Cap. 1 - Eville

O Rei Antony estava sentado em sua habitual postura largada, no enorme trono de ouro da Sala de Recepção do Castelo de Eville. Suas vestes eram típicas dos mais ricos reis das dimensões e sua barba acinzentada caía até o peito, logo acima da enorme barriga gorda. Lançou a Ivy um olhar de desdém, mas por trás desse olhar havia certo interesse pela bela jovem nobre parada ali na sua frente. Quatro de seus melhores guardas cercavam o trono, vestidos com armaduras douradas e brilhantes, espadas de puro ouro e escudos resistentes, de aço banhado em diamante líquido.

— O que a Senhorita faz aqui? — O rei perguntou a Ivy.

— Vim falar com Vossa Majestade para pedir-lhe que....

— Veio me pedir um favor?!? Guardas!!! — O rei a interrompeu aos berros e começou a socar os braços almofadados do trono de ouro incrustado de todo o tipo de pedras preciosas.

— Mas, Vossa Majestade...! — Ivy tentou falar o motivo de ter vindo, mas infelizmente não deu tempo, já que os cavaleiros do rei a arrastaram para fora da sala do trono sob ameaça de castigo físico caso voltasse.

"Era só o que me faltava..." Pensava ela, enquanto caminhava pelos corredores do castelo. "Preciso avisar o rei de alguma forma, mas ninguém acredita em mim." Ivy estava de cabeça baixa, de maneira que não percebeu que vinha alguém em sua direção e acabou dando um encontrão com a pessoa.

— Perdoe-me! — Falou rapidamente. — Eu estava distraída e....

— Não precisa se preocupar Senhorita, não me machucastes.... — Um rapaz alto de cabelos escuros e olhos cor de âmbar estava parado a sua frente.

— Ah! Vossa Alteza! Realmente sinto muito! — E se curvou em respeito, mas odiava ter que fazer isso.

O príncipe riu.

— Já lhe disse que não precisa se preocupar. Não sou como meu pai e meu irmão.... — Ele tinha um tom estranho misturado na voz grave e ao mesmo tempo suave.

— Ah. Certamente.... — Ivy não sabia mais o que dizer, permaneceu fitando os olhos do príncipe, mesmo sabendo que não podia fazer isso.

— Está perdida? O que faz aqui? — O sorriso dele era encantador, revelando dentes perfeitamente alinhados e brancos como pérolas, com exceção dos caninos, que se projetavam deliberadamente.

— Vim para uma reunião com o Rei Antony, mas receio que ele não queira conversar sobre seu reino no momento.... — E deu de ombros, finalmente desviando o olhar para a tapeçaria das paredes do castelo.

— Meu pai não quis atendê-la? — O Príncipe Aron tinha uma expressão confusa.

— Ele me deixou entrar, no entanto, ao ouvir o que eu tinha a dizer, me expulsou de lá. — Contou, tentando controlar sua raiva.

— O que você tinha a dizer? — O rapaz perguntou educadamente.

— Eu vim avisá-lo de que os Trolls estão novamente com problemas por causa dos elfos da Guarda Real. Os guardas estão destruindo as plantações com seus cavalos e treinamentos de combate e fuga....

— Mas por que os Trolls não pedem à guarda para treinar em outro local?

— Você já viu como a guarda trata os camponeses? Mal os escutam! Sempre destroem tudo em seu caminho, sendo que o trabalho deles é proteger o reino! — Ivy não conseguiu controlar sua frustação.

— Acalme-se, Senhorita. Por favor. — E segurou-a gentilmente pelos ombros.

Ivy sentiu o gelo de suas mãos mesmo sobre o tecido do vestido e do manto que usava. Ele emanava um poder em forma de calor gelado, enquanto seu irmão emanava um poder quente e acolhedor. Ela não pôde evitar estremecer e essa reação fez com que o príncipe a soltasse, se afastando abruptamente.

— Sinto muito. Tenho que ir. — A garota puxou o capuz do manto e passou depressa pelo rapaz, tentando chegar logo a uma saída.

— Como a Senhorita se chama? — Perguntou o príncipe, elevando sua voz no corredor.

— Ivy Delevigne! — Respondeu elevando também sua voz e quebrando mais uma regra de etiqueta.

