IX. O ômega vivendo sua vidinha
Capítulo 9 - O ômega vivendo sua vidinha
Sendo um católico cristão não mais alienado como minha mãe, eu penso que Deus está sempre ali para te ajudar a ir para o melhor lugar. Não está para te punir, te tornar alguém obcecado por viver sob rédeas curtas, como um dia fizeram parecer para mim, e sim te deixar livre para escolher o seu caminho.
Então quando algo não é para ser, como por exemplo meu casamento, é preciso ter paciência e esperar o momento certo. Mas quando algo simplesmente flui Ele sabe e você irá descobrir que é porque você precisa vivenciar isso agora. Nesse instante. Para experimentar, aprender, se realizar, se satisfazer... Como minha primeira vez.
Naquela noite eu não esperava transar. Eu só queria sair para comemorar minha recém admissão com meus amigos e quem sabe dançar muito. Porém, a atração entre mim e Yoongi foi recíproca, expomos nossa vontade, deixamos o instinto nos guiar, e aconteceu. Simples assim.
E se aconteceu tão fácil era porque havia um propósito. Eu acredito que era me ajudar a me libertar ainda mais.
Provei que posso estar, beijar e transar com quem eu quero, onde eu quero, como eu quero. Isso foi libertador. Não só transar com Yoongi, mas sair tarde da noite, na companhia que me conveio e ter feito o que me "deu na telha".
Eu bebi mesmo. Fiz sexo com um ômega. Dancei com um alfa. Com meus amigos. Flertei com quem senti vontade e beijei várias bocas - certeza que menos de alfas pois estou um pouquinho inseguro sobre ter contato com essa classe novamente.
No fim, mesmo que tenha ganho uma ressaca terrível, eu não me arrependi de nada. Porque me sinto bem mais solto, sensual e poderoso. Porque eu me diverti de uma forma absurda. Pra caralho, como diriam meus amigos. E talvez eu não consiga me permitir ser tão irresponsável novamente do tipo não pensar em nenhum tipo de consequência, beber até apagar parte da memória, mas vou sair mais vezes. Afinal, amei sentir tamanhas euforias e curtir tanto, como nunca me permiti um dia fazer por "não serem coisas de ômega comportado".
E aqui estou eu mais uma vez fazendo outra coisa que de acordo com meus pais ômegas não deveriam fazer: trabalhar.
Como tio Taehyung e Seokjin me disseram, nada pertence a classes, logo se eu quero, eu estou no meu direito, e eu irei trabalhar sim. Para me manter, me mimar, e também não mais depender de alfas financeiramente. Ou depender deles no que for. Porque eu estou me descobrindo livre e eu amo isso.
Aliás, eu até posso gostar de alfas, depender deles em algum cio, mas eu aprendi algo fundamental que é não aceitar qualquer um. Muito menos se for com o jeito da minha mãe que quer alienar e tirar toda a liberdade alegando ser para seu bem. Ou do tipo Hana que promete coisas, no primeiro momento parece te aceitar com todas suas bagagens e dificuldades, para no fim ser egoísta e você que se foda.
Vendo esses dois exemplos, noto que o problema não são apenas alfas e sim lupinos com algum desvio de personalidade. Sendo assim, não sei se vou ser capaz de me permitir confiar e gostar de alguém romanticamente, seja qual classe for. Ainda que eu tente não perder a fé nos lupinos, se tornou algo difícil desde que fui magoado.
Em contrapartida, eu tenho bons amigos que são ótimos, mesmo com um defeito ou outro tem jeitinhos agradáveis, são sábios e me fazem muito feliz.
Ouvi em algum lugar que "há pessoas e pessoas", portanto, eu não posso perder as esperanças. Deve haver um alguém por aí que me fará bem e será um grande parceiro no futuro.
