IX
Após Camila voltar, Leon já não estava mais com a princesa, ele saiu para que sua noiva pudesse conversar mais a vontade com sua nova amiga, Camila. Quando as duas ficaram frente a frente, Karina abraçou Camila. – Como foi lá dentro? Te trataram bem? – perguntou a princesa.
- Sim, quem me atendeu foi os empregados do castelo. – respondeu a jovem.
- Onde mora? Com quem mora? Eu não sei muito sobre você. – disse a princesa, que estava curiosa para saber como era a vida de Camila.
- Eu moro pelos arredores, não fica muito longe daqui. No vilarejo mais próximo. Moro com meus "pais adotivos".
- Você... – a princesa se espantou, não fazia ideia de que Camila era adotada.
- Tudo bem, não tem problema. Sim, eu sou adotada. Não sei por que me adotaram, disseram que me abandonaram na porta de casa, que a primeira vista parecia que eu estava morta. E que ao me pegarem no colo, para verificarem, disseram que eu voltei a respirar, não sei, foi mais ou menos isso.
- Porque disse que não sabe o motivo de terem te adotado? – perguntou Karina.
- Minha mãe adotiva e meu pai adotivo sempre me trataram muito mal, desde que eu era criança, nunca me deram amor, eles me enxergam como uma empregada da casa, uma agregada por piedade, e como não tenho para onde ir, tenho que permanecer lá com eles. Sempre me usaram para trazer dinheiro para casa. – respondeu Camila.
- Eu sinto muito. Isso é realmente muito triste. Então... Você não sabe nada sobre os seus pais biológicos?
- Não. Ainda não, me se algum dia eu encontrá-los, quero saber da boca deles, o motivo de tal abandono. – disse a jovem, o olhar era frio, e Karina percebeu o tamanho da magoa que a jovem guardara dos pais biológicos.
- Talvez eles não tivessem condições de te criarem.
- Isso não justifica terem me deixado quase morta na porta de dois estranhos, que só me criaram para me fazer de empregada. Se pelo menos tivessem me deixado com uma família nobre, de dinheiro. Mas me deixaram nas mãos de dois exploradores.
A princesa suspirou. – Não tinha como saber disso, talvez pensassem que eram pessoas boas. Eu não estou querendo justificar o abandono, mas pode ser que... Não tiveram outra escolha.
- Não me interessa. Jamais vou perdoá-los. E não vejo a hora de ter mais idade, para sair daquela casa e nunca mais precisar entregar o meu dinheiro para aqueles exploradores.
- Tem certeza que eles não sabem nada sobre seus pais biológicos?
- Disseram que não sabiam. Mas não confio neles, são mentirosos. Pode ser que saibam e por algum motivo não querem me contar.
- Acho que você precisa investigar mais esse caso. É a sua vida, sua origem, você merece saber mais. – disse a princesa.
- Você tem razão. Vou sondá-los hoje, ao chegar em casa. Eu mereço saber a verdade. Obrigada, princesa. – agradeceu Camila. Karina sorriu, e pegou na mão da menina.
- Não tem que me agradecer, é para isso que servem as amigas.
- Já me considera sua amiga?
- É claro. Não encontro motivos para não sermos boas amigas. – falou a princesa, sorrindo.
Após, Camila se despediu, disse que tinha que voltar, e a princesa foi para seu quarto, seu aposento real. Ao entrar, teve uma surpresa, encontrou seu príncipe deitado em sua cama, esperando por ela. A jovem riu e fechou a porta rapidamente, tentando não permitir que os guardas vissem Leon ali.
Assim que a porta se fechou completamente, Karina foi até ele e riu baixinho. – Está ficando maluco, príncipe? – brincou.
- Por você, minha princesa. – ele entrou no jogo.
A princesa se deitou de frente a ele o olhou por alguns segundos, ela nem conseguia acreditar no quanto estava apaixonada por ele. – O que está fazendo aqui? Como entrou?
