VI. O ômega que está construindo a vida
Capítulo 6 - O ômega que está construindo a vida
Após comermos e conversarmos bastante sobre o quão boa é essa transição em buscar por ser uma pessoa melhor e ter um futuro mais agradável, nós concordamos que eu deveria praticar exercícios físicos em prol da minha saúde e bem estar. Isso após meu tio dizer que deseja voltar a trabalhar seu corpo. Jin sugeriu uma academia perto de sua casa, ele ouvia muitos elogios sobre lá, mas preferia ficar longe de dores e cansaços.
De toda forma, ele nos levou até lá. Devo dizer que é um lugar ótimo. Fica em um bairro bom, o ambiente é calmo e parece amplo, a recepcionista é simpática e eu espero que nosso personal trainer seja igual.
— Querem conhecer o local? — Yumi, a recepcionista, pergunta a nós.
Concordamos e a seguimos.
O ambiente é mesmo amplo, também limpo e arejado. Há diversas salas mais ao fundo que descobri ser para aulas de danças, coisa que não quero me arriscar, ao menos não por enquanto, afinal, prefiro estar menos sedentário e menos tímido antes de dar um passo desses.
— O personal do horário que escolheram já está voltando do café da tarde, vocês querem esperar para conhecê-lo?
— É, vai ser uma boa. — disse Taehyung. — Você está gostando do seu dia, Jungkook?
— Sim, sim. É ótimo ver o quanto posso aprender, principalmente se eu me encontrar disposto. Obrigado. Sem você e sem o Jinnie, até sem o Nam, eu ainda estaria me lamentando no fundo da fossa, cheio de decepção.
— Que isso, garoto. E não precisa agradecer.
— Amigos são para isso, lembra? — diz o ômega.
Eu sorri, assentindo. Amigos são demais. Quero poder tê-los ao meu lado para sempre!
Esses três estão sendo meu ponto de equilíbrio, força e esperança, sou muito grato a Deus por isso. Se um dia for necessário, pode ter certeza que estarei aqui para eles também.
— Olha ele aí. — comenta Yumi.
Quando nos viramos para olhar o tal personal, me senti corar, vi Seokjin arregalar os olhos momentaneamente e meu tio erguer a sobrancelha, analisando de cima a baixo, dando um sorriso ladino um tanto sem vergonha. Isso porque - eu posso parecer bobo mas não sou - ele é alto, com certeza definido, possui uma pele com bronzeado e seus cabelos tingidos de vermelho chamam atenção pela cor e aparência macia. Os olhos, o nariz, as bochechas e a boca desenhada que comporta um sorriso feliz e meio sensual, destacam a beleza atraente do alfa de odor forte, cítrico.
— Jung Hoseok, esse é o Seokjin e esses são Taehyung e Jungkook que serão seus iniciantes. — a beta nos apresenta.
O vi dar um aperto de mão em cumprimento aos dois ao meu lado, para Taehyung dizendo um "olá, seja bem vindo" recebendo um olhar. Na verdade, o olhar. Acho que ele se interessou. Porém, o alfa não lhe deu atenção. Apenas pousou seus olhos sobre mim e seu sorriso pareceu aumentar. Caramba. Fiquei tímido ao vê-lo me analisando com tanta atenção!
— Olá. É um prazer te ter aqui. Se me permitir, irei cuidar bem de você, ômega. — sua voz soou melodiosa, agradável, mas com um certo tom de malícia. É difícil não me embaraçar, se eu abrir a boca sei que irei gaguejar. Sorte que Jin resolve desviar o foco falando:
— É bom cuidar bem dele sim, se não eu te arranco as tripas. — o alfa arregala os olhos.
— Desculpe pelos modos dele. É só um lupino preocupado com o melhor amigo. Jungkook está passando por uma fase de desenvolvimento então esperamos que você o ajude com o que sabe fazer de melhor para que ele atinja seus objetivos com satisfação. — o castanho esclarece com gosto.
— Pode deixar comigo, eu não pararei enquanto ele não estiver cem por cento satisfeito. — olha para mim novamente com aquela pitada de malícia. Ain, como não corar? É um alfa bonito flertando comigo!
— Estamos indo agora. Até mais. — falei apressado e saí empurrando meus amigos que nem tiveram tempo de dizer nada.