...

Ivy sabia que não deveria ter dito seu nome, pelo menos não o segundo nome. Se o príncipe decidisse saber mais sobre ela, descobriria que não era uma camponesa e que vivia bem longe de onde os Trolls estavam com problemas. Seria fácil deduzir, então, sobre seu poder.

Ela conseguia se comunicar com as almas das criaturas em seus sonhos, tanto das criaturas vivas quanto das mortas. Isso acontecia desde os dez anos de idade e já estava acostumada agora, mesmo que por esse motivo não tenha arrumado marido e tenha sido obrigada a viver sozinha com seus criados na enorme mansão de sua família.

Seus pais, Jacques e Louise, viviam viajando pelas dimensões; sua irmã mais velha, Sabrina, havia mudado com o marido para longe dali e o outro irmão mais velho, George, estava sempre ocupado com o trabalho e raramente aparecia em casa.

Todos haviam deixado Ivy para trás e quase esquecido de sua existência, de maneira que sua ama, Marilyn, e seu mordomo, Jefferson, eram considerados sua única família; havia também os outros criados, mas seu vínculo mais forte era com a ama e o mordomo.

Marilyn é uma elfa, tem por volta de uns sessenta anos e serve a família de Ivy desde os vinte. Muito vaidosa, sempre tinge os cabelos de preto quando os fios brancos começam a aparecer. Tem a pele bronzeada, olhos escuros como jabuticabas e sábios como corujas. Jefferson é um duende, tem seus setenta e poucos anos, olhar cansado, porém amável; olhos de um azul tão claro quanto o céu de verão, cabelos brancos como a neve e a pele levemente rosada.

Essas duas pessoas eram sua família, já que a de sangue nem se importava mais com ela. Essas mesmas pessoas também eram umas das poucas que acreditavam nos poderes de Ivy. Sua família não acreditava no seu poder de mediunidade. 

Na verdade, não queriam acreditar  porque os médiuns eram destinados a ficar eternamente sozinhos, nenhum deles havia se casado ou sequer arranjado um compromisso. E todos se recusavam a explicar o motivo. Bem..., se Ivy fosse mesmo uma médium, ela saberia o porquê dessa escolha geral em algum momento de sua vida.

— Senhorita? Seu banho está quase pronto. — Era Marilyn.

— Certo. Obrigada, Marilyn.

— Como foi a reunião?

— Reunião? — E riu ironicamente. — Ele nem ouviu o que eu tinha a dizer!

— Que homem mais ignorante.... — Murmurou a criada.

— Você nem imagina o quanto! O banho já está pronto? Estou precisando dele!

— Está sim. — A criada acompanhou sua dama até a banheira. — O que vai fazer agora?

— Não sei.... — Ivy estava deitada na água quente, com os olhos fechados. — Mas preciso fazer alguma coisa, do contrário os Trolls armarão uma revolta que resultará na falta de alimento para os pobres e na morte de inocentes.

— Precisamos pensar em algo, Senhorita Ivy.... — A ama jogava alguns sais de banho na água.

— Vou pensar em alguma coisa.... Talvez fale com o príncipe Aron novamente.

— O príncipe?!? Mas, Senhorita, você sabe que os príncipes não se metem nos assuntos do reino e muito menos aparecem para conversar com o povo! Mesmo que sejam ricos. — A criada olhou preocupada para sua dama.

— Falei com o príncipe Aron hoje mesmo e já falei com o irmão dele diversas vezes, embora ele finja não se lembrar.

— Falou? Como isso aconteceu?

— Eu o encontrei no corredor do castelo. Ele pareceu... simpático. — Ivy terminou de se banhar e pegou a toalha que Marilyn segurava.

— Simpático? Apenas isso? Não conseguiu ler sua aura? — Perguntou Marilyn. Ivy também podia ver a aura das pessoas, caso se concentrasse.

— Bem..., a aura dele era escura, eu acho. Não prestei muita atenção, na verdade. — Admitiu ela, sentindo o rosto corar.

— Então o príncipe é mesmo bonito? — Deduziu Marilyn, curiosa.

