✿ surely we're bright enough to outshine the stars

✿ Olá, mores. ♡ Como vocês estão? Estou brotando aqui com essa oneshot KakaHina que eu escrevi em 2018, para o evento do Amigo Secreto do grupo Curtidores da SasuHina/BR.

✿ Essa é a minha primeira e única fanfic com esse casal. Embora eu seja muito apaixonada, tenho dificuldade pra escrever sobre os dois ~ menina chora ~. Foi por isso que pra primeira tentativa, eu escolhi Universo Alternativo, porque imaginei que seria mais fácil.

✿ Eu reescrevi a oneshot. Ela era menor, mas imaginei que poderia melhorá-la adicionando algumas cenas. Então quem já leu, vai ter coisa nova. ♡

TRADUÇÃO DO NOME DO CAPÍTULO: Com certeza nós brilhamos o suficiente para ofuscar as estrelas.

✿ Aviso que a história pode conter gatilhos, por favor, não leiam se não estiverem se sentindo bem.

✿ INSTAGRAM: devilwishess

✿ BOA LEITURA! ♡

Com licença, você é Kakashi Hatake? — A voz suave fez com que o homem levantasse os olhos da partitura que lia e mirasse na direção da porta, agora, aberta. Diante do silêncio, as bochechas dela adquiriram um tom maravilhoso de vermelho, e ela continuou, sem graça: — Desculpe o incômodo, mas é meu primeiro dia aqui e...

— Sou eu — respondeu por fim. Fechou a pasta com a partitura e se levantou da cadeira, ficando de pé em uma posição ereta demais. — No que posso ajudar?

— Bem... — A garota coçou a bochecha com o indicador, timidamente, para depois abaixar os olhos cor de pérola para os pés. — A secretária disse que você era o veterano que me apresentaria a Academia.

— Você é a aluna nova? — Ele tentou se lembrar qual era o nome dela, já tinham o comunicado sobre isso. Hm... — Hinata Hyuuga?

— Isso, essa sou eu — disse, um sorriso dançava em seus lábios cheios e avermelhados em formato de coração. — Prazer.

Os olhos pretos a analisaram por um breve instante antes de voltar para o rosto dela. Hinata sustentou o olhar dele por segundos que pareceram uma eternidade. Ela era linda, Kakashi notou. Claro, havia muitas garotas lindas na Academia de Belas Artes de Konoha, só que ele percebeu algo nos olhos dela que parecia excepcional: a felicidade genuína de estar naquele lugar.

— O prazer é todo meu. — Devolveu o sorriso, mas de um jeito muito sutil.

Hinata não conseguia se lembrar ao certo em que momento da sua vida tinha virado uma apreciadora de música clássica. Para ser mais exata, amava o som lindíssimo que saia do piano. Tinha crescido em uma família promissora: seu pai era maestro e sua mãe uma talentosíssima pianista, sua irmã mais nova era absurdamente boa no violoncelo, enquanto o irmão mais velho era um verdadeiro gênio no violino.

Não teve muito para onde correr quando suas raízes estavam fortemente cravadas no ramo musical, e nem era como se quisesse fazer outra coisa. Passou muitos anos estudando para chegar no nível da sua mãe, e alcançar o seu maior sonho: entrar na Academia de Belas Artes de Konoha — que era o mesmo lugar em que seus pais tinham se formado, muitos anos antes.

Quando pisou na Academia pela primeira vez, tinha apenas cinco anos de idade, e nunca tinha se visto tão encantada por algo. E era engraçado como isso não tinha mudado, agora, com dezoito anos, a mesma sensação invadia cada poro do seu corpo. A excitação e expectativa em se tornar grandiosa, em ser a melhor pianista de sua geração, a dominavam de um jeito que Hinata mal podia explicar.

Tudo que tinha sonhado — e mais! — estava ali, ao seu alcance, e foi por isso que agarrou a oportunidade com tudo que tinha. Desde o começo, sabia o que esperar; mas havia uma única coisa para qual ela não estava preparada: se apaixonar.

Hinata observou como Kakashi tocava o violino com maestria, os olhos escuros fechados, concentrado. Os traços do rosto dele eram incríveis: o maxilar quadrado, o nariz longo e afilado, os lábios finos. Ele tinha uma cicatriz que começava em um ponto acima da sobrancelha e ia até o começo da sua bochecha esquerda. Desde o começo, ela achou graça de como as sobrancelhas finas dele se curvavam de um modo que o fazia parecer sério ou zangado demais.

