XVI. O ômega se entregando a paixão
Capítulo 16 - O ômega se entregando a paixão
Ao despertar, me espreguiço, sentindo uma pontada lá embaixo o que me ocasiona uma careta mas também uma lembrança maravilhosa da noite anterior então sorrio. Apesar de meu corpo estar reclamando de algumas dores musculares, eu me sinto muito bem. Não. Eu estou ótimo! Estou apaixonado. Além de me sentir liberto. Adeus tabus e pavores, olá plenitude!
Olho para o lado e ali está o responsável pelo momento mais satisfatório da minha vida: jogado de bruços, com os braços embaixo do travesseiro e a carinha sendo amassada pelo mesmo. Seu rosto está inchado e os lábios parecem maiores assim. Fofo. Meu sorriso aumenta. Só de olhá-lo meu peito começa a apertar mas aquele aperto é bom. Eu gosto dele. Não quero perdê-lo. É o que se passa em minha mente.
Acaricio seu rosto delicadamente com as pontas dos dedos, murmurando o quão ele mexe comigo e o quanto eu gosto disso.
Antes de levantar, deixo um beijinho em sua bochecha, suave como uma pluma para não acordá-lo.
Faço mais uma careta. Esse incômodo não é legal, mas dá para lidar com ele. Vejo as roupas jogadas por ali e pego a sua blusa. Vou ao banheiro, faço minhas higienes, e visto a peça. Por ele ser maior, em mim a gola V quase mostrou todo o peito e o pano cobriu o bumbum, apesar de que se eu levantar os braços vai mostrar toda minha bunda.
Eu não pensei no momento o que eu queria com isso mas meu instinto soprou para mim alguns minutos depois, enquanto preparava nosso café da manhã, que usando a blusa dele, branca e fina, desenhando cada centímetro de meu corpo, eu estava a fim de atraí-lo, seduzi-lo, deixá-lo com vontade de mais. Eu queria mais.
Ouço seus passos, ele não demora vir até mim que estou na frente da geladeira aberta. Seus braços rodeiam minha cintura, seu corpo encontra o meu e seus lábios tocam meu ombro, trilhando beijos por toda curva até minha orelha.
— Bom dia. — sua voz baixa e rouca é uma mistura de sedutora com doce. Ah, eu preciso de muito esforço para não me derreter.
— Bom dia!
Um mísero toque ou beijo esquenta minha pele. Eu estou sensível. Ou eu sou sensível com ele? Não sei. Apenas sei que quero mais dele. Eu quero ter o gostinho de relembrar o quão gostoso foi tê-lo dentro de mim.
Como se lesse meus pensamentos, suas mãos descem, apalpando minhas coxas, subindo, adentrando a blusa por baixo e notando que não tem nada.
Jimin resmunga, excitado. Sua mão bate na porta da geladeira, a fechando sem delicadeza, ele me vira e me empurra nela. Minha vez de resmungar mas porque ali está gelado.
Ele me beija, toco sua língua com a minha e compartilhamos o mesmo sabor de pasta de dente refrescante. Pode ser estranho, mas isso me deixa instigado porque na minha mente vem a ideia que gosto de dividir minha cama com ele, a minha pasta de dente, o meu corpo.
O seu pressiona o meu, todavia, ainda não sinto seu pau como gostaria então aperto sua bunda - inclusive, ele não se preocupou em vestir nada -, o puxando para ainda mais perto, colando os nossos quadris. Agora sim. Ah, ele está tão duro por mim… Suspiro excitado em seus lábios que descem até meu pescoço onde lambe e marca com aqueles chupões que me deixam todo afetado.
Deslizo as mãos, tocando a base de suas costas, subindo até os ombros e descendo arranhando, ele grunhe e com uma das mãos aperta minhas coxas com força, a levantando até sua cintura e movendo o quadril.
— J-Jimin… — me sinto todo molhado e pulsante. Te quero agora, é o que eu queria dizer mas acho que pela minha expressão e entonação ele conseguiu notar.
