Lágrimas da Inocência

As gotas grossas das lágrimas de Hyunjin pingavam sobre a neve, enquanto observava o que restava da sua casinha cair contra o chão.
Seus pais estavam desaparecidos faziam uma semana, a comida havia acabado, porém Hyunjin era um filho bonzinho, quando seu pai disse que "logo voltaria", acreditou em suas palavras e por isso, passou todo esse tempo tomando conta de seu pequeno maninho.

Talvez até seus pais tivessem com dificuldade de achar comida, mas agora, com a casa aos pedaços, não conseguia parar de chorar, enquanto era apenas uma bolinha de frio no meio dos escombros.
O pequeno Ômega havia descoberto formas de sair em segurança, engatinhando por de baixo dos escombros, pedaços de madeira que antes pertenciam ao teto, restos dos móveis que caíram e se partiram em minúsculos pedaços, além de restos do granizo que a dias não parava de cair.

Quando finalmente o granizo parou, Hyunjin decidiu, iria atrás de comida, pois seu maninho chorava de fome, isso poderia atrair criaturas famintas. O pequeno Ômega sabia de muita coisa graças aos pais que o ensinou sobre a sobrevivência naquele tipo de ambiente, porém nunca saberiam sobreviver a uma catástrofe natural neste nível, não quando o lugar aonde cresceram jamais derramou mais do que algumas míseras gotas de chuva.

O solo que apenas aceitava mudas de Pinheiros e Cerejeiras para serem plantadas, agora era uma mera mistura de lama, neve e solidão.
Quando o pequeno Ômega buscou se aventurar para fora de sua casinha, ou o que deveria ser uma, apenas se deparou com a paisagem tão querida, tomada pelo branco e marrom da lama que o chão repleto de terra formava.

A criança tomou coragem, permitindo suas lágrimas caírem, entrou na floresta, mesmo descalça, pois estava faminto e sabia que seu irmãozinho também estava.
Quando o deixou dormindo, estava convicto de que traria algo que iria o alimentar quando ele acordasse, então precisava ser esperto e buscar alimento, pelo menos até seus pais voltarem.

Quando atravessou a floresta, não deu chance ao medo infantil de ficar sozinho em um lugar como este, repleto do branco da solidão, apenas caminhou corajosamente, porém ainda assim, permitia suas lágrimas que caíssem, escorregando pelas fartas bochechas até pingar sobre seus pés, que a essa hora, estavam queimando pelo frio.

Não sabia dos perigos de andar descalço no gelo e neve, mas ainda assim, mesmo se ele soubesse, a fome falaria mais alto, uma hora ele precisaria retornar para casa e iria apenas quando tivesse comida em mãos.

Por isso apertou os passos, não poderia se dar ao luxo de deixar seu irmão sozinho por muito tempo.
Sabia que o lago deveria estar congelado, já que até uma folhinha no qual pisou, estava congelada e se quebrou, então não poderia pescar.
Sabia que não haveriam frutas, pois elas não existem nessa floresta.
Animais eram difíceis de serem pegos, principalmente ao jovem Hyunjin, cujo os pais criaram com todo amor possível, o ensinando a caçar apenas criaturas pequenas em caso de extrema fome, como este momento implorava, mas... Veja bem, ele não havia encontrado nenhum coelhinho.

Estava assustado, era acostumado com o silêncio de morar longe da vila, mas reconhecia que quanto mais próximo ao vilarejo estivesse, mais barulho escutava, porém por qual motivo o silêncio reinava?

Deveria ser reconhecido por sua coragem quando seus pais voltassem, pois mesmo com a vila aos pedaços e as casas arrombadas, o rapazinho continuou caminhando, imaginando que aquele estrago teria sido causado pela mesma tempestade que estragou sua casinha.

Os inocentes olhos dourados não perceberam as trilhas de sangue que a neve tentava esconder, não notou os restos miúdos de corpos partidos pelo caminho, já que seus pezinhos não faziam pressão o suficiente para pisar em seus restos conforme andava.

A dor que sentia em seu pé era bem grande, mas ainda assim, não se comparava a fome.
Quando encontrou uma casa quase inteira, pensou que nela acharia comida, por isso entrou, tímido, temendo que fosse visto.
Seus pais iriam brigar consigo, eles ensinaram que roubar era errado, mas sua barriga doía muito e seu irmãozinho a qualquer momento acordaria chorando, então precisava levar ao pequeno comidinha.

Invadindo a moradia partida, foi diretamente a cozinha, abrindo o armário aliviado por não ver ninguém que podesse representar perigo a si.
Não tardou a abrir o próximo armário, não havia comida, tudo havia sido pego, além de uma embalagem vazia de aveia.

Seus olhos não conseguiram evitar, as lágrimas escorreram em desespero, não havia comida ali.

Novamente, o rapazinho correu, entrando em outra casa, essa que parecia pior que a anterior, pois não havia nem embalagens vazias.

Sem pestanejar, correu até a próxima, recorrendo a esse ciclo de invadir casa por casa, até que em uma, não haviam formas de entrar, ela estava tão destruída, que a única passagem era entre os cacos de vidros quebrados da janela partida ao meio.

Hyunjin engoliu seco, subindo nas pequenas toras de madeira, escalando os escombros com todo cuidado do mundo, tentando usar todo o seu talento com suas aventuras em escalar árvores e montanhas escondido de seus pais.

Quando conseguiu chegar ao que parecia a cozinha, um sorriso rasgou seus lábios, vendo que havia sim comida ali, havia arroz, havia feijão, havia aveia e nozes.
Não foi um bobo, pegou uma sacolinha de pano que levou consigo por baixo da roupinha, catando o máximo que conseguia, logo subindo tudo novamente e saindo dos escombros.

Uma pena, os olhos inocentes não notaram os corpos multilados naquele casebre caído, assim como não percebeu o corpo de um bebê esfaqueado a baixo de seus pés, apenas a algumas madeiras quebradas de distância.

O pequeno Ômega correu floresta a dentro, levando comidinha para seu irmão, no qual de longe, temia ouvir seu choro, afinal, isso atrairia animais carnívoros.

Porém a pobre criança não sabia que os animais carnívoros de longe seriam o pior perigo.

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