‹⟨ Episódio 4 ⟩›
A noite estrelada se faz presente. Todas já estão em seus postos ou dormindo. Na montanha ao lado da torre do nosso arsenal, me preparo e tomo coragem pensando no que estou prestes a fazer. Tá, fique tranquila, você consegue, Diana. Olho para a torre, respirando fundo, corro para trás para pegar mais impulso. Olho para onde tenho que alcançar, começo a correr para frente o mais rápido que posso, movendo minhas pernas. Quando chego na ponta do penhasco, pulo indo com meu corpo contra a grande parede do arsenal e agarro um concreto exposto. Consegui! Em segundos, ouço o som de pedra rachar, de repente despenco caindo.
—ahh!! Ahhh!!—grito desesperada tentando me agarrar a algo.
Enquanto tento me agarrar, meu punho quebra o concreto e consigo me segurar. Ah, graças a Zeus. Espere um minuto... Penso numa ideia que me ajudará a subir. Batendo minha mão com força na parede, abro outra cratera e me agarro a ela. Isso! Começo a fazer isso repetidas vezes, escalando a grande torre conseguindo chegar no topo. Enquanto escalo, um sorriso de mostrar os dentes se planta em meu rosto por ver do que estou conseguindo.
Ao chegar no topo, pulo a janela me agarrando ao ferro que a contorna e acabo amassando. Percorro o segundo andar do arsenal procurando os equipamentos que precisarei.
Apanho o escudo forjado por Hefesto. Pego o laço de Héstia, enviado por uma flecha para as Amazonas do monte Olimpo.
Já estou com meus braceletes, forjados do escudo de Zeus. Pulo direto para o primeiro andar, dando de cara com ela, a Matadora de Deuses. Respiro fundo e penso no poder que irei empunhar. A pego e a sinto em minhas mãos. Vejo as escritas em sua lâmina afiada, me sinto honrada por usar tamanha arma. Quando estou de saída, percebo a armadura sagrada das Amazonas, é belíssima. Sua cor vermelho e dourado são lindos, decido pegá-la também.
Depois de tudo pronto, visto minha capa e capuz seguindo para a prisão. Fico a espreita observando as guardas que estão vigiando a cela do homem. Saio das sombras e sigo para lá tranquilamente, escondendo com a capa que me cobre, que elas vejam minha armadura e equipamentos.
—princesa? Acordada essa hora?—uma delas se espanta com a minha presença.
—sim—me aproximo delas pondo minhas mãos em seus rostos—me desculpem—bato a cabeça das duas, uma contra a outra as fazendo cair desacordada. Olho para o homem que antes estava no tédio mas agora tem algo para se entreter—parece estar no tédio. Quer uma ajuda para sair daí?—pergunto sorrindo.
—ah, claro. Tô aceitando—ele diz meio sem jeito.
Pego as chaves que está com uma das guardas e abro a cela.
—pronto. Há um barco a nossa espera na praia. Vamos!—falo seguindo para fora dali.
—ei, espera!—o homem me segue.
Ao chegarmos na praia, avistamos o barco.
—é pequeno, mas dá pro gasto—o ouço falar.
—não reclame. Podeira passar o resto da vida naquela cela. E acredite, não é bom ser mantido preso aqui. Principalmente se é um homem—falo para o mesmo que se assusta. Não posso deixar de achar engraçado o medo dele.
Barulho de cascos de cavalos batendo no chão chegam até nossos ouvidos. Me viro e vejo minha mãe parando seu cavalo e descendo do mesmo acompanhada pela guarda real e Antíope.
—prepare o barco, eu me entendo com ela—falo sem virar o rosto para o homem. O sinto indi fazer o que pedi.
Vou de encontro a minha mãe que me espera.
—tem noção do que está prestes a fazer?—ela pergunta incrédula na minha decisão.
—sim, minha mãe, tenho. Vidas inocentes etão sendo perdidas! E eu lutarei para salva-las—falo determinada—lutarei por aqueles que não podem... Não tente me impedir.
—se escolher ir, sabe que não poderá voltar. Está disposta a trocar tudo que tem, o futuro como rainha de nosso povo, pelo mundo dos homens?—sua voz se eleva um pouco.
Com a sua pergunta, uma forma de respondê-la sem mentiras é o que estou prestes a fazer. Pego o laço de Héstia e o enrolo em meu pulso, imediatamente ele brilha.