Ela amava escutá-lo tocar com tanta paixão. Ele era dedicado e talentoso. Só que também podia jurar que poderia ficar para sempre, só ali, parada, apreciando a obra de arte que Kakashi era. Seu coração batia rápido, desejando estar no lugar do violino, para que os dedos calejados a dedilhassem daquela forma quase obscena.

Talvez fosse tolice esperar que ele a correspondesse. Talvez tivesse entendido mal os sinais. Às vezes tinha a impressão que ele estava flertando consigo, sendo gentil demais, ajeitando a postura dela quando se sentava ao piano, ficando ao seu lado para ajudar quando não conseguia desenvolver bem alguma parte do exercício que estava praticando. Ou quando ele trazia capuccino e rolinhos de canela depois de um dia exaustivo de prática.

Eram gestos bobos que foram amarrando seu coração a ele, fazendo com que esperasse tão ansiosa pelo momento que o encontraria novamente no dia seguinte; que esperasse mensagens dele perguntando se ela estava pronta para a aula do dia para que pudesse dar uma carona até a Academia.

E no final da noite, quando a deixava em casa, Hinata desejava desesperadamente que ele se despedisse com um beijo.

— Hinata? — A voz dele surgiu como uma luz, puxando-a da profundidade constrangedora dos seus pensamentos. — Está tudo bem? Seu olhar ficou meio perdido por um tempo. Por acaso... — Um sorriso suspeito apareceu em seu rosto. — Eu estou te entediando?

— Jamais! — Hinata se apressou em responder, balançando as duas mãos na frente do corpo. Constrangida, acrescentou: — Foi lindo. De verdade.

Ele apertou os olhos, como se estivesse buscando algum sinal de que ela estava mentindo para agradá-lo, quando não encontrou nenhum, limitou-se a sorrir de canto. Kakashi amava a forma que Hinata o olhava, algo na expressão dela fazia com que tivesse vontade de apertá-la entre seus braços e nunca a deixar ir embora. Quando ela se sentava ao piano e tocava, tão entregue, tão apaixonada, era como mergulhar em um poço interminável do mais puro e cru prazer. Ao terminar, Kakashi sempre sentia vontade de beijá-la.

Já fazia algum tempo que o violinista tinha se dado conta de que estava apaixonado por Hinata. Eles passavam tempo demais juntos. No começo era só porque ele estava a ajudando a se adaptar com a vida na Academia, entretanto, depois, surgiu aquela necessidade de simplesmente estar perto dela, e quando viu, já era tarde demais para se afastar.

O sentimento floresceu sem que desse permissão, e tomou conta de si, de forma tão poderosa, que ele já não sabia mais o quanto poderia suportar até que a tomasse em seus braços. A forma que a Hyuuga sorria, fazendo com aquela covinha adorável surgisse em um lado só em sua bochecha, encantava-o de um modo que não sabia nem explicar. Os olhos leitosos, tão brilhantes, deixavam-no completamente hipnotizado, desejando que pudesse mergulhar neles sem nenhum medo de se perder. A voz dela era tudo. Quando ela tocava e cantava junto, era como se estivesse em uma caminhada sem fim até o paraíso.

— Você quer dar uma volta? — ele perguntou depois de olhar brevemente na direção da janela gigantesca, que dava visão para o jardim incrível da Academia. Afinal de contas, era primavera.

— Quero! — Hinata aceitou prontamente, eles estavam praticando há bastante tempo e suas pernas estavam ficando dormentes, de tanto tempo que já tinha ficado sentada.

Depois de fechar a sala de treino apropriadamente, os dois saíram, caminhando lado a lado em completo silêncio. Hinata sentia o estômago revirar de um jeito engraçado, o nervosismo falando alto, queria muito segurar a mão dele e entrelaçar os dedos ali de forma carinhosa. Porém, se segurou e entrelaçou as duas mãos nas costas, tomando cuidado para não ser pega o olhando pelo canto dos olhos.

Quem diria que seus sentimentos fossem tão intensos a ponto de ter que apertar as próprias mãos para não cometer uma loucura — que era segurar a mão de um rapaz! Presa dentro da própria confusão, Hinata mal podia notar como Kakashi remexia os dedos dentro do bolso do seu casaco escuro, inquieto, desejando estar mais perto.