Ao entrar no carro, me afundo no banco, finalmente soltando o ar que nem havia percebido que prendi. Ainda bem que não gaguejei.
— Eu estou tão constrangido! — choramingo.
Os dois se olharam, logo começando a rir.
— Relaxa, Kook. O alfa claramente se sentiu atraído por você então é normal que aconteça essas interações. — disse o rosado.
— Mesmo assim, argh, que vergonha!
— Deixa a vergonha de lado e aproveita. Flertar será uma boa brincadeira para você perder mais a timidez e desenvolver o seu lado mais sensual. — fala tio Jeon. — Continue dando bola mas sem realmente mostrar que você quer algo, então verá o poder que é deixar alguém doidinho por ti. Mesmo que no final dê um fora nesse alfa, ao menos aprenderá como funciona o jogo de sedução.
— Mas e você?
— O que tem eu? — pergunta confuso.
— Você ficou mais interessado nele que eu. Não será legal brigar contigo por um alfa...
— Não vamos brigar, meu bem. Nós vamos brincar com ele. Você aprenderá as táticas para usar quando quiser no futuro e eu vou poder conquistá-lo, tirar uma casquinha, quando eu quiser porque vocês não estarão comprometidos.
— Podemos ficar com a mesma pessoa? Não é errado?
— Desde que nós dois entrarmos em acordo e não houver sentimentos para serem levados em conta, não acho errado.
— Mas não me parece legal nós o usarmos...
— Você é muito ingênuo. — o ômega ri. — Acha que ele vai ficar chateado de ser paquerado e paquerar dois lupinos bonitos?
— E, se fosse nós, ele faria o mesmo. Fora que aquele lá é um cafajeste de primeira, tenho certeza porque também sou e sei reconhecer.
— Mesmo assim eu quero outro alguém para aprender a flertar. Alguém que, de fato, me desperte interesse e não é só lindo para todo mundo.
— Tudo bem, eu entendo. E gostei de você se impor, isso é bom. Tem mesmo de expor seus pensamentos e vontades. Alguns se assustam com esse empoderamento, sabe? Outros acham um absurdo por conta da implicância com sua classe, mas tem os que vêem como algo maravilhoso e se encantam dez vezes mais. Se encontrar alguém assim para se relacionar quando estiver se sentindo pronto será ótimo.
"Ser empoderado, me impor e expor pensamento e vontades", anotado!
— Certo. Não vai acontecer nada com Jung e eu, ok? Você está livre para investir.
— Farei com prazer. — sorri safado.
E, naquela noite, após organizar as compras e tomar um banho relaxante, permito que os ensinamentos do dia façam morada em meu cérebro. Ainda estudo alguns pontos que anotei, vejo alguns vídeos de psicólogos explicando sobre coisas como: perceber que você precisa de mudança, abrir a mente, fazer uma auto reflexão da sua vida atual, reconhecer suas dificuldades, seus problemas e medos, ver o que você quer de verdade e onde pretende chegar, para então focar em melhorar e de fato permanecer tentando até conseguir.
Nisso acabo percebendo que passei a mudar minhas opiniões antiquadas de antes e comecei a me adaptar nesse mundo diferente. Para minha surpresa, eu estou tranquilo e feliz com isso. Até porque entendi boa parte de tudo, tive um grande dia ao lado de pessoas legais e importantes para mim, comi pizza e sundae, além de que, claro, fiz compras absurdas, não posso esquecer delas. Foi um baita presente insano do tio Taehyung.
Aprender coisas novas, ter o prazer de comprar quando se pode e comer o que se quer, é um luxo!
Por fim, tarde da noite, de alma inicialmente renovada, acabo por adormecer sereno.
🐺👗
Auto reflexão... Eu nunca imaginei que um dia iria fazer. Mas aqui estou eu no quarto pensando no meu 'eu' do passado e o 'eu' que estou construindo no presente, organizando meus desejos e objetivos.
Seokjin disse que a consciência é vital na vida e abre portas para que muitas coisas boas sejam feitas. Logo, abri o resto da minha mente esperando reconsiderar a maneira como vivo e enxergo o mundo, ansiando chegar a algum resultado.
Estou bastante empenhado nisso, acho que já dá para ver. Todavia, sinto que estou precisando agir ainda mais, então o que preciso fazer? Qual o próximo passo para minha realização pessoal?