- Distraí os guardas com outro assunto e na primeira oportunidade, eu entrei rapidamente. Foi assim que eles não me viram.
- Eu não quero nem saber qual desculpa inventou para fazer dois guardas saírem de seus postos. – falou a jovem, rindo o mais baixo que conseguia.
- Um bom penetra nunca revela seus truques. – brincou.
- Me beija logo, por favor. – pediu a princesa.
Leon sorriu, puxou sua noiva para mais perto de seu corpo e a beijou, os dois se beijaram como se o mundo fosse acabar ali mesmo, intensamente, ferozmente, docemente, apaixonadamente, tudo junto e misturado, quando ficavam ser ar, desprendiam os lábios para logo em seguida voltarem a se beijarem como antes. Até que os beijos intensos iam se transformando em beijos no pescoço, apimentando a relação, a princesa sentiu seu corpo se incendiar por dentro, e o príncipe também, os dois já estavam loucos um pelo o outro, Leon abriu os laços do vestido da princesa, ela se desprendeu dele rapidamente, com a respiração acelerada. – Isso é errado. Não podemos dar o próximo passo sem termos nos casado. Se descobrirem, vou ficar mal falada, mal vista aos olhos da sociedade e meus pais vão me matar. Sexo só depois do casamento, essas são as regras. – disse a jovem, estava um pouco assustada por perder a virgindade, ela não ligava muito para as regras, tinha medo de achar ruim e doer, de se entregar de corpo e alma e algo na relação dos dois der errado. Ela sabia que poderia sofrer, e era justamente o que ela não queria.
- E desde quando você liga para as regras?
- Eu sou uma princesa, tenho que me dar ao respeito. – disse, para tentar sair daquela situação, mesmo que seu corpo estivesse implorando para tê-lo.
Leon sorriu de lado, pegou nas mãos da princesa, e olhou no fundo de seus olhos.
- Nada do que fizermos aqui, vai fazer com que eu te veja com outros olhos, pelo o contrario, só ficarei ainda mais apaixonado por você. Eu não quero e nem vou te obrigar a nada, se não quiser, eu vou respeitar. E não me importo em esperar até depois do casamento. Mas, se você realmente quiser isso, não ligue para o que vão pensar, porque ninguém desse castelo, além de nós dois vai saber o que aconteceu entre quatro paredes, jamais vou te expor, não é errado se entregar de corpo a uma pessoa que amamos antes de um casamento, afinal, o casamento é só uma união simbólica que irá nos unir para sempre, desculpa se passei dos limites, eu pensei que quisesse também. Por isso me excedi. Perdão. – disse ele.
A princesa suspirou e sorriu. Depois de escutar as palavras de Leon, ela não teve mais medo, ela o adorava, estava muito apaixonada, não seria ruim, e mesmo se doesse, seria algo natural. O que importava era que os dois se gostavam e os dois queriam aquilo.
- Eu quero, te quero de corpo e alma. Quero muito mesmo. – ela disse já se jogando em cima dele. O príncipe despiu a princesa, e logo depois se despiu.
Os dois se olhavam, estavam nus, antes que iniciassem, a princesa sorriu e disse algo no ouvido dele. – Não podemos fazer barulho, os guardas não podem nos ouvir. – foi o que ela dissera. O jovem sorriu e assentiu com a cabeça.
Pegou no corpo nu da princesa, e a deitou, em seguida se deitou por cima dela. Depois de muitos beijos na boca, no corpo, o príncipe foi cuidadoso com a penetração, e a princesa não sentiu desconforto algum para sua surpresa, o que sentiu foi prazer, estava muito excitada, na verdade, os dois estavam. Percebendo que ela havia gostado, ele acelerou os movimentos, e Karina sentiu que iria explodir de tanto desejo que sentia em praticar aquele ato. E começou a sentir a contração, forte, intensa e prazerosa, quando terminaram, os dois estavam suados e cansados, sorriram um para o outro e ficaram por alguns minutos daquela forma, deitados nus um de frente para o outro. – É muito difícil fazer sexo segurando a boca para não gritar. – confessou a princesa, fazendo o príncipe rir.
