♡Capítulo 16 - Carregando a cruz

Assim que falo do ocorrido, me arrependo. Bianca está com aquela cara que conheço muito bem.

ㅡ Bia, é óbvio. Vocês se gostam! ㅡ Afirma com um largo sorriso.

ㅡ Você gosta mesmo dele Bia? ㅡ Pergunta Fernanda.

ㅡ Gente, eu já falei que nós não planejamos o beijo. E eu não gosto do Danilo, ele não faz meu tipo. E vocês sabem que eu sou totalmente contra o julgo desigual. Imagina uma família sem estrutura, com um casal com opiniões totalmente diferentes e o marido sem amar mais à Cristo? Seria uma bagunça. ㅡ Explico indignada.

ㅡ Olha Bia, você pode até não querer nada com um não cristão, mas seu coração pode não pensar o mesmo. ㅡ Insinua Bianca.

ㅡ Bia, eu também não acho que dá certo essa coisa de julgo desigual que você falou, mas a Bianca tem razão, você pode estar gostando mesmo dele. Você só vivia falando dele. ㅡ Comenta Fernanda.

ㅡ Vish Bia... ㅡ Profere Arthur.

ㅡ Ai gente, mesmo assim. E se eu falava muito do Danilo é porque eu sou assim mesmo, sempre que algo novo ocorre na minha vida eu fico eufórica com isso. ㅡ Explico, mas Bianca não parece me levar a sério.

ㅡ Relaxa Bia. Você é humana, pode namorar já. Não é tão nova. ㅡ Afirma Bianca.

ㅡ Parem de falar besteiras. Eu já pedi perdão à Deus por ter beijado o Danilo sem compromisso. E vou deixar claro mais uma vez que eu mesmo que gostasse do Danilo não namoraria com ele, ele não é cristão. Não daria certo. ㅡ Informo.

ㅡ Ta bom, vamos mudar de assunto. ㅡ Sugere Arthur.

ㅡ Obrigada Arthur. ㅡ Agradeço e eles voltam à conversar sobre outras coisas.

Não consigo me concentrar no que eles dizem. E se for mesmo verdade? E se eu me apaixonar por Danilo? Isso não pode acontecer, não pode. O que eu faço?

Como Deus quer que eu cumpra uma missão, mas também pela palavra dEle eu sei que não posso me apaixonar por Danilo? Como isso pode dar certo? Por que chamou logo eu, que tenho um coração que pode ser levado à fazer tudo dar errado?

Como vou continuar ajudando Danilo, mas sem cometer um erro ou alimentar sentimentos e falsas esperanças? Tenho que esquecer isso, mas perto dele fica difícil.

Quando eu terminar o trabalho e ver minha missão cumprida, vou me afastar. Mas preciso não gostar dele por esse tempo que passarei junto dele. Preciso apenas ajudá-lo a conhecer a luz, e quando isso acontecer, me afastarei totalmente. Precisarei me esforçar para não me entregar à carência.

Vai dar tudo certo. Tem que dar.

🔹️💙🔹️

O filme com minha mãe está ótimo, mas se eu soubesse que ela escolheria um romance não teria aceitado assistir.

Oh, carência.

A cena de beijo do casal protagonista na chuva, só piora tudo. Quando esse show de tortura vai acabar? Pelo menos ela está gostando do filme.

Quando o filme acaba meu alívio é enorme. Não aguentava mais lembrar daquilo. Daquele momento que não deveria ter acontecido.

ㅡ Mãe, vou trocar de roupa pra ir comprar os materiais do meu trabalho, ok? ㅡ Peço me levantando do sofá.

ㅡ Ta bom filha, mas vá caminhando. A papelaria não fica muito longe, e seu pai não deixou dinheiro hoje pra você ir de uber.

ㅡ Ok. ㅡ Profiro e saio da sala.

No quarto troco de roupa rapidamente, colocando apenas um short básico e uma blusa menos velha que a que estou usando. Ajeito meu cabelo no espelho do guarda-roupa e pego o dinheiro que guardei para comprar os materiais.