O alfa me deu impulso, meu instinto foi passar os braços ao redor de seu pescoço e enlaçar sua cintura com minhas pernas.
Me beijando com desejo, de uma forma que era como se tivesse fome de mim - a mesma que eu sentia dele - Park leva seu pau até minha entradinha melada e adentra.
Então, me segurando pelas bandas, ele me ajuda a mover meu quadril e aos poucos a necessidade se faz presente, tornando o ritmo mais ligeiro, me fazendo pular em seu comprimento, gemendo de excitação e prazer pelas sensações do sexo.
Pela cozinha nossos feromônios estão se unindo em um cheiro incrivelmente afrodisíaco. Por ela ecoam o som eróticos dos nossos corpos se chocando e de nossas lamúrias de deleite.
Aperto sua nuca, me movendo com rapidez e franzindo o cenho cada vez mais ao que meu corpo vai chegando perto do ápice.
De repente Jimin me põe sentado no balcão e abre minhas pernas com uma brutalidade logo puxando meu quadril e nos juntando novamente. Dessa vez os movimentos são todos dele. Rápido. Feroz.
— Porra! — xingo, completamente embriagado de tesão e prazer.
Apoio as mãos espalmadas atrás de mim, volto a envolver sua cintura com as pernas, só agora encarando... Puta que pariu. Seu lobo tomou conta. Meu coração está acelerado, o meu lobo agitado ao ver seus olhos brilhando em um dourado magnífico. Como quando nos conhecemos.
— Ômega — grunhe com sua entonação grave que me arrepiou todinho, apertando minhas coxas com força, movendo o quadril com tanta agilidade que beira a selvageria.
Acho que tem alguém no cio, uhm? Eu poderia ficar com medo mas, na verdade, meu lobo clama para ajudá-lo e o novo Jungkook só consegue pensar que isso será uma grande aventura.
🐺👗
A casa está bagunçada, além de cheirar a feromônios e a sexo. Meu corpo todo está dolorido e sensível depois de tanto… Exercício. Jimin está ao meu lado na cama. Tem uns minutos que o convenci a tomar um banho comigo, depois troquei ao menos a roupa de cama para ficarmos confortáveis.
Seus sentidos estão retornando visto que hoje se completam seus três dias de cio.
Que loucura!
Nunca pensei que fosse ajudar um alfa em seu período. E se tivesse pensando talvez teria me negado a fazer porque se transar era um "sacrifício doloroso", no rut então era o que? A morte? Não que eu pense desse jeito agora mas tinha acabado de conhecer a dorzinha pós-sexo, assim como a de sentir um nó, foi arriscado me aventurar assim, do nada.
No final descobri que não ser nada demais. Não achei tão doloroso quanto o pavor que nutri em todo esse tempo dizia que seria. O que mais incomoda é o nó e depois do sexo eu fico com meu rabinho muito sensível, dependendo como me movo ou quando me sento dá umas pontadas estranhas que sobem e afetam meu quadril, mas até que é suportável. Não é nada de outro mundo.
Eu me sinto bem.
Estou satisfeito demais por ter tido minha primeira vez e também ter ajudado o alfa que vem se mostrando cada vez mais ser uma nova paixão. Sim. Minha nova e maravilhosa paixão.
— Jungkook-ah… — me chama todo sem jeito, pegando minha mão e brincando com meus dedos sem me olhar. Como uma criança que fez arte e agora quer se desculpar. — Eu me esqueci… Na verdade, meu rut adiantou, por isso não te avisei e a gente já estava… Bem, você não ficou comigo só por minha causa, né? E eu não te machuquei, certo?
— Relaxa. Não me machucou. E eu fiquei com você porque eu quis. — entrelacei nossos dedos, gosto da sensação aconchegante de estarmos assim. — Gostei de cuidar de você. Tirando o trabalho que me deu para nos alimentar. Você se negava, só queria saber de me comer. — ri, ele acabou me acompanhando.
— Mas era de se esperar, um filé desses… — dei um tapa em seu peito, Park riu mais.
