigado com a preocupação repentina.

— Por que você está tão preocupado comigo agora? Um dia atrás, você queria que eu pulasse do telhado! — disse, levantando uma sobrancelha.

Taehyung ficou sem resposta, claramente desconfortável. No fundo, sabia que se importar com Jungkook era algo que não deveria fazer. Misturar-se com anjos não era parte de seu papel; as regras eram claras, e ele não queria complicar ainda mais sua existência. Ele respirou fundo, tentando mudar de assunto.

— Ah, esquece porra. — começou, forçando um sorriso. — Você está no seu primeiro dia de trabalho né? então fecha o bico e trabalha.

Nesse momento, Hoseok entrou na loja, e seu rosto se iluminou ao ver Jungkook.

— Ei, ggukie! — cumprimentou com entusiasmo. — Eu não perderia por nada esse dia especial!

Jungkook sorriu, aliviado por ver o apoio de Hoseok. O amigo se dirigiu até o caixa e começou a olhar os produtos. Depois de um momento, ele escolheu uma janta embalada da própria loja de conveniência, pagou e a entregou a Jungkook.

— Aqui, coma, hyung está cuidando de você. Você precisa se alimentar bem para aguentar essa nova fase! — disse Hoseok, com um sorriso caloroso.

Jungkook sentiu um calor no peito, apreciando o gesto. Taehyung observou tudo com um misto de frustração e perplexidade. Aquela conexão entre eles parecia tão pura, e ele não podia ignorar isso. Enquanto Hoseok e Jungkook conversavam animadamente, Taehyung se afastou um pouco, ciente de que sua presença poderia interferir nessa atmosfera positiva.

E por alguma razão, ele não queria que o dia de Jungkook fosse arruinado, ele é um demônio, e demônios atraem problemas.

— Quem sou eu para intervir no trabalho desses anjos? — Pensou consigo mesmo.

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Espero que gostem de mais um capítulo fresquinho ❤️

Devo continuar?

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