Saio pelo portão rumo às compras. Finalmente farei o trabalho. Talvez seja meio errado eu fazer sem avisar Danilo, mas será necessário. Eu preciso terminar isso logo, ou ficará mal feito. E não conseguiria falar com ele agora, não depois de tudo que aconteceu.

Mas não é uma ideia ruim. Eu faço o trabalho como planejei, levo hoje a noite para a sala de espelhos da escola ㅡ onde estão os outros trabalhos ㅡ com meu nome e turma, e amanhã mostro para ele. Ele não ficará sem fazer nada, já que eu vou passar o que ele deve pesquisar e estudar para me ajudar na apresentação oral.

🔹️💙🔹️

Quando volto para casa cansada das compras, jogo todas as sacolas com materiais de papelaria na cama e ligo o ventilador para me deitar.

Andar é muito cansativo. Mesmo que seja bom para eu não ficar sedentária, às vezes é exaustivo demais andar pra sair na cidade.

Depois de uns minutos na cama, apenas descansando, pego meu celular para ver minhas anotações de planejamento do trabalho.

Me surpreendo quando vejo uma nova mensagem, do perfil "anônimo".

De novo esse tal de anônimo? O que será que é agora? Estou ficando de saco cheio dessa pessoa ㅡ seja lá quem for ㅡ que manda essas mensagens misteriosas.

Essa pessoa não tem mais o que fazer? Tipo um trabalho escolar, assim como eu?

Vejo a mensagem por curiosidade.

Anônimo:

Já que você ama tanto postar frases motivacionais, aqui vai um presentinho.

"Ninguém vai notar seu esforço a não ser você mesmo".

- Bastos, Aline.

Fica aí o enigma, querida.

Quando leio as mensagens não entendo completamente nada. Eu jurava que seria uma simples provocação, das quais estou acostumada, mas isso me surpreendeu mais do que imaginei.

Como assim enigma? Que mistério todo é esse? E por que me mandou uma frase dessa tal Aline Bastos? Estou confusa demais.

Reflito por um tempo sobre, mas não encontro nenhuma resposta. O que ela ou ele disse não faz o menor sentido. Se essa pessoa me odeia por que me mandou uma frase "motivacional"? E por que fala como enigma?

Paro de quebrar a cabeça tentando descobrir. É isso que essa pessoa quer, me deixar confusa e me fazer perder tempo, mas não vou deixar. Vou ignorar isso.

Desligo o celular determinada e sorrio, voltando para o que realmente importa.

Tenho a ideia de antes de começar a fazer o trabalho, ler um pouco para espairecer e esquecer essas mensagens estranhas e todo o resto.

Vou agora ouvir uma boa música cristã e me concentrar em colocar a leitura em dia. Isso com certeza vai me ser útil.

🔹️💙🔹️

Enquanto meus amigos comem como sempre, penso em andar um pouco pelo resto do intervalo. Infelizmente deixei o celular em casa, então não terei muito o que fazer.

Sento-me no banco mais afastado do refeitório, para evitar barulhos que me incomodem. Há menos pessoas aqui.

Quando vejo Yasmim, a primeira coisa que penso é sair do local. Hoje não estou com paciência para ouvir suas provocações, mas é tarde demais. Quando tento me levantar ela e Catarina entram na minha frente.

Tudo que consigo é bufar e revirar meus olhos.

ㅡ Calminha Bibi. Que pressa é essa amiga? Tá estressada hoje. ㅡ Provoca Yasmim e Catarina ri forçadamente.

É claro que Catarina não ri por achar engraçado, e sim para agradar a "amiguinha".

ㅡ O que você quer, Yasmim? ㅡ Pergunto cansada de suas perversidades.

ㅡ Nossa. Hoje a freira tá bravinha, ne? Isso é jeito de amar o próximo irmã Beatriz? ㅡ Questiona provocantemente.

Eu bufo e elas riem.

ㅡ Já acabou com seu joguinho? ㅡ Pergunto ironicamente.

Ela apenas ri, como se fosse tudo que ela soubesse fazer.