— Palhaço. Por sua causa agora meu rabinho está dodoí. — disse dengoso, fazendo biquinho. O alfa mordeu minha bochecha carinhosamente.
— Fofo! Não se preocupe, eu vou comprar pomadinha e cuidar do seu rabinho, uhm? — ele esfregou a pontinha dos nossos narizes, logo se levantando.
O loiro, usando a intimidade que adquirimos, abriu meu guarda roupa, pegou e colocou uma camiseta preta minha que ficou colada em seu tronco, uma calça moletom pêssego que não ficou tão desproporcional por ser bem larguinha em mim, apesar de um pouco colada na bunda, e calçou seu coturno rosa, saindo de casa para ir a farmácia. Já eu fiquei enroladinho nas cobertas, o esperando voltar para cuidar de mim.
O interfone tocou, me esforcei para levantar e ir até lá. Era impressionante como cada músculo meu estava dolorido.
— Oi?
— Sr. Jeon? É o Yuta. Tem um senhor aqui na portaria pedindo para entrar. Eu posso liberá-lo? — franzo o cenho, confuso.
— Eu não estou esperando ninguém.
— Ele disse que veio conversar com você e que se chama Jeon Bon-hwa.
Meu pai? Mas o que diabos ele faz aqui? Aliás, como me encontrou?
— Mas que merda? — murmurei o pensamento, ao notar apressei em dizer — Desculpe. Vou descer pra resolver isso.
Foi a minha curiosidade que me faz vestir a primeira peça que encontro, um vestido amarelo soltinho e sem mangas, e andar rápido - ainda que dolorido - até à portaria.
— Jungkook! — assim que me vê, o alfa me abraça, fazendo uma careta ao me soltar. Provavelmente notou meu odor diferente. — Você sempre teve esse cheiro?
Questiona, esperando que eu me explique mas não o faço.
— Pois é. Como vai?
— Eu estou bem. — apesar dessa confirmação ele parece chateado. — Você sumiu. Não apareceu lá em casa, nem na igreja. Aconteceu alguma coisa?
— Eu tirei um tempo só para mim. Estou me reinventando, experimentando novos ares, sabe? — vi uma leve confusão em sua face. — Estou aprendendo coisas novas, frequentando lugares diferentes… Enfim, como soube onde moro?
— Te vi entrando aqui algumas vezes quando passei na rua rumo ao trabalho então deduzi. Como você não foi até nós, vim falar com você. Estamos com saudades. Venha passar um tempo com a gente, sim? Sua mãe não está bem depois que Joshua saiu de casa.
— Ele saiu?
— Mari me disse — Bon-hwa olhou para os lados, aproximou e disse como se fosse um terrível segredo ao qual ninguém pode saber — Seu irmão está se encontrando com uma alfa bizarra de genes estranhos que veio de outro país.
Oh, eu não sabia que Josh gostava de alfas, nem poderia visto que somos distantes. Todavia, não cabe a ele explicar por qual classe se atrai ou não, isso é somente de sua conta. Ter algo diferente nos genes é problema desde quando? Ser de outra cultura é tranquilo desde que eles se dêem bem. Mas com meus pais não funciona assim. Principalmente com Mari que detesta alfas, é racista, xenofóbica e outras coisas mais.
— E qual o problema? — pergunto.
— Mari disse que é um macho querendo ser fêmea todo esquisito. Fora isso, os dois estavam com intimidades atrás da igreja. Não é um local apropriado, por isso sua mãe perdeu a compostura — duvido que ela surtou somente por ser um lugar impróprio para amassos. Mari é preconceituosa. E pelo visto meu pai acredita e aceita tudo o que ela diz. — Os dois brigaram, Joshua a atacou e Mari o mandou ir embora.
— Como assim a atacou? — ele é relaxado, sempre preferiu se retirar do que brigar, meu irmão repudia violências.
— Ele deve ter perdido a cabeça. Acontece com alfas. — deu de ombros. Ah, claro. E tudo bem ser violento porque "ah, é alfa". Reviro os olhos.
