3

O silêncio do apartamento era ensurdecedor, como um lembrete constante da solidão que eu sentia naquele momento. As lágrimas rolavam livremente pelo meu rosto, e eu não precisava mais fingir estar forte. Estava sozinha, e o apartamento vazio era a única testemunha das minhas emoções tumultuadas.

Minha única sorte naquele momento era que Meg estava ocupada com uma reportagem importante. Ela mal ficava em casa, e eu agradecia por isso. Não queria que ela me visse naquele estado. Meg era minha melhor amiga, e eu não queria preocupá-la com os meus problemas.

Assim que o choro cessou, uma onda de raiva tomou conta de mim. Raiva de mim mesma, por não ter ficado e confrontado aquele idiota arrogante. Quem ele pensava que era para me humilhar daquela forma? Mas a verdade é que eu sempre fui um covarde. Sempre preferi fugir do que enfrentar as situações de frente.

Eu já tinha perdido o emprego de qualquer forma. Por que não teria dito algumas verdades na cara daquele estúpido e arrogante Oliver Green? Sim, ele era bonito e bem-sucedido, mas de que adiantava se ele era um completo idiota esnobe?

Eu sabia que deveria ter reagido de forma diferente, mas naquele momento, tudo o que eu queria era me afundar no sofá e desaparecer do mundo.

De repente, o som do telefone quebrou o silêncio do apartamento. Olhei para o visor e vi que era Meg. Engoli em seco e atendi, tentando disfarçar a intensidade das minhas emoções.

Alô. — disse eu, tentando parecer calma.

Alisson, eu acabei de marcar a entrevista com aquele político importante, que citei, o que acha de comemoramos com comida chinesa, hein? Posso passar no seu trabalho pra te buscar. —  perguntou Meg, a voz animada pelo telefone

Eu hesitei por um momento, pensando em como poderia dizer a ela o que havia acontecido. Mas antes que eu pudesse responder, ouvi um barulho na porta.

Não poderia ser Meg, será Louis, nosso porteiro? Talvez Dulce, a senhora rabugenta do apartamento ao lado.

Seja quem fosse não estava no clima para ser cordial.

Eu estou bem, Meg. Acho que… Não posso sair agora, tenho algumas coisas para resolver antes. —  menti, adiando o inevitável.

Tudo bem, amiga — disse Meg, parecendo um pouco decepcionada no outro lado da linha, mas logo ela tratou de rir, voltando para seu bom humor rotineiro. — Podemos comemorar a noite, levo vinho, combina com frango xadrez, né?

Ouço alguém chamando do outro lado da linha. Sons de algo caindo e um suspiro cansado de Meg.

— Preciso desligar, Ally, a nova estagiária acabou de derrubar o café em alguém. A noite conversamos sobre seu primeiro dia também, quero saber tudo sobre o trabalho de uma secretária executiva!

Meu coração aperta com sua animação óbvia.

Droga, Meg!

Seguro a vontade de desabafar e contar toda verdade. Mas, por mais que esteja chateada, uma Meg, furiosa, não ajudaria no momento, mesmo que Oliver Green merecesse a fúria da minha melhor amiga sobre si. O meu coração batia descontrolado no meu peito. Eu não conseguia evitar a sensação de que as coisas estavam prestes a piorar. Mas eu teria que enfrentar a situação de frente, não poderia mais fugir. Era hora de ser forte e enfrentar as consequências das minhas ações, ou melhor, da minha falta de ação.

Meg desliga a ligação, me jogo no sofá, preciso me erguer, começar a procurar um novo emprego.

É uma pena.

O cargo de secretária apesar de não fazer parte das minhas funções, pagava bem e tinha muitos benefícios que ajudaria no momento.

— Vai ficar tudo bem — me ouço dizer numa tentativa de me animar um pouco.

Quando estava prestes a ir para o quarto, ouço outra vez alguém tocar a campainha dessa vez com mais insistência.

Gemo.

Eu só quero descansar um pouco e esquecer a humilhação de mais cedo, é pedir muito? Pelo jeito é, quando quem quer que seja, não desiste e permanece tocando a campainha, estava realmente tentando a ignorar, mas se não fosse Dulce, logo ela certamente apareceria para reclamar.

— Já estou indo.

Grito sem força.

Minha garganta dói.

Pelo choro sem dúvida.

Não faço questão de me olhar no espelho, minha aparência não deve está muito boa depois da crise de choro. Porém, acredito que nada posso me deixar em um pior e mais humilhante estado.

Mas assim que abro a porta, a prova está errada.

Pois havia piorado e era mais humilhante.
Afinal, Oliver Green estava na minha porta.

(...)