Depois de me perguntar o que está bom ou onde devo melhorar, o que eu gosto ou deixo de gostar, desde as escolhas do que comer à o que diabos irei fazer da minha vida agora que estou livre para caminhar sozinho em outra estrada, chego a conclusão de que preciso, antes de qualquer outra atitude, começar uma terapia.
Afinal, para alguém que está perdido, sem rumo, tomar as rédeas da própria vida se torna difícil. Eu tenho todo o apoio necessário - ainda que não venha de familiares - porém sinto que lá no fundo preciso de mais.
Sabe, eu cansei de ficar parado na estrada da minha existência, de me sentir amordaçado e amarrado pelas cordas do medo, de me sentir julgado pela sociedade hipócrita e ser comandado por minha mãe Mari.
Tem gente que fala muito mal de terapia mas ainda tenho problemas comigo mesmo pra resolver, estou com o objetivo de aprender cada vez mais a me entender e entender o mundo, eu preciso me agradar agora. Então foda-se os outros, seus achismos e suas críticas não construtivas. Eu quero continuar a andar por esse caminho novo, belo e florido. Não quero mais viver para agradar aos demais e continuar cheio de receios, dores, traumas.
Eu sinto que no ponto em que estou não posso voltar atrás. A minha felicidade e realização pessoal a qual estou conquistando pouco a pouco depende do meu empenho de agora. Por isso eu só sigo. Dizem que é para frente que a estrada da nossa vida deve ir e eu estou tentando me levar para lá.
Porém, mesmo motivado, eu ainda me sinto, de certa forma, preso no passado que quer me puxar para trás. Esse sentimento e alguns dos meus traumas meus amigos não vão conseguir alterar, eles não saberiam como ir além de conselhos amigáveis. Em mim há costumes e paranóias de outra pessoa enraizados, principalmente a respeito de intimidades. A culpa de sentir atração anda comigo visto que prazer é como um sinônimo de pecado. Mas eu quero me libertar desses fantasmas. Eu quero me permitir ser um ômega pleno, consciente de seus profundos desejos e vontades.
Então será bom fazer terapia!
Dizem que é ótimo quando você se entrega de verdade a um profissional que manda bem no que faz, ele ajuda a desfazer os nós que incomodam sua mente, auxiliam no seu aprendizado para você atingir um bom viver. Por isso, numa manhã de terça-feira me levanto cedinho e vou ao consultório que meu tio havia comentado em algum momento, procurando por alguém simpático para me atender.
Admito que estou com um friozinho na barriga mas nada que me impeça de combinar meus horários ou aceitar fazer a "consulta teste" que é basicamente um experimento de quinze minutinhos para eu ver como funciona e conferir se vou me dar bem com o profissional.
Senti que tirei a sorte grande!
Lembro do meu tio dizer que teve de passar por muitas pessoas até encontrar alguém legal que o deixasse confortável para se abrir e, logo de primeira, sem ao menos termos começado, a fêmea me agradou.
Ma Boyeon é uma beta alta, bonita, de aproximadamente quarenta anos, que só de olhar lhe dá vontade de sorrir pois emana gentileza. Ela é bem carismática e tem um jeito doce, semelhante a uma avózinha da minha antiga rua, que lhe dá total atenção e desvenda seus sentimentos sem você sequer dizer, além de aconselhar de uma forma tão amigável que parece que eu a conheço a anos.
Sai de lá com um sorriso no rosto. Primeiro que tive a sorte de encontrar alguém tão bom que transpira calmaria e sabedoria, e segundo porque ela disse que eu estou no caminho certo. Isso me trouxe muita alegria, eu estou ficando satisfeito comigo mesmo!
Andando pelas ruas sem ter muito o que fazer nesse resto de dia, paro, pela primeira vez, para reparar nelas e vejo belezas incríveis. Até tiro fotos! Me sinto como um turista conhecendo Busan pela primeira vez.
Antes eu saía pouco de casa e quando acontecia era para missas ou ir em alguma reunião com amigos dos meus pais e tudo parecia monótono demais.
Agora, olhando bem, existem tantas coisas que deixei passar. Coisas simples mas belas de seu próprio jeito que no dia a dia corrido ninguém para analisar. Como uma árvore vívida que traz sombra e frescor, balançando suas folhas levemente e... Aquilo é um gatinho?