— Sim. Muito. — Ivy colocava um vestido verde oliva, trançado do busto até a cintura por uma espécie de linha dourada e com o comprimento se abrindo levemente do quadril em diante. A ama a ajudou a prender os longos cabelos castanhos em um penteado simples e a garota então, calçou uma de suas sapatilhas favoritas. Pretendia passar o dia na biblioteca da vila.

— Desculpe a intromissão, Senhorita, mas vai sair antes do almoço?

— Sim. Não estou com fome, Marilyn. Obrigada pela preocupação. Vou à biblioteca ler um pouco.

— Ainda aqueles livros sobre mediunidade?

— Sim. Preciso entender como funciona. Estou de saída! Chame o Jefferson, por favor.

Ivy deu uma última olhada no espelho da penteadeira, pegou sua bolsa e desceu as escadas até o térreo. Encontrou Jefferson em frente à carruagem e este a ajudou a entrar na cabine.

— Para onde, Senhorita? — Perguntou Marvin, o cocheiro.

— Biblioteca. Certo, Madame? — Jefferson adorava chamá-la de Madame.

— Sim. — Ivy sorriu para ele e fechou a cortina da cabine. — Volto antes do jantar!

— Certamente! — Jefferson assentiu e voltou para o casarão.

...

Já fazia uma hora que Ivy estava lendo sobre a História das Almas, quando alguém com uma espécie de manto escuro com capuz passou no corredor ao lado de onde ela estava lendo. Isso aguçou sua curiosidade, por isso, fechou o livro e seguiu a pessoa.

Andava nas pontas dos pés e ia se escondendo por entre as estantes repletas de livros novos e antigos. O estranho parou em frente a uma das estantes e pegou um livro. Ivy apertou os olhos e conseguiu ler o título, era algo como "Negociando com Trolls". Seria possível? Seria aquele homem um enviado da guarda do rei? Mas... o rei não a havia ouvido.... Os Trolls já estariam aprontando a revolução?

Perdida em seus pensamentos, não percebeu quando o encapuzado havia sumido e se dirigido a outro lugar, até alguém segurá-la pelo ombro e tapar sua boca para que não gritasse. Quando finalmente parou de se debater, a pessoa a soltou.

— Por que estava me espionando? — Uma voz familiar perguntou e Ivy se virou para o rapaz. — Espere! Você é a garota do corredor!

— Príncipe Aron? Digo... Vossa Alteza? O que faz aqui vestido desse jeito? — Estava completamente confusa.

— Diferente do rei, eu segui o seu conselho. — Falou o príncipe num sussurro.

— Ah. Com certeza fico muito grata.... 

Foi quando ela notou o outro livro: "Tipos de Mediunidade". No mesmo instante sentiu seu sangue gelar e a biblioteca pareceu girar ao seu redor. O príncipe percebeu e rapidamente a segurou pelos ombros de novo.

— A Senhorita está bem? — Perguntou preocupado, encarando-a. 

Seus olhos cor de âmbar a fizeram se desconcentrar por alguns segundos, mas então a realidade se chocou contra ela de novo e sentiu o gelo nas mãos do príncipe. E mesmo que estivesse tocando o tecido e não sua pele, a fazia estremecer.

— Sua pele é fria. — Falou sem querer, ele a soltou imediatamente e teve medo de tê-lo ofendido.

— Não me respondeu por que estava me espionando.

— Respondo se você responder por que sua pele é tão fria. — Ivy falou novamente sem pensar que isso poderia ser uma ofensa.

— Eres atrevida! — O príncipe arqueou a sobrancelha com um sorriso brincalhão nos lábios. — Acrescento que se me acompanhares em um passeio amanhã, contar-lhe-ei o motivo de minha pele ser fria.

— Aceito.

— Agora me conte por que me espionava.

— Amanhã. No passeio.

Nesse momento entraram na biblioteca alguns guardas reais furiosos, procurando por algo ou alguém. O príncipe espiou de onde vinha o barulho e falou algo como um xingamento em voz baixa.

— Vieram atrás de mim. — Disse entre dentes.

— E agora? — Ivy não sabia se estava assustava ou preocupada. Talvez os dois.

— Sua casa é longe daqui? — O príncipe perguntou e a puxou pelo braço para os fundos do lugar.

— Não muito. Tem uma charrete me aguardando lá fora. — Disse confusa.