Eles alcançaram a parte externa da Academia, exatamente onde ficava o jardim. Kakashi estava ciente de que a Hyuuga era apaixonada por flores. Meses atrás, ela tinha comentado que um dos seus principais hobbies quando era criança, era prensar flores. Nisso, tinha aprendido bastante sobre elas e seus significados.

— Lírios brancos! — Hinata exclamou assim que se deu conta da presença daquelas flores. Eram suas favoritas. — Nunca tinha visto elas em Konoha!

Ela se agachou na frente do canteiro, apreciando a beleza dos lírios, genuinamente feliz, esquecendo-se do seu estado anterior de completo nervosismo. Passou os dedos pelas pétalas grandes e aproximou o rosto para sentir o cheiro forte.

— Flores não tem um significado? — Kakashi perguntou, as duas mãos enfiadas no bolso do casaco. Ela assentiu com a cabeça, sem olhá-lo. — O que essas significam?

— Hmm... — A pianista fingiu não se lembrar. Antes de falar, sentiu as bochechas esquentarem, porque o momento parecia oportuno demais. — Elas podem significar muitas coisas: inocência, lealdade, pureza de corpo e alma e — Engoliu em seco — amor incondicional.

Kakashi se agachou ao lado dela, sem dizer uma palavra, e tirou uma flor com cuidado, para não machucar o restante. O cheiro era forte, mas muito agradável. Quando olhou para Hinata, o rosto dela estava vermelho, como se tivesse acabado de revelar um detalhe constrangedor de sua vida. Virou-se devagar para ela e afastou uma mecha do cabelo longo e preto-azulado, depositando a flor entre os fios escuros. Os orbes perolados acompanharam os movimentos dele, que pareciam lentos demais, e antes que ele tirasse a mão da lateral da sua cabeça, Hinata a segurou, com as duas mãos, mantendo-a ali.

Os dois se levantaram, devagar, ao mesmo tempo. As mãos dela eram quentes e acolhedoras e a pianista sentiu vontade de fechar os olhos para fugir daquela rebelião de sentimentos que ameaçavam arrebatá-la com tudo. Tinha tomado coragem para segurar a mão dele, mas e agora? O que deveria fazer a seguir? Era o momento certo para se declarar?

Quase como se estivesse lendo os seus pensamentos, foi o violinista que deu o próximo passo ao colocar a mão livre do outro lado do rosto feminino. Agora, segurando o rosto dela firmemente entre suas mãos calejadas pelo constante manejo do violino. A respiração de ambos estava ofegante, os olhos grandes e perolados o encaravam com expectativa, desejo, uma infinidade de outros sentimentos que eram desconhecidos tanto para ele como para ela. Os lábios vermelhos em formato de coração se encontravam entreabertos, quase gritando pelos dele.

Suavemente, Kakashi foi de encontro a ela. Os lábios se uniram no segundo seguinte e ele provou o gosto doce da boca dela, macia e cálida. A língua se enrolou na de Hinata, devagar, igual a uma das canções que eles costumavam praticar juntos. Os dedos de Hinata se entrelaçaram no cabelo prateado e ela trouxe o corpo dele para mais perto de si, desejando mais, muito mais daquele contato abrasador. Ele provou cada detalhe, cada nota do som ensurdecedor das batidas do próprio coração, sentindo-a suspirar entre seus lábios, apaixonada, entregue.

A mente dele ficou em branco e depois preta, azul, vermelha, amarela; foi como se uma folha em branco de uma partitura estivesse na sua frente e a melhor canção de todos os tempos acabasse de ter sido escrita. E a musa inspiradora era ela.

Era Hinata.

A garota, a mulher, a pianista. Tão entregue, tão dele, bem ali, em seus braços.

Era Primavera quando ele pensou que jamais a deixaria ir.

Hinata gemeu quando sentiu os seios serem pressionados no vidro escuro e gelado. Ela espalmou as duas mãos, ansiosa, quando Kakashi desceu sua calcinha em uma velocidade invejável e encostou a ereção entre suas nádegas. Ela suspirou ao senti-lo tão perto de sua entrada molhada; a mão masculina e calejada se prendeu na cintura fina com força, enquanto a outra deslizava até o clitóris inchado e necessitado de atenção, onde ele esfregou com a ponta dos dedos, sentindo-a lambuzá-los completamente.