Me aproximo devagar do galho notando que no chão, ao redor do tronco, tem um cãozinho chorando. Os dois são filhotes e tem aparência de bichinhos maltratados. Meu coração chega a apertar.
— Como você foi parar aí? — questiono ao gato. Ele parece pequeno e inexperiente demais para esse feito. Será que alguém o colocou lá? Por que as pessoas fariam isso? É muita maldade. O pego, o cachorrinho morde a barra do meu jeans. — Ei, amiguinho, eu não quero fazer mal, só quero ajudar. Vê? Aqui está. — coloco o bichano no chão próximo a ele que me larga, indo cheirar o tal e abanar o rabinho. — Fofos. — sorri, pegando o celular dado por Jin e tirando uma foto deles, logo enviando para o mesmo e contando o que havia acontecido.
Jin
|Trás eles pra casa.
A mensagem me pega de surpresa. Por mais que meu interior pedisse para fazer, eu sequer cogitei a possibilidade já que estava acostumado a receber "não" de Mari. Ok. Jin não é minha mãe. E as outras pessoas também não. Então talvez eu deva começar a perguntar mais quando quiser alguma coisa.
Eu
|Eu vou :3
Peço calma aos dois bichinhos e abaixo para pegá-los, mas quando faço um papel voa quase no meu rosto, o seguro por reflexo. É um anúncio de um SPA que está com uma promoção interessante. Portanto, guardo o papel no bolso para ligar lá depois e pego os dois amiguinhos, continuando a caminhada até a casa dos Kim.
Quando chego meus amigos fazem a festa com eles, principalmente Namjoon, ainda que no primeiro instante ambos os filhotes estivessem receosos.
Conversamos sobre eles, concordando que devíamos ir ao veterinário. Assim forramos uma caixinha com um pano macio e os colocamos lá dentro, o beta capturou as chaves de seu carro e seguimos para o local.
O especialista fez os exames, depois sugeriu para darem banho nos bichinhos. Permitimos. Graças a Deus eles não tem nada, só precisam tomar as vacinas específicas.
Logo aparecem gatinho e cãozinho vacinados e arrumadinhos. Uma fofura!
Escolhemos os itens necessários para os cuidados dos animais e voltamos para casa onde eu fico alegre demais os alimentando junto do casal e brincando com eles.
No início ambos ficaram assustados mas eu não desistimos, com calma fomos os conquistando e logo nós estávamos nos divertindo.
Namjoon diz que eu estou parecendo uma criança. Eu realmente me sinto alegre como uma. E Jin falou que apostou certo, com os bichinhos ali eu tenho uma ocupação prazerosa e companhias que me vão me dar aquela animação especial quando estivesse sozinho. Ah, e os dois afirmaram que gostam de me ver assim, relaxado, empolgado e feliz.
Pois, dali em diante, focado nos motivos bons que tenho ao meu redor, vou ficar ainda mais assim!
🐺👗
Graças a Deus consegui vender o apartamento mais rápido do que imaginei e, melhor, à vista!
— E agora? — pergunta meu melhor amigo.
— Agora irei procurar outro lugar para morar, não posso ficar atrapalhando vocês. Yuki, Aya e eu precisamos do nosso espaço. — o cachorrinho, a gatinha, principalmente eu, precisa ter independência.
— Kook, já conversamos sobre isso.
— Tá bom, você diz que eu não atrapalho, mas preciso do meu cantinho. Eu tenho que aprender a me virar sozinho. — digo determinado. — Que tal olharmos aquele condomínio praticamente ao lado da academia? Também é perto de sua casa.
— A academia que você e o Tae marcaram e nunca foram? — sorri debochado.
— Ele anda ocupado com o trabalho e eu não quero ir sozinho, você sabe. — faço bico.
— Eu estou brincando com você. — ri. — Sobre o condomínio, parece ser um bom lugar para se morar.
Fomos lá. A localização é boa, o ambiente calmo e os animais são liberados para ficarem no apartamento. Nele há uma sala e cozinha pequenas, separadas e organizadas, três quartos sendo um suíte, um de visitas e um menor específico para cios - blindado contra odores - que também tinha banheiro. Tem área da lavanderia do lado de fora, onde dá para estender as roupas, pois há um pequeno terraço já que é o primeiro andar.
