V - Cinco

Jimin

— Claro, Tae. Eu sei, mas logo, logo, estarei em casa. E eu sei que você tem algo importante para falar comigo, mas é provável que você esteja dormindo quando eu chegar.

Jimin, o que você está aprontando?

— Nada, só vou chegar um pouco atrasado — ele suspira

Okay, se eu não estiver acordado nós conversamos amanhã. Até depois.

Eu me despedi dele, depois de ter ligado para dizer que vou chegar tarde por ter um assunto importante para resolver. Ele está misterioso, não sei o por quê. Algo está acontecendo, e só espero que não tenha nada a ver com seu ex-namorado.

Eu estava pensativo sobre isso, sobre como estava preocupado com Taehyung, no entanto, senti os olhos de Jungkook queimando sobre mim, então me virei para ele, tendo a certeza de como ele estava me observando, intensamente, aproveitando que o carro estava parado pelo sinal vermelho. Talvez ele queira saber com quem eu estava falando, ou talvez estivesse só me olhando. Para prevenir algo, decidi dizer de uma vez.

— Eu estava falando com o Taehyung, meu melhor amigo — eu disse, sentindo, não sei de onde, uma necessidade de deixá-lo informado.

— Eu imaginei, mas o que eu realmente quero saber é por que estava tão pensativo — ele disse, voltando a dirigir e a prestar atenção no trânsito.

— Ah, bom, ele disse que queria falar comigo, estou preocupado, talvez ele queira voltar com o ex dele, e isso não vai ser boa coisa.

— Por que não?

— Ele não é uma pessoa boa, eles terminaram a pouco tempo, Tae descobriu que ele estava traindo ele — Jungkook riu soprado.

— Pior tipo de homem — bom, acho que nem ele deve gostar de saber algo assim. — Bom, nós estamos chegando. Quando entrarmos eu vou tomar um banho e colocar uma roupa confortável, você deveria fazer o mesmo.

— Eu... Não tenho roupa pra vestir.

— Se tudo correr bem, você não vai precisar — arregalei meus olhos pela audácia dele. — Mas eu posso te emprestar alguma blusa e uma calça de moletom.

Eu acabei aceitando, sem muita alternativa. Então, assim que chegamos, ele me conduziu ao hall de entrada do prédio, cumprimentando o porteiro em seguida, eu o cumprimentei também, que sorriu gentil em resposta. Em seguida, nós entramos no elevador e subimos até o andar de seu apartamento, em silêncio.

Quando o elevador parou, ele saiu na frente e caminhou até uma porta, que eu supus ser a de seu apartamento. Ele logo abriu a porta e me deu passagem para que eu entrasse primeiro.

Esse apartamento era tão luxuoso quanto o outro, o local parece um pouco mais simples, mas ainda sim é bem elegante. Caminhando pela sala, eu percebo que aqui não tem tantas fotos quanto no outro apartamento, o que indica que ele realmente não costuma passar muito tempo aqui.

— Esse apartamento estava para alugar, mas o inquilino não assinou o contrato, então eu decidi que ficaria aqui enquanto meu apartamento fixo fica pronto — ele me explicou, sem que eu perguntasse, talvez tenha percebido que eu estava olhando. — Enquanto você estava a aí distraído, eu fui até meu quarto e peguei essas roupas para você — ele me entregou as roupas. — Você pode usar o banheiro que tem no corredor, eu vou usar o do meu quarto, fique a vontade para demorar o tempo que quiser no banho.

— Por que sempre parece que você está dando uma ordem? — eu pergunto, notando não pela primeira vez no tom que ele sempre usa. Antes de responder, ele se aproximou.

— É porque na maioria das vezes é uma ordem — ele sussurrou, a uma distância mínima de mim. — Isso faz parte do que eu tenho que te explicar, agora vá, não podemos perder tempo.

— Antes de você explicar tudo, eu gostaria de falar primeiro, tudo bem?

— Claro.

Sendo assim, eu me virei e me dirigi até o banheiro em que ele havia indicado, um banheiro muito bonito, admito. O design de interiores que provavelmente arrumou seu apartamento era talentoso.

Já no chuveiro, depois de tirar todas as minhas roupas, eu me permiti imaginar em como seria minha vida ao lado de Jungkook. Será que seria boa? Ou será que seria de um jeito totalmente diferente do que eu imagino? Ele parece ser uma boa pessoa, mesmo sendo um tanto frio às vezes. Eu acho que só vou descobrir se me permitir confiar nele, coisa que não está tão difícil de acontecer, já que a conversa de hoje aparenta ser bem esclarecedora.

Depois de acabar o banho, eu enrolei a toalha em minha cintura e sai da área para o banho. Depois de me secar, eu coloquei as roupas que ele me emprestou, sem nenhuma peça íntima por baixo, já que eu não tinha nenhuma limpa ali. Depois de dobrar minhas roupas e guardá-las em minha bolsa, que felizmente é grande o suficiente para que elas coubessem, eu saí do banheiro com meus sapatos nas mãos, indo em direção à sala.