- É sim. Senti o mesmo. Mas... Você gostou? Foi como queria? Eu te machuquei? – ele perguntou, preocupado.
- Foi incrivelmente gostoso e perfeito. E não doeu, não mesmo. Eu te amo, Leon. Eu realmente amo você, só agora me dei conta. – confessou.
Ele sorriu, acariciando o rosto dela. – Eu já sabia que me amava, mas é bom escutar você confessando seus sentimentos. Eu também amo você, princesa. Nunca senti amor por nenhuma outra garota, você é a primeira. – ele também se confessou.
- Quero viver para sempre ao seu lado.
- E vamos, iremos no casar em breve. Acho que fomos feitos uma para o outro. – disse Leon.
- Eu tenho certeza disso. – respondeu Karina, sorrindo.
...
Uma semana se passou, em um dia, especificamente na parte da tarde, Karina percebeu uma movimentação estranha dentro do castelo, e percebeu não encontrava seus pais, até que em uma tentativa de procurá-los, avistou Camila sentada no trono, eram dois tronos, ela estava sentada no trono em que a mãe da princesa ficava.
Claro, que ao ver a cena, Karina estranhou, pensou até que fosse uma miragem, mas Camila sorriu e chamou Karina. De repente, a princesa sentiu o toque de alguém em seu ombro, ao virar-se, viu sua mãe e seu pai, ambos estavam lado a lado.
- Mamãe... Porque está chorando? – perguntou Karina assustada.
O pai não chorava, mas estava com uma cara séria e que Karina sabia que algo ruim tinha acontecido. – O que está acontecendo aqui? Por que a Camila está sentada no trono da mamãe?
- Precisamos conversar com você, filha. Venha conosco. – pediu a rainha Vitória, mesmo sem entender nada, Karina os seguiu até o gabinete do pai, o lugar em que ele trabalhava.
Ao entrarem, o rei Derek trancou a porta, queria privacidade. – O que está acontecendo? Eu não estou entendendo nada.
- Minha linda, tenho que te contar uma história, que... Vai ser difícil pra você, mas você precisa me entender que eu fiz isso pelo o seu bem. – começou Vitória.
Derek se mantinha calado e sério, estava esperando que sua rainha contasse a verdade logo para Karina. – Conte. – pediu a princesa, sem imaginar que aquela revelação mudaria sua vida para sempre.
- Quando eu dei a luz, tive algumas complicações no parto. Minha filhinha nasceu morta, pelo menos foi o que eu pensei, ela não se mexia e minhas damas de companhia diziam que ela estava morta. E eu fiquei muito abalada, muito triste, estava desesperada, Derek queria herdeiro mais que tudo no mundo, e ficaria arrasado se descobrisse que sua filha havia nascido sem vida. Naquela mesma noite, Lisa chegou com você nos braços, dizendo que havia acabado de ficar órfã. E minha dama de companhia sugeriu que eu pegasse você, fingindo que era a minha filha. No inicio eu recusei a ideia, mas ao pegar você em meus braços, eu... senti que não podia te deixar sem pais, senti que precisava cuidar de você, que Deus estava me dando mais um chance de ser mãe. E eu aceitei a ideia. Peguei você e fingi que era minha filha biológica, desde então, carrego esse segredo comigo, mas hoje... Tudo mudou. O segredo foi descoberto. Me desculpa, mas quero que saiba que eu te amo e sempre vou te amar, e que vai continuar sendo a minha filha, quero que continue me vendo como sua mãe. – disse. A rainha estava em prantos, e Karina também chorara, sua primeira lágrima escorreu, quando começou a ouvir a história e a entender tudo.
- Então... Eu não sou herdeira do trono de Costa Lina? Eu... Sou uma plebeia? – perguntou a princesa.