Bem no futuro, pois esse não é meu foco agora. As coisas estão ótimas da maneira que vão indo. Eu estou inspirado em continuar viajando dentro de mim mesmo, evoluindo, seguindo minha estrada recém encontrada. Eu estou me fazendo bem e eu ando descobrindo que me basto, então sigo em frente sem maiores preocupações.
— Bom dia, Seulgi noona! — a vejo no balcão da recepção e comprimento com o desejo de que seu dia seja bom, também com um sorriso de canto a canto nos lábios pois estou muito empolgado para o meu primeiro dia ali no SPA.
— Bom dia! — retribui o sorriso. — Chegou cedo. — comenta, saindo de trás do balcão. — Venha comigo que irei te mostrar algumas áreas e a sua sala.
— Eu fiquei com medo de perder a hora. — admito.
— Não ficou sem dormir, né?
— Não, eu consegui controlar a ansiedade e dormir bem. Só acordei mais cedo.
— E como foi seu fim de semana?
— Nem te conto. — apesar de ter dito isso eu lhe contei tudo.
Não detalhe por detalhe se não íamos ficar ali por horas, apenas resumi que estou em uma nova fase vindo de um término, de ter saído das asas da minha mãe, e começando a aproveitar um mundo diferente. Mencionei algumas coisas da noite divertida que tive e gostei do fato da alfa não ter me julgado, pelo contrário, ela sorriu e disse "que bom que você está se divertindo, da próxima vez eu quero ir e conhecer seus amigos".
Eu sei que comentei que talvez seja difícil aproximar de alfas, confiar em lupinos, no entanto, para amizade eu percebi que sou mais aberto. Eu permito a aproximação, dou o benefício da dúvida, mas se algo me desagradar ou incomodar o meu interior, afastarei de primeira. Pois eu não quero ficar perto de quem é mau ou me faz mal.
Não é questão de me privar a não me decepcionar - decepções querendo ou não aparecem, temos sempre que lidar com elas - e sim ter cuidado.
Eu vi sobre algo em um vídeo de uma palestra antes de dormir, bem lá no início quando decidi mudar, e agora eu entendo: As pessoas dão indícios o tempo todo de bondade ou maldade, nós só precisamos abrir os olhos e aceitar o que estamos vendo. Não permitir ser machucado por uma pessoa que está dando indícios que vai te ferir, é autopreservação. É amar a si mesmo. Assim se evita machucados desnecessários.
Vou ficar esperto. E, por enquanto, continuar dando o benefício da dúvida à alfa.
Seulgi me mostra o refeitório onde os funcionários tomam café, almoçam e lancham; uma área de descanso aos fundos onde tem redes para deitar, alguns bancos e as plantas estrategicamente postas ali fazem o ambiente ser fresco e gostoso; me leva a sala que ela costuma ficar caso eu precise de algo; e por último a minha.
Nela possui paredes brancas mas os outros itens como a maca de fazer massoterapia e uma prateleira possuem tons pastéis. Nesta há toalhas brancas e coisas que me auxiliam nas massagens tipo óleos, velas, e etc, todas as coisas são coloridas. Há também um banheiro para os clientes usarem, se trocarem, e outro para mim.
Estou encantado com cada detalhezinho!
— Seu uniforme está dentro do armário do banheiro, próximo às toalhas extras. Os clientes fixos geralmente optam pela Lia, ela é a massagista que está a mais tempo aqui e a sala dela é em frente a sua, mas os que estão vindo a primeira vez serão enviados a você até que comece a ter seus próprios clientes. Para facilitar sua vida, sua agenda estará toda nesse tablet. — me entrega o tal que estava em cima de uma mesa com uma garrafa de café, uma jarra de suco e bolachinhas. — Não esqueça de concluir cada massagem aqui, nessa bolinha antes do nome, ok?
— Sim. Mas e quem quiser marcar outra? Ou não puder vir no dia e quiser remarcar?
— Não se preocupe, saindo de sua sala eles passam na recepção ou podem, quando quiserem, ligar para lá. Tudo é o mais prático possível para facilitar para os profissionais. Sua agenda estará sempre atualizada e a única coisa que você precisa fazer é massagens, no fim não esquecer de concluir cada uma delas.