—pergunte de novo, minha mãe—digo séria.
—ah, por Atena. Por que faz isso? Pode morrer se ir!—em seus olhos, formam poucas lágrimas.
—e quem serei eu se ficar?—também não consigo controlar o brilho de lágrimas em meus olhos.
—Diana—Antíope vem a frente—eu... Tenho algo para você—ela retira sua tiara e entrega em minhas mãos—um dia pertenceu a mim, hoje, pertence a você: a maior guerreira do nosso povo. Use com sabedoria—aceno para ela que se volta para o seu lugar, igualmente emotiva. Minha mãe se aproxima.
—tome cuidado, Diana. Lá fora é um lugar perigoso e perverso, não teriam pena de você. O mundo dos homens não merece você—sinto suas mãos macias pousarem sobre os lados de meu rosto—houve um dia que você foi o meu maior orgulho—sorrio junto com ela com uma lágrima escorrendo pela minha face—hoje... Você é a minha maior decepção—meu sorriso se desmancha junto com o dela, que se vira de costas para mim.
Sem mais o que fazer aqui, sem mais o que me prender aqui. Viro as costas e sigo para o barco, sem olhar para trás, com algumas poucas lágrimas em meu rosto. Ao subir no transporte que já está preparado pelo homem, ele dá partida. Vejo minhas irmãs e mãe ficando longe conforme nos afastamos. Fico agarrada a corda do mastro observando enquanto parto embora. Ao passar pela barreira mágica, uma névoa densa toma minha visão. Antes eu via as poucas tochas acesas que emitiam uns pequenos pontos de luz, agora, só vejo névoa e escuridão.
POV Hipólita
—não deveria a ter deixado partir—ouço Ártemis.
—e como iríamos impedi-la?—indago ainda observando por onde minha filha partiu.
—alvejando sua perna, não perto de uma artéria, claro—sorrio por sua fala.
—séria uma ótima rainha, Ártemis—rio.
—devia ter contado a verdade—ouço minha irmã que se põe ao meu lado e meu sorriso se desmancha.
—quanto mais ela souber, mais rápido ele irá encontrá-la—falo seria olhando o grande mar a nossa frente.
POV Diana
Entramos em mar aberto, quando me viro, Steve está arrumando sacos com panos.
—o que está fazendo?—pergunto para o homem.
—eu? Ah, ah, eu achei que você quisesse dormir—ele explica assim que termina de arrumar o local.
Vou até a área em que ele ajeitou para mim. Foi muito gentil da parte dele. Me sento nos panos.
—você... Também não vai dormir?—pergunto a ele—homens não dormem?
—sim, sim, nós dormimos... Só que... Só que não com...
—não dorme com com mulheres?—completo
—sim, não, quer dizer, eu durmo com mulheres mas só em uma relação—ela fala parecendo meio sem jeito, ou estou enganada? Penso um pouco no que ele falou.
—então só pode deitar aqui se tivermos uma relação...?
—se você insiste tanto nisso, eu durmo com você aí, não tem problema, zero problema.
—acho... Que não teria problema.
—sim, sim, eu sei. Já estou indo, estou indo—ele se junta a mim e deita ao meu lado.
Me ajeito ao seu lado deitando na cama improvisada. Batendo os dedos em minha perna, sinto o silêncio percorrendo o barco e o barulho de ondas calmas sobre o céu escuro estralado o acompanhando.
—você... Você nunca viu um homem?—ele quebra o silêncio—quer dizer, você nunca conheceu seu pai?
—eu não tenho pai—falo tranquilamente—minha mãe me esculpiu do barro e Zeus me deu vida—explico para ele.
—hmmm... De onde eu venho, os bebês são feitos de outra forma...—acredito que seja constrangedor para ele explicar isso, e também eu sei sobre esse assunto.
—está falando da reprodução biológica—falo para ele.
—sim, você sabe.
—é eu sei.
—mas não fazemos somente pra isso...
—está falando dos prazeres da carne. É, eu sei tudo sobre isso—digo para o homem.
—hmmm... Legal, pode ser útil.
—só se eu encontar alguém para isso.
—é, tem razão. Vamos manter os bebês feitos de barro. Bom, boa noite... Diana—última coisa que escuto antes de tudo escurecer e pegar no sono.
[...]
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