05
|w e n d y|
APESAR DOS vários dias que se passaram Day não sai da minha cabeça. O seu olhar fixo em mim e na Phoebe, a tranquilidade vinda deles era de arrepiar. Ainda é. Todos os dias eu acordo me perguntando se é seguro procurar os outros com Day tão perto. Não sei se seu instinto de vingança se foi. Não sei se ele ainda coloca a culpa de não ter os poderes como o resto de nós. Foi uma falha da sua vó, foi uma falha do seu sangue. Ele é tão estúpido em pensar que o que temos é alguma benção, é totalmente o contrário. Essa coisa acabou com a minha chance de ter uma vida normal, tenho que conviver com esse peso todo dia. Tenho que ter controle em algo que não entendo, algo que não queria em mim. Agora tem outra pessoa em toda esse historia, o Homem-Aranha, se foi visto ou não por Day não sei, mas logo vamos ter que dar satisfações por sair daquele lugar brancas de terror.
Peter anda ao meu lado, um silêncio confortável ronda ao nosso redor. Cada um em seu mundo, cada um com seus problemas. Tenho vontade de perguntar o que está pensando, mas prefiro ficar calada. Ando pela rua desconfiada, sei que tem pessoas trabalhando com quem mais temo, qualquer um pode ser. Outro peso cai sobre minhas costas, e se eu estiver colocando meus amigos em risco? Olho para meu amigo que toma seu copo de refrigerante, quando percebe que estou o observando abre um sorriso.
– Fazia tempo que a gente não saia. – puxo assunto, mesmo que não tenha necessidade para isso.
– Sabe como é, o emprego nas Industrias Stark é puxado. – seu sorriso desaparece aos poucos e fica pensativo por um tempo. – Entrou umas notavas lá e eu estou com medo que façam alguma besteira.
– É mais fácil que você faça alguma besteira. – zombo tentando tirar a tensão do seu rosto. Funciona, mesmo por apenas alguns segundos.
– Pois é. – abaixa a cabeça enquanto se fecha de novo. De novo, parece vagar pela sua cabeça. – Você esconderia algo de mim? – engulo seco e agradeço por ele não estar prestando atenção em mim.
– Eu não tenho nada para esconder de você, Peter. – a mentira sai mais fácil do que imaginava.
Parker brinca com nossos pés, colocando seu pé na frente do meu e pisando neles. Antes que eu revidasse sua brincadeira, ele para de andar bruscamente na calçada e olha para cima, acabo seguindo seu olhar. Estamos de um lado de mais uma construção inacabada no meio do Queens, a única coisa que podemos ver através do muro é um guindaste vermelho parado. Pelo menos, ele estava. Aos poucos sua garra começa a se mexer e toda a estrutura se inclinar.
Sinto uma mão puxando forte meu corpo para o outro lado da calçada correndo do impacto que vai acontecer a qualquer segundo. A qualquer segundo. Está demorando demais. Viro parando de correr e consequentemente Peter também. O guindaste continua inclinado, mas está inclinado no ar. Olho para minha mão livre, fechada em um punho. Quando eu parei aquilo eu não sei, só depois da adrenalina consigo sentir a força para manter aquilo parado. Peter olha rapidamente para a construção abandonada, logo desvia seu olhar para mim, me abraçando. Aproveito que ele não ver minha mão e manobro o guindaste, fazendo um pequeno barulho ao se chocar novamente com o chão.
– Você está bem? – pergunta depois de me soltar. Parece pouco se importar em entender como a máquina voltou para o lugar. Balanço a cabeça.
×××
Acordo assustada quando escuto barulhos vindo da sala. Sei quem é, mesmo essa hora da noite. Meu irmão tenta tirar sua gravata enquanto coloca suas papeladas na mesa de vidro. Ele está acabado, passa a maior parte do dia fora de casa trabalhando em um protejo que pode mudar a vida pessoal e profissional dele. Quando percebe que estou na sala abre um sorriso forçado.
– Eu te acordei? – pergunta tirando o palito, andando na minha direção. – Desculpa, eu evitei.
– Não tem problema. – digo e ele dá um beijo na minha bochecha.
Hill abre a geladeira e pega o chá gelado que sempre faço. Todos os dias penso o melhor jeito de contar ao meu irmão sobre meus encontros com o Aranha. Tenho certeza que ele surtaria, ele não me quer nessa coisa de herói. Eu menos ainda. E quando ele souber sobre Day, nem quero imaginar. Perco a coragem todos os dias quando vejo seu estado. Ele tem coisas demais para lidar, posso fazer isso sozinha.
Ele sempre me protegeu, de tudo. Desde que nos conhecemos crianças no orfanato, enfrentou Day todas as vezes que ele vinha para cima de mim, ele me acolheu quando fui expulsa. Agora é minha vez de lidar com meus problemas. Talvez um dia ele descubra. Talvez eu desapareça um dia e ele ligue os pontos. Sei que ele vai ficar chateado, mas é isso que vou fazer.
– Acho que o Peter pode desconfiar de mim qualquer dia desses. – me apoio no portal da cozinha e ele levanta uma das sombrancelhas por cima da xicará.
– Resolveu contar a verdade? – abre um sorrisinho. – Eu fiquei tanto tempo fora de casa assim?
– Não é nada disso. – reviro os olhos e conto tudo o que aconteceu esta tarde.
– Você sabe que eu acho uma besteira ele saber de você. – passa por mim dando ombros. – Agora vai dormi que amanhã você tem aula.
– Você também deveria ir dormir. – resmungo mesmo sabendo que isso não vai acontecer.
Vejo meu irmão abrir o notebook no meio de toda papelada jogada pela mesa. Mais um dia normal, que espero que logo acabe.
•∆•
esse capítulo bem chatinho só para mostrar mais a relação da Zara com o Peter e o Hill
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top