Não que atitudes pertencem a alguma classe, mas se ser agressivo fosse só coisa de alfas por que não dizer que está errado? Pra que lidar como se fosse normal e influenciar os outros a fazer o mesmo? Não é algo bobo, não é certo. Violência física ou verbal seja com quem for é crueldade. Não tem porque ninguém passar pano para quem se deixa levar pelo sentido irracional e brutal. Foi o que Joshua me disse uma vez. Ele seria um hipócrita?
O alfa continuou:
— Eu encontrei sua mãe muito abalada e ela deixou claro o que houve. — tenho que conversar com meu irmão. Mari não é fácil, leva a gente ao limite, eu mesmo a rebati na hora da raiva, mas atacá-la é demais. E eu preciso ouvi-lo antes de qualquer sermão pois uma história sempre tem dois lados. — O que importa é que sua mãe está mal então, de verdade, apareça lá em casa. Acredito que irá ajudar a levantar o astral dela.
— Não dá. Nós discutimos feio da última vez. Não estou pronto para vê-la e debater minha vida de novo.
— Como? — sua surpresa mostra que disso ela não lhe falou.
— O dia que eu fui lá em casa, Mari deixou claro que me queria como um frade, eu neguei, nós discutimos e eu saí de lá magoado. Sinto muito, mas não irei voltar nem para visitas.
— Jungkook, sua mãe pode ser difícil às vezes mas está sofrendo com a falta de vocês e pode perder a cabeça. Você é o orgulho dela então seja um bom filho. — pede educadamente.
Eu sorri irônico.
— Quem sabe quando ela decidir ser uma boa mãe.
— Falando desse jeito, sendo mau com sua mãe… O que há com você? Vai pirar como o seu irmão?
— Eu não. Só não vou atrás de alguém que me fez mal, não me escuta, sequer me entende. Estou fora de deixar ela ou qualquer um voltar a se meter e ditar regras na minha vida.
— Está diferente. Por dentro e por fora. — o vi reparar na minha pose empoderada, na minha roupa e certamente não esquecendo meu cheiro mesclado ao de um alfa desconhecido por si. — Se a sua mãe te ver assim, o coração dela irá se partir, sabia?
— Pois eu descobri que quando o coração se parte, a mente passa a funcionar. Vai ver aconteça com Mari e ela melhore como pessoa. E você, papai, deveria abrir seus olhos, está deixando muita coisa passar. — vejo o loirinho chegar, pego em sua mão. — Agora se me der licença, eu já vou. — dou as costas, o deixando boquiaberto.
No fim o ouvi dizer "Deus te abençoe". Acredite, ele anda me abençoando muito e eu estou muito feliz por Ele ter me disponibilizado momentos que me ajudaram a abrir os olhos. Rezo para que abra os seus. E também os de Mari, pois se ela continuar insistindo em ser como é, vai perder todos que estão ao seu redor.
Entramos em meu apê, rumando para o quarto.
— Eu estou cansado. — me jogo na cama de bruços, enfiando a cara no travesseiro.
— Então fica quietinho.
Sinto o colchão afundar, acho que ele se sentou. Park termina de levantar o vestido que já havia subido um pouco e aproveita a falta de peça íntima para afastar minhas bandas. Ele passa uma pomadinha em mim. Sorrio com seu cuidado e por apreciar que estamos ficando cada vez mais íntimos.
O alfa lava as mãos, voltando para cama e acariciando meu rosto, dando beijinhos adoráveis pela minha bochecha, até eu virar o rosto e ele poder selar meus lábios repetidas vezes. Sorrimos um para o outro.
— Hora de descansar. — o puxo, ajeitando nossos corpos sobre o colchão até ficarmos confortáveis.
Nós adormecemos cansados pelas energias terem sido gastas com potência nos últimos dias.
Meu plano era dormir até o dia seguinte, porém, tive uma tarde de sono boa e um início de noite fraca porque me lembrei de Joshua.
