Capítulo 27 - Fagulhas no céu e no meu coração

Coração acelerado. Mãos trêmulas. Lábios que abrem e fecham a procura de palavras que não saem. As luzes dançam no céu enquanto observo o reflexo no brilho do olhar ao meu lado. E naquele momento, tenho certeza que estou totalmente apaixonada.


Estava muito animada para o Festival que iria no dia seguinte, com as gêmeas, Pokko, Aono, Ayane e Ogetsu. No entanto, essa animação murchava com a insistência da chuva que em outro momento seria apreciada por mim, mas naquele em específico, eu só torcia para que ela acabasse logo.

— Não precisa ficar tão nervosa. As chuvas de verão vem e passam. — Hanako contornava o sofá, me abraçando. Sem perceber, eu estava roendo as unhas ao ponto do gosto metálico de sangue invadir a minha boca. — Amanhã, não terá nenhum sinal do temporal que está caindo hoje.

Assenti, torcendo para que minha mãe estivesse certa. Minutos depois, fui para a cama com um segundo pensamento que me deixava tão nervosa quanto o primeiro.

Por que eu estava tão nervosa para ir ao Festival?

Claro que havia uma expectativa criada pelos animes e mangás que eu consumia, apresentando todas aquelas barraquinhas, brincadeiras e a queima de fogos. Vivi parte disso na semana passada, no Festival que Kentin havia proporcionado aos amigos, mas a festa no iate em nada se comparava com os festivais que eu ficava babando na TV. Mas não era só por isso.

Levantei a palma da mão na direção do teto escurecido pela ausência de luz, suspirando. Olhei para o celular, tentada a pegá-lo. E com uma vontade mais forte do que eu, digitei uma mensagem para o destinatário que fazia parte daquele nervosismo, mesmo que uma parte de mim ainda quisesse negar.

(22:38) Você: Ainda tá acordado?

Mensagem visualizada. Sinto a minha barriga tremer de nervosismo.

(22:40) Akkun ❤: Talvez.

(22:42) Você: Bobo.

Eu não aguento mais essa chuva 🤧

Ela não pode me tirar a chance de te ver de jinbei¹!!

(22:45) Akkun ❤: E quem disse que eu vou de jinbei?

Me levantei, tampando a boca depois de um grito. Não era isso que estava nos meus planos...

(22:48) Você: Mas você prometeu!!

(22:49) Akkun ❤: Quando?


(22:51) Você: Não importa. Por favorzinho! É um festival, não tem graça usar roupa comum.

(22:53) Akkun ❤: Mas eu não tenho jinbei 😑


(22:55) Você: Você consegue um. Diz que você vai usar um, ein?

Ein?

Ein?

(22:58) Akkun ❤: Se você mandar mais um "ein", vou te bloquear.

(22:59) Você: Mas eu estou esperando o seu sim...

Minutos de espera e um sorriso que brotava de canto a canto, sem que eu percebesse, desde o início da conversa.

(23:05) Akkun ❤: Vou pensar, chata. Tchau.

Apertei o rosto contra o travesseiro, sorrindo boba. Definitivamente, essa chuva tinha que passar.

No dia seguinte, seja pelas minhas preces ou pela misericórdia dos deuses, compadecidos pela minha situação, ou pela junção das duas coisas, a chuva que caiu no dia anterior se transformou em uma lembrança distante. O sol brilhava no céu cristalino, sem nenhuma nuvem que indicasse a mudança de tempo. As cigarras cantavam do lado de fora, e ao me aproximar da janela, a abri com um sorriso que iluminava todo o meu rosto. Respirei o ar da manhã, recebendo toda a energia daquele bonito dia.

— Parece que alguém acordou bem animada. — Tia Miya observava, encarando o meu rosto solar. Não consegui esconder, sorrindo mais. — Viu um passarinho verde?

— Ainda não. — Ri, me servindo com arroz. — Mas mal posso esperar para ir para o Festival.

— Ah, os meus tempos de Festivais... — Tia Miya suspirou enquanto mastigava. — Tenho saudades de ir nos festivais que o pessoal da vizinhança montava.

