♡Capítulo 35 - Reencontro

Entro pelas portas da escola com o ar alegre de sempre. Mal consigo acreditar que já faz um mês que Bianca voltou a ser nossa amiga e que tudo está indo bem. E ainda por cima, depois do que aconteceu, Ágatha não me incomodou mais com mensagens.

Tudo está indo da melhor forma possível. Tive oportunidades de pregar na igreja e minhas notas escolares estão ótimas. Apenas venho lidando com alguns comentários insensíveis de Yasmim, mas já não ligo mais.

Só tenho o que agradecer ao Senhor.

É muito estranho pensar em como tudo aconteceu tão rápido desde que as aulas iniciaram lá em fevereiro. Quando atualizei meu calendário do planner mudando para junho, fiquei em choque. Não consigo acreditar que o tempo está passando tão rápido. Acho que é por conta dos vários acontecimentos marcantes desse ano e as várias provas de último ano do ensino médio, que fazem tudo passar voando.

Me aproximo do refeitório e percebo que cheguei cedo demais. Hoje o ônibus infelizmente teve problemas e avisou que não funcionaria, então meu pai teve que me trazer, e como ele vai para o trabalho muito cedo eu logicamente cheguei cedo também.

Me encosto na parede e pego meu celular para me distrair. Nem sempre trago meu celular, mas como hoje é terça-feira, tenho certeza que meus amigos vão comer no intervalo, já que terça sempre é servida alguma coisa doce na cantina. Então vim preparada.

Reviro minhas redes sociais. Faz um tempo que não posto nada evangelizando, então procuro algum versículo e posto.

Percebo que recebi uma solicitação de amizade no facebook, o que me é estranho já que faz muito tempo que nem o uso mais.

Aperto na notificação, entrando no perfil de quem quer que seja que me mandou a solicitação. Quando com muito esforço reconheço quem é, quase deixo meu celular cair de tão impressionada que fico.

É o Gabriel. Gabriel Augusto.

Quase não consigo acreditar que ele me encontrou depois de tantos anos. Nem estava lembrada dele, mas quando recebi isso, tudo me retornou à mente.

Gabriel foi meu melhor amigo no ensino fundamental. Naquela época, eu ainda não conhecia Fernanda e Bianca, então eu não tinha muitos amigos, pois era tímida e nem todos gostavam de mim ao saber que eu era da igreja.

Gabriel não era cristão, mas foi super legal comigo ㅡ ele até ia nos eventos da igreja comigo para me deixar feliz. No 6° e 7° ano ele foi meu melhor amigo e passávamos o recreio juntos, porém, no final do 7° ano ele mudou de cidade e teve que ir. Depois disso, no 8° ano foi muito difícil para mim passar os recreios sozinha, então sempre colocava meus fones de ouvido e lia minha bíblia no celular, até que no início do 9° ano conheci Fernanda e depois Bianca, que eram de uma igreja diferente da minha, e desde então ainda somos amigas.

O que mais me deixou perplexa foi o quão diferente ele está. Só seus belos cabelos castanhos parecem o mesmo. Sei que é a puberdade, mas é estranho ver alguém que foi um grande amigo estar assim, diferente. Ele está mais, sei lá. Mais velho? Não sei encontrar palavras, sempre me assustei em como os garotos mudam tão rápido e radicalmente. Parecem maduros mais cedo.

Olho algumas fotos de Gabriel para relembrar a infância. Ele não tem muitas fotos, acho que porque não gosta muito de se mostrar dessa forma, mas as que tem são na sua cidade natal. Todas elas em lugares muito bonitos.

Depois de stalkear meu velho amigo, aceito sua solicitação animada. Quando vejo que ele me mandou uma mensagem, fico nervosa. É muito estranho conversar com alguém que não vejo há anos. Como se age com alguém que foi tão próximo mas de repente partiu?

Respondo seu oi com outro oi. Eu realmente sou péssima com mensagens. Sempre preferi conversar pessoalmente, pois a forma que respondo pode parecer seca, mas na verdade é só o meu jeito online.

Ele pergunta como estou e eu digo que bem, o perguntando também por educação. Quando ele perguntou se me lembro dele, respondi que sim e perguntei como tem ido a vida dele depois de sua partida. Foi um diálogo rápido, mas serviu para sabermos ao menos como o outro está.

Desligo meu celular quando sinto uma mão sobre meus olhos.

ㅡ Danilo? ㅡ Questiono rindo.

ㅡ Acertou. ㅡ Diz me virando e dando um selinho rápido.

Sorrio com seu ato. Danilo nunca perde o romantismo.

