Helena
Helena,
Me atravessou com uma flecha.
Helena,
Me fez admirar sua beleza.
Helena,
Me conquistou ao ser sincera.
Helena,
Nos prometeu um futuro que interessa.
Helena,
Disse que juntos teríamos um final verdadeiro.
Helena,
Um charme, uma conversa que aliena.
Helena,
No nosso amor parecia tão serena.
Ah, Helena!
No fim, você era uma hiena.
Você foi um ponto pálido na minha vida
Tão rápido apareceu, tão rápido se foi.
É difícil saber o que fazer depois
Caminhando tão só pela avenida.
Helena, você se lembra
De quando nos sentamos no chão da sala
Quase nos tocando em meio ao caos
Sem um professor?
E dos dias em que trocamos livros?
Haverá maior ato fraterno que esse?
Os seus vinham cheios de anotações
Neles aprendi a ler com música, a ser mais solto,
Falar mais do que leio. Nunca ninguém teve interesse
Nos meus clássicos empoeirados da estante!
Como você xingava os personagens por horas e horas
E eu adorava ouvir a sua voz
...Que já não está mais entre nós.
Você até ligou para mim certo dia
Contando os acontecimentos do dia.
Que conheceu pessoas do curso
E como andaram pelo escuro
Em busca do que jantar.
Você ria das minhas piadas sem graça
E eu ria do caos de dezembro antes do vestibular.
Não existia à nossa amizade qualquer ameaça.
Mesmo fora de casa, conhecendo outras pessoas
Você ainda se lembrou de mim! Já pensou?!
Daí, à meia noite da véspera natal,
Veio uma declaração sua afinal.
Lógico que aceitei.
Namorado e namorada enfim!
Como ficamos felizes
De estar juntos assim.
Contamos aos nossos amigos,
Agradecendo pela suas ajudas.
Falamos de futuro,
Até em alianças!
Um no outro
Tivemos confiança.
Conheci seus pais
Você, os meus
E passeamos juntos
Pelo primeiro céu cor de mel
Que jamais presenciei.
Até que certo dia viajei para longe
E nossa confiança foi para não se sabe onde.
Do dia para noite, você mudou.
As carícias, mais raras, cruas
Grosserias grotescamente nuas.
Perguntei o que é que há,
"Ah, sei lá..."
Voltei então a Recife,
Com a saudade me trazendo pelo braço
E você continuou a causar estardalhaço.
Em meu ser mil motivos tentei imaginar.
Então, surge o pensamento assustador:
Talvez você tivesse dando motivos para acabarmos.
Senti pavor.
Em lágrimas me desfiz
Na última semana desse fingido amor.
Amargurado de raiva, sofrendo a dor.
E então, lá se foi nosso final feliz...
Como me senti idiota.
Aparentemente, foi uma separação saudável.
Agradecemos um ao outro por quase tudo
Você me disse que eu era o sonho de muita gente
E como se sentia culpada de parar de me amar de repente.
Ainda assim, até hoje não entendi o que foi esse absurdo.
Tudo anda tão triste desde então.
Por que quero tanto me isolar?
Por que não consigo me concentrar?
Por que não consigo mais me amar?
Tantos porquês sem solução.
Não há mais prazer em ler,
Em pensar no futuro o que fazer.
Sei que você não me define,
Mas que sentido tudo isso pode ter?
Você me prometeu o mundo,
Eu te prometi todo meu amor
Mas no fim perdemos tudo
E nunca recebi sequer uma desculpa.
Sinto raiva, sinto tristeza, sinto saudade
Meu primeiro amor não foi,
Mas como me marcou!
Durante meses, o meu vazio você matou
E eis que mais uma vez ele voltou.
Já é hora de seguir em frente
Como você já seguiu.
Só que o coração se feriu
E não há noite que aguente...
Ah, querida Helena,
Saia da minha cabeça.
Saia
Da minha tristeza.
Saia
Da minha incerteza.
SAIA
DA
MINHA
CABEÇA!
São essas as noites que me fazem estremecer
Antes do amanhecer.
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