Estou intrigado. Quero saber o que houve de fato. Fora que preciso saber onde ele está e como está, pois sair de casa e começar a independência sozinho não é fácil e não sei em quais condições ele deixou a casa.
Vou para a sala, tento ligar mas dá que seu número não existe. Volto para o quarto, me deitando e ficando inquieto. Não paro de me virar e isso acorda o alfa.
— Por que essa carinha, Kook-ah? — pergunta, me vendo olhar pensativo para o teto.
— Meu pai. Você o viu na portaria, certo? — ele assentiu. — Ele disse que houve uma briga entre minha mãe e meu irmão. Ao meu entender, ela foi preconceituosa e aposto que disse absurdos ao Joshua. Mas não justifica ele atacá-la. Bem, Mari disse ao meu pai que isso aconteceu. Não sei se é verdade ou exagero dela. Meu irmão não apoia violências de nenhuma forma, também nunca foi de perder a cabeça... Pode ser que tenha acontecido algo. Ou não. Eu preciso entender melhor.
— Por que não liga para ele então?
— Eu tentei, mas parece que trocou de número.
— Eu sei quem pode conseguir…
Também sei. Hana. Afinal, faz parte da equipe do meu irmão na empresa onde o mesmo faz estágio de engenharia.
— Não. — nego. — Eu não vou pedir nada a ela.
— Posso fazer isso por você.
E ele fez mesmo eu dizendo que não precisava.
Primeiro de tudo devo dizer que houve discussão. Não entendi pois o Park tinha ido para o outro cômodo fazer a ligação para a irmã. Ao que ele retornou para quarto, percebi sua expressão irritada.
— É impressionante como nunca conseguimos conversar. Hana é insuportável! Ela me estressa como ninguém. — suspirou, controlando o nervoso, sentando ao meu lado e mostrando a palma da mão. — Ao menos consegui.
— Desculpa te fazer passar nervoso com ela. — pego sua mão, beijando as costas.
— Não precisa se desculpar. Já estou acostumado. Nossos únicos contatos acontecem ignorando o outro mutuamente ou discutindo seja pela mínima coisinha. Acho que é pelo fato de sermos muito diferentes. Mas vamos deixar isso para lá. Você tem algo mais importante para ouvir do que meus problemas familiares. — esfregou o nariz no meu, adoravelmente.
— Eu não me importo de ouvir. Na verdade, quero saber tudo sobre você.
— Outra hora, Kook-ah. Celular — pede, eu o entrego, ele digita o número escrito em sua palma — Veja o que aconteceu e como está seu irmão.
— Obrigado. — lhe dou um selar na bochecha, recebendo um sorriso fechadinho sem mostrar dentes. Ah, mas como esse alfa é lindo!
Chama algumas vezes até que Joshua atende.
— Alô? — ouço a voz máscula que tanto conheço mas anda distante.
— Hyung! É o Jungkook. Como você está? — pergunto um tanto preocupado.
— Muito bem longe daquela casa, mas é estranho morar embaixo da ponte. — usa a expressão, sendo debochado.
— Como assim? — ele está na rua mesmo? Ainda que tenha errado, se tiver atacado Mari, não posso deixá-lo nela.
Jimin pega minha mão, lhe dou um pequeno sorriso.
— Mari me expulsou de casa e Bon-Hwa me deserdou. Eles nem me deixaram pegar minhas coisas.
— O que aconteceu? — o loirinho passa a massagear minha mão, me deixando menos tenso.
— Nossos pais sendo os grandes preconceituosos babacas de sempre foi o que aconteceu. Por um instante, quando o pai chegou, pensei que ia ficar ao meu lado mas acreditou em Mari e seus absurdos. Ela fez todo um teatro do quão péssimo filho eu estava sendo só porque me viu beijando uma alfa e não quis obedecer quando ordenou que eu a expulsasse da nossa casa. Chegou a dizer que eu a agredi sendo que foi ela que tentou tirar quem estava comigo arrasada pelos cabelos até a rua!
— O que? Não é possível que ela esteja cada vez pior! — desculpa, Jimin, mas a massagem parou de fazer efeito. Meus nervos estão à flor da pele.