- Você não tem sangue nobre Karina. – disse o rei Derek.
- Eu não sou princesa... – disse a jovem, tentando assimilar aquela noticia.
- Sinto muito querida, mas isso não muda nada, você continua sendo a minha filha amada, a minha princesa. – disse Vitória, tentando pegar na mão de Karina, mas a jovem não permitiu tal ato.
- Em primeiro lugar, você soube disso só agora? – perguntou Karina, para Derek.
- Sim, fiquei tão surpreso quanto você. – respondeu seriamente.
- Como ficaram sabendo? E por que a Camila estava sentada naquele trono? – a princesa perguntou, sem ligar os pontos.
- Os pais adotivos dela, vieram aqui hoje, juntamente com ela. E contaram toda a história, eles sempre souberam que Camila era nossa filha biológica, mas só resolveram falar a verdade agora. Claro, exigiram uma enorme recompensa por terem cuidado da menina por todos esses anos. – contou Vitória.
- Como vocês sabem que ela realmente é a filha biológica? A menina não tinha nascido morta? – Karina perguntou, estava tão confusa e tão assustada.
- Pedi que interassem ela com uma medalhinha, herdada da minha família por séculos, na medalha tinha o meu nome gravado. Foi a medalha que fez com que eles soubessem, e Camila tem a mesma marca de nascença que o Derek tem nas costas, completamente igual, não h á duvidas, ele realmente é nossa filha biológica. Sem contar certas semelhanças que ela tem comigo, fisicamente. Eu não sabia que ela estava viva, pensei que tinha nascido morta.
- Você criou a garota errada. Trocou a verdadeira pela falsa. Isso não é algo que acontece com frequência... – disse Karina, mais para si do que para Vitória.
- Desculpa... Eu sempre vou te amar, querida. Isso não tem que mudar nada.
- Claro que isso muda, mãe! Muda tudo! Eu não sou a princesa de verdade, Camila é! Eu não tenho mais poder nenhum e nem o que fazer nessa corte. Eu... E o Leon? Como ficamos?
- Os pais de Leon ficaram sabendo, e estão exigindo que o filho se case com a verdadeira princesa. É isso ou sem aliança de casamento. – contou Derek.
A princesa chorou ainda mais. – E ele sabe disso? Concorda com isso?
- Ele ainda não sabe. – respondeu o rei.
De repente, Karina se lembrou de que não havia perguntado sobre quem eram seus pais biológicos. – E os meus pais biológicos? Quem eram eles? De onde eu venho?
Vitória olhou para Derek, o rei suspirou e começou a falar. – Antes de contar, eu quero dizer que eu não sabia que eles eram seus pais. Fiquei sabendo hoje, de quem você era filha. Naquela época, houve uma tentativa de assassinato contra mim, todas as provas que eu tinha, apontavam para seus pais, especificamente o seu pai. Aos meus olhos ele era culpado, havia tentado me matar, e reis não admitem esse tipo de coisa, quando temos provas de um crime, temos que punir o culpado, e no caso do seu pai seria com a morte. Eu pedi para que os meus guardas me trouxessem ele, mas por algum motivo, que eu desconheço até hoje, um dos guardas resolveram matá-los dentro de suas próprias casas, nunca mais vi esses guardas e seus pais haviam sido assassinados por eles naquele dia, no dia em que você nascera. Eu não sabia que seus pais haviam tido você, fiquei sabendo depois que recebi a noticia da morte de ambos, eu tentei ir atrás da recém-nascida, para de alguma forma recompensar essa menina, mas nunca a encontrei, até descobrir hoje, que aquela recém-nascida que eu procurei por dias, era você. E estava sendo criada por mim durante todos esses anos. Desculpa, eu sinto muito. – disse ele.
