VIII



Era um novo dia, a linda princesa estava em cima de uma árvore, junto a seu príncipe. Os dois estavam sentados de frente um ao outro, lá no topo da árvore mais alta, existente nas redondezas perto do castelo. Era a árvore favorita de Karina, ela levou o príncipe para conhecer esse lugar especial, já que ela sabia que ele também gostava de subir em árvores, era um passa tempo que os dois tinham em comum.

- Eu amo estar aqui em cima. A vista é encantadora, da para ver tudo, eu olho esse castelo daqui de cima, e me sinto tão grande, tão valente, sinto a liberdade. É incrível estar no topo. – falou a jovem, que sorria alegremente.

- Você é valente, eu sei que é. Mas eu te entendo, eu também sinto o mesmo quando estou no alto de uma árvore. – falou o jovem e encantador príncipe.

- Eu não sou tão valente assim, já houve muitas coisas que eu tive vontade de dizer aos meus pais durante esses anos, que eu nunca tive a coragem. Então, eu não sou tão valente como pensa.

- Claro que é. Você é a princesa mais valente que eu conheci na minha vida, você até pode não ter dito certas coisas aos seus pais, mas isso é normal, acontece com toda família, e é muito comum na realeza. Você é valente, porque não tem medo de ser quem é, é astuta, brincalhona, rebelde, é uma princesa de atitude, que tem opinião pra tudo e que não concorda com as regras da realeza e não tem medo de dizer isso, você é mais valente do que pensa, garota. – disse o príncipe Leon, olhando dentro dos olhos de Karina, que estavam brilhando, assim como o dele. Ambos estavam apaixonados, eram dois jovens sonhadores e apaixonados.

- Obrigada. Leon...

- Sim?

- Você quer mesmo se casar comigo? Não está comigo por obrigação, não é? Sei que a aliança entre nossos dois países estão seladas desde que éramos crianças, mas, tudo bem se não quiser cumprir com a aliança de casamento, eu vou entender, os meus pais é que não vão muito. – disse a princesa. Que estava com medo da resposta do príncipe.

No fundo, ela só queria ter a certeza, de que ele sentia o mesmo que ela sentia.

Leon riu, riu muito. A princesa ficou olhando-o sem compreender, o coração estava começando a acelerar, tinha medo de que ele dissesse que era uma obrigação. – Karina, eu pensei que soubesse que estou completamente e loucamente apaixonado por você. É óbvio que eu quero me casar, não por obrigação, mas sim porque estou louco por você. – ele respondeu, segurando de leve no rosto da jovem princesa.

Ela não conseguiu conter o sorriso. Estava feliz em escutar o que queria. – Mas e se não for amor? Estamos apaixonados sim, mas e se for apenas paixão, e não amor?

- É praticamente impossível não amar você. Enquanto nos gostarmos, sei que a nossa paixão vai se transformar em amor. Eu sinto isso. Eu nunca me apaixonei assim, acredite. – contou.

- Eu nunca me apaixonei antes. O meu primeiro beijo foi com você. – ela confessou, e escutar aquilo fez Leon sorrir, sentindo-se especial.

- Sério?

- Sim, é sério. – ela respondeu, timidamente, sentindo as bochechas arderem de tanta vergonha, ela queria não ter dito isso, mas já tinha dito, não tinha mais volta.

- Isso é inacreditável... Estou feliz de ter sido o primeiro.

- Para de me olhar assim...

- Eu não tenho culpa de estar apaixonado pela princesa mais linda do mundo. – falou, sorrindo e aproximando o rosto do de Karina, os dois foram se juntando, até que seus lábios se tocaram, e beijaram-se de maneira doce, mudando o ritmo para apressado, o beijo começou a ficar intenso, e os dois se empolgaram um pouco, tanto que em um momento de descuido, os dois se desequilibraram e caíram da árvore. Para sorte da princesa, ela caiu em cima de Leon, e ao constatarem que haviam caído juntos de uma longa árvore, os dois começaram a rir um do outro, e de toda a situação.

- Machucou-se, minha princesa? – ele perguntou, após o fim da risada.

- Nem um pouco, meu príncipe. – respondeu ela, e riu. Karina levantou-se logo em seguida, e Leon também. Os dois batiam a sujeira de seus trajes da realeza, no momento em que Karina viu Camila passar bem lá na frente, ela carregava nos braços um cesto enorme com roupas. A princesa não pensou nem duas vezes antes de chamá-la.

- Camila! Camila! – gritava Karina, fazendo sinais com os braços, para que a outra garota visse.

A jovem Camila virou-se, e ficou espantada ao perceber que o príncipe caminhava junto com Karina, em sua direção. Ela não conhecia o príncipe, mas deduziu que o rapaz era o mesmo, pois suas vestimentas eram dignas de um príncipe com sangue real.