Gostei bastante do ambiente em geral. O dinheiro do outro apartamento - que foi bem mais caro - dá o preço pedido e sobra um pouco, logo não penso muito e fecho o contrato.
Agora eu só preciso arrumar um emprego porque eu tenho que continuar a me manter mensalmente, cuidar dos filhotes, além de comprar novos móveis - sim, eu também vendi os poucos e recentes que Hana comprara -, e poder conquistar ainda mais coisas.
— Gostei e é pertinho, podemos nos ver sempre. — comenta o rosado.
— Sim, eu estou tão feliz de ter meu cantinho. Mas eu preciso de um emprego para pagar as contas que o reserva não dá para sempre.
Por mais feliz que eu esteja, me encontro pensativo. O que eu poderia fazer? O que eu sei fazer? Onde poderia arrumar um emprego? Saio entrando nos lugares, distribuindo currículos por aí? Ou entro nos sites das empresas e vou enviando?
— Já tem alguma ideia?
— Nenhum, Jinnie. Mas algo deve dar certo, posso não saber de muito mas aprendo rápido... Espera! — ele me encara. — Eu acabei de me lembrar que uma vez fiz um curso escondido de massoterapia! Foi a primeira vez que fiz algo sem minha mãe saber e meu irmão adorou me ajudar a ocultar esse feito durante meses fingindo que eu estava em aulas de costura. Eu posso ser massagista! — disse, estupefato por esquecido de algo que é um ponto de partida.
— É uma boa. Você é um gênio! — sorri animado. — Já que marcou aquela hora no novo SPA que abriu na cidade, aproveita e vê se há uma vaguinha.
— Perfeito! — exclamo, completamente animado.
Dessa forma, fico ansioso até chegar o dia que marquei a visita ao estabelecimento.
Na noite de sexta para sábado quase não dormi pensando se daria certo de eu conseguir meu primeiro emprego ou teria que achar outros lugares, ir a várias entrevistas... Sei que tem gente que deve tentar inúmeras vezes para conseguir. Vou me manter firme no meu propósito caso não consiga, mas minha esperança pede para dar certo de primeira, assim como aconteceu com a terapeuta.
Enquanto eu escolho a roupa para ir ao local desejado, noto que o rádio está ligado. Namjoon acorda cedo e escuta para saber das notícias da cidade e principalmente sobre a previsão do tempo. Quando o questionei, ele disse que é um costume antigo que adquiriu de sua mãe.
Não deixo de pensar que é inevitável não herdar algo de quem nos cria mas da minha mãe, eu passo, sinceramente.
Ele deve ter esquecido o objeto ligado e Jin saiu para trabalhar também sem perceber. Saio do quarto e vou até a sala a fim de desligar mas uma música envolvente está tocando, pouco a pouco me induzindo a mexer.
Mari odeia barulhos altos e fala mal de qualquer letra que não fosse de Deus, eu nunca podia acompanhar as músicas como gostaria, quem dirá dançar. Mas mamãe não está aqui. Ninguém está. Apenas Aya e Yuki, deitados no tapete de centro.
Em uma atitude ousada, aumento o som ao máximo, me embalando no ritmo, movendo os quadris, pulando, rebolando e cantando em plenos pulmões ainda que desconhecesse boa parte da letra. A gatinha e o cãozinho me acompanham, saltando pela sala. Sorri com isso.
Quando acaba, ofegante, me jogo no tapete ao lado dos bebês que pularam no meu peito eufóricos. Ri sozinho porque isso foi bom, sem dúvidas não demoraria a fazer de novo ainda mais quando estiver morando só.
Enfim, me troco, como os ovos com bacon que Nam havia preparado e tomo o suco natural que Jin havia feito, alimento Yuki e Aya, deixando boa quantidade de água e ração para eles e saio de casa, indo para meu destino.
Com aquela dança toda, acabo ficando mais despreocupado, porém, ainda sim continuo nervoso. Entretanto, isso foi se esvaindo à medida que sou mimado no SPA elegante que me ofereceu cuidados com o cabelo, pele, unhas, também sauna, massagens relaxantes, dentre outras coisas que renovam o físico e alto astral.
Ao terminar meu dia ali, eu me sentia leve como uma pluma e novinho em folha, cheio de autoestima e disposição, do tipo bonito e corajoso para enfrentar qualquer coisa. Portanto, converso com Seulgi, a moça que me acompanhou desde o início, auxiliando as pessoas que cuidavam de mim e também me dando dicas.