ㅡ Olha Beatriz, não é por nada não, mas se eu fosse você tomava muito cuidado. Percebemos você bem próxima do Danilo do terceiro ano. Andando com más companhias? Alguém chama o pastor pra exorcizar essa menina. ㅡ Debocha Yasmim e Catarina dá altas gargalhadas.

ㅡ Não vi graça alguma. Agora me deixa em paz garota. ㅡ Afirmo cansada.

ㅡ Ta bom Beatriz. Desculpa minha amiga, é que a gente não quer que você siga o mesmo caminho que sua amiga Bianca. Tadinha dela, tá perdida e desviada. Se eu fosse você passava a vigiar pra não acabar uma vaca igual ela. ㅡ Conta para me provocar.

Quando ela diz isso de Bianca, ao mesmo tempo que meu peito se enche de preocupação também se enche de raiva. As suas palavras se repetem em minha mente enquanto ambas riem da minha cara. Eu não suportei.

ㅡ Cala a boca! ㅡ Grito sem paciência.

Todos da escola estão olhando pra gente. Até Yasmim e Catarina se assustam de tão alto que eu gritei.

Ah não...

ㅡ Cara, você é louca. ㅡ Profere Yasmim e sai dalí me deixando como a histérica da história.

Catarina sai junto, com uma expressão assustada igual a dos outros.

Todos estão me olhando e cochichando entre si. É muito constrangedor. Me sinto mal por ter perdido a paciência daquela forma, nem parecia eu mesma.

Nunca imaginei que chegaria à isso. Tenho que tomar mais cuidado e pedir muita calma à Deus, para eu não passar do limite novamente.

Saio dalí em silêncio tentando ignorar os olhares. Pelo menos eu não estava perto do refeitório, porque se estivesse, literalmente a escola inteira teria presenciado aquela cena desagradável.

Apenas algumas pessoas perto de mim viram e ouviram. Claro que vão fazer fofocas e talvez até aumentar os fatos, mas tudo bem. O melhor à se fazer é não me importar.

O que me resta é ficar aqui, perto da sala de aula de pé. Longe de qualquer problema ou olhar. Aqui eu não verei meus amigos de longe no refeitório, mas pelo menos não tem praticamente ninguém.

Respiro fundo. Preciso me acalmar.

Passo uns minutos pensando em toda essa loucura que é a escola. O quão difícil é carregar essa cruz em um ambiente cheio de adolescentes que por algum motivo detestam alunos conservadores. Mas nada que eu não possa aguentar.

Levo um susto ao ponto de ter que me segurar para não gritar, isso quando alguém toca o meu ombro de repente.

Olho para ver quem é e congelo no mesmo lugar. É Danilo.

Eu sei que não poderia o evitar o resto da vida, até porque estudamos na mesma sala. Mas não pensei que ele fosse me surpreender dessa forma. Será que ele sabe o que ocorreu agora à pouco? Prefiro que se souber seja pelo menos a versão verdadeira.

ㅡ Não vai me cumprimentar? ㅡ Questiona ironicamente.

Mesmo sabendo que ele quis ser engraçado, fico nervosa. Será que dá para perceber isso? Engulo em seco antes de o responder.

ㅡ Ah, desculpa. Oi Danilo.

ㅡ Oi. ㅡ Diz rindo levemente em seguida.

Ele se aproxima e se apoia na parede ao meu lado.

ㅡ Desculpa pelo beijo. Eu não deveria ter feito aquilo sem sua permissão. Foi no impulso, nem eu esperava. ㅡ Explica repentinamente e eu engulo em seco. ㅡ Eu disse que era impulsivo.

ㅡ Não, tudo bem. ㅡ Profiro com um sorriso amarelo.

ㅡ É sério Bia. Eu preciso me desculpar por aquilo, nunca quis estragar nossa amizade. ㅡ Se explica novamente.

Pera aí, amizade? Ele me considera uma amiga e não uma colega de sala? Por essa sim eu não esperava.

ㅡ Olha Danilo, já disse que tudo bem. Esquece aquilo, foi só um erro. ㅡ Afirmo e ele concorda com o movimento da cabeça, seriamente.