Camila colocou o cesto com roupas limpas em cima do gramado. – Camila! Quanto tempo, por que sumiu? – perguntou a princesa, puxando – a para um abraço carinhoso.

- Olá, princesa. – disse Camila, nervosa com a situação e se curvando a menina.

- Ei! Camila... Não precisa se curvar a mim e nem me chamar de princesa. Sou eu, lembra? Sou sua amiga, mesmo que não tenhamos conversado muito, sei que nos tornaremos grandes amigas. – falou a princesa, sorrindo.

- Desculpa... É que...

- Está nervosa com a minha presença, não é mesmo? Fica tranquila, posso ser um príncipe, mas sou humano como todos, e bem... Se Karina te considera uma amiga, também é minha amiga, não precisa agir de maneira diferente perto de mim, esqueça que sou um príncipe, me veja apenas como o Leon, seu amigo e noivo de sua amiga. Pode ser? – disse o príncipe, que assim, como Karina, era bem desligado com esses tipos de regras existentes na realeza.

- Tudo bem então. Se prefere dessa maneira. – disse a jovem, sentindo-se um pouco acanhada.

- Vai entrar no castelo? – perguntou Karina.

- Sim. Preciso entregar esse cesto com as roupas limpas. É o meu trabalho. – respondeu Camila.

- Depois que entregar, não pode voltar e ficar um tempo conversando comigo?

- Não sei se é uma boa ideia... Eu sou apenas uma plebeia. Se os seus pais ficarem sabendo que estou criando amizade com a princesa, podem não gostar e me demitir. E eu... Preciso muito desse emprego, venho de uma família muito humilde, e eles contam com o dinheiro que recebo aqui, que fique entre nós, é o lugar onde mais me pagam pelos serviços.

A princesa ficou triste de repente, ela tinha gostado muito de Camila, desde que as duas conversaram naquele dia, e ela não tinha muitas amigas, está certo que agora, ela tinha a amizade de sua prima Chloé, mas, Karina também queria a amizade de Camila, e não conseguia entender porque existia isso de que a realeza não deve se misturar com pessoas fora da "nobreza".

- Não. Eu não ligo para esse tipo de coisa, eu tenho 16 anos, posso escolher com quem quero estar, eu serei a futura rainha desse país, eu quero e posso ser sua amiga. Meu pai não vai proibir, e minha mãe vai entender, ela é compreensiva. Nenhum dos dois vai te demitir, eu prometo. Não vou permitir. Eu sou uma princesa, não preciso da aprovação de ninguém. – disse ela, convicta daquilo, mesmo sabendo que muitas vezes não era assim. Mas Karina tinha a certeza de que o pai não iria encrencar por causa disso. E a mãe... Rainha Vitória era tão bondosa, não haveria mesmo problema em relação a ela, ainda mais por uma coisa tão boba assim.

- Espero que esteja certa.

- Não precisa ter medo, confia na gente. – Leon tentou ajudar Karina.

- Tudo bem. Eu só vou entrar e entregar as roupas, daqui a pouco volto. – disse Camila, e sorriu.

- Vou te esperar aqui! – disse a princesa, muito entusiasmada.

Após Camila se afastar, Leon sorriu e puxou a princesa para mais perto de seu corpo.

- Você é tão diferente das outras princesas. Generosa, alegre, sem preconceitos, e eu amo tanto isso em você. – ele disse.

Karina riu. – Ás vezes sinto que não pertenço a esse mundo do qual vivo. Eu quero mais do que é permitido, quero poder quebrar padrões existentes a séculos... Já se perguntou como vai ser o mundo daqui a séculos a frente? Será o mesmo do de hoje? Será muito diferente? Não vamos estar aqui para saber, mas eu espero que seja diferente, espero que seja um mundo mais livre, onde as pessoas possam fazer o que quiserem, sem se importarem com as regras ditadas da sociedade. E que essa coisa da realeza não seja muito importante como é hoje. Na verdade, eu espero que não exista mais a "realeza" até lá. – disse a princesa e Leon sorriu, estava fascinado com o quanto sua noiva era sonhadora e revolucionária.

- Até o momento eu nunca havia pensado sobre como seria o mundo nesse futuro distante, mas assim como você, também espero que seja melhor que esse. E eu amo saber que você sonha com um mundo melhor. Isso é lindo, e você é linda, e eu quero muito te beijar. – disse ele, bem perto do ouvido dela.

Ela se arrepiou e o coração acelerou. – E o que está esperando, príncipe? – brincou, arrancando um último sorriso de Leon, antes de beijá-la. Quando seus lábios se tocaram, eles sentiram que nada mais no mundo importava, além dos dois.


Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top