A alfa ficou meio relutante em ajudar mas eu fiz uma manha porque não estou afim de desperdiçar a chance.
— Por favor, só veja se tem uma vaga, não precisa induzir ninguém a me contratar. — faço um biquinho fofo e convincente.
— Está bem. Espere aqui.
Mesmo estando mais calmo do que cheguei, volto a ficar ansioso e pensativo. Tudo porque eu sei muito bem o que fazer como massagista - apesar da falta de prática - mas a dúvida de ter uma vaga e ela poder ser minha me deixa nervoso.
Demora uns bons minutos até ela voltar.
— Olha, vou ser sincera com você... — seu tom é pesaroso, já fico desanimado. — Eles estão contratando! — o choque é grande, porém, a notícia aliviante.
— Você quase me matou do coração! — eu ri. — E então?
— Você veio em boa hora, como o local é novo ainda não temos todos os funcionários. Traga seu curri-
— Aqui! — tiro uma pastinha de dentro da bolsa e a entrego.
— Você veio preparado. — ela conclui, rindo. — Se der tudo certo, vamos te chamar para a entrevista e aí analisamos se você encaixa no perfil que desejamos.
— Irei aguardar ansioso.
— Ansioso não, Jungkook-ssi. Controle sua mente.
Realmente. É melhor ficar tranquilo e relaxado, assim posso pensar, planejar, me organizar e fazer tudo direitinho.
— Você tem razão. Vou esperar o mais tranquilo possível. Obrigado. — sorri, despedindo e voltando para a casa dos meus amigos pensando que talvez tudo estivesse escrito e eu cumpri com o caminho do meu destino parando naquele dia, analisando ao redor, ganhado meus dois amiguinhos de quatro patas e um papel na cara. Nada disso foi coincidência.
Comprovo isso quando na próxima semana receber a tão esperada ligação. Acabou que tudo deu certo e, ah, eu fiquei tão feliz por obter mais uma conquista!
What am I supposed to do without you?
O que eu deveria fazer sem você?
Is it too late to pick the pieces up?
É tarde demais para catar os pedaços
Too soon to let them go?
Muito cedo para se desfazer deles?
A música bonita, porém, deprimente, começa a soar do meu celular.
Do you feel damaged just like I do?
Você se sente abatida assim como eu?
Your face, it makes my body ache
Seu rosto, ele faz meu corpo doer
It won't leave me alone
E isso não vai me deixar em paz
Always é uma música sem dúvidas tocante e eu acreditei que seria a minha trilha sonora para sempre quando aconteceu o rompimento, agora vejo que me estive equivocado. Preciso lembrar de tirá-la logo do meu toque, até porque já não me sinto mais tão melancólico pelo término.
Atendo a ligação.
— Olá, Jungkook.
— Tio Tae! Como vai?
— Estou bem, e você? Recebeu meu recado junto da lista das cores? — este recado veio a dias atrás, ele ia fazer uma viagem de duas semanas então não poderia me acompanhar na academia enquanto não voltasse.
— Também estou bem! Recebi seu aviso sim, nem fui à academia também. Não queria ir sozinho, fora que estou resolvendo minha vida.
— E como está sendo?
— Eu marquei para fazer terapia. Minha terapeuta é muito simpática! Adotei um filhotinho de cachorro e de gato que estavam na rua, Jin e Nam tinham interesse em adotá-los mas acabou deixando que eu ficasse com eles porque seriam uma boa companhia. Eu nem precisei pedir, acredita? Eles são uns amores! Estão neste momento me levando para jantar. Vamos comemorar que eu tenho minha casa nova e consegui um emprego no SPA que abriu a pouco tempo aqui na cidade. Eu vou ser massagista, é meu primeiro trabalho, não é legal? — pergunto, empolgado.
— Claro. Fico feliz que esteja conseguindo se erguer, Kook. — acho que ele está sorrindo do outro lado. — Sua casa já tem mobília?
— Ainda não. Eu vendi as que tinha junto com o apê. Vou ter que esperar e ir comprando aos poucos para depois me mudar.
— Podemos comp-
— De jeito nenhum. — não o deixo continuar. — Eu sou independente. Chega de me presentear com essas coisas absurdas.
— Eu só quero te ajudar.