— Tinha ficado mais quando você saiu de casa. Após a briga de vocês suas cobranças caíram todas em cima de mim. Mas eu nunca a obedeço, acho que ela passou a levar isso como uma disputa. Antes apenas dava a entender sua ignorância, mandava indiretas e buscava manter a pose de boa samaritana. Agora nem isso está fazendo questão. Está gritando para todo mundo ouvir seus preconceitos e fanatismo e ainda pagando de vítima em todas as situações. E vai piorar mais se não tratar daquela cabeça.
— O problema é que não dá para ajudar quem não aceita que é doente e não acredita que precisa de ajuda.
— É, eu sei. — suspirou. — Eu detesto como ela é e o pai fica calado, sempre acreditando no que ela diz, se deixando tornar um babaca também. Eu devia ter saído de lá a tempos. Nunca concordei com ninguém daquela casa. Mas entendo que não estava com condições.
— Onde você está agora?
— Na casa de uma pessoa. — ele não está confortável para me contar. Será que pensa que eu ainda sou como uma mini Mari? Preciso mostrar que pode confiar em mim.
— Vai ficar por aí?
— Não. Não é bem a casa dela. É um quarto em uma quitinete. Eu não posso ficar aqui por muitos dias, se descobrirem teremos que pagar a mais e, bem, não temos dinheiro.
Troquei olhares com Jimin, ele parecia saber o que eu estava pensando, até assentiu.
— Vem pra cá. — eu realmente não quero deixar meu irmão sozinho por aí em um momento delicado.
— Jun-
— Eu não quero saber. Se vai me dizer algo vindo do seu orgulho, cale. Aliás, o engula. Eu tenho um quarto sobrando. Você pode ficar aqui até se resolver. — digo firme.
— Aqui seria no apartamento que minha ex amiga comprou para vocês? — eles terminaram a amizade? Será que foi por minha causa? Se bem que Hana não tinha nada demais para oferecer a ele. Talvez só uma ajudinha nas matérias de engenharia.
— Não. Eu vendi e comprei outro em outro condomínio. Anota o endereço.
Joshua combinou comigo de vir de manhãzinha para conversarmos melhor.
— Acha que ele vai gostar de me conhecer de novo? De morar aqui e ter minha companhia? — pergunto, mais uma vez estando grudadinho no corpo do loirinho que me faz carinho no cabelo.
— Claro. Você está se tornando alguém cada vez melhor. Joshua vai se surpreender ao te conhecer e ver o quanto você é incrível. E qualquer um que não aprecie sua companhia é um idiota.
Eu sorri largo pelos elogios, em seguida dou um tapinha nele.
— Está me bajulando.
— Estou falando a verdade. — sorri. — Me passa o número da sua chefe? — minha expressão demonstrou estranheza com a pergunta. — Você faltou ao trabalho por minha causa, é minha obrigação garantir que não seja repreendido ou perca o emprego.
Ah, é, o trabalho! Eu fiquei tão envolvido em nossos momentos juntos que sequer lembrei. Que péssimo, Jungkook.
— Certo.
Para evitar esquecer fui logo passando o número para ele. Depois, nós ficamos abraçados, conversando sobre tudo e nada ao mesmo tempo, compartilhando gostos, histórias, trocando indicações de músicas… simplesmente se conhecendo um pouco mais.
Descobri que o tempo passa rápido quando você está com a pessoa que gosta, falando de coisas que são capazes de conectar vocês e aproximar mais. Por isso, é bom aproveitar cada segundo.
Ah, é incrível como eu me sinto tão entregue às emoções e sensações que ele me causa, a cada momento juntos...
Ficamos tão entretidos um no outro que quando fomos ver já era madrugada. Comentamos tal fato, falamos que tínhamos que dormir para acordar cedo e ir honrar nossos compromissos, porém, assunto veio atrás de assunto, as horas foram correndo e quando não suportamos mais o sono adormecemos sem perceber.