Vejo que se aproximam também Fernanda, Arthur, Bianca e Alex, que estão conversando enquanto andam em nossa direção.

Quando eles chegam, os cumprimento e os deixo conversando para responder meu antigo amigo. Continuo a trocar mensagens com o mesmo, até que o sinal toca e eu vou direto para a sala de aula.

🔹️💙🔹️

Saio da sala sorridente. Hoje a aula foi mais dinâmica do que normalmente, o que ajudou no meu humor.

Enquanto o resto dos meus amigos enchem seus sacos sem fundo, eu e Danilo continuamos a conversar sobre algo muito inesperado do ano.

ㅡ Sim amor, mas dessa vez o retiro vai ser um pouco diferente pelo que eles disseram. Vai ser quase as mesmas provas, mas em outro lugar que eles reservaram. ㅡ Conto ansiosa.

ㅡ Eu soube também que não terá acampamento esse ano. Nós vamos voltar no mesmo dia. Mas ano que vem volta ao normal, ne?

ㅡ Sim. ㅡ Respondo. ㅡ Eu já até separei a roupa que vou usar lá.

ㅡ Eu vou ver isso ainda, mas já tô muito animado. Você sabe que eu nunca fui em algo do tipo. ㅡ Diz Danilo sorridente.

ㅡ Eu sei. E também sei que você vai amar. Uma pena que não vai ter o acampamento, porque a gente sempre cantava louvores com um violão em volta da fogueira. ㅡ Digo me lembrando do último retiro.

ㅡ É, mas ano que vem eu vou. E você prefere retiro ou vigília amor? ㅡ Pergunta, mas quando vou o responder, vejo por cima do ombro de Danilo alguém que não imaginaria ver.

É Gabriel. Mas como ele está aqui? Desde quando ele estuda na mesma escola que eu? Ele não morava em outra cidade? São muitas perguntas. E ele parece ainda mais alto pessoalmente.

Aceno de longe quando percebo que ele também me vê. Ele responde com outro aceno. Danilo fica confuso e olha para atrás dele mesmo, se deparando com Gabriel vindo em nossa direção.

ㅡ Oi Bia. Quanto tempo. ㅡ Diz Gabriel, com seu sorriso colgate a amostra.

ㅡ Oi Gabriel. ㅡ Respondo sorrindo, ainda em choque.

ㅡ Você tá aqui desde quando? Por que não me contou? ㅡ Pergunto.

ㅡ É que assim que começou junho me mudei de volta pra cá. Vou fazer faculdade aqui, e pesquisei por você pra ver como você tá depois de tanto tempo. Quando vi no seu perfil que você estuda no mesmo colégio que me matriculei, quis fazer uma surpresa. ㅡ Explica. ㅡ Fiz mal?

ㅡ Não, claro que não. Me surpreendeu mesmo. ㅡ Afirmo entre risos.

ㅡ Você continua exatamente a mesma, só que uma versão mais velha. ㅡ Comenta.

ㅡ É. Não somos mais crianças. ㅡ Digo com um sorriso amarelo.

Observo ele por um instante. É surreal ele estar aqui na minha frente depois de tanto tempo. As lembranças vêm à tona.

Quando percebo Danilo me olhando muito confuso, decido explicar a situação.

ㅡ Gabriel esse é Danilo, meu namorado. ㅡ Apresento e Danilo dá um pequeno aceno tímido. ㅡ Danilo esse é Gabriel, um amigo de infância.

ㅡ Oi cara. Prazer em conhecer. Você tem uma namorada de ouro. ㅡ Diz Gabriel, dando um tapinha nas costas de Danilo.

ㅡ Prazer. ㅡ Responde Danilo.

ㅡ Nossa Gabriel, tenho tantas perguntas. Nem sei por qual delas começar. ㅡ Comento com um sorriso tímido.

Tenho que me lembrar que ele não é um estranho, e sim alguém que já me foi próximo.

ㅡ Eu também, mas infelizmente não dá de colocar o papo de anos em dia aqui. ㅡ Diz me deixando cabisbaixa. ㅡ Mas a gente se vê por aí e esclarecemos tudo um pro outro.

ㅡ Claro. ㅡ Digo sorrindo.

ㅡ Agora eu vou indo. Vou conversar com uns novos amigos. ㅡ Fala saindo do local.

Aceno para ele até não o ver mais. Sorrio com a nostalgia do momento.

ㅡ Pensei que ele fosse algum parente seu. Eu tava boiando. ㅡ Comenta Danilo.