— Pode me dar carona? — Perguntou enquanto saíam correndo pelas portas dos fundos.

— Posso. Siga-me. — E passou à frente dele, começando a guiá-lo para onde estava Marvin. Eles subiram rapidamente, deixando o condutor confuso. Ivy apenas mandou que ele voltasse rápido para casa e ele obedeceu imediatamente.

— Já está de volta, Madame? — Perguntou Jefferson.

— Sim. Temos visita, Jeff. — Falou Ivy rapidamente enquanto o mordomo a ajudava a sair da charrete.

— Prazer em conhecê-lo, Senhor. — Falou o príncipe ao sair do veículo.

— Oh, Céus! — Jefferson exclamou ao ver o rosto do príncipe. Ivy pensou que seu mordomo fosse desmaiar pela maneira como empalideceu. — Sequestrastes Vossa Alteza, Madame Ivy?

— Não, Jeff! Mas não posso explicar agora, leve o príncipe a um dos quartos, por favor. Rápido! — E começou a fechar algumas cortinas ao longo do caminho.

Jefferson obedeceu e o levou a um dos melhores quartos de hóspedes. Ajudou o rapaz a se instalar e quando este estava confortável, retirou-se dali. Ivy terminara de fechar algumas cortinas, mas não fechou todas para que a casa não parecesse suspeita, depois seguiu até o quarto de hóspedes onde o príncipe estava.

— Vossa Alteza está bem? — Ela deu dois toques leves na porta antes de entrar. O príncipe estava sentado na beirada da cama e observava tudo com curiosidade e admiração.

— Sim, Senhorita Delevigne. Agradeço sua hospitalidade, pode me chamar apenas de Aron. — O sorriso dele era encantador. Ivy só conseguia pensar que precisava apresentá-lo a Marilyn.

— Sendo assim, pode me chamar apenas de Ivy. Alteza, sabe muito bem que não posso chamá-lo apenas de Aron. Se alguém ouvir isso serei castigada. — E cruzou os braços em frente ao corpo, encarando o rapaz.

— Estamos na sua residência. Creio que não há guardas aqui para prendê-la ou castigá-la. 

Ivy notou um pouco tardiamente que o sorriso simpático e perfeito do príncipe a fazia corar, mas ignorou esse fato e avançou pelo quarto até ficar bem próxima ao local onde ele estava sentado.

— Não. Não há guardas aqui.... 

Como que para provar o contrário de sua fala, a campainha tocou em alto e bom som e logo Jefferson apareceu pela porta, informando que os guardas do rei estavam no andar de baixo e exigiam falar com o dono da casa.

— O que faremos agora, Madame? — O mordomo parecia mais pálido que o normal e Ivy notou que suava.

— Relaxe, Jeff. Vou resolver isso, mas antes... — E virou-se para encarar o príncipe novamente. — Sabe se os guardas são magos, bruxos ou algo do tipo?

— Acredito que estes que estão atrás de mim não são. A Guarda dos Rastreadores é composta apenas por elfos e eles não são treinados para reconhecer magia. — Ele havia levantado e sua postura estava rígida.

— Hum! Não é uma escolha muito inteligente, mas não vou entregá-lo a eles, príncipe Aron. Fique tranquilo, eu tenho um plano. Jeff, avise-os que já vou descer.

— Certamente, Madame. — Assim que Jefferson se retirou, Ivy voltou-se ao príncipe e sussurrou a ele seu plano.

— Preciso que confie em mim. Eu pratico alguns dos feitiços proibidos por lei, se contar isso a alguém sabe o que vai me acontecer e não acredito que seja honrado um príncipe espalhar boatos por aí. Além do mais, estou te ajudando e me arriscando por isso.

— Gosta de arriscar o pescoço pelos outros, não é?

— Quer minha ajuda ou não? — Mas Ivy não esperou pela resposta. — Preste atenção, você vai beber uma poção que te entregarei e vai deitar na cama como se dormisse. Não saia da cama de jeito nenhum.

— Por que acredita que eu beberia uma de suas poções de magia negra?

— A poção não é de magia negra. O feitiço que vou lançar no quarto, sim. Pare de ser medroso!

— Sabia que insultar a realeza pode ser causa de prisão perpétua nas masmorras?