ㅡ Mas então, você já teve alguma ideia pro trabalho? Se quiser eu posso pesquisar algumas ideias pra ajudar. ㅡ Questiona mudando de assunto.

Sorrio largamente no mesmo momento.

ㅡ O que foi? ㅡ Pergunta confuso.

ㅡ Eu já fiz o trabalho. Tá pronto. ㅡ Informo sorridente.

- O quê? ㅡ Questiona chocado.

ㅡ É, eu fiz. Desculpa não ter avisado antes, eu precisava terminar logo e eu tive uma ideia incrível. Ontem comprei os materiais, me empolguei e fiz ele. Mas não se preocupe, você vai me ajudar na parte oral do trabalho. Eu vou fazer um roteiro. ㅡ Explico contente.

Ele sorri no mesmo momento. Parece ter gostado da ideia.

ㅡ E onde ele tá? Do que é? ㅡ Pergunta curioso.

ㅡ Eu vou te mostrar. Coloquei ele com os outros trabalhos na sala de espelhos. ㅡ Explico.

Ele fica boquiaberta. Nem eu mesma acredito que finalmente terminei esse trabalho. Estou tão feliz que deu tudo certo. Vamos tirar a maior nota!

ㅡ Vem. ㅡ Profiro pegando seu braço e o arrasto pelo corredor.

Corro com ele que ainda está em choque. O puxo alegremente rumo à sala de espelhos. Creio que ele vai amar meu projeto.

Quando acho a sala abro a porta com cuidado, para não terminar de estragar a porta enferrujada que até hoje o governo não arrumou.

Entro com Danilo e ligo a luz para tudo ficar claro. Ouço ele tocir um pouco por causa da poeira.

Ele observa cada detalhe impressionado.

Nem todo mundo entra aqui. Desde uns anos atrás, quando as aulas de dança foram suspensas, essa sala não tem utilidade, então os professores decidiram deixar os trabalhos prontos aqui, já que muitos alunos reclamaram que em suas casas não tinha espaço para guardá-los.

ㅡ Qual deles é o nosso? ㅡ Questiona apontando para a mesa cheia de maquetes e coisas do gênero.

ㅡ Aquele coberto com um pano vermelho. ㅡ Conto e nós nos aproximamos.

Ele parece ansioso para ver o resultado final.

ㅡ Faça as honras. Tire o pano pra revelar nosso trabalho. ㅡ Peço sorrindo. Ele retribui meu sorriso.

Ele faz um suspense de início, como se estivesse de forma falha tentando "rufar os tambores".

E depois de uma pequena "cerimônia", ele tira o pano de cima do trabalho, mas sua feição mostra uma péssima reação.

Estranho isso e quando olho para o trabalho fico em choque. Como isso pôde acontecer?

Meu coração praticamente se despedaça em ver meu trabalho desse jeito. Ele está completamente destruído. Todo trabalho que tive nele foi totalmente em vão.

Eu não dormi a noite toda só para terminar esse trabalho no mesmo dia, e isso acontece. Minha revolta e tristeza se mesclam dentro de mim. Tudo que eu tive esforço de fazer foi simplesmente destruído por alguém sem pudor e remorso algum. Até porque está óbvio que se ele está desse jeito, foi proposital.

•N/A•

Olá gente muito amada, como vocês estão? Trago mais um capítulo pra vocês se deliciarem rs.

Mas conta aqui, foi tenso o quase surto da Bia, ne? Tadinha, ela já está quase perdendo a paciência com tantas provocações e perseguições, mas será forte.

E as mensagens anônimas continuam. Teorias?

E o assunto mais esperado. Quem será e por que destruiu o trabalho que a Bia fez com tanto carinho? Muito trágico.

Mas foi isso, se gostou deixa a estrelinha☆ pra agradar a patroa aqui hehe.

~Bye e Jesus te ama!❣

Versículo de hoje:

"Melhor é o homem paciente
do que o guerreiro,
mais vale controlar o seu espírito
do que conquistar uma cidade".

Provérbios 16:32;

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top