— Ok!
— O primeiro cliente chega em quinze minutos. Pode se preparar. Bom desempenho! Nós nos vemos no almoço! E, qualquer coisa, não hesite em ir até mim ou me chamar. A lista de contatos dos profissionais daqui estão salvos no tablet também.
— Obrigado, noona!
Ela sai, eu olho meu reflexo em um espelho que tem ali entre as portas dos banheiros e suspiro.
— Você consegue, Jungkook! Sem nervosismos!
Me troco, colocando uma calça branca, leve, uma regata amarela e um blusão com a manga até o cotovelo também branco, nos pés um sapato ortopédico da mesma cor. São roupas simples mas bastante confortáveis.
O cliente não demora a chegar. É um beta de sessenta e poucos anos com várias dores.
Eu fiquei um pouco tímido, principalmente porque não sabia muito bem onde ficavam as coisas, só que me esforcei em transparecer calmaria. Também fui gentil, busquei ser o mais agradável possível, agindo da maneira como gostaria que me tratassem.
Aos poucos o nervosismo de ser as primeiras massagens em de fato clientes - não meus amigos - foi esvaindo.
Não tive muitos pois estou começando agora e é segunda-feira, elas costumam ser monótonas para tudo e todos. Portanto, passo boa parte do tempo livre andando pela sala, a conhecendo minuciosamente.
Almoço com Seulgi que me apresenta para algumas pessoas - não posso dizer nada sobre elas, apenas que pela primeira impressão não me desagradaram - e o resto do dia fico na minha salinha, a fotografando para mandar para meus amigos no grupo Beldades, comentando aos curiosos como estava sendo meu primeiro dia, ou simplesmente sentado na minha cadeira jogando Candy Crush.
No fim do expediente pego carona com Seulgi que me deixa na farmácia da minha rua pois lembro que preciso comprar pads - absorventes - para me prevenir, afinal, sou ômega, tenho um útero, também deveria gerar vidas, mas esse último tópico é um tanto complicado visto que por conta de uma influência tomei supressor desde o primeiro cio e tive complicações.
Eles funcionam para dopar, mexem com nosso organismo, e consequentemente impedem de ter um ciclo menstrual por ser uma medicação forte. É pouco indicado, só quando extremamente necessário, e nunca no primeiro cio porque os lupinos correm o risco de ficar inférteis - com baixa chances de produção de sêmen e espermatozóides e/ou de engravidar - ou então ficar estéril de vez - não dá para fazer ou gerar filhotes de forma alguma.
Agora estando livre disso e esperando as pesquisas do dr. Oh para me ajudarem a voltar a ter uma boa fertilidade - quem sabe uma gravidez futura sem complicações -, eu posso menstruar a qualquer instante. E tomara que aconteça normalmente e tranquilamente, pois um ciclo saudável ajuda a ver que gravidade do meu problema pode sim ter solução.
Saio de lá com a sacola cheia porque não sei o quanto irei precisar e com bolsas de água quente - que a farmacêutica me recomendou -, agora o remédio para cólica acho que não poderei tomar, vou conferir com o dr. Oh Jonghyun depois.
Eu nunca mestruei antes. Era para ter vindo após o meu primeiro cio que me atingiu com dezesseis anos. No entanto, nada. Será que virá tão forte quanto o cio? Eu preciso perguntar ao médico as possibilidades de rolar de dor também...
— Hey, Jungkook! — me viro em direção a voz que me chama, deparando com a ômega baixinha - dois cm menor que eu mas continua pequena - que vive com um estilo vintage. Como por exemplo hoje que traja uma boina laranja forte, blusinha preta de manguinha e o macacão de pano laranja fosco, larguinho, canelado e com coturnos nos pés.
