Sertões
Fragmentado,
Recolho meus cacos
E pela primeira vez
Nessa noite fria
Meus olhos se abrem
A uma possível sensatez:
Talvez eu não seja doente
Mas sim o mundo
E sua índole delinquente
Insistente em suas agressões!
Atravesso meus Sertões
Na busca por Razão
Guiado pelo gavião.
Desconfio de qualquer som
Da fricção dos grilos
Até os calmantes suspiros
Dos mandacarus da roça.
Escalo a serra
Respirando o ar da Terra.
Aos poucos, vou cedendo
Aos afagos da natureza
Aprendo a estar sozinho,
Sobre como sou infinito.
Então, a onça me deixa passar
Para a pedra pintada pelo luar.
Observando o vale escuro
Percebo o erro de tudo,
Mocó encarando meu queixo desnudo.
Nada está doente, nem
Os Sertões é que são insolentes!
A culpa é dos homens e da nossa visão turva
Para uma vida impossível que se procura.
Me permito permanecer de pé
Na taipa do inconsciente
E o observo empalidecendo
Pois não sei o que há escondido
Abismo adentro.
Pior: não sei se minha descoberta
Será tão logo esquecida
Pela mente teimosa
Meu grito ecoa abaixo:
Deixe de ser pessimista!
Aproveite essa conquista
Enquanto ela existir!
Se pudesse, assim viveria
No mundo que eu julgava doente.
As pessoas pularem meu muro eu deixaria
E felicidade vinda de mim mesmo ergueria
No lugar do cemitério de vontades vazias.
Vê! Até mesmo em uma noite de insônia
Pode haver esperança.
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