A princesa estava em prantos, não conseguia acreditar que havia crescido com o culpado da morte de seus pais biológicos, pessoas que apenas naquele momento, ela havia ficado sabendo. Estava se sentindo traída, estava confusa, tinha se dado conta de que sua vida inteira fora uma mentira. Ela não era uma princesa de verdade, não tinha sangue real, não era a próxima herdeira do trono, e as coisas começaram a se encaixar, fazendo sentido. Ela nunca concordou com as regras, sentia-se uma estranha no seu próprio mundo, era tão diferente dos pais em relação a ideias, tudo isso começou a ter uma explicação lógica em sua cabeça. Para ela, o motivo de ser como era, se dava ao fato de nunca de fato ter pertencido a aquilo tudo.
- Você matou os meus pais! Como quer que eu te desculpe?! Você os tirou de mim! Eu era só uma recém-nascida, e você tirou a oportunidade que eu tinha de crescer com os meus verdadeiros pais! – a princesa gritava, culpando o rei Derek.
Pela primeira vez na vida, Karina viu Derek chorar, ele nunca havia chorado perto dela. Mas naquele momento, o homem mostrou sua fraqueza, e por mais que ela quisesse odiá-lo, ela não conseguia, porque pra ela, ele era o seu pai, e Vitória sua mãe. Estava sentindo raiva, mas jamais poderia odiá-los. E ela se sentia culpada por isso, culpada por não conseguir odiar o responsável pela morte de seus pais biológicos.
- Eu não sabia que eles tinham filha! Se eu soubesse... Por favor, eu sinto muito. Eu me sinto tão culpado... Eu amo você, Karina. Nada no mundo vai mudar isso, você é e continua sendo a minha filha, isso não vai mudar. A Camila é a verdadeira princesa, mas você sempre vai continuar aqui, com a gente, sendo a nossa filha do mesmo jeito que sempre foi, só não vai poder mais ocupar o trono no futuro, pois, a fofoca do que aconteceu já se espalhou e... Com a presença da verdadeira herdeira, é impossível que você... – Derek tentava dizer, e repetir em voz alta para a garota que ele sempre pensou ser a herdeira, que na verdade era uma plebeia, e que havia sido enganado por todos esses anos por sua esposa.
- Eu entendi, também é impossível que eu me case com Leon, não é mesmo? Mas acontece que eu já estou apaixonada por ele! E vou ter o meu coração partido, e isso tudo é culpa de vocês dois! Você que me fez crescer em um mundo no qual não pertenço, e você... Por me obrigar a conhecer o Leon. Se essa aliança não existisse, eu jamais teria o conhecido, e isso me pouparia bastante sofrimento. – a princesa os culpou. Ela chorava, e sentia seu corpo todo doer.
- Por favor, filha. Perdoa-me, eu te criei por que...
- Pensou que sua filha estava morta, é eu sei.
- Não... Quer dizer, no primeiro momento sim, mas quando te peguei em meus braços, sentia uma conexão muito forte, era como se você fosse realmente minha, e por isso eu escolhi fingir que você era ela. Eu sinto muito, não permita que a sua raiva destrua o amor que sente por nós dois. Eu sei que você nos ama, não pode deixar de nos amar de uma hora para outra. Eu errei sim, mas errei por amor, e eu te amo tanto. – disse a rainha.
- Olha como a vida é irônica. Vocês dois deixaram de ver a verdadeira filha crescer, para criar a filha do casal, que curiosamente, o rei foi responsável pela morte. Deveriam me odiar, pelo menos, você sim, Derek. Pode confessar, você nunca gostou muito de mim, talvez desconfiasse de que eu não era sua. E agora que descobriu que não sou mesmo sua filha, que sou uma plebeia, a filha daquele homem que você queria matar, aposto que está me odiando ainda mais, se odiou quando soube que criou a menina errada, não foi? Confessa! – a princesa gritou, saindo do controle. Parecia estar tendo uma crise.
