001

— Yuji Itadori deve ser sacrificado!

As palavras reverberaram por todo o salão de reuniões, naquele momento, foi como se o pequeno cômodo tivesse se expandido e as paredes passassem a transmitir eco da fala dos anciãos, que diferente dos três feiticeiros a frente, não pareciam nem um pouco abalados com a ideia de assassinar um jovem garoto.

Eve olhou entre seus dois amigos, Suguru tinha o maxilar rígido, os olhos sem emoção alguma, como se ele estivesse se esforçando para não demonstrar o abalo naquela ordem. Do seu outro lado, Satoru soltava um suspiro pesado, enfiando as mãos no bolso de sua calça. Ele demonstrava certa apreensão, já que fora o responsável por encontrar o hospedeiro de uma das maldições mais poderosas que já existiram no mundo Jujutsu.

Ela não podia dizer exatamente o que se passava na cabeça dos outros dois feiticeiros, mas na dela, ela só conseguia pensar no quanto odiava aqueles malditos velhos e suas leis. No quanto ela adoraria ver o sangue dele esvaindo por seus corpos frágeis, em como ela gostaria de tirar o olhar frio deles e transformar em puro terror. — Isso era errado, doentio e não deveria se encaixar no perfil de uma feiticeira do nível dela. — Mas eles eram assassinos, escondidos em faces de boas pessoas, que se julgavam os donos do mundo Jujutsu. Onde a morte de uma criança não importava para eles, desde que alcançassem seus objetivos. — Então por que ela deveria se importar com quem não se importava?

— Ele absorveu um dos dedos e lidou muito bem com isso, acredito que poderíamos utilizar a nosso favor.

A voz de Satoru, fez com que Eve o encarasse. Assim como os anciãos, ela obteve a mesma expressão de confusa. Onde ele queria chegar com aquilo?

— Fale mais a respeito disso. — Um dos velhos incentivou, balançando a mão para que o platinado continuasse.

— Se ele conseguir comer os vinte dedos do Sukuna, podemos mata-lo depois disso. E junto, também eliminar o rei das maldições.

A expressão da albina se tornou de puro choque ao ouvir tais palavras sairem da boca de seu companheiro.

Ele realmente tinha acabado de concordar em matar um simples garoto?

— Não! — A mulher deixou escapar num tom alto demais, que ecoou pela sala, assim como ocorrera antes na sentença dos anciãos. O que atraiu a atenção de todos para ela. — Deveríamos estar cogitando uma possibilidade de salvá-lo, não utilizá-lo como isca para assassiná-lo depois. Não fazemos esse tipo de coisa.

— Os sacrifícios são necessários, Eve.

— Não, não dessa forma. Existem soluções, mas vocês são medrosos demais. Um bando de covardes que não tem coragem de bater de frente com as maldições, por isso enviam crianças para se sacrificarem no lugar de vocês...

— Eve... — Ela sentiu um aperto em seu punho, a obrigando virar a cabeça na direção de Satoru. O albino a encarou com os lábios pressionados fortemente. Ela não podia ver seus olhos por conta da venda, mas isso não a impediu de saber que ele deveria estar furioso naquele instante. — Deixa que eu cuido disso. — Ela queria relutar, mas o aperto dele se tornou ainda mais intenso em seu braço, não ao ponto de lhe machucar, mas o suficiente para que ela entendesse que deveria se calar.

— Vamos fazer o que o Satoru sugeriu. — Suguru falou pela primeira vez, cruzando os braços nas costas. — Caso Yuji demonstre perder o controle sobre o Sukuna, então nós o eliminaremos.

A feiticeira viu todos os anciãos balançarem a cabeça em concordância com aquilo. O que a fez sentir seu estômago embrulhar com a forma fria em que seus dois companheiros compactuavam com o assassinato de um garoto inocente.

Ela puxou seu braço para longe de Satoru, dando um passo atrás, desfazendo a posição em linha reta que estava com os outros dois. Ela não concordava e não iria abaixar a cabeça para aqueles malditos velhos.

— Então assim será feito, vocês serão responsáveis pelo Yuji Itadori a partir de agora. Se as coisas saírem do controle e vocês não intervirem, nós iremos.

Suguru e Satoru assentiram rapidamente, curvando os corpos pra frente em reverência aos mais velhos, que pareciam totalmente satisfeitos naquele momento. A albina se recusou a se curvar, mantendo a cabeça erguida o tempo inteiro, nem mesmo seu olhar, ela tinha se atrevido a direcionar para o chão. Odiava demonstrar obediência para alguém. E por mais que eles fossem seus superiores, ela nunca serviria a eles. Fez uma promessa com o mundo Jujutsu, não com velhos ignorantes.

Os anciões deram a reunião por encerrada, indicando que os três se retirassem. Satoru e Suguru saíram na frente, enquanto a menor os acompanhava por último, parando ainda na porta assim que ouviu seu nome ser chamado.

— Eve. — Ela paralisou ao ouvir seu nome sair da voz áspera de um dos seus superiores, a fazendo virar a cabeça sobre o ombro para encará-los. — Acho que você se esqueceu de que só se tornou uma feiticeira por nossa benevolência. Você deveria ter sido executada há quinze anos atrás. Não se esqueça de que ainda podemos voltar atrás sobre nossas decisões ao seu respeito.

Um pequeno sorriso emoldurou os lábios da mulher.

— Vocês não abriram mão da minha execução por pena, mas porque não conseguem me matar. Espero que não se esqueçam disso, senhores. — Ela balançou a cabeça, jogando os cabelos longos para trás, antes de sair e bater a porta. 

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