Confesso estar inclinada a fechar a porta na sua cara,mas não faço isso, talvez essa seja minha oportunidade de dizer as boas verdades que gostaria de ter feito, e assim dizer para mim mesma que não era uma completa covarde. Portanto, continuei olhando para Oliver, enquanto ele parecia envergonhado. Era irônico, eu sabia, mas não pude evitar pensar o quão bonito ele estava, mesmo com o terno molhado da leve garoa lá fora. O clima em Seattle era imprevisível, e era fácil se pegar desprevenido.

Ficamos ali parados, em frente ao meu apartamento. Eu estava cansada, minha garganta doía e meu rosto provavelmente ainda estava inchado de tanto chorar. Tudo por causa do homem que estava na minha frente, o mesmo que havia sido meu chefe por apenas três horas.

Oliver olhava para baixo, claramente incerto do que dizer, foi inevitável pensar que essa deve ser a primeira vez que se sentia assim, afinal era rico, deveria está acostumado a dar ordens, nunca se desculpar, se é que ele veio até aqui para isso, o homem que vejo, não parece do tipo que pede desculpas, mesmo estando errado. Porém, eu estava cansada daquilo, pensava apenas em como iria conseguir um novo emprego para poder pagar as contas que estavam se acumulando.

E ainda havia Meg.

E as explicações que teria que dar.

Eu preciso descansar minha mente e não faria isso com Oliver Green parado como uma estátua na minha porta.

Uma estátua muito bonita.

É sério? Me questiono, irritada comigo por ainda continuar pensando em como é bonito.

"Então, o que você quer, Oliver?" perguntei, tentando controlar a raiva em minha voz.

Ele suspirou e finalmente olhou nos meus olhos.

— Alisson, acho que cometi um erro como você ao falar daquela forma.

Estava confusa.

Acha?

— Acha?

Reflito meu pensamento em voz alta.

Ele acha que errou!

Ele pisca, igualmente confuso.

Fecho a mão em punho, agora realmente irritada.

— Você acha que errou? Ter me humilhado daquela forma não foi motivo suficiente para ter certeza das suas ações, senhor Oliver?

Eu estava furiosa.

Com certeza, deveria ter fechado a porta na cara dele assim que o vi parado.

Oliver parece realmente surpreso com minha explosão para em seguida parecer ofendido com ela.

— Acho que está levemente alterada, senhorita Jones e…

— Lewis!

Grito.

Ele nem ao menos procurou saber meu sobrenome

— O Senhor veio a minha casa para o quê mesmo? Por que se não tiver nada a dizer, pode ir embora.

Estava ofegante.

De raiva.

Alívio.

Eu não sabia.

Oliver me olhava como se eu tivesse me transformado em outra pessoa.

— Estou começando a preferir você quando gagueja, senhorita Lewis.

Ao menos acerta a merda do meu sobrenome.

— E eu preferiria que se retirasse da minha porta.

Ele sorri.

Sorri.

— Eu estava certo.

Murmura como se tivesse descoberto a cura de alguma doença incurável, tamanho é sua arrogância refletida numa só frase.

— Você não é adequada para o cargo de secretária.

C-como?

— O senhor veio a minha casa para continuar a me ofender. Não foi o suficiente fazer isso para que todo maldito andar ouvisse!

Eu não estava apenas ofegante.

Estava tremendo.

De raiva.

— Não faça como se a culpa fosse inteiramente minha.

Fosse?

Ela é inteiramente sua, seu bastardo irritante!

Pela sua expressão irritada, devo ter dito em voz alta.

— Você não pode ser minha secretária, não quando se veste assim!

Aponta com uma expressão de nojo e desdém para minha roupa.

Seguro no batente da porta para não bater em seu rosto.

Se bem que ele merece.

Mas não vou me rebaixar a esse ponto.

— Saia!

Não quero ouvir mais nada.

— A realidade dói, não é? — Ele riu maldoso.

Ah dane-se a educação.

Quando estava prestes a lhe dizer algo, ouço a porta ao lado ser destrancada, o que significava que Dulce sairia com sua expressão zangada, ela faria algum alvoroço que chamaria mais a atenção, e do jeito que é fofoqueira inventaria coisas horríveis se o visse comigo. Então, sem pensar com clareza, puxo Oliver pela mão para dentro do meu apartamento, fechando a porta em seguida com um pequeno baque, ouço Oliver começar um xingamento, mas o paro colocando a mão em sua boca, mas na pressa, acabo me desequilibrando por causa dos malditos saltos altos, o que resulta em nós dois caindo no chão.

Sim, tudo pode piorar facilmente comigo.





Sério, quando foi a última vez que atualizei essa história? Para aqueles que acharam que esse dia nunca chegaria, eis aqui um capítulo fresquinho, estive inspirada, escrevi esse capítulo do nada e gostei do resultado, espero que também aprovem, comentem muito quem sabe libero o próximo esses dias, vamos tentar finalizar essa história. Estou ansiosa pra trazer a fic da Sabine, sei que estão animados e ansiosos também, um feliz ano novo atrasado, até em breve.

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