Ela remexeu os quadris contra ele, procurando pelo atrito maravilhoso do sexo dele contra sua bunda, enquanto ele a masturbava devagar e fazendo pressão exatamente do jeito que ela gostava. Os lábios dele sugaram um ponto em seu pescoço e ela empinou mais, sentindo a mente ficar em branco quando Kakashi aumentou a velocidade dos dedos. A sua intimidade pulsava, querendo mais, muito mais, ele se mexeu atrás dela, empurrando a ereção com mais força. Hinata abriu a boca em um gemido mudo, gozando, e antes que pudesse se recuperar, ele a penetrou de uma vez só. Foi tão bom que ela jurou ter visto estrelas.

Seu sexo sensível o acolheu perfeitamente, pulsando ao redor dele, completamente lambuzado pelo seu orgasmo anterior. Os dedos do violinista continuaram dedilhando seu clitóris à medida que a fodia com força e devagar, saindo quase completamente, só para entrar no segundo seguinte, tocando-a em um ponto perfeito. Toda vez que batia ali, Hinata sentia os olhos revirarem, tamanho o prazer que sentia.

Com cuidado, com a mão que antes estava em sua cintura, o Hatake subiu para o rosto dela e fez com que ela virasse um pouco para o lado e pudesse beijar os lábios femininos com volúpia. A língua aveludada abafou os gemidos que insistiam em deixar a boca dela e ajudou-o a conter os próprios grunhidos de prazer ao se afundar nela cada vez mais, tão avidamente, tão desejoso.

Tão bom. Deus! Como era bom.

Ele só parou de beijá-la quando percebeu que Hinata estava próxima de outro orgasmo, queria poder ver a expressão genuína de prazer quando a fizesse chegar . Aumentou a velocidade dos dedos na masturbação e continuou se afundando nela no mesmo ritmo, porque tinha plena ciência que não precisava ir mais rápido para que ela se derramasse ao redor dele.

— Kakashi — ela gemeu profundamente, a intimidade pulsou outra vez e orgasmo tomou conta de si, o corpo inteiro se resetando nos braços dele.

O violinista tomou a boca feminina outra vez e soltou um grunhido primitivo quando também atingiu o próprio ápice. Mesmo no fim, mergulhados na letargia do prazer, ele continuou a beijando, devagar, com amor e paciência — como se eles não tivessem acabado de transar em um lugar público, afoitos demais para esperar chegarem em casa.

— Bela apresentação — ele elogiou com a voz rouca ao depositar beijos estalados pela nuca desnuda por conta do penteado alto que ela usava.

— Obrigada — ela agradeceu e se abaixou para colocar a calcinha e o restante da roupa no lugar. Quando se virou para ele, um sorriso dançava em seus lábios carnudos, borrados de batom. — Você acha que eles vão me chamar para a orquestra?

Kakashi também ajeitou a própria roupa e não demorou muito a respondê-la:

— Hinata, a não ser que eles sejam surdos e cegos, com certeza vão te chamar. Você foi muito bem, não se preocupe. — Rodeou os braços ao redor dela quando a Hyuuga procurou o seu toque carinhoso. O queixo descansou em cima da cabeça dela, o cabelo dela cheirava a lavanda fresca. — É melhor voltarmos antes que sintam nossa falta.

Minutos antes, Hinata tinha acabado de apresentar seu primeiro concerto solo. Ela era promissora, sempre soube disso. E vê-la ali, naquele palco, prestes a alcançar o sonho de toda a sua vida, enchia-o de um orgulho tão grande, que mal conseguia encontrar palavras para descrever a magnitude do que sentia.

— É verdade — Hinata concordou e ergueu a cabeça para encará-lo. Fez um beicinho, esperando que ele a beijasse mais uma vez antes que precisassem ir. Cinco anos depois do primeiro beijo deles e ela ainda o amava desesperadamente. — Me dá outro.

Ele tirou uma mecha úmida do cabelo dela — que tinha saído do penteado alto — e a colocou atrás da orelha, para só depois beijá-la outra vez, da forma mais carinhosa e amorosa possível. Ela fechou os olhos, deliciando-se com o contato e não voltou a abri-los quando ele se findou. Olhando para o rosto dela, Kakashi teve uma espécie de epifania, e foi por isso que ele disse, sem sequer pensar duas vezes:

— Você quer se casar comigo?