Ela vem até mim quase saltitando e me abraça. Park Jooeun é muito adorável. E seu rosto é parecido com o de Jimin, tirando o fato de que seus olhos são maiores, a boca menor, mais delicada, e o rosto fino.
— Quanto tempo não te vejo! — exclamo, devolvendo o abraço.
— Que eu saiba você separou da Hana não de mim e dos meus pais, por que afastou da gente, hein? — se distancia, me olhando. — Poxa, Jun. Nem um telefonema ou mensagenzinha.
— Eu não me afastei, só andei ocupado...
— Uhum. Sei. Vou fingir que você não evita passar até na porta da minha casa por conta da minha irmã ridícula. — minha ex cunhada tem razão. Eu passei a evitar muita coisa que me lembrava Hana ou tinha contato com ela. O que não deveria estar fazendo pois meu problema é a alfa somente, não o restante dos lugares, itens, ou até seus parentes. Todavia, acredito que evitar é bom. — Mas deixando isso de lado, devo dizer que você está maravilhoso! Nossa, me ensina a evoluir assim!
— Como se você precisasse, né? — ri.
Nós começamos a andar calmamente, no horizonte o sol se punha fazendo ter muita cor no céu. Tem laranja, depois rosa, roxo e então chegando ao azul que ia tomando espaço e escurecendo.
— Como você está? — não deixo de perguntar.
— Eu estou ótima. Entrei para a faculdade de moda e estou bem empolgada!
— Parabéns! — sorri largo, feliz por ela. Joo retribui. — E os seus pais?
— Estão bem. Chateados pelo o que aconteceu mas seguindo a vida, juntinhos, como os dois apaixonados que são.
— Falando em apaixonados, e o... Como era o nome dele? O americano bobão.
— Brian? — assento, ela faz careta. — Ele é mesmo um bobão. Estou cansada desses lupinos chatos que se acham comediantes mas não sem graça e é sem noção. Chega de moleques na minha vida. Falei para o Yoongi que só vou ficar com caras mais velhos agora. — a menção de seu primo faz meu rosto enrubescer.
— Mas você sabe que o problema não é a idade, certo? Acredito que existem uma infinidade de pessoas, cada um é de um jeito, tem lupino sábio com dezessete anos e tem ele irresponsável e inconsequente com vinte e seis, quarenta. A questão é encontrar quem tem uma personalidade legal e te agrada.
— Se toda vez que você se afastar for voltar com pensamentos formados nessa mente tão incrível e cheio de conselhos interessantes, eu deixo você sumir mais vezes. — rimos. — Você encontrou alguém assim?
— Não, e não estou procurando. Eu comecei a focar em mim mesmo, sabe? Tem sinto ótimo.
— Oh, realmente. É muito bom.
— Mas — mordo o lábio tentando controlar um sorriso safado, ela me olha curiosa — Eu tive pessoas por quem senti atração e andei beijando, com uma delas em especial foi mais que isso...
— Não!!! — abre a boca, chocada. — O meu Jungkook santinho não é mais santo?
— Eu mesmo me corrompi — sorri, satisfeito. — Estou me permitindo viver coisas novas.
— Perfeito! Me conta quem foi?
— Pelo jeito ele não te disse.
— Ele? Ele quem? Me conta logo, Kook! — se pendura no meu braço, balançando, pedindo ansiosa como uma criança.
— Calma. — ri. — Min Yoongi.
— Não!!!
— Nós ficamos no quarto do clube dele.
Conto para ela desde quando Jimin esbarrou em mim até o momento em que pude provar que quando o "santo bate" é impossível não ceder aos desejos.
Aliás, minha atração pelo ômega ainda existe. Já pensei nele antes de dormir e me bateu vontade de fazer de novo, mas eu não tenho seu contato e não nos esbarramos por aí. No dia que isso acontecer, se ele quiser, eu quero. Foi exatamente o que eu disse a Jooeun.
— Eu te passo o contato dele, sem problemas. — sugere, sorrindo danada.
E agora? Me fazer de rogado ou não? Acho que não.
