A delegacia de Oklahoma estava tranquila como sempre.
Porém o delegado Luther, já havia sido avisado que mudanças seriam feitas.
Há 5 meses atrás, um serial Killer surgiu e tem causado o pânico.
Chamam ele de palhaço assassino.

O caso não foi pra frente, os policiais batem cabeça e mais mortos aparecem a cada dia.

Luther foi avisado sobre uma detetive que estaria encarregada desse caso.
O problema foi a notícia que veio junto, Luther não sabia como seus polícias reagiriam.
Nem ele mesmo achava a idéia boa, mais foram ordens de cima e contra eles, Luther não tem voz.

Ao chegar na delegacia com a bombástica notícia, ele vê seus policiais a espera de ordens.

__atenção todos.__Luther consegue a atenção dos policiais pra ele.__as ordens de cima, foram que a partir de hoje, até o fim do caso do palhaço assassino, teremos uma detetive encarregada desse caso. Ela foi designada com as melhores notas e os melhores elogios.

__da onde ela veio?__Marion questiona intrigado.

__ela é uma detetive particular. Ela não tem um local fixo. Ela vai onde é chamada. Quero que a tratem muito bem, me entenderam?

__sim senhor.__a voz de todos foi um só.

__ela já deve estar chegando.__Luther olhou o relógio no pulso e logo uma jovem de cabelos ruivos claros, um pouco abaixo das orelhas, com uma franja um pouco acima dos olhos.
Pele clara, olhos castanhos claros, um pouco puxados.

Ela usava um terno feminino bege e um salto médio fechado, branco.

__é ela?__Juan aponta pra jovem atrás do delegado.

O mesmo se virou e após um respirar fundo, ele concorda.

__Aika Saito?__Aika faz uma reverência e olha pro chão.

__eu me chamo Aika Saito, de trás pra frente meu nome fica Akia, e não soa muito bem. Meu nome pode ser confundido com Aimi e Akemi.

__Ok! Já entendi, seu nome é Aika e não os outros.__Luther olha seus policiais que olhavam aquela cena com dúvida.

__essa é a detetive?__Kuno arqueia uma sobrancelha em dúvida.

__sim. Ela cuidará do caso do palhaço assassino. Todos estarão a disposição dela pra auxiliar, em qualquer coisa que ela precisa.__Luther olhou seus policiais que o olhavam descrente com o potencial da jovem garota.__Aika, esses serão seus companheiros até o fim do caso.

__uh, tudo bem.__Aika não gostava de socializar, na verdade ela não sabia muito e por conta disso, muitos a tratavam mal.

__Juan, entregue pra ela a fixa e todo relatório que temos desse caso. Bom, o comunicado já foi feito, podem voltar a seus afazeres. Tenham um bom dia.__Luther sai em direção a sua sala.

Todos olhavam Aika com certo tédio e descrença.

__Saito. Toma aqui, só temos isso e agora é com você.__Juan entrega uma pilha de relatório e sai trombando nela.

Aika concorda em silêncio e olha a primeira ficha e sua mente lembrou das palavras de Tada.

"Mostre do que você é capaz. Não tenha medo de dizer o que pensa. Mais seja um pouco sutil."

Tada relembrou algumas regras com Aika, para o bem da mesma.

Primeiro: não repetir o que o outro falar.

Segundo: não falar sobre cachorros.

Terceiro: não dizer que o outro errou, de forma direta.

Quarto: seja legal e sociável.

Tada esperava que com isso, Aika não fosse rotulada e ela pudesse fazer o que ela faz de melhor.

__sua mesa é aquela ali.__Kuno apontou pra uma mesa empoeirada e com pouca iluminação.
Onde a única janela ali, estava emperrada e com cortinas e sujas.

Aika andou até a mesma, e ao colocar a pilha de papeladas que agora são responsabilidades dela, sobre a mesa uma enorme poeira levantou e a fez tossir um pouco.

Alguns polícias riam da futilidade dela, por apenas um pouco de poeira.

Aika tirou sua bolsa e a colocou no chão, encostada na mesa.
Ajeitou a papelada miticulosamente bem, e após se ajeitar na cadeira, ela começa a ler a primeira ficha.

A pouca claridade não a incomoda. Já que luzes fortes machucam seus olhos e a deixam nervosa.

Mais isso não foi algo pesando dos policiais para ela.
Isso foi uma forma de mostrar que não queriam ela ali.
Mais como não conhecem e nem fazem esforço de conhecer ela, eles arrumaram o melhor canto para ela.

Enquanto risadas ocorriam direcionadas a ela. O mundo ao redor de Aika pareceu parar, ela não ouvia nada, era apenas ela e as papeladas.

Cada traço, de cada passo dado pelo criminoso, Aika via os movimentos na sua cabeça.

Quando ergueu os olhos ela viu a cena do crime e os movimentos da vítima e do criminoso.

Hayato havia chegado na delegacia com um novo caso do assassino.
Foi imediatamente para a sala do delegado e após a permissão, ele adentrou o local.

__bom dia delegado. Apareceu outro caso do palhaço assassino.__Hayato segurava em sua mão, um pedaço de papel com o endereço.

__otimo, de para a nova detetive encarregada.

__nova detetive?__Hayato olhou seu chefe confuso.

__ah, você não estava presente. Os meus superiores mandaram uma detetive pra esse caso.__Luther olhou Hayato e uma ideia surgiu em sua mente.__quero você responsável por ela. Ela não conhece a cidade e vai precisar de auxílio. Os outros também estarão a disposição. Mais acho que você se qualifica mais, pra esse papel. O nome dela é Aika Saito.

__eu? Mais por que senhor?

__ela veio do seu país. Deve entender melhor ela.__Luther dizia como se fosse óbvio e nem um pouco ofensivo.

__e o senhor acha que só por que ela é Coreana, eu irei entender melhor ela?

__sim. Acho que se darão bem.__Hayato tinha uma resposta clara sobre o que ele pensava, mais decidiu ignorar.

Assim que saiu da sala do delegado, andou pelos corredores em direção a sala dos policiais.

Hayato veio bem jovem da Coréia, seus pais se divorciaram e sua mãe, decidiu vir tentar uma vida nova. Enquanto seu pai, ficou com a guarda do Filho mais velho.

Eles pularam de país em país, cidade em cidade, até se estabilizarem em Oklahoma.
A mãe de Hayato morreu ele tinha 19 anos e desde então é ele por ele e mais ninguém. Foi a última vez que viu seu irmão.
Se formou na academia de polícia com louvor e hoje dividi um apartamento com um colega do serviço.

O único que não o julga e diz que seu lugar não é ali.

Hayato sofre um preconceito de ser Coreano em um país que como dizem, não pertencer a ele.
Mais hoje isso não o afeta e alguns até aceitaram e admiram ele.

Seu colega de apartamento é um Americano, com descendência coreana.

Assim que chegou na sala, viu alguns polícias rindo e zombando baixo e ignorando as risadas, que Hayato sabia não ser direcionada a ele. O mesmo procurou a nova Detetive.

__Hay, você chegou. Já tomou café?__Naomi questiona sorridente parando na frente de Hayato.

__oi Naomi, já sim obrigado por se preocupar. Mais eu preciso mesmo achar a nova detetive.__Hayato viu Naomi torcer o nariz e decidiu ignorar.

__esta ali no canto.__Naomi apontou e Hayato agradeceu indo até ela.

Naomi, uma jovem policial de apenas 26 anos.
Se formou com notas boas, mais seu sonho era ser detetive, porém estudando no mesmo colégio que Aika, desde jovem e percebendo que a colega de classe sempre tinha toda atenção e não precisava se esforçar, pois sempre era esperta.
Naomi é a única da delegacia que conhece Aika, elas ficaram quase todo o período escolar junto.

Na faculdade, cansada de nunca ser valorizada por seu esforço e não ter a atenção do garoto que amou a adolescência toda. Naomi decidi fazer a prova pra polícia e assim não teria o brilho ofuscado pra gênio em tudo.
Era assim que chamavam Aika no colégio gênio em tudo, ou a esquisita dos livros, e muitos outros apelidos.

Naomi se formou na academia de polícia, de Seul, mais decidiu trilhar seu caminho e se encontrar.
Se apaixonou e decidiu vir morar perto do seu amor na época, 4 anos no relacionamento e não vingou. Mais Naomi já amava essa cidade e decidiu ficar.

Fez amizades e criou uma nova paixão, Hayato. Mais o mesmo nunca a chamava pra sair e nem nada.

Naomi tenta de todas as formas ter a atenção de Hayato.

Porem ela não esperava cruzar com Aika, justo em Oklahoma. Sentiu que seria novamente esquecida, mais se lembrou que os policiais daqui, são meio difíceis de lidar e que talvez não dure muito a estadia de Aika aqui.
Fora que pelo que o delegado mesmo disse, é apenas o tempo do caso do palhaço assassino acabar.

Naomi é americana, mais foi pra Seul com 2 anos e cresceu lá e fez sua vida toda lá.

E rever Aika, trouxe lembranças do amor que não viveu por culpa de Aika. E isso deixou Naomi, uma das que não deixaria a estadia de Aika fácil.
Ela não quer ter seu brilho ofuscado novamente.

Hayato andou até Aika e a viu lendo um dos relatórios.

__srt Saito.__Aika ergue a cabeça e olha rapidamente os olhos de Hayato e logo abaixa os olhos e olha a parede.__eu me chamo Hayato Takuro. Irei ser seu guia e auxílio enquanto estiver aqui.

__eu me chamo Aika Saito, de trás pra frente meu nome fica Akia, e não soa muito bem. Meu nome pode ser confundido com Aimi e Akemi.__Hayato arqueou uma sombrancelha e sorriu de canto.

Aika voltou a ler o relatório e Hayato percebeu que ela o ignorou.

__srt Saito. O assassino atacou de novo. Temos que ir averiguar.

__certo.__Aika pega sua bolsa no chão e ao passar pelo pescoço ela passa por Hayato e sai sem olhar pra trás.

Hayato ficou aéreo tentando entender o que havia de errado e encarou a mesa nova de Aika, totalmente arrumada e organizada.

__Takuro, você que vai acompanhar a tal detetive? Se for ela já foi, e você tá aí.__Murilo o tira do transe e Hayato sai da sala correndo.

Assim que chegou do lado de fora, viu Aika parada no meio fio olhando o chão.

__vamos no meu carro.__Hayato apontou e Aika concordou seguindo pela direita.__srt Saito, é esse aqui.__Hayato a chamou, quando Aika passou dois carros do dele.

Aika esticou a mão pra abrir a porta, mais Hayato foi mais rápido e suas mãos tocaram.
Fazendo Aika puxar sua mão e acariciar a outra que segurava a alça da bolsa.

Aika entrou e se acomodou. Ela olhava pra frente e logo Hayato liga o carro.

__srt Saito, tem alguma coisa que eu precise saber sobre você?

__uh, se refere ao meu Espectro Autista?__Hayato se surpreendeu e agora fez sentido as risadas e zoações e acima de tudo o motivo do delegado jogar Aika, pra cima dele.

Ninguém queria ficar com ela e ajudar a mesma. E isso ao ver de Hayato é bobagem. Aika é um ser humano igual a todos e não será a condição dela, que fará ele a tratar diferente.

__a srt é autista? Interessante.

__uh.__falar sobre seu estado, não era um dos fatores que Aika gostava de falar.

Seu interesse além do trabalho é cachorros, Aika poderia falar sobre eles por horas sem nunca se cansar.

Os olhos de Aika foram direito para um enfeite preso no espelho.
Era um cachorro e isso fez Aika apertar forte a alça de sua bolsa.

Ela queria falar sobre cachorros, mais Tada disse que isso não era um assunto pra se entrar numa conversa no trabalho.

Hayato olhou as mãos de Aika apertando a alça e olhou o rosto de mesma.
Estava suave, mais tinha um brilho que ele notou rapidamente nos olhos dela.

__srt Saito, está tudo bem?

__uh, você tem um enfeite de um cachorro.

__ah, isso! Eu comprei por que achei bonito e lembra o meu cachorro.__aquelas palavras animaram Aika.

__você gosta de cachorros?

__sim, muito. A srt também gosta?

__sim. Qual é a raça dele?

__é um Husky Siberiano.__Hayato notou que falar sobre cachorros, rendeu algo mais do que palavras rasas.

__Sibirskiy Khaski. País de origem Rússia.__Aika ficou animada em falar sobre cachorros.

__nossa, eu não sabia o país de origem dele. E o que foi esse nome que a srt disse antes?__Hayato não pode esconder a surpresa.

__é o nome original dele. Sabia que os Husky Siberianos pesam de 20 a 27 kg o macho, e a fêmea pesa de 16 a 23 kg. E que a altura de uma fêmea é de 51 a 56 cm e de um macho 53 a 60 cm.

__uau! Eu não fazia a menor idéia. Mais a srt parece entender muito sobre eles. Tem algum Husky Siberiano?

__não.

__a srt tem algum cachorro?

__tenho 3.

__3? Eu não dou conta do meu Bruce, imagina de 3.

__Bruce é o nome do seu Husky?

__sim, eu acho que combina, a srt, não?__Aika queria dizer o que pensa, mais lembrou do que o Tada disse e se limitando, ela apenas deu de ombros.__mais quais as raças dos seus 3?

__um Pastor alemão, nome original Deutscher Schäferhund. Um Dálmata, nome original Dalmatinac e um Buldogue, nome original English Bulldog ou Bulldog-Inglês.

__caramba! Você sabe o nome de origem de cada cachorro seu? Isso é bem legal sabia. É raro ver o carinho desse nível de uma pessoa com seu animal. Quais os nomes que você deu?

__o pastor alemão se chama Dango, o Buldogue se chama Yakisoba e a Dálmata Lola.__Aika fala meio contrariada, não eram nomes que ela queria colocar.
Ela os chamaria pelo nome de origem, mais todos que chegaram em sua vida, Tada já tinha escolhido os nomes e Tada conseguia deixar os nomes com muita luta e choro falso.

__a srt não parece muito feliz com os nomes. Não foi você que escolheu?

__uh, não.

__e qual o país de origem deles?__Hayato não queria que o assunto acabasse.__mais chame pelos nomes que eles tem.

__uh, tudo bem. O Dango é da Alemanha, o Yakisoba é da Inglaterra e a Lola da Croácia.__Aika olha pra janela e vê uma senhora andando com um poodle na coleira.__sabia que o nome científico dos cachorros é; Canis Lupus familíaris. Eles são mamíferos carnívoros da família dos canídeos, subespécie dos lobos e talvez o mais antigo animal domesticado pelo ser humano.

__serio? Eu não fazia idéia. O que mais você sabe?

__teorias postulam que surgiu do lobo cinzento, no continente asiático, há mais de 100.000 anos.

__você sabe muito sobre eles e parece gostar de falar sobre eles também.

__eu gosto. Sabia que um cachorro adulto, tem 42 dentes?

__eu nunca parei pra pensar. Mais isso agora me fez refletir, será que o Bruce tem 42 dentes?

__ele é adulto?

__sim.

__então tem sim.__Hayato sorriu e sentiu o clima que antes parecia sem graça, ficar calmo e descontraído.

Um tempo depois, ele para o carro na entrada de um parque.

__chegamos.__Hayato se preparava pra sair e abrir a porta pra Aika, mais a mesma já havia saído e começou a andar em direção a faixa da polícia.

Hayato suspirou e após travar o carro seguiu em direção a faixa.

Um corpo estava coberto por um saco plástico e após uma legista entregar pra eles um par de luvas.

Aika se agacha e levanta o saco.
A cena era bem desagradável, mais o que impressionou Hayato foi a falta de qualquer expressão, vinda de Aika.

O corpo estava intacto, haviam alguns hematomas roxos surgindo, mais no centro da cabeça um corte fundo e fatal.

__uh, ela parece ter lutado.__Aika se levanta e olha cada parte de onde está.

__eu não posso dizer com certeza, preciso examinar e saber se esses hematomas são de alguma resistência.__a legista cobre o corpo se levantando.

Novamente tudo parou e Aika se viu diante da cena real. Viu o assassino, e os gestos, via a vítima e tudo que ela fez até a morte.
Era como se Aika assistisse a cena no momento que ocorreu.

__não é isso. Mais o local. Aquelas folhas estão com o mesmo trajeto, e eles dão em direção ao corpo. As duas árvores seguidas daquela direita tem o mesmo formato que o corte na cabeça dela. E as marcas de passos ao redor estão fundas, não como passos normais, mais como se tivesse usado força e.__Aika andou três passos a frente do corpo.__aqui a marca girou um pouco e forçou pro lado direito. Não chove há dias e o solo está seco e não faria pegadas como em solo molhado. Houve briga e ela perdeu.__Aika se vira e olha rapidamente Hayato e a legista.

Hayato não pode esconder a surpresa em ver como Aika notou algo que nem ele e nem a própria legista viu.

A legista olhava cada ponto indicado por Aika e ficou em choque ao ver como ela conseguiu ver, o que era quase impossível.

__uh, não tem mais nada pra mim aqui.__Aika passou por Hayato e a legista e foi em direção ao carro.

Hayato saiu do transe e correu até Aika.

__srt Saito como fez aquilo?__Aika deu de ombros e Hayato sorriu pelo jeito meigo que ela faz quando dá de ombros.
Ela agi como se não fosse nada demais.

__uh, preciso terminar de ler os últimos relatórios.

__algum problema?__Hayato liga o carro e sai com ele em seguida.

__eles...

Aika sabia que alguns dos relatórios estavam errados, mais Tada disse pra ela não dizer que a pessoa estava errada, de forma direta.

__eles o que srt Saito? Pode falar.__Hayato sorri e a olha de canto.

__uh, tudo bem. Os relatórios estão errados. 5 deles pra ser exata.

__tem certeza?

__uhum, absoluta.

__tudo bem. Assim que voltarmos, você termina de ler e me mostra. Estou a disposição.

Após chegarem na delegacia, estava na hora do almoço e Aika apenas seguiu Hayato até o refeitório.

Estavam alguns polícias já fazendo suas refeições.
Hayato havia mostrado o caminho e havia ido pegar sua refeição, que o restaurante perto da delegacia entrega diariamente, para alguns ali.

Aika andou até uma mesa e sentou na cadeira, tirando da sua bolsa, sua refeição diária.

Tada preparava a única refeição que Aika comia e adorava.
Sempre foi assim, desde criança era Tada que prepara as refeições de ambos.

Hayato estava indo em direção a mesa de Aika, mais Juan para na sua frente.

__olha ela. Toda cheia de frescura. Trazendo a própria comida, pra não comer o que comemos.

__ta falando o que Juan? Alguns aqui também traz comida de casa.

__vou começar a fazer isso também e não quero ninguém me zuando.

__você? E vai trazer o que, Lamén? Por que é só isso que você sabe fazer. Quem cozinha lá em casa sou eu.__Hayato ri da indignação de seu amigo.

Juan e Hayato dividem um apartamento, desde o segundo mês de Juan na delegacia.
Eles dividem as contas e tudo mais. Porém pensam e agem diferente um do outro. Mais mesmo assim se dão muito bem.

__você pode preparar pra mim, uma refeição.

__você nunca reclamou da comida do restaurante. Agora vai começar de graça? Eu não vou preparar nada. Se quiser trazer, ou prepara Lamén, ou ajeita uma marmita do que sobrar da janta.

__cadê a amizade, Hayato?

__me deixa comer em paz, vai.__Hayato sai rindo e anda em direção a Aika.

Porém se surpreende com o almoço da mesma.
Ele nem lembra mais o que é comer um Kimbap e agora está vendo um bem na sua frente.

__você come Kimbap?__Aika apenas concorda com a cabeça.

__uh, você conhece o kimbap?

__é claro que conheço, eu só não como há anos.__ele sorri e senta na frente de Aika.__ele é um prato coreano, que possui a alga como base, e o recheio é preparado com arroz, legumes e carnes bem fininhas e temperadas.

__uhum. Eu gosto por que posso ver o que estou comendo e assim não sou pega de surpresa. O que eu não gosto.

__entendo.__Aika ergue a cabeça e vê Hayato comendo uma refeição bem cheia e com muitas coisas.

Porém Aika não conseguia definir tudo e isso a deixava meio nervosa.
Por isso só come Kimbap no almoço e janta.

Ela lembrou do quarto lembrete de Tada, seja legal e sociável.

Pegando um Kimbap com os hashis, ela coloca um no canto do prato de Hayato e o mesmo a olha surpreso.

__obrigado. Mais por que está me dando um? Não vai fazer falta? Digo, eles parecem ser contados e talvez seja o tanto que lhe deixará satisfeita.__ele estava realmente preocupado, mais ao mesmo tempo feliz por poder provar um Kimbap depois de tanto tempo.

__uh, não vai fazer não. Tem um a mais. E seja legal e sociável. Isso é ser legal.__ela volta a comer e Hayato segura uma risada do modo como Aika falou.

Hayato uniu as mãos e agradeceu pela gentileza.

Após provar o Kimbap, foi como voltar no tempo.
Ele sentia falta das suas origens, mais não sabia com seria voltar pra casa, depois de tantos anos.

Seu pai e seu irmão ainda viviam na Coreia, mais não se falavam desde a morte da mãe de Hayato. Sendo mais claro, seu irmão reside em Tóquio, e seu pai na Coreia.
Talvez voltar pra suas raízes, seja um sonho distante e apenas umas férias que, ele mesmo não tirava há tempos.

Tada havia chegado em casa depois de mais um dia de trabalho.

Ele já estava se acostumando com a rotina do hospital.
Mais sabia que seria apenas o tempo que Aika levaria pra resolver o caso.

Ele já estava acostumado com a rotina de mudanças e mais mudanças.
No começo foi difícil pra Aika, mais com o tempo, ela se acostumou.
Não ela em si, por que pessoas com Autismo tem dificuldade de se acostumar com uma nova rotina.
Mais Tada a ajudou, mostrando pra ela que o que mudava eram as cidades e as pessoas com seus modos de viver. Mais que ela não precisava mudar, ela continuaria com seus gostos e modo de vida.

Ele explicou e mostrou pra ela que o mundo dela não precisava mudar pra se adaptar, ela não precisaria mudar pra nada.

Foi a forma que ele conseguiu ajudar, ela nisso. E ela conseguiu as poucos se ajeitar e não mudar e nem ficar muito agitada.
Sim! Mudanças e novas rotinas a deixavam agitada, mais isso era da porta pra fora, e ela conseguia ficar calma. Pois dentro de casa, entre ela e Tada, nada mudava.

A primeira foi pela falta de médicos em um hospital e transferiram alguns médicos. O segundo foi a falta de trabalho pro cargo da Aika e o dinheiro ficava meio curto. O terceiro foi a dificuldade da Aika de se adaptar a delegacia, alguns policiais não gostavam dela e não conseguiam se acostumar com ela, a deixando nervosa e triste.
Depois das três primeiras, Aika já nem liga mais pras mudanças, pois ela sabe que ela não muda.
Após as três primeiras, Tada achou melhor Aika trabalhar como detetive particular e assim, ela faria do jeito dela, sem ninguém atrapalhando, ou a deixando nervosa.

Tada brincou com os cachorros e após dar comida e água a eles, ele tomou um banho e foi preparar o jantar dele e o Kimbap da Aika.

Estava ansioso pra saber como foi o primeiro dia dela.
Essa foi a primeira vez que recrutaram ela pra uma delegacia. Mais era pra um caso só e depois ela poderia voltar a ser detetive particular.

Levaram 3 meses pra encontrarem a Aika.
Tada preciso conversar muito com ela e explicar que seria um trabalho como os outros.

Ao escutar a porta abrir, um sorriso genuíno surgiu nos lábios de Tada.

__Aika!