Era Verão quando Hinata disse "sim" para o homem que era o amor da sua vida.

A música animada que tocava no rádio não combinava em nada com o humor das duas pessoas dentro do carro. Hinata mal escutava, os olhos claros presos na paisagem escura do lado de fora da janela, que passavam como um borrão assustador.

Aquilo sim definia o seu humor.

Kakashi não ousou dizer uma palavra enquanto dirigia de volta para casa. A aura ali dentro era extremamente densa e pesada. Além disso, ele não sabia o que dizer. Falar "eu sinto muito" não adiantaria em nada — por mais que ele realmente sentisse —, e simplesmente não conseguia fazer uma promessa que tudo ficaria bem quando ele não tinha tanta certeza disso.

A dor dela era a dele também. Mas jamais conseguiria entender a profundidade do sofrimento de Hinata depois de ter tido dois abortos espontâneos. Mais de uma vez, ele repetiu que não era culpa dela, para que ela não se martirizasse por algo que estava fora do seu controle.

Quatro anos casados e ela se sentia horrível por não conseguir dar filhos a ele. Tinha realizado tanto, alcançou seu sonho de entrar na orquestra sinfónica de Konoha; tinha se tornado uma das pianistas mais grandiosas de todo o país e já fazia quase dez anos que estava ao lado do homem da sua vida.

Hinata sentiu as lágrimas escorrerem pelo seu rosto, porque ela sabia o quanto Kakashi desejava ser pai, e ela parecia incapaz de conceder esse desejo a ele. A dor dilacerava-a por dentro, a um ponto que era difícil respirar. Em um instante, os soluços se juntaram as lágrimas e o som preencheu o carro se juntando com a música.

O Hatake odiou vê-la daquele jeito.

Parou o carro no acostamento para poder abraçá-la com força, querendo absorver todo o sofrimento dela para si próprio. Os dedos de sua esposa se fecharam na manga da sua camisa e as lágrimas encharcaram o tecido escuro.

— Desculpe, desculpe — ela repetia, mais de uma vez, debilmente.

— Não me peça desculpas, Hinata — ele murmurou contra o cabelo dela, os olhos fechados com força. — Não é sua culpa.

Suas palavras de nada adiantaram, porque logo ela chorou ainda mais, resfolegando, incapaz de se acalmar.

Era Outono quando as pétalas de Hinata caíram e ela nunca mais foi a mesma.

A primeira coisa que Kakashi pensou quando pisou na entrada do teatro, era que ele não deveria estar ali. Ele respirou fundo, vendo sua respiração se condensar em uma nuvem engraçada bem na frente do seu rosto. Segurando um único lírio branco, olhou para a flor solitária em suas mãos deixando a mente vagar.

Agora era inverno em Konoha, e essa estação costumava ser extremamente rigorosa na cidade. Tanto que a maioria das pessoas ficavam entocadas em casa e pouquíssimos carros eram vistos nas ruas, por conta do acúmulo de neve nas pistas. O ar gelado fazia com que os pulmões do Hatake ardessem — na verdade, ele não tinha certeza se era pelo frio ou pela angústia — e foi por isso que ele decidiu entrar no lugar depois de ponderar por mais alguns segundos.

Quando finalmente entrou, apreciou o calor do ambiente, que ajudava a dissolver a neve presa em suas botas e no seu sobretudo bege. Com um gesto ameno, ele recusou quando um funcionário se aproximou para pegar o seu casaco; não pretendia ficar muito, Kakashi tinha prometido para si mesmo, que seria a última vez que visitava aquele lugar.

Então, apenas aceitou o folheto, em que estava escrito a ordem das músicas que seriam apresentadas naquele concerto e se dirigiu até a sala principal. Grande parte das cadeiras da frente já estavam ocupadas, ele teria ficado decepcionado se estivesse indo ali com a intenção de ser notado; por isso, não se importou em procurar um lugar para sentar na última fileira de poltronas confortáveis.

Não suportaria olhar a dona dos orbes claríssimos, feito pérolas brilhantes, nos olhos. Porque Kakashi sabia que ali encontraria a certeza que tudo tinha acabado, a certeza que ela não o amava mais.

A primeira música fez com que ele se lembrasse do primeiro beijo deles. Era Primavera e ele conseguia se recordar com perfeição a maneira que os lábios dela se entreabriram para recebê-lo avidamente. A forma que os dedos dela tinham se fechado em seu cabelo e ela suspirou entre seus lábios.