— Passa. E aproveita em me dá o número do Jimin também porque ele está me devendo uma bebida.
— Uh, pode deixar!
Ela me passa os contatos, combinamos de conversar mais vezes - ela prometeu se esforçar pois tem preguiça de falar por mensagens -, e então seguimos nossos caminhos.
Em casa recebo a ligação do tio Tae, me informando que mexeu em seu cronograma e agora todo dia vamos à academia às sete da noite, começando por hoje. Ele me pediu para mandar a preguiça embora e ir que ele ir me encontrar lá.
Eu me troco, colocando uma roupa mais confortável, um macacão preto com as costas à mostra, típico para malhar, prendi meu cabelo em um rabinho bagunçado visto que por estar mais curto não prende direito e fui para a Body Empire.
Chegando lá o encontro escorado em seu carrão branco, na entrada do local, vestindo um short de academia curto e larguinho e uma camiseta da mesma cor quase colada ao seu peitoral.
— Oi, Jungkook. Como foi o seu dia? — veio até mim.
— Foi bem. Você sabe, mantive vocês atualizados. E o seu?
— O meu foi estressante. Ser CEO às vezes é um saco. — rola os olhos. Logo adentramos o local. — Será que vamos ver o Hoseok?
— Ele é o nosso personal. É claro que vamos vê-lo.
— Lembra que marcamos de sair? — assento. — Pois no dia da balada mesmo tive que ir na casa dele. Ele estava todo ferradinho e com o rosto inchado porque a ômega com quem marcou encontro era casada e ele não sabia.
— Oh, eu lembro disso! O Jimin não pagou a minha bebida porque o Yoongi queria ajuda para parar com a briga. Ele se machucou também?
— Um pouco, mas no fim deu tudo certo. Eles conseguiram conversar com o outro alfa, não me pergunte como, e então a ira dele se voltou para a esposa traidora.
— Ah... E rolou algo entre vocês?
— Sim, graças ao Jimin que saiu e me pediu para cuidar do amigo dele. Eu cuidei muito bem. — sorri travesso.
— Sei. — ri.
— Estou ansioso para vê-lo de novo.
— Então mate sua ansiedade. — o cutuco mostrando o alfa ruivo de pé em frente às esteiras dando dicas a alguém.
O beta conteve o sorriso, me puxando para falar com o recepcionista da noite que tínhamos horário marcado. O moço pediu para aguardarmos e logo trouxe o personal até nós.
— Vocês apareceram. — um sorriso frouxo está dançando em seus lábios. Seu rosto está lindo, impecável, visto que temos aceleradores de cura nos genes lupinos que nos fazem melhorar os ferimentos rapidamente. Ele ainda estaria mal, inclusive podendo estar internado ou tomando medicações, se fosse um caso de acidente grave ou algo tivesse algo errado com os tais acelerantes.
— Nada de sedentarismos. — comento bem humorado.
— Eu preciso manter o pique. — disse Taehyung com os olhos brilhando em maldade.
— Eu posso te garantir que o seu pique é maravilhoso.
Fala sério, eu vou ter que ficar o tempo todo presenciando eles flertar? Me recuso!
— Tem dança aqui, agora? — pergunto, interrompendo as trocas de olhares.
— Sim... — o alfa me respondeu um tanto confuso. — Nesse horário temos Bachata na sala 7.
— Eu vou lá porque, nossa, que vontade eu estou de dançar. — meu tio me olha estranho mas eu simplesmente saio sem nem saber o que é Bachata, porque é simples: não nasci pra ser vela.
Adentro a sala de ensaio, tem várias pessoas, de várias classes e etnias, o professor está lá no meio, dançando em um ritmo lento, romântico e sensual com um aluno.
A dança é envolvente. Os passos são simples, quem comanda leva o parceiro de um lado para o outro ou de frente para trás, às vezes ondulando o corpo e movendo os quadris como se os chocassem...
O que eu estou fazendo aqui?