ㅡ Ele foi um grande amigo. Me impressiono em ver que ele mal chegou e já fez várias amizades. Na época do fundamental eu era a única amiga que ele tinha e ele meu único amigo. ㅡ Afirmo risonha.

ㅡ Nossa. Eu nunca reencontrei nenhum amigo meu da infância. Na verdade nunca parei pra pensar que isso um dia poderia acontecer. ㅡ Comenta pensativo.

ㅡ Pois é. Eu também não. Espero que nossos amigos continuem por perto, ou se irem, que um dia nos reencontremos com eles também. ㅡ Digo e Danilo concorda com a cabeça.

O sinal toca, me dando um enorme susto, então eu e Danilo voltamos juntos para a aula.

🔹️💙🔹️

Após me despedir de todos os meus amigos, fui para casa e tudo ocorreu como de costume.

Agora estou aqui, sentada com minha mãe conversando sobre meu reencontro com Gabriel. Ela ficou tão surpresa quanto eu, já que ele foi o primeiro amigo realmente próximo que tive, e que ela amava.

ㅡ Eu lembro que ele era um menino muito esperto pra idade dele. E também um mini cavalheiro. ㅡ Comenta sorrindo.

ㅡ Sim. Ele era muito inteligente. No sétimo ano do fundamental ele já sabia equação de segundo grau, enquanto a turma estava aprendendo equação de primeiro grau. ㅡ Relembro.

Ele realmente sempre foi muito inteligente, mas não o nerd típico de filmes, todos achavam ele uma mente brilhante e torciam para fazer trabalhos escolares com ele. E sem contar que ele sempre foi extremamente educado com todos.

ㅡ Ele tinha muito bons modos. Era a prova viva que dá pra ser um ótimo aluno na escola pública. ㅡ Opina minha mãe.

ㅡ Verdade. Sempre tratava os professores com muito respeito. ㅡ Volto a comentar. ㅡ E eu lembro que gostava tanto do cheiro dele que sempre perguntava a marca do perfume, pra comprar um igual.

Nesse momento, eu e minha mãe gargalhamos como nunca. Lembrar disso é muito divertido.

ㅡ Um rapaz admirável. ㅡ Diz pensativa.

ㅡ Mãe, acabei de ouvir a buzina do uber. Já vou. ㅡ Falo me despedindo.

ㅡ Tchau filha. Manda um beijo pra ele por mim. ㅡ Pede e eu afirmo que sim com a cabeça.

Entro no carro animada. Foi bom marcar com Gabriel para nos vermos. Só assim poderemos conversar com mais calma.

Checo pela câmera do meu celular como estou. Como hoje está um dia mais quente, dispensei a calça e vesti um macaquinho preto com estampa de girassóis muito bonito, acompanhado de uma sapatilha branca. O cabelo deixei como estava.

Ao chegar no local combinado, desço após pagar o motorista do uber. Quando avisto a logo da "doceria master", sinto uma enorme nostalgia dentro de mim. Quando era mais nova, eu amava vir comer churros aqui com Gabriel.

Me aproximo dele e o cumprimento.

De início ficamos mais em silêncio, meio sem saber o que dizer, até que a atendente da lanchonete se aproxima.

ㅡ Olá. O que vão querer? ㅡ Questiona.

ㅡ Nós vamos pedir churros de doce de leite e brigadeiro. ㅡ Pede Gabriel e a moça anota em sua cardeneta.

ㅡ Mais alguma coisa? ㅡ Pergunta.

ㅡ Não. ㅡ Dizemos eu e Gabriel em uníssono.

A moça sai dalí e eu decido puxar assunto.

ㅡ Nossa. Que bom que aqui ainda existe, ne? Tá meio diferente por causa da pintura mas continua com o mesmo ar de antes. ㅡ Comento observando tudo ao meu redor.

ㅡ Sim. ㅡ Concorda.

ㅡ E como tá a tia Rose? ㅡ Pergunto curiosa.

Sempre gostei da tia de Gabriel. Não conheci seus pais pois eles moram na cidade natal de Gabriel, porém, o tempo que Gabriel morou aqui por motivos pessoais, foi com sua tia Rose.

ㅡ Ah, ela tá bem. Já falei de você pra ela. Ela ficou muito feliz. ㅡ Conta e eu sorrio de alegria.

ㅡ E o que aconteceu depois que você saiu da cidade? Eu fiquei um tempo sozinha, mas daí conheci umas amigas que continuam comigo até hoje.