O rei, nunca tinha visto Karina dessa forma, se assustou com o comportamento da garota, e ficou de coração partido também. – Me magoa saber que você pensa que eu não gostava de você. Eu amei você desde o momento em que te peguei em meus braços pela primeira vez, quando olhei para o seu rostinho, tão pequenina, tão frágil. Eu nunca desconfiei de que você não era minha, nunca. Estou tão arrasado quanto você, jamais pensei que minha filha biológica fosse aquela jovem que lavava nossas roupas. Fiquei tão chocado e magoado como você está. Eu ainda estou, não vou mentir, claro que me dói saber que não tive a oportunidade de criar minha filha biológica, e dói saber que ela passou por necessidades durante todos esses anos, e que sempre trabalhou para sustentar uma família que não a tratava bem. Mas também me dói, saber que você não tem o meu sangue, me dói saber que eu fui o culpado pela morte dos seus pais biológicos, me dói te ver assim, e me dói ver que você será a mais prejudicada dessa história toda, que infelizmente você não poderá mais ser uma rainha, e que não será mais considerada uma princesa pela sociedade, pois todos já estão sabendo, e é você que vai mais sofrer com isso, pois foi criada para se tornar rainha e agora, tudo em que você acreditava e que foi ensinada, não vai existir mais. – Derek falou.
- Bom... De alguma forma, eu consegui o que sempre quis. Não serei rainha, era o que eu sempre desejei, pelo menos isso vai se realizar. – disse Karina.
- Não fala assim, nós te amamos, e sempre será assim. Nada precisa mudar na nossa relação. – disse Derek.
- Eu acho que eu não pertenço mais a esse lugar, na verdade, eu nunca pertenci. Esse é o momento em que eu devo sair do castelo e viver a minha vida de plebeia, que é o que eu sou. – disse a jovem.
- Não, por favor, não vá embora, filha! – gritou Vitória, pegando na mão da menina.
- Não vá. Você ainda é nossa filha, fica conosco. Há espaço para você e Camila no castelo, você sabe disso. Não vamos te tratar diferente. – falou Derek.
- Infelizmente as diferenças existem, e nós três sabemos bem disso. Eu não vou conseguir ficar aqui e ver o amor da minha vida se casar com outra. Eu não posso com isso.
- Por favor, vamos fazer o possível para tentar convencer os pais de Leon a permitirem que ele ainda se case com você, diremos que no papel você tem o nosso sobrenome e que também vai herdar muito dinheiro de nós, não vamos nunca te deixar desamparada, e por ter o nosso sobrenome, será sempre nossa filha no papel. Vamos dizer isso a eles e tentar convencê-los a permitirem essa união. Fique aqui, pelo menos até conseguirmos isso. – disse Derek, o rei não queria perder a menina que ele havia aprendido a chamar de filha, não queria deixar de ver a menina que sempre amou, por isso, tentaria de tudo para que Karina permanecesse no reino, ao lado deles, como sempre foi.
- Vocês não vão conseguir, isso só vai fazer com que eu tenha mais esperanças e a dor será maior, quando eu perceber que nada mudará isso.
- Por favor, filha. Nos dê essa chance. Somos seus pais, sempre seremos, você não conhece o mundo lá fora, não sabe como as coisas são difíceis, e você que sempre foi acostumada a ter tudo do bom e do melhor, vai sofrer mais ainda, ao perceber que terá que se virar para sobreviver. Querendo ou não, você foi criada em mundo totalmente diferente do que seria sua vida, fora desse castelo. – disse o rei Derek.
A princesa suspirou fundo, ainda estava bastante a abalada e mil coisas se passavam em sua mente, ela não sabia se ia ou se ficava. Se fosse, sentiria muitas saudades dos pais que a criaram e poderia passar por dificuldades, se ficasse, sofreria ao ver seu amor se casar com outra. Estava em uma encruzilhada, então, ela decidiu que iria pensar no assunto e que enquanto pensasse permaneceria no castelo, mas que se decidisse ir, eles não poderiam obrigá-la a ficar.