Me sinto tímido demais para uma dança que consegue ser tão sexy e eu ainda não me sinto sexy o suficiente para fixar meu olhar em alguém e mover meu corpo contra o dele.
Espera. Estive tão focado no ritmo, no jeito que se dança, que não notei quem é o lupino alto de cabelo loiro dominando os passos.
Park Jimin.
E ele parece mais belo que da última vez.
Seu cheiro amadeirado está mais forte por conta do suor, pude notar quando a dança parou e ele se aproximou dos alunos, incluindo eu. O mesmo parece surpreso em me ver, no entanto, sorri e continua suas explicações sobre a coreografia.
Durante aquela uma hora eu pude perceber que Jimin é um alfa leve, engraçado, gentil e sabe explicar bem.
O ambiente está cheio, ele tem muitos alunos e alunas, então não chegamos a conversar diretamente.
A parceira que arrumei é uma beta reservada e, como ela foi demonstrando ser inofensiva, eu fiquei menos receoso em me mover.
Foi uma aula bem legal apesar de eu ter errado vários passos.
Assim que termina, sou chamado por Jimin. Encabulado. Nervoso. É assim que estou.
— Eu quero te dar uma dica que vai ajudar no seu desenvolvimento. — diz, ligando uma música instrumental no estilo da tal Bachata e segurando minha mão. — Feche os olhos e não se preocupe, apenas me deixe te conduzir.
Um tanto hesitante, eu faço, até porque a curiosidade me domina.
Nós começamos a dançar com ele me levando para frente, para trás, para um lado, para o outro. Eu piso em seu pé porque estou muito nervoso e me desculpo desesperado mas ele só ri baixo, me pedindo para respirar e continuar de olhos fechados.
— Sinta a melodia. — nossos corpos se movem com certa lentidão. — Acompanhe esse ritmo leve.
Então busco esvaziar meus pensamentos, me manter calmo e somente sentir. Consequentemente, fico entregue em seus braços e me permito ser guiado por todo salão.
Dançar com os olhos fechados traz a sensação de que estamos flutuando. Flutuando e entrando num mundo de sensualidade até então desconhecido por mim. E eu não sei explicar mas ter o corpo desse alfa colado ao meu, suas mãos firmes em minha cintura, me movendo com destreza para os lados, me deixou mole.
— É como imaginei. — diz baixo. Abro os olhos, notando que todos já saíram e estávamos a sós. — Você dança bem, Jungkook. E é bastante sensual quando se permite. Então pense menos e sinta mais, assim não irá errar nenhum passo. — me solta, eu demoro uns segundos para voltar os pés para o chão.
— Interrompo? — olhamos em direção a voz, é uma ômega que eu não conheço. Jimin sorri para ela e nega.
— Só estava dando uma dica extra. Pode entrar e se preparar para dar sua aula. Já estamos indo. — ele pega suas coisas e eu o acompanho.
O silêncio está agradável mas mesmo assim resolvi puxar assunto.
— Você não tinha outra profissão?
— Não. — ri. — Já sei, Hana te disse que eu estava fora da cidade sendo um astro de rock? — franzo o cenho, negando. — Ela adora dizer que eu sou tudo, menos professor de dança. Não é legal para ela, uma grande engenheira, dizer que o irmão alfa dá aulas de Tango, Bachata e Ballet em uma academia.
— Oh, você ensina Ballet? — isso me impressiona.
— Sim. Para crianças. — sorri. — Uma professora teve que sair às pressas por motivos pessoais, eu fui cobrir por um tempo, mas acabei gostando dos pequenos.
— Isso deve ser fofo. — o comentário me escapa sem querer após minha mente imaginar o Park de saia tutu, dançando rodeado de crianças.
— E é. — abre seu sorriso mais uma vez. Ele gosta muito de sorrir. Acho isso lindo. — Mas, me conta, o que ela disse que eu era?
