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— Isso é uma péssima ideia!

Por que ouço, Elliot ainda? O desgraçado rir da minha cara, enquanto se joga no meu sofá, estou começando a me perguntar se ele não tem trabalho o bastante para ficar se intrometendo nos meus assuntos.

— A garota é inteligente, e como disse, faça ao menos um período de experiência. — O bastardo volta a falar.

— Porque não a contrata como sua secretária, então? Posso ficar com a Cármen.

Elliot me olha estranho por alguns segundos, provavelmente se perguntando sobre o meu problema com a garota. Bem, há vários! Ela não serve como secretária para mim é a primeira da lista!

— Eu não me importaria de tê-la como secretária, mas sabemos que Cármen não aguentaria seu gênio difícil por mais tempo. A pobre coitada está com olheiras horríveis, e ela está como sua secretária por apenas dois meses!

Reviro os olhos.

— Isso não vai dar certo.

Aquela garota é sinônimo de problema, e não o problema bom que gosto, que provavelmente resolveria na cama. Ela é irritantemente inocente, com aqueles olhos azuis grandes e curiosos, esperando algo de mim.

— Você realmente não gostou dela. — Elliot parece surpreso.

Achei que estivesse claro isso.

— É melhor ir para sua sala — Dispenso com um aceno de mão.

Quero ficar sozinho e pensar numa forma de fazer aquela garota ir se despedir.

De forma alguma ela vai ficar trabalhando aqui.

{...}

Acordo com o barulho irritante do despertador, a primeira coisa que busco é meu celular, preciso conferir meus e-mails, ouço passos no corredor, sorrio de lado, Bené está de volta. Após conferir meus e-mails faço o meu caminho para o banheiro com calma, analiso meu reflexo no espelho por alguns segundos, indeciso se faço a barba ou não, tenho tempo, essa é uma das vantagens de ser seu próprio chefe, mas por fim decidi não fazê-la hoje, escovo os dentes enquanto reviso mentalmente quais compromissos tenho pela manhã.

Reunião com a equipe de relações públicas.

Uma videoconferência com os investidores chineses.

Entrevistar candidatas e…

Espera.

De repente lembro da garota maluca do elevador e a ideia ridícula de Elliot de contratá-la.

Porra!

Eu definitivamente não devo ouvir Elliot! Ao lembrar da maldita garota, toda minha calma e bom humor somem, alguma coisa naquela garota me irrita, é inevitável não lembrar a cena do elevador. Como estava assustada, ela se agarrou a mim como se fosse seu bote salva vida, nunca vi olhos tão azuis ou expressivos como dela, era como se pudesse ler a mente dela. Naqueles momentos no elevador, aquela garota confiou em mim, um estranho. E isso me assustou pra caralho! Ela parecia tão vulnerável e inocente, o oposto das mulheres que tenho ao meu redor. Tudo nela parecia gritar inocência.

— Definitivamente um problema.

Um que preciso me livrar o quanto antes.

{...}

Ao chegar na sala, encontro a mesa posta, como se fosse receber uma dúzia de convidados, e não apenas eu que fosse tomar café. Bené está na cozinha terminando algo, pelo cheiro delicioso só pode ser meu omelete favorito. Ela vira de repente, tomando um susto ao me ver parado no meio da sala de jantar, seu rosto pequeno e rechonchudo se abre em um sorriso grande e amoroso, porém, ela se vai tão rápido quanto veio.

— Você não fez a barba garoto — Ela faz soar como uma repressão.

Seguro a vontade de revirar os olhos. Bené iria me bater com alguma colher se visse isso. Me sento à mesa, na minha frente à café, suco e uma infinidade de frutas e queijos.

— É bom tê-la de volta, Bené. — Sorrio pequeno para a mulher que é como minha segunda mãe.