A segunda música fez com que se lembrasse dos dias frios em que a preguiça de praticar na Academia falava mais alto e eles dividiam o fone de ouvido, deitados na cama debaixo do edredom, as pernas entrelaçadas para se aquecerem. Esses pequenos momentos o deixavam incrivelmente inspirado e assim que a responsabilidade chamava, a primeira coisa que Kakashi fazia era compor uma nova canção; porque os pensamentos sobre Hinata eram mais inspiradores e amáveis do que qualquer outra coisa.

A terceira música fez com que se lembrasse da lua de mel. Era Verão e Hinata viajou para fora de Konoha pela primeira vez em toda sua vida. Eles foram para as Bahamas e tiveram uma experiência incrível. Lembrava-se de como ela parecia uma criança na água, fazendo-o a perseguir por vários metros. E quando a alcançava, enchia-a de beijos calorosos que transmitia tudo que sentia por ela.

Não teve nenhuma música que lembrava o Outono e Kakashi sabia o porquê.

As lembranças vinham como uma enxurrada, até que ele estivesse se afogando dentro delas, incapaz de nadar contra a correnteza, apenas afundando e afundando. Amava-a, nada mudaria isso. Ninguém poderia dizer o quanto ele estava arrependido em deixá-la ir embora.

Foram doze anos juntos. Os anos mais felizes de toda a sua vida. Deveria ter lutado mais por ela, deveria ter consolado o amor da sua vida melhor. Ter dito que eles podiam adotar ou que simplesmente não precisavam de filhos. Queria voltar no tempo e fazer o amor deles florescer outra vez, e se o Outono chegasse novamente, ele garantiria que as pétalas voltassem a crescer. Se não crescessem, não importava também, ficaria ao lado dela.

Mas foi um covarde e só observou a bela flor que Hinata era, definhar em suas mãos, sem fazer nada. Pensou que libertá-la dele faria com que o brilho voltasse para os olhos cor de pérola que ele amava tanto; imaginou, de verdade, que a fonte de todo o sofrimento era ele, que ela ficaria bem depois que ele pediu o divórcio.

Tão tolo.

Tão burro.

Kakashi levantou-se da poltrona antes do concerto terminar. Foi de encontro a mesa de presentes para a artista, onde depositou o lírio branco solitário com um cartão. E foi embora, dessa vez, tentaria não voltar. Hinata deveria estar feliz com sua nova vida, deveria deixá-la ir.

Então ele partiu, pela primeira vez, sem olhar para o palco antes de sair pela porta.

— Quem deixou isso? — Hinata perguntou, curiosa, ao segurar a flor solitária e trazer para perto do rosto. — Nunca ninguém trouxe um lírio branco. Foi você, querido? — Virou-se para o marido com um sorriso.

— Não, meu presente não está aqui. — Sorriu de volta e ela piscou algumas vezes, confusa. — Deve ter um cartão, procure bem, eu vou buscar o carro para irmos embora, tudo bem?

Hinata balançou a cabeça em concordância e voltou a atenção para a flor. Foi até a mesa onde tinha a pegado e afastou os demais presentes, procurando por uma pista de quem tinha deixado aquilo. Encontrou o cartão entre outras flores, conheceria aquela caligrafia pequena e caprichada em qualquer lugar. Seus olhos se encheram de lágrimas. Havia somente uma frase:

Era Inverno quando Kakashi viu Hinata pela última vez. 

Então, acho que vocês querem me dar um tiro HAHAHAHHAHAHAH. Eu, sinceramente, não faço ideia do porquê eu faço isso comigo mesma e com vocês. KKKKKKKKKKKKKKKKK. Eu lembro que na época eu tentei escrever algo feliz com SasuHina pra minha amiga secreta, e não saia porra nenhuma, tentei o KakaHina e saiu uma oneshot de 600 palavras, que tinha um teor bem triste (o final era igual a esse), mas menos pesado do que o dessa versão aqui.

Acho que só devo gostar de escrever sofrimento mesmo, sajksakjjskajksajkas. Me desculpem? Espero que tenham gostado mesmo assim, eu fiquei um pouco emotiva escrevendo, não minto. ♥

Se puderem, votem na oneshot e me digam o que acharam! Quem sabe depois eu escreva algo feliz KKKKKKKKKKKKKK. 

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