III - Três
Jimin
Hoje eu não me atrasei, não seria tonto o suficiente para estragar minha imagem profissional com o senhor Jeon por causa de mais um atraso, já não basta ter me atrasado ontem.
Levantei no horário habitual mesmo, eu teria tempo de me arrumar. Sendo assim, fiz o café da manhã e arrumei a mesa, deixando tudo pronto para o café. Como ainda estava cedo, não acordei o Tae, mas deixei tudo pronto para quando ele fosse acordar.
Depois de tomar café e me arrumar, eu peguei minhas coisas e saí de casa. Para minha sorte, hoje felizmente não teve trânsito, então cheguei rápido ao local marcado. Jungkook estava me esperando na frente do portão do edifício, que parece ser bem luxuoso. Eu desci do carro com minha bolsa e alisei minha calça preta e camisa branca com as mãos, para que não ficassem amarrotadas, e então caminhei até ele sobre o paralelepípedo da calçada, com meus sapatos de cor preta.
— Bom dia, senhor Jeon! Me atrasei? — perguntei, mesmo sabendo que não estava atrasado. Ele olhou em seu relógio antes de responder.
— Não, está na hora certa, pelo menos hoje. Pensei ter dito para deixar as formalidades de lado.
— Ah, desculpe. Eu havia esquecido — na verdade, não tinha, mas preferi agir assim.
— Lembre da próxima vez. Venha, vou te mostrar tudo — mesmo parecendo grosseiro, havia um certo tom de leveza em sua voz.
Ele entrou na frente e eu o segui logo atrás, nós subimos de elevador, o que pareceu ser um século até chegarmos, descobri então que ele mora na cobertura. Assim que saímos do elevador, nós caminhamos pelo corredor, parando de frente para uma porta, e dessa forma, ele a abriu e entramos no apartamento.
A entrada dava na sala, a cozinha ficava ao lado esquerdo e no lado direito tinha uma escada, que provavelmente dava para os quartos. Tudo me parece ser de muito bom gosto, não entendo o porquê da mudança.
— Jungkook, se não for muita intromissão da minha parte, por que quer reformar a decoração? É tudo tão bonito.
— O que precisa saber é que é tudo muito escuro, eu quero um pouco mais de cor. E também porque esse apartamento me lembra uma pessoa que eu gostaria de esquecer — ele disse em um tom sério e misterioso. Nossa, quanta seriedade.
— Certo... — às vezes eu fico sentido com a forma em que ele fala, e isso porque eu sou uma pessoa sensível, mas faço de tudo para que ninguém perceba.
Ele me mostrou a parte de baixo do apartamento e depois a parte de cima. O local consiste em dois quartos e um banheiro no andar de cima. Uma sala, cozinha e outro banheiro no de baixo. Um apartamento muito bonito e luxuoso, combina com o dono.
Eu não estava falando muito, estava concentrado, tinha várias ideias na cabeça. Pegando um caderninho na minha bolsa, comecei a anotar muitas das ideias e os detalhes em que eu iria precisar. Meu lado totalmente profissional havia entrado em ação.
— Você fica bonito assim, concentrado — eu rapidamente olhei para ele, que estava sentado no sofá ao meu lado, nem percebi quando ele chegou tão perto.
— Er... obrigado, eu acho — eu sorri sem jeito, não sou acostumado com elogios.
— O que acha de conversarmos um pouco? Gostaria de conhecer mais sobre você, já que vamos trabalhar juntos, de qualquer forma — mesmo que meu lado profissional tenha entrado em ação, Jungkook estava ali pronto para justamente me tirar do profissional.
— Ah, pode ser, mas não tenho muito a dizer — eu baixei meu olhar para o caderno em meu colo, um pouco envergonhado.
— Você tem namorada? Ou namorado? — sendo direto, perguntou. Ele poderia ter enrolado um pouco para fazer essa pergunta, né? Aliás, como ele sabia que eu poderia me interessar por homens?
— Não, não ligo muito para isso.
— Pois deveria.
Eu fiquei surpreso pelo que ele disse. Quero dizer, eu não acho que deveria ter um namorado, nem namorada (já que nunca me interessei por mulheres), nem tinha vontade para isso. Mas alguma coisa na forma em que ele falou fez meu coração acelerar, e isso definitivamente não é normal, e nem muito apropriado se formos ver em questão de que eu estou "trabalhando para ele". Bom, não exatamente pra ele, mas ele é um cliente da empresa. Enfim...
— Não entendo do porque, não vai me servir para nada mesmo... — eu dei um sorriso forçado, tentando permanecer gentil.
— Na verdade, pode te servir para muitas coisas, Jimin — ele disse ao pé do meu ouvido, me fazendo arrepiar e fechar os olhos. — E você é um homem muito atraente, creio que conseguiria o homem, ou mulher, que quisesse.
Eu queria ter entrado na onda e perguntado, descaradamente, o que a maioria perguntaria: "até você?". Mas eu estava muito desconfortável, não estou acostumado com isso, e também não sou desses. Bom, isso não quer dizer que ele está dando em cima de mim, não é? É improvável.
Ele pareceu perceber minha inconsistência em manter o assunto, então se afastou minimamente e me deixou continuar com minhas anotações.