— Só disse que tinha um irmão que estava aprimorando estudos fora. Eu quem, por alguma razão que desconheço, deduzi que era algo como um congresso de medicina. Acho que na época foi a primeira coisa que me veio à mente.
— Provavelmente ela te induziu a pensar isso, mas nem se eu me esforçasse conseguiria, sou apaixonado por dança desde que nasci.
Eu gosto de dança. Aliás, acho todas as profissões honráveis, Hana é uma idiota por querer esconder o que o irmão faz só por não achar que é algo nobre. Não sabia que ela se preocupava tanto com imagens. Que ridículo. Falou tanto da minha mãe e, olhe só, consegue se assemelhar a ela com esse pensamento.
— Sempre deu aulas aqui? — pergunto, interessado em saber mais do único Park que me foi distante. Acho que a alfa não é muito fã dele pois ela sempre falava de Jimin vagamente.
— Sim, desde sempre. Caso soubesse iria deixar de se matricular?
Na verdade, eu nem pensei, né? Agi por impulso. Inclusive, preciso de fato me matricular porque hoje fui à sala 7 só para não ser vela, o que rendeu a um teste de Bachata ao qual no fim apreciei. Acho que vai me ajudar a me soltar e ser mais sensual então eu pretendo, sim, continuar.
Todavia, voltando a suposição do loirinho:
— Admito que ficaria receoso.
— Medo de, por eu ser um parente, ela aparecer por aqui?
— Eu entrei em um pensamento de não quer contato com nada que me lembre ela. Evitá-la também se tornou fundamental. Mas tenho que perder isso porque há coisas que eu gosto como chocolate, não posso parar de comer só porque ela tinha esse odor. E sua família, não posso parar de ver só por serem parentes e me lembrar dela. Só que vê-la, eu ainda não quero. Sua irmã me magoou muito.
— Entendo. Boa sorte com isso. — ele olha para porta e só então noto que estávamos parados diante dela. — E boa noite.
— Boa noite, Jimin-ssi. — não soube porquê, apenas me deu vontade, então seguro em seus ombros fortes, levantando os pés, me inclinando e beijando sua bochecha.
Nisso pude sentir mais do cheiro amadeirado e delicioso que vem de seu corpo definido e, caramba, minhas pernas quase vacilaram. Eu tenho que admitir que além de lindo, esse alfa é gostoso!
Ele sorri, dando um tchauzinho com a mão, se virando e indo embora.
Eu beijei a bochecha de um alfa atraente sem estar bêbado. Isso é um avanço, certo?
— Jungkook! — Jeon Taehyung quem me chama. — Pronto para ir? — assento. — Por que você de repente saiu?
— Não quis atrapalhar suas trocas de flertes que eu sei que durariam por toda a malhação. — faço careta.
— Eu admito que me empolguei, mas Hoseok nem ficou tanto tempo próximo, ele tem outras pessoas para auxiliar também. Fique junto de mim amanhã, sim?
— Certo.
— Vem, eu te dou uma carona.
— O que é isso? — encaro o papel que ele pegou no painel e me entregou assim que entramos no carro.
— Junto de Jin preparamos uma listinha de afazeres para você continuar se libertando. São mais desafios para falar a verdade. É para você provar do poder que tem, mas você tem a opção de negar algum ou todos se quiser, é só porque pensamos ser divertido.
E a lista consiste em:
Flertar - continue aprendendo a usar seu charme e sentindo o poder de ter alguém nas suas mãos;
Paquerar - encontre um (a) desconhecido (a) sem ser em festas, consiga um encontro e no encontro ao menos um beijo;
Seduzir - prove da sua sedução e deixe alguém só na vontade;
Fazer um boquete - de preferência em um (a) alfa, tendo o controle sobre ele (a) e se permitindo começar a perder o receio.
Com um "P.s. Lembre de manter a mente aberta!".
· · • ⊱✿⊰ • · ·
Bachata (pode ser assim, um ritmo rápido dançante, ou lento, depende da música):
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