ㅡ Que legal. Quando eu mudei de cidade, continuei meio sem amigos. Você sabe como eu sempre fui mais na minha. Mas de uns tempos pra cá fui me enturmando muito facilmente. Minha professora de lá diz que todos gostam do meu carisma. ㅡ Conta e eu ergo as sobrancelhas.

ㅡ É. Mesmo que você negue todos sabem que você tem sim um carisma especial. Não só por ser inteligente e agir diferente de todos, mas sei lá, você trata todo mundo com tanta simpatia. ㅡ Opino e ele ri timidamente. ㅡ Gabriel, que faculdade você pretende fazer? Bom, creio que se veio aqui com intenção de fazer faculdade é porque já tem uma em mente. ㅡ Digo e ele pensa no assunto.

ㅡ Medicina. Sempre fui tão apaixonado por biologia e anatomia também. ㅡ Afirma e fico maravilhada.

ㅡ Uau. Já consigo te imaginar com um jaleco branco. Combina com seu estilo formal. ㅡ Falo causando risadas.

ㅡ Mas e você, Beatriz? O que quer fazer de faculdade? ㅡ Questiona.

Dou uma leve risada com o "Beatriz". Ele foi a primeira pessoa além dos meus pais a me chamar de Bia, já que na época todo mundo insistia em falar "Beatriz". A partir daí não aceito mais que pessoas próximas me chamem de Beatriz.

ㅡ Bom, ainda não faço ideia. Não sei ao certo que profissão quero fazer e isso me angustia às vezes. ㅡ Confesso olhando para baixo.

ㅡ Não se preocupa Bia. Você é uma garota dedicada. Vai se encontrar em algo. ㅡ Tenta me consolar, mas não adianta muito.

ㅡ Não sei não Gabriel. Já estou quase na metade do último ano da escola e nem sei o que quero da vida. ㅡ Digo cabisbaixa, e em seguida solto um suspiro breve.

ㅡ Cadê aquela Beatriz cheia de fé que eu conheci? Que sempre me insentivou a não desistir dos meus sonhos? ㅡ Questiona. ㅡ Você vai conseguir Bia. Olha, eu não sou muito próximo de Deus como você, mas sempre admirei aquela fé sua. Não desanima, em quem vou me inspirar se você desistir?

A fala de Gabriel me faz refletir de forma muito intensa. Ele sempre acreditou em Deus, mas nunca foi muito próximo. No sétimo ano eu falava de Jesus para ele, mas por ser nova convertida não sabia muito evangelizar.

Saber que alguém se espelha em mim na fé, me faz pensar mesmo que não devo fraquejar. Gabriel tem razão.

ㅡ Você tá certo. Obrigada Biel. ㅡ Afirmo olhando no fundo de seus olhos, realmente muito grata.

Vejo que ele riu um pouco do "Biel". Quando pequena e ele me chamava de Bia, eu tentei fazer uma apelido para ele também, mas ele nunca gostou de "Biel". Ele acha que não combina com ele.

Somos interrompidos pela atendente chegando com nossa bandeja de churros quentinhos. Olho para aquelas delícias muito animada, e depois olho para Gabriel sorrindo. Não acredito que não voltei aqui antes.

Comemos tudo em silêncio, e depois conversamos mais sobre alguns acontecimentos engraçados da nossa infância, e também sobre planos nossos e vida atual. Falei até um pouco sobre Jesus, e ele disse que quando puder vai ir em uma igreja, o que me deu esperança.

Apenas depois de coversarmos muito como nos velhos tempos, chega a hora de irmos cada um para sua casa.

Me despeço dele com um sorriso e um aceno, e entro no carro. Gabriel continua o mesmo garoto esperto, muito educado e sonhador, mas uma versão mais velha.

Quando chego em casa tomo um rápido banho gelado e vou para minha cama. No tédio, ligo para Fernanda para bater um bom papo.

Agora é só aproveitar o resto do meu dia antes do horário do culto.

Continua...

•N/A•

Olá pessoas amadas desse universo magnífico, tudo bem? Mais um capítulo novinho em folha pra todos vocês.

Mas então, já passado um mês tudo está dando certo para Bia. O que acham que a espera?

E oque acharam do reencontro de Bia com seu antigo amigo de escola Gabriel? Gostaram dele? Gostariam de um dia se reencontrar com algum antigo(a) amigo também? Conta aqui que tô curiosa pra saber.

Mas enfim gente, esse foi o capítulo. Se gostou deixa sua estrelinha☆ aqui embaixo.

~Bye e Jesus te ama!❣

Versículo de hoje:

"Aquele que anda com os sábios
será cada vez mais sábio,
mas o companheiro dos tolos
acabará mal".

Provérbios 13:20;

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