Ao final da tarde, depois de já termos resolvido grande parte do que precisávamos, nós decidimos que já estava na hora de irmos embora, e como ele tinha desmarcado todos os seus compromissos de hoje, me convidou para jantarmos juntos, recusei gentilmente, mas ele insistiu. Eu não tinha muita coisa para fazer em casa, meu expediente na empresa já estava no fim, então decidi aceitar, só lembrei de mandar uma mensagem para Taehyung avisando.
Então, quando saímos do apartamento e fomos para o elevador, eu me senti um pouco nervoso, aparentemente, e até então, sem motivos. Eu apenas estou indo a um jantar de negócios com um cliente da empresa onde trabalho.
No entanto, talvez para provar que meu nervosismo não é infundado, assim que as portas do elevador se fecharam, ele se virou para mim, me encarando de uma forma totalmente intensa.
— Sabe, Jimin, vou ser direto — Jungkook começou dizendo, se aproximando. — Por que você acha que ter um namorado não serviria para nada? E claro, não que você precise de um, mas eu estou curioso.
— Eu gostaria de não responder essa pergunta, é um motivo pessoal — eu respondi, me sentindo afetado por sua postura e imponência.
— Certo, não precisa responder... — ele chegou ainda mais perto. — Mas eu gostaria de pedir perdão adiantado.
— Perdão...? — eu nem tive tempo de responder apropriadamente, não tive tempo de perguntar o porquê disso, antes de descobrir com suas ações. Ele fez algo que eu não estava esperando, e obviamente não estava acostumado.
Jungkook, inacreditavelmente, me prensou contra a parede metálica do elevador, me segurando pela cintura com a mão esquerda, enquanto com a outra pressionou seu dedo indicador contra meus lábios, acariciando-os. Ele olhou em meus olhos, encontrando-os transbordando surpresa, ansiedade e hesitação, mas sem encontrar relutância ou qualquer sentimento parecido, e ele me olhou de volta, expressando seu desejo através de seus olhos. Ele então voltou seu olhar para meus lábios, que ainda estavam sendo acariciados por seus dedos, agora entreabertos. Em seguida, sem que nada fosse dito, ele me beijou, de um jeito que provavelmente nunca fui beijado antes, com intensidade e posse.
Ele só parou o beijo quando chegamos ao térreo e o elevador se abriu, nos deixando sair de dentro da caixa metálica. Eu estando tonto e extremamente surpreso, ele como se nada tivesse acontecido. Nós caminhamos até o estacionamento e entramos em seu carro logo em seguida. Metade no caminho foi silencioso, mas sem aquele incômodo que imaginei que teria. De certa forma, o clima entre nós estava agradável.
— Eu precisei te beijar, e por isso peço desculpas. Mas não me arrependo e menos ainda prometo que não farei novamente — ele disse enquanto dirigia.
— Jungkook... Por que fez isso? E você nem sabia se eu era gay.
— Precisava descobrir se estava certo com uma coisa, e quando vi sua total submissão, mesmo que com a hesitação, transbordando de seus olhos, eu tive certeza do que estava vendo... Eu nunca me engano. E você não me corrigiu quando perguntei se você tinha namorado, nem me empurrou ou falou alguma coisa quando me aproximei no elevador. E, além disso, você precisa saber que eu não sou de ficar enrolando, e nem de perder tempo. Tentei ir devagar para não te assustar, já que percebi seu receio por relacionamentos de qualquer tipo, mesmo não entendendo — ele disse e explicou. Como ele tinha percebido meu receio eu não sei, mas sei que não adianta mais tentar esconder.
— O que exatamente você queria descobrir? — entretanto, foi o que perguntei.
— Um dia você vai saber, e isso vai acontecer no dia em que eu tiver você. E claro, se for da sua vontade, você será meu — senti meu rosto e pescoço esquentarem, eu estava envergonhado por suas palavras, e talvez eu esteja vermelho como pimenta, agora.
Eu não estava entendendo. O que esse homem, que poderia ter quem quisesse e desejasse, queria comigo? Talvez se eu não tivesse me privado tanto de me envolver em algum relacionamento ou algo parecido... Talvez eu conseguisse entender as coisas que ele fala.
O restante da noite foi inacreditavelmente calma, nós conversamos bastante, mas não voltamos ao assunto do beijo. Quando voltei para casa, depois de pegar meu carro em frente ao seu apartamento, eu encontrei Tae já dormindo, então eu finalmente fui tomar um banho para poder dormir.
Durante o banho eu me permiti pensar em Jungkook novamente. Ele é tão inacreditável, e pensar que no início eu imaginei que ele fosse algum idoso, só porque estou acostumado a lidar com pessoas de idade. Minha mente viajou até o momento em que o beijo aconteceu, as sensações voltando como se tivessem acabado de acontecer, e senti um frio na barriga quando lembrei de suas palavras deste fim de tarde: "Você será meu". E algo me diz que, mesmo que eu não quisesse, eu seria dele. Ele me faria querer, sei disso, e além disso, talvez eu já queira.
E então eu finalmente descobri o que Jeon Jeongguk tanto exala: esse homem exala total dominação.
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