O rei e a rainha concordaram, e disseram que fariam até o impossível para tentar pelo menos salvar o casamento.
Quando a jovem saiu do escritório, ela caminhou até a sala de trono, onde tinha visto Camila pela última vez. Ela queria pedir desculpas por ter tomado o seu lugar durante todos esses anos, mesmo que não fosse culpada por isso. Era assim que Karina era, boa e atenciosa com todos.
Quando a princesa ficou diante ao trono, parou seus movimentos assim que escutou Camila falar. – Karina, caso não tenha percebido, eu sou a futura rainha de Costa Lina, não acha que deveria se curvar ao ficar diante de mim? – disse a jovem Camila, olhando desafiadoramente para a princesa, havia gosto em pronunciar aquelas palavras, e pela primeira vez, Karina viu uma Camila que nunca havia percebido antes.
- Está falando sério? Isso é muita cara de pau. – respondeu a princesa, ainda desnorteada com o que Camila havia dito.
- Sinto muito, Karina. Mas todos aqui já sabem que o conto de fadas da plebeia com o príncipe acabou. Simplesmente você perdeu tudo, tudo o que nunca foi seu. Nada aqui te pertence, é tudo meu. Pelo menos, houve um final feliz para a princesa, ah... Essa princesa não é você, plebeia. – disse Camila, com uma soberba gigantesca, e com um brilho de maldade muito grande nos olhos.
- Como fui tola ao te considerar minha amiga. Você é má, e só agora percebo isso. Só fico triste pelos os meus pais, que tem uma filha tão ruim assim. – disse a princesa, com a cabeça erguida.
Camila se levantou e ficou diante de Karina, as duas bem próximas. – Eles não são os seus pais, entenda isso. Eu sou a filha deles, não você. Eu sou a verdadeira princesa, não você. Eu sou a futura rainha deste país, e não você. E eu vou me casar com Leon, e não você. – provocou Camila.
- Você é uma falsa, uma cobra venenosa. Fingia ser minha amiga, sempre me odiou? Ou ficou com essa raiva ao descobrir que eu cresci no lugar que era para você ter crescido? – perguntou Karina, não entendendo o motivo de tanto ódio da garota por ela.
Camila deu um sorriso falso antes de responder a pergunta da princesa. – Para ser sincera com você, eu nunca gostei muito de ti. Sempre tão boazinha e com essa cara de sonsa que tem, isso sempre me irritou. Sem contar, que reclamava de barriga cheia, não é plebeia? Cresceu como princesa, ocupando um lugar que não era seu, e ficava reclamando que vivia presa, que queria ser livre. Pois bem, agora você é livre, Karina. Livre para viver a sua vida de plebeia longe desse castelo. Sem contar que depois que eu descobri que você cresceu no lugar que era para ser meu, meu ódio por você cresceu mais. Essa é a minha família, o meu lugar, não é seu. Agora, vá. Porque se ficar aqui, eu vou fazer da sua vida um verdadeiro inferno, assim como foi a minha durante todos esses anos.
- Então você nunca gostou de mim, e eu sempre fui tão boa para você. Eu realmente queria ser sua amiga.
- Nunca precisei de caridades.
- Não era por caridade. Era por empatia, por amizade. Mas acho que um coração ruim como o seu... Não conhece o verdadeiro significado dessas duas palavras.
- Vá ser sonsa em outro lugar, Karina.
- Tenho pena de você.
- Eu que tenho de você. Infelizmente, terei que me casar com o seu ex- noivo. Estou maluca para tê-lo em meus braços. – provocou Camila.
Quando a princesa pensou que iria perder a compostura, foi interrompida pela voz de seu amado. – Princesa! – chamou ele.
Coincidentemente, as duas responderam ao chamado. – Sim? – disseram as duas, e o príncipe Leon, que já estava sabendo de tudo, estava desesperado por ver sua princesa, a sua real princesa.
( Camila )
( Karina : Vestido branco/ Camila: Vestido rosa )
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