— Não fuja do assunto, garoto — Avisa servindo-me, ela deixa um beijo na minha bochecha, igual quando fazia quando era um menino. — Um empresário como você deve andar sempre bem alinhado e de barba feita. Eu mesma, nunca vi o Senhor, seu pai, sem ser de barba feita.

— Acho que minha mãe discordaria disso. — Brinco me servindo de um pouco de café. — Aliás, como estão meus velhos?

Bené me bate de leve no ombro, em repressão, ela se senta ao meu lado, e começa a se servir também, mas diferente de mim, ela não bebe café, apenas suco.

— Estão bem, graças à minha Nossa Senhora. Sua mãe, está irritada por não ter telefonado para ela, sabe como ela fica quando não fala com os filhos.

— Bem, ela só fica irritada comigo, a outra, provavelmente nem deve lembrar que tem uma mãe, ou uma família — Meu tom é duro e magoado.

Bené suspira triste.

— Sua irmã ama vocês, sabe disso. Ela só não podia continuar aqui, não depois do que aconteceu.

Agora é minha vez de suspirar. Falar dela geralmente me deixa no misto de irritação e culpa. Irritação, por ela ter ido embora há seis anos e nunca mais ter voltado e, culpa por saber que tenho minha parcela de culpa nisso também. Entretanto, não quero pensar nisso logo tão cedo, meu humor não está dos melhores e o assunto Sabine, sempre piora ele.

— Eles disseram quando viram?

Mudo de assunto, vejo que isso incomoda Bené, mas ela não insiste.

— Eles não falaram nada. Sua mãe ama a Itália e seu pai ama tudo que ela gosta.

Acabo rindo de leve, meu pai faz tudo que Dona Charlotte deseja, desconheço um homem mais apaixonado que meu velho.

— O café está delicioso, Bené, mas preciso ir, sou um homem de negócios.

Ela sorri, concordando.

— Vem almoçar em casa?

Em casa? O nome de Soraya pisca na minha mente, como se lesse minha mente, Bené rapidamente muda a expressão.

— Achei que tinha terminado com aquela modelo.

O modelo sai como se fosse uma ofensa na sua língua.

— Eu terminei. É… complicado.

Ela sorri forçadamente.

— Tudo é complicado com aquela mulherzinha.

Ah, Bené, você não faz ideia.

— Você precisa procurar uma mulher, meu menino — Ela toca meu rosto com carinho. — Uma de preferência que não seja uma louca varrida!

Me afasto sutilmente dela.

— Não quero discutir esse assunto, Bené. Eu… gosto da Sabine.

— Mas não a ama.

Agora é minha vez de forçar uma risada.

— Não acredito nessa de amor.

— Ah, meu garoto, tenho pena de você quando se apaixonar.

Por que parece um tipo de praga?

{...}

Em meia hora chego à empresa. Meu humor só piorou com o trânsito infernal, tinha que ser logo hoje, assim que coloco meus pés na empresa, meu funcionários sacaram de cara meu estado de espírito e se afastaram do caminho, Denise, a recepcionista nem oferece um bom dia, ela aprendeu com a última vez, quando estou de mal humor, é melhor nem olhar nos meus olhos. Dessa vez, usei o elevador privativo, ontem ele estava com problemas e, somente por esse motivo precisei usar o outro, que resultou no meu encontro catastrófico com aquela maluca gaga!

Esse elevador é usado somente por mim e os outros acionistas. O que me possibilita um pouco de alívio, não terei que encontrar com aquela garota.

Céus, que ela tenha desistido e se tocado que essa empresa não é lugar para ela.

É muita maldade torcer para isso?

Disfarçadamente, procuro ela antes das portas se fecharem. Coloco meus óculos escuros e peço para quem estiver lá em cima, atenda meu pedido, eu sou uma boa pessoa no final de contas, isso deve servir de algo. Alguns segundos depois, a porta é aberta e a primeira coisa que vejo, é aqueles olhos irritantemente grandes e ansiosos, me encarando com expectativa quase sufocante.