— Sabia que não está em condição de me ameaçar?

— Não foi uma ameaça.

— Não?

— Não. — O príncipe se aproximou ainda mais de Ivy. — Isso é uma ameaça: se não comparecer ao nosso passeio no jardim do castelo amanhã, aí terei que pensar em alguma séria punição por desperdiçar meu tempo.

— Não pode estar falando sério.

— Preferes arriscar? 

Ivy detestava o jeito como a linguagem do príncipe variava de informal a formal. Isso o fazia parecer... mais atraente, na verdade, embora quisesse chamá-lo de estúpido.

— Beba isto.

Ela arrancou do pescoço um cordão com um vidrinho com líquido azulado e sussurrou algumas palavras, depois o entregou ao príncipe e saiu do quarto apressada. Trancou a porta e lançou a magia de confusão que havia aprendido com uma velha bruxa em uma caverna escura da floresta dos ogros.

Ivy encontrou dois guardas com metades de armaduras prateadas, carregavam binóculos e espadas menores ao invés dos armamentos pesados dos guardas pessoais do rei. Ela saudou-os com o melhor sorriso que conseguiu produzir e por um momento os guardas pareceram desnorteados, seguravam suas xícaras de chá entre a boca e o pires, e a olhavam embasbacados.

— Boa tarde, Senhores. — Ivy fez um cumprimento formal e sentou-se no sofá em frente aos dois homens. — Em que posso ajudá-los?

— Estamos atrás do príncipe Aron e algumas testemunhas disseram que viram sua carruagem sair acelerada da biblioteca onde o príncipe estava. O que tem a dizer em sua defesa? — O guarda mais alto perguntou, não conseguiu distinguir seu rosto por causa do elmo, mas notou que era ruivo e seus olhos eram verdes.

— Tenho a dizer que saí sim apressada da biblioteca, mas que o príncipe não estava em minha carruagem. Eu nem sabia que o príncipe era autorizado a sair do castelo....

— Esqueça, Senhorita. Não precisa mais continuar. — Ivy olhou para a escada e quis enforcar o príncipe por estragar seu plano. — Eu obriguei a garota a me trazer aqui.

— Vossa Alteza, sabe que isso é um delito grave, não? — O guarda mais alto se dirigiu ao príncipe. — Infelizmente, terei que contar ao Rei, seu pai, e caberá a ele castigá-lo por enganar e usar uma cidadã comum.

— Castigar? — Ivy não conseguia acreditar no que estava ouvindo, levantou-se instantaneamente e os guardas copiaram seu movimento.

— Sinto-lhe informar, mas a Senhoria também será castigada por mentir para os oficiais. — O guarda mais baixo usou uma magia antiga para produzir algemas de energia e prendeu o pulso dele ao de Ivy.

O príncipe estava irritado e correu até o guarda mais baixo, mandando que ele soltasse a garota imediatamente, mas o guarda mais alto foi mais rápido e usou magia para imobilizar e prender o príncipe também. Em questão de segundos, todos os criados da casa estavam na sala e Marilyn e Jefferson tentavam desesperadamente entender o que estava acontecendo. Os oficiais prenderam um papel na parede e disseram que Ivy estaria de volta ao amanhecer.

— Senhorita Ivy, o que está havendo? — Marilyn chorava e tentava se aproximar.

Assim que os guardas abriram a porta, outros dois guardas apareceram e se encarregaram de afastar Marilyn e Jefferson dos dois "delinquentes". Jefferson permanecia com sua postura e expressão serenas, típico do que os mordomos eram criados para fazer, mas Ivy o conhecia tempo o suficiente para saber que no brilho de seus olhos havia preocupação e tristeza.

Ivy e Aron foram jogados não muito delicadamente na carruagem e algemas foram colocadas, prendendo ambos ao banco e também um ao outro. Ela não pôde deixar de achar estranho que tratassem o príncipe assim, mas talvez houvesse mesmo algum mistério por trás desse rapaz, a ponto de fazer o rei não deixar que saísse do castelo ou que fosse visto pessoalmente pelo povo. O soberano até permitia que os guardas o tratassem mal... ou será que o Rei Antony não sabia que o tratavam assim? Talvez fosse essa a sua oportunidade de salvá-los da fúria do rei.

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