Quando entrei no cômodo, eu pude encontrá-lo ali sentado no sofá, apenas com uma calça moletom fina e uma camiseta larga. Aparentemente também optou por não usar peças íntimas, já que seu volume era um tanto visível, e ele nem estava excitado... Eu acho.

— Está com fome? — ele me perguntou, sem sair daquela pose imponente.

— Não, eu estou bem, obrigado. Mas se você quiser comer...

— Não estou com fome. Bom, já que quer falar primeiro — ele apontou para o sofá, ao seu lado. — Pode começar.

Respirei fundo, me sentando onde ele havia indicado, e então, olhando para as minhas mãos, eu comecei.

— Bom, eu havia dito que o fato de eu ser quase virgem fazia parte dessa história, certo? — ele assentiu, prestando totalmente atenção. — Quando eu era adolescente, por volta de dezessete anos, quase completando dezoito, eu me apaixonei por uma pessoa, que era da mesma sala que eu na escola, ele era gentil, alegre, amigável... E demonstrava interesse por mim. Ele se aproximou de mim, nós começamos a conversar e acabamos nos beijando pela primeira vez. Eu não era um adolescente muito bonito nem cheio de encantos, mesmo que eu tivesse um corpo um tanto bonito, eu nem era inteligente o suficiente para que ele pudesse me usar para fazer suas tarefas de casa, não entendia o porquê de ele estar, aparentemente, interessado por mim. Então, uma noite em que eu fiquei sozinho em casa, pelo fato de meus pais terem saído para um jantar, eu finalmente descobri o que eu tinha que os outros garotos não tinham... — eu já estava com os olhos marejados, e logo senti a primeira lágrima escorrendo.

— O que você tinha? — ele perguntou, cauteloso, me incentivando para que eu continuasse, mas ao mesmo tempo com receio de estar me apressando.

— Minha virgindade — eu soltei um sorriso irônico, deixando mais uma lágrima escorrer.

— Ele obrigou você?

— Não, mas eu fui burro e apaixonado demais para perceber que era a única coisa que ele queria. Naquela noite, ele foi lá em casa, nós íamos só assistir um filme, mas ele começou a me beijar e eu me deixei levar, imaginei que estava pronto. Então, quando já estávamos tirando as roupas, eu percebi que na verdade não estava, e eu tentei dizer isso mas ele acabou me convencendo que eu "precisava" fazer aquilo, por ele, e por mim também. Bom, eu era muito ingênuo, então eu fiz, e eu nem cheguei a gozar. — limpei minhas lágrimas com certa raiva. — Ele só se importou com ele, depois que ele conseguiu o que queria, ele me deixou lá, no sofá de casa, sem roupa, morrendo de vergonha por ter acreditado nele, com apenas poeira e cacos onde eu costumava ter um coração.

— Você sabe que não teve culpa, certo? — ele se aproximou mais, me puxando pelos ombros, eu logo aceitei seu abraço e o abracei de volta.

— Eu sei — o abracei com mais força. — Sabe o que ele me disse antes de ir embora? — ele apenas moveu a cabeça, negando. — Depois que eu perguntei por que ele tinha parado, ele disse que tinha ficado comigo só porque eu era virgem, e porque eu tinha mais corpo que muitas garotas e garotos. Ele disse que tinha sido uma delícia transar com um virgem, mas que eu não significava absolutamente nada, depois ele sumiu, e eu nunca mais vi ele. Ele me fez acreditar que eu não era nada.

— Isso não é verdade, você é muito mais do que imagina — eu sorri fraco, ainda dentro de seu abraço, esse que eu sentia que não queria sair nunca mais.

— Ao passar do tempo eu entendi que ele estava errado. Felizmente ninguém ficou sabendo de nada, nem meus pais. Eu contei apenas para o Tae, até agora — me soltei de seus braços e olhei em seus olhos. — E é por isso que eu tinha dito que ter um namorado não servia para nada, porque eu não tive uma experiência boa. E eu nunca mais me envolvi com ninguém de nenhuma forma que não fosse amizade, até você aparecer.

— Então, você confiou em mim o suficiente para conseguir se envolver comigo? — eu vi um brilho em seus olhos, mesmo sem saber descrever o que é.

— Sim, eu confio em você, não sei porquê, mas confio.

— Eu nunca faria uma coisa dessas com você, nem com ninguém.

— Eu sei, eu confio em você.

— Sua confiança é muito importante.

Nós ficamos nos olhando, até o momento em que ele me dá um beijo na testa e se levanta, me puxando em direção do que parece ser a cozinha.

— Vamos fazer alguma coisa para comermos, precisamos ter força para a conversa que ainda vem pela frente, e se você aceitar tudo, vamos precisar de força para o que vem depois — ele continua andando, ainda me puxando pela mão. —  Ou melhor, você vai precisar de força.

— Aceitar tudo... O quê?  E força para que?

— Você já vai descobrir. Agora venha, eu não sou muito bom na cozinha, mas suponho que você seja.

Eu sorri fraco, logo indo ajudar a fazer algo para comermos. Só espero que essa conversa não seja tão complexa.

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