Quem acorda com esse sorriso?

- B-bom dia Senhor - Noto seu esforço para não gaguejar.

Já é alguma coisa

Mas não o bastante para mim.

Acredito que não terei de suportá-la muito tempo. Farei da sua vida um inferno nessa empresa e em poucas semanas ela estará pedindo demissão e nunca mais terei de ver sua cara alegre!

E, Elliot, ainda a acha bonita! Seus olhos são muito grandes, o rosto é pequeno e… de feições delicadas, quase infantis, com certeza não funciona para o mundo executivo. Olho para suas roupas, franzo a testa com quão caretas elas são, rosto de adolescente e roupas de uma idosa, Elliot ainda acha que ela serve para secretária executiva?

Como ontem, ela usa o mínimo de maquiagem. Algo estranho... Todas minhas outras secretarias vinham produzidas como se fossem para uma festa depois do trabalho. Não precisava ser um gênio para saber que queriam mais do que atender e anotar minhas ligações, o que nunca teriam,  não transar com funcionários era uma regra que seguia à risca, mesmo que elas fossem atraentes.

Mas, essa… Garotinha, não parece interessada em chamar minha atenção, ou de qualquer outro homem, pelo menos, não com essas roupas.

Olho para Cármen, que parece divertida com algo, ela desvia o olhar assim que nota o meu, e fingi atender uma ligação.

Estou cercado por idiotas, é isso?

— Cármen, mande Elliot para minha sala — Ordeno, ignorando de propósito minha secretária. — Agora!

Ela assente, nervosa e, rapidamente liga para o idiota do meu amigo, olho brevemente para a garota, que continua parada me olhando.

Odeio os olhos dela.

Odeio ela.

Sigo para minha sala, posso sentir o olhar dela e de Cármen nas minhas costas, bato a porta com força ao passar por ela, de repente, estou decidido a me livrar dessa garota hoje mesmo!

{...}

O que meu estimado presidente deseja desse pobre advogado? — A voz brincalhona de Elliot morre assim que ver minha expressão furiosa.

— Quero essa garota fora, agora!

— Garota? Que garota, cara pálida?

Não se faça lerdo, Ward. Ele pisca os olhos, como se lembrasse de algo. E bate na testa, uma expressão puramente falsa no rosto.

Bastado.

— Ora, por acaso essa garota, seria, sua adorável secretária nova?

Estou a um passo de matá-lo. Uma palavra, e precisarei de um novo advogado!

— Aquela… garota, não serve para mim. Você viu, ela? Realmente a viu? Não posso ter como secretária alguém que se vista como minha avó!

— Está exagerando, cara.

— Não, porra! Ela não vai ser minha secretária, eu não quero ela nessa empresa ou na minha frente! Ou você dá um jeito de consertar essa merda, ou mesmo farei isso, e acredite, Elliot, não serei nem um pouco gentil!

Ward parece surpreso com minha explosão. Antes que possa dizer algo, uma batida na porta interrompe nossa discussão, em seguida, Cármen entra, porém algo está errado. Cármen parece constrangida com algo, o que eu nunca vi nos cinco anos que trabalha conosco.

Senhor… — Ela pará, hesitante.

— O que foi, Cármen?

Minha voz sai brava, tento controlar meu humor e irritação.

— Alisson, ela… Foi embora.

Que?

— Do que está falando, Cármen? — Elliot pergunta, confuso.

Ela me olha brevemente. Vejo irritação em seus olhos castanhos.

Que porra é essa?

— Ela ouviu a discussão. Bem, todos ouviram.

Porra!

— Parece que conseguiu o que queria.

Elliot está puto. E Cármen parece estar da mesma forma, e comigo?

Eu sabia que aquela garota era sinônimo de problema!





50 comentários é a meta, boa leitura pessoal, sei que conseguem bater ela. Bjss.

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