Enquanto Tia Miya me contava algumas das lembranças dos festivais na cidade natal, tentei controlar a ansiedade e não olhar de minuto a minuto para o celular que estava ao meu lado, verificando as horas. Assenti ao final do discurso, terminando o meu desjejum e me levantando com um pulo para dentro do quarto.

Agarrei o celular, trocando mensagens com as meninas, que iriam com Pokko. Marquei o lugar de encontro e joguei a localização no grupo, verificando as horas em seguida.

— Não posso me atrasar. — Dei tapinhas no meu rosto, mal percebendo quando a porta se abriu. — Oi, tia. Pode entrar.

— Sei que você está muito ansiosa para esse dia, mas você permite que sua tia querida te ajude com o penteado e a maquiagem?

Assenti, sorrindo. Minha última tentativa de um penteado típico de festival não havia saído tão bom como eu planejava, e tê-la do meu lado seria ótimo.

— Você tem um rosto tão bonito, querida. — Tia Miya sorria, passando gloss em meus lábios. Apesar dos meus esforços, ela não deixava que eu olhasse o progresso no espelho, aumentando a minha curiosidade. — Agora me diz. Qual é o nome da sua ansiedade?

— Nome? — Arqueei as sobrancelhas, confusa.

— Mas é claro! Há algum motivo bem especial para que você tenha acordado tão animada.

— É só a vontade de estar em um festival. — Sorri nervosa, rolando os olhos.

— Sei... Eu te conheço melhor do que imagina, sabia? E quero que saiba que a sua tia vai estar sempre aqui para te ouvir.

— Eu sei que tenho a melhor tia do mundo. — Olhei por cima do ombro, tentando espiar. — Não tá pronto ainda?

— Só mais um pouco e... Pode olhar.

Virei, encarando o meu reflexo no espelho e por alguns minutos paralisei.

— Não ficou bom?

— É claro que sim! — Sorri, perplexa com o resultado. — Eu amei! Nem tá parecendo que sou eu.

— Deixa de besteira. — Tia Miya riu, segurando o meu rosto com carinho. — A maquiagem só realçou a beleza que você já tem.

Tia Miya finalizou o meu cabelo, deixando algumas mechas fora do coque bem elaborado. Diferente do meu, o penteado ornava com a maquiagem, e ao pensar em um único olhar para toda aquela produção, corei.

— Espero que o dono dos seus pensamentos goste, mas não só por hoje. Espero que ele goste de você todos os dias.

Pisquei, vendo que o meu semblante denunciava tudo o que se passava em minha mente. Tampando o rosto com as mãos, balancei a cabeça em negação, levando os pensamentos para longe.

— Não é nada disso... — Murmurei. — Não estou pensando em ninguém.

— Sei... Vou fingir que acredito, senhorita Jones. — Após mais alguns retoques, fui liberada. — Ah, já ia me esquecendo. Sua mãe está te esperando no quarto. Ela quer te entregar algo.

Assenti, beijando-a de modo estalado na bochecha e sai rumo ao quarto de Hanako. Bati algumas vezes, e enquanto esperei a permissão para entrar, penseiem possíveis opções acerca do que iria receber.

— A tia Miya disse que a senhora quer me entregar algo... — Entrei, ficando de pé em frente a porta.

— Sim. Venha mais perto.

Fazendo o que era pedido, me aproximei, notando um yukata nas mãos de Hanako. A olhei, confusa.

— É pra mim?

— Esse é o yukata que usei quando comecei a namorar o seu pai. — Hanako alisava o tecido, lembrando-se com carinho dos momentos que viveu ao lado de Richard. — Nosso primeiro encontro foi em um Festival organizado pela comunidade asiática da faculdade. Não era a mesma coisa que um Festival no meu país de origem, mas para mim, foi mágico.

Sorri, colocando a mão por cima da mão dela. Mas o que eu não entendia, era o motivo dela estar me oferecendo algo tão precioso.

— É uma lembrança muito bonita. Eu não sei se eu deveria usar... Não tenho um motivo tão nobre quanto o da senhora.