— Ajude mas não sendo radical. Me incomoda ficar gastando dinheiro que não é meu.
— Eu não me incomodo! Tae, quer comprar móveis novos pra minha casa? — grita Jin, brincalhão mas um tanto interesseiro. Nego, rindo da sua cara de pau.
— Manda o Jin ir a merda.
— Eu não. — ri.
— Ele mandou eu ir me foder, não é? — pergunta risonho.
— Quase isso.
— Mas agora é sério. Já que não quer comprar nada, aceite os meus. Eu estava a fim de trocá-los mesmo. Eles estão em boas condições.
— Você está sendo sincero que já queria trocá-los? — estreito os olhos, desconfiado.
— Sim. Eu até pensei em irmos comprar os seus e aproveitar e comprar os meus novos. De todo jeito vou doá-los como sempre faço com o que não tem mais necessidade para mim então se você quiser... Essa é uma ajuda sem exagero, certo?
— Acredito que sim. Uhm... Eu... Tudo bem. Eu vou aceitar.
— Que ótimo! Quando será sua mudança? — pergunta animado.
— Agora que já tenho os movéis vou adiantar, porém não sei ao certo.
— Como cheguei hoje de viagem, amanhã tenho que resolver alguns assuntos, mas depois podemos começar, o que acha?
— Acho bom.
— Marcamos por mensagem então. Preciso ir e acredito que você também. Se divirta, ok?
— Ok! Tenha uma boa noite! — ele agradece e desliga.
Tio Taehyung é meio doidinho mas é tão legal!
Informo aos meus amigos sobre a conversa, eles vão me ajudar na mudança também.
Nossa noite segue. Foi maravilhoso degustar daquela boa comida ao lado do ômega e do beta, além de que falamos e rimos de inúmeras coisas.
Uma boa semana. Um bom dia. Uma noite gostosa. É tudo isso que eu precisava para me sentir ainda mais satisfeito e motivado em todo esse processo de evolução.
🐺👗
Dois dias depois me encontro com a mudança feita. Meus amigos, meu tio e os ajudantes dele me auxiliaram em tudo.
Óbvio que pirei com Tae trazendo um caminhão cheio de móveis que parecem ter saído de lojas mas Jin garantiu que ele estava com essa mobília a uns seis anos e, mesmo sendo lindas, enjoou. Toda vez era assim e, como podia, as trocavam sem problema algum. Gente rica é outro nível, como afirmou Namjoon.
No final ele e eu fizemos uma comidinha para nós e aproveitamos todos juntos enquanto tomávamos vinho. Foi a primeira vez que bebi. Eu fiquei rindo atoa porque já estava animado com as circunstâncias e juntando com o álcool tudo pareceu ainda mais divertido.
Quando acordo no outro dia me sinto sonolento, também com uma dorzinha de cabeça que provavelmente é uma leve ressaca. Decido ficar quieto em minha nova cama muito boa por sinal - abençoado seja Jeon Taehyung - e, já que não tinha muito o que fazer, pego um livro para ler.
Oh, eu havia me esquecido que tem essas coisas aqui. Essa sinopse é insinuante e o amor só vem depois do envolvimento sexual dos personagens.
Abrir a mente. Ficar tranquilo. Ninguém sabe o que eu estou fazendo, só eu. Ok. Acho que consigo seguir isso e ler um romance que envolve sexo.
A personagem principal é empoderada, o enredo é interessante, o desenvolvimento é bom. Gostei, gostei, gostei, foi assim por várias páginas até chegarmos aos momentos quentes... Daí eu travo.
Me sinto bastante envergonhado e desconfortável com a cena após os amassos. Parece que a ômega está gostando muito de trocar beijos quentes e mãos bobas, eu até comecei a me empolgar. Porém, veio a penetração e aquilo parecia estranho demais. Eu não quero mais ler.
Então descubro que mesmo tendo e estando evoluindo bastante, eu realmente tenho problemas a tratar.
Acho que isso será a primeira coisa que vou buscar melhorar com Boyeon porque eu quero ser realizado tanto intelectualmente, emocionalmente, quanto sexualmente. Já estou lidando bem comigo, mas a última coisa... Ah, tomara que eu aprenda rápido pois meu cio está bem próximo de acontecer e, para passar por ele, eu não posso estar com o medo irracional que possuo.
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