🐺👗
Minha chefe é maravilhosa e toda compreensiva, ao telefone ela perdoou minhas faltas repentinas, só disse que eu teria que ficar um pouquinho a mais que meu horário para atender alguns clientes que a outra massagista não pôde cuidar no meu lugar.
Jimin me ajudou com a bagunça do café da manhã que dessa vez pedimos, pois ficamos com preguiça de levantar uns minutos mais cedo para fazer visto que dormimos bem tarde. Então ele me beijou gostoso e se foi.
Dali alguns minutos meu irmão chegou.
Ao seu lado, de mãos dadas com ele, estava uma alfa alta, pele cor de chocolate, cabelo cheio de cachos até a nuca, orelhas enfeitadas por piercings, olhos arredondados cor de amêndoa, nariz proporcional, boca cheinha, e um corpo coberto por roupas simples, camiseta básica, jeans e tênis. Sua expressão é tão séria quanto a do meu irmão.
Oh, ela é muito atraente e intimidadora!
— Você veio. — disse a Josh.
— Sim, eu vim. — ficamos alguns segundos sem jeito.
— Er… Entrem. — dou passagem para os dois.
Nos sentamos no sofá. Em frente a eles eu pude notar o quanto Joshua e eu nos parecemos. Acho que a única coisa que nos diferem mais é o seu cabelo curto e sempre bagunçado. Agora nossos olhos são parecidos, assim como o nariz. Já a boca de lábios finos tem desenho semelhante ao meu, mas seus dentinhos são menores. Por ser alfa, ele é alto como a lupina ao seu lado. Seu corpo tem uma pancinha por preguiça de malhar. Já seu estilo não é nada igual ao meu, o hyung sempre foi todo descolado com "roupas de alfa" que antes eu achava muito furadas e rasgadas mas que hoje reconheço que fazem parte de um tipo de moda.
— Olha, se você tiver algo contra minha relação com alguém da mesma classe ou contra Diana ser uma alfa preta transsexual e estrangeira, já adianto que não vou ficar aqui. — disse firme.
— Relaxa, hyung. Eu não sou como nossos pais.
— Mas pelo o que me lembro você era uma cópia da Mari e ainda que pudesse lá no fundo discordar, ficava em silêncio. E eu acredito que quem cala, consente.
— Me desculpe. Eu sei que foi um erro falar em silêncio mas eu sentia que qualquer coisa que eu falasse a faria parar de me amar e eu não queria ficar sem amor... No fim, não era amor de verdade porque esse sentimento não dói, né? Mas agora eu me amo. Eu me dei voz. E não posso dizer que sou o melhor ser da terra, porém, estou aprendendo e me esforçando para evoluir cada vez mais. Você pode me dar um voto de confiança?
— Eu acredito nele, Jay Jay. — disse Diana com uma pronúncia coreana ótima ainda que tenha sotaque.
— Você confia muito fácil nas pessoas. — fez bico.
— Eu não vejo nada demais em dar uma chance a todos, pois somos capazes de mudar, sim. E ele está querendo te mostrar isso e ainda te ajudar.
— Tudo bem. — suspira. — Mas como vai ser? Vai mesmo me querer aqui comigo tendo só com a roupa do corpo e um trabalho de estágio que mal paga a faculdade? Minha preocupação é te atrapalhar.
— Estou trabalhando e tenho uma reserva de dinheiro também. Vou conseguir nos manter até você se formar e ver o que fazer. — dava tranquilo até porque falta pouquíssimo para isso.
— O ômega Jeon Jungkook tendo um lar próprio, trabalhando e se cuidando sozinho? Realmente, você anda mudado. Sempre esperei que acordasse. Vi um vislumbre de futuro em você no dia que nos encontramos na porta de Agust'D, pelo visto é real. — comenta sorrindo. — Vai ser bom ver mais disso.
Sorri pois pelo o que entendi ele vai ficar. Meu irmão está dando a chance de saber mais do novo Jungkook, permitindo eu entrar na sua vida de novo, e eu estou muito empolgado com isso!
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