Hanako sorriu, tocando em minhas bochechas, notando o penteado e a maquiagem feita pela irmã. Ela tinha um olhar afetuoso, como se entendesse todos os sentimentos que estavam passando pelo meu coração, mesmo que não dissesse uma palavra sobre eles.

— Sabe... Eu não tive uma educação tão "liberal". Minha mãe, a sua avó, era muito rígida, por isso eu não sabia muito o que era o amor, e nem como identificar os meus sentimentos. Nos EUA, quando me mudei para cursar Direito, fiquei alguns meses na casa de uma senhora muito gentil. E enquanto eu estive lá, ela foi uma espécie de segunda mãe para mim.

Hanako olhava para mim, voltando a pegar em minha mão. Eu a ouvia atentamente, curiosa pelo fim da história.

— Sem perceber, eu queria que Richard me notasse, mas não sabia como. Até que um dia, confidenciando as minhas frustrações, recebi um conselho que mudaria a minha vida para sempre. — Hanako apontava para o yukata intacto, apesar dos anos. — Toda mulher tem um momento único e decisivo na vida dela, aquele que determinará os próximos passos. E tudo começa pela escolha do que vestir.

Arqueei as sobrancelhas, confusa. Olhando para o yukata, ainda dobrado, pude ver que ele era lindo. A cor azul em contraste com os lírios brancos que o enfeitavam, deixavam-o com uma aparência única.

— Essa foi a roupa que usei para impressionar o seu pai. E hoje, estou passando ela para você. Esse é o seu momento único, querida.

— Mas eu...

— Você não precisa me explicar nada. — Hanako se adiantou, me calando com um tom de voz gentil. — Os seus olhos me dizem que esse dia chegou, e isso me basta.

Aquilo não podia ser uma mera coincidência. As flores que eu tanto gostava, impressas naquela veste que havia servido para aproximar Hanako e Richard. Apertando tecido com ambas as mãos, assenti, segurando as lágrimas.

— Obrigada, mãe. — A olhei, correndo para o seu colo para abraçá-la. — Você é a melhor do mundo e eu te amo.

Hanako segurava as lágrimas, limpando o meu rosto para que as minhas lágrimas não borrassem a maquiagem. Em seguida, caímos na risada e aproveitamos o momento mãe e filha.

— Mamãe. — Yuina entrava, apontando para o corredor. — Ele chegou.

Hanako assentiu, apontando para mim e para o yukata. Balancei a cabeça em afirmação, trocando as roupas que usava pelo yukata. Aceitei a ajuda para amarrar o obi listrado ao redor da minha cintura, e mais uma vez, olhei o meu reflexo no espelho, me certificando que estava tudo em ordem.

Olhei para a minha mãe, que secava os olhos ao me ver no yukata² que havia sido dela. Abri um sorriso quando ela sussurrou que eu estava linda, e aceitei a sua mão quando ela me guiou para fora do quarto, sentindo o meu coração comprimir contra o peito a cada passo que eu dava em direção a sala.

Olhei para baixo, não querendo encarar os olhos que me encaravam fixamente, com os lábios parcialmente abertos e a expressão impressionada. Aono estava parado no meio da sala, como havíamos combinado, ele me levaria para o Festival. E enquanto ele conversava com a tia Miya, surgi na sala, levemente corada. O garoto ficou sem reação.

— Eu sei que a minha nee-chan tá linda, mas você já pode parar de babar. — Yuina ria, o provocando. Corei violentamente, balançando a cabeça em negação.

— Yuina! — A censurei.

Aono pigarreava, me oferecendo o braço. Estava tão nervosa que mal conseguia admirá-lo, mas quando o fiz, senti o ar escapar dos meus pulmões. Aono estava com o jinbei, combinando com a cor do meu yukata como se fosse cronometrado. Vê-lo de uma forma tão despojada, longe das calças jeans costumeiras e com as tatuagens à mostra, aumentou a vermelhidão que me acompanhou por todo o caminho até a rua onde aconteceria o Festival.

Keiko e Kaori acenavam, caminhando na nossa direção. Ao mesmo tempo, quando percebemos que estávamos de braços dados, nos afastamos abruptamente, olhando para o lado.

— Então, agora só falta a Ayane e o Ogetsu?

— Não faltam mais! — Ayane anunciava, abraçando Keiko por trás. A garota corava, tomando um pequeno susto pela aproximação. — Pra onde vamos primeiro?

— Primeiramente, vamos pegar algo para nos refrescar! — Disse Kaori, se abanando com o leque. De fato, estava muito quente, mas eu arriscava estar fervendo a cada vez que o olhar de Aono se inclinava na minha direção.

Uma parte do grupo ficou na fila das raspadinhas, e a outra se dirigiu para a barraquinha de bebidas geladas. Enquanto esperávamos a nossa vez, Kaori e Keiko me olhavam com curiosidade.

— Esse yukata é lindo! Onde você comprou?

— A minha mãe me emprestou. — Sorri sem graça, com o olhar delas e das outras pessoas na fila. Eu não estava exatamente uma beldade - pelo menos na minha concepção - mas estava atraindo olhares diversos.

— Você parece um pouquinho nervosa. Tá tudo bem?

Assenti, dissipando a preocupação de Keiko.

— Sim, deve ser o calor.

— Aff, depois da chuva de ontem parece que aumentou uns 50 graus. — Kaori se abanava. — Mal posso esperar para comer uma raspadinha de limão.

— E para voltar para perto do Pokko, imagino. — Joguei no ar, assobiando.

— O quê? — Kaori me olhava, arregalando os olhos. — O que você quer dizer com isso!?

— Que eu gostei que vocês dois vieram juntinhos.

— Nem começa! — Kaori balançou a cabeça em negação, indignada com a insinuação. — A Keiko também estava com a gente!

— Nem me inclui nessa.

— Até porque os pensamentos da Kei estavam bem longe de vocês dois, então não conta.

— Como assim? O que eu perdi?

Olhava para Keiko, que evitava o olhar, parcialmente corada. Ri e balancei a cabeça, mantendo minhas percepções somente para mim.

— Nadinha. — Sibilei. — Agora presta atenção que é a nossa vez.

Kaori estalou os lábios, sendo forçada a deixar o assunto de lado. Dois minutos depois, ela já o tinha esquecido por completo, dando colheradas na raspadinha.

— Agora sim eu posso ir em paz. — A garota gemia, se deliciando. Por alguns segundos, deixei que ela e a irmã andassem na frente, observando a silhueta de ambas. Kaori usava um yukata lilás, com flores de lótus, e Kaori usava um yukata vermelho, com margaridas. Sorri, deixando o olhar cair sobre a minha raspadinha de morango. Sim, ali era o lugar que eu queria estar.

Nos encontramos novamente com o restante do grupo, que traziam latinhas de refrigerante. À medida que as horas passavam, o espaço ficava cada vez mais apertado para andar livremente, e além das músicas típicas, a rua ganhava calor humano e burburinhos espaçados. Enquanto andava ao lado de Aono, que constantemente tinha que me procurar no meio da multidão, me perdia em admiração ao olhar cada barraquinha que passava, e cada garotinha que acenava para mim, junto de suas mães.

— O que você está fazendo!? — Olhei para Aono, surpresa. Na décima terceira vez que havia me perdido, o garoto decidiu andar de mãos dadas comigo.

— Você se perde muito fácil. — Ele disse com um estalo nos lábios, olhando-me com o canto do olho. Assenti, engolindo em seco.

Tentei não surtar com nossas mãos interligadas até porque o motivo já havia sido explicado, mas ao sentir o calor dos dedos de Aono, travei. Sorri nervosa quando ele me olhou, expressando confusão no olhar e voltei a andar, acompanhando os passos dele.

— Olha! É tiro ao alvo! Quero jogar! — Apontei, puxando Aono. Keiko e Kaori já estavam lá, disputando a quantidade de acertos que fariam. E só ali percebi que havíamos nos perdido momentaneamente do restante do grupo.

Quando todo mundo se agrupou de novo, disputei a primeira vez com Pokko, que ganhou de mim em disparada. Suspirei derrotada, mas feliz por ele ter ganhado e oferecido o prêmio, um chaveiro, para Kaori.

— Por quê você está dando pra mim? — A garota o encarou, desconfiada.

— Eu... hum... achei que você fosse gostar. Mas se você não quiser eu...

— Aceita, Kaori! — Torci, vendo o garoto gaguejar e coçar a nuca, prestes a desistir. Não podia deixar que isso acontecesse.

— Tá, não custa nada, né... Mas nem fique animado pensando que isso aqui tem outro significado, tá?

— Hmm... Certo, Ichikawa-san.

Kaori pegou o chaveiro, olhando com os olhos estreitos. O pingente de batom combina bem com ela, e apesar dela ter mostrado desdenha, flagrei, quando ninguém estava olhando, um pequeno sorriso quando ela o guardou na bolsa. Kaori tinha essa pose de megera para o público, mas no fundo eu sabia que ela era uma boa menina.

Minha disputa com Ogetsu também não produziu resultados. Entediado, o garoto aceitou um empate, e enquanto se recolhia, olhei para Aono, minha única esperança já que Akane e Keiko não se mostraram dispostas a jogar.

— Só uma vez. — O garoto resmungava, se posicionando ao meu lado. Sorri, e voltei para o modo concentração, inclinando a arma. No três, disparamos.

— Toma. Seu prêmio de consolação. — Aono balançava o chaveiro de ursinho na minha frente, com um sorriso irônico nos lábios. Virei o rosto, inflando as bochechas por pura birra. Ele havia sido o vencedor da disputa de forma ridiculamente fácil, me fazendo duvidar das minhas habilidades como atiradora.

— Não quero. — Resmunguei. — Ele é seu.

— Não gosto dessas coisas fru frus. Tem mais a ver com você.

Exclamei um "ei" indignado, mas acabei aceitando porque de fato o ursinho era muito fofo. Deixamos a barraquinha do tiro ao alvo para trás, e ao passar perto da barraquinha de frango no espeto, senti a minha barriga roncar. Apontei para a barraquinha, com os olhos idênticos aos olhos da Nyakko.

Aono suspirou, balançando a cabeça em concordância e eu vibrei de alegria, combinando com o restante do pessoal em nos encontrarmos perto da barraca dos peixinhos. Enquanto eu sentia o cheirinho de frango, senti os meus lábios salivarem.

— Você já tinha vindo em um festival antes? — Perguntei, acompanhando o movimento da fila.

— Quando era pequeno, sim. Depois não me interessei mais.

Assenti, pensando se não existia uma vontade, mesmo que pequena, mas a situação de sua família o impedia. Pensei em quantas apresentações de fogos de artifício ele já havia assistido da janela de casa, sem nunca poder estar presente. Queria que ele aproveitasse os fogos de hoje.

— E você?

— Eu, hmmm... — Tomei cuidado com o que falaria. Como Emilli, nunca havia estado em um festival como aquele. Havia comemorações em Thornfall, mas não se comparava. Mas como Sophie, festivais deveriam ser cotidianos na "minha" vida, pois todos os anos os Jones frequentam festivais. Por isso, assenti. — Já sim. Mas estou achando o de hoje mais divertido, pois estou com você.

Coloquei a mão na boca depois daquela frase, sentindo o meu rosto queimar de vergonha. Não havia pensado o quão constrangedor aquela frase soava, quando dita em voz alta.

— Quer dizer...---

— Como você é clichê, Jones. — Aono sorria, balançando a cabeça em negação. Ele me olhava profundamente, e apesar de suas palavras, ele não parecia ter ficado incomodado com o comentário. — Mas talvez o seu pensamento não esteja tão errado. Eu sou mesmo uma ótima companhia.

— E convencido também! — Inflei as bochechas, voltando a prestar atenção na fila. Quando chegou a nossa vez, pedi dois espetinhos, e me entregando ao silêncio, pensei na expressão do garoto ao ouvir minhas palavras vergonhosas. Corei com a intensidade do seu olhar naquele momento.

Mordi o espetinho, soltando um suspiro de prazer. Aono fazia o mesmo, mordendo com satisfação. Sorri e voltei a pegar na mão dele, e por um momento, ele me olhou com surpresa.

— Não posso correr o risco de me perder da minha melhor companhia. — Ri, zombeteira.

Os últimos raios solares se despediam, dando lugar a uma noite de lua cheia. As luzes das barracas se iluminavam, preenchendo os olhos de luz. Olhei para cima, admirando as lâmpadas, e sorri com a imagem que ficaria na minha memória.

— Acho que a gente precisa de algo doce. — Ayane comentou, se colocando entre Aono e eu. — Quer ir naquela barraca?

Assenti, com os olhos brilhando. Aono olhava para Ayane, que sorria de maneira despreocupada, nem um pouco incomodada com o olhar que lhe era lançado.

— Ah, eu esqueci que a Keiko me chamou para ver o desfile de fantasias. Você pode ir na frente com o Sou.

— Ah, mas... — A vi apressar o passo entre a multidão, e sem opções, entrei na fila da barraquinha de doces. — Sozinhos novamente.

— Uhum.

Olhei para o alto, tentando conter o constrangimento pelo silêncio e assoviei, notando que o constrangimento não passava.

— Por quê o Kentin não veio com você? — Aono quebrou o silêncio no mesmo instante que a pergunta me fazia torcer para que ele tivesse continuado calado. Pensar em Kentin, quando eu estava tão distante de nutrir qualquer sentimento, me fazia sentir extremamente culpada.

— Ele está passando uma semana na casa de praia da família.

— E ele não te chamou pra ir junto?

— Chamou sim. — Sorri sem graça, me lembrando da conversa que tivemos antes dele viajar. Kentin não ficou muito contente comigo nem com o motivo que dei para não ir, justificando ainda não estar pronta para deixar minha família. Apertei o tecido do yukata, tentando não deixar que a culpa me invadisse, e falhando. — Mas preferi ficar.

— Entendi.

— E a Kana?

— Eu... não sei. Não temos nos falado nesses últimos dias.

Engoli em seco, me perguntando se o afastamento dos dois tinha relação comigo. Lembrei do olhar que recebi da garota, na última vez que a vi, na festa do Peiji, e como ela parecia descontente com a minha aproximação.

— Torço para que vocês se aproximem de novo. Vocês fazem um... casal muito bonito. — Forcei um sorriso.

Antes que Aono pudesse responder, encarei a atendente, que sorria esperando o pedido. Escolhi uma banana com chocolate, pedindo a mesma coisa para o garoto.

Apesar das recusas iniciais, Aono aceitou o doce, e segurando a risada, limpei a sua bochecha suja de chocolate. A informação que ele estava afastado de Kana, de uma maneira estranha, havia sido recebida por mim com... alívio.

Me senti suja por me sentir assim. Eu estava com Kentin, e deveria estar até que a verdadeira Sophie retornasse, então não deveria desejar a infelicidade do Aono. Mas não conseguia associar Kana à felicidade dele, nem aceitar.

— "Senhoras e senhores, faltam 10 minutos para a queima de fogos na praça central... Pedimos a todos que se encaminhem com calma para o local."

— A gente precisa encontrar o pessoal! — Exclamei, puxando Aono. No entanto, a grande quantidade de pessoas concentradas em um só lugar impediu que nos locomovêssemos como queríamos. Procurando sem sucesso, suspirei, apelando para o celular. — Sem sinal. E o seu?

— Idem. — Aono me mostrava a tela do celular. Soltando um muxoxo, tropecei, sendo segurada por Aono, que olhava com uma expressão aborrecida para o homem que havia me empurrado. — Aqui tá muito cheio. Vem, eu conheço um lugar para assistirmos os fogos sem esse tumulto todo.

Assenti, deixando que Aono me guiasse no meio da multidão. Entre licenças e esbarrões, o cronômetro diminuía cada vez mais, aumentando a minha ansiedade. E se não conseguíssemos assistir os fogos?

— "Senhoras e senhores, faltam 3 minutos para..."

Apertei os lábios, segurando a mão de Aono que abria espaço na multidão. As pessoas se aglomeravam cada vez mais, apertando, empurrando, e jogando de vez para longe a ideia de assistir os fogos com alguém especial. Faltando um minuto, saímos da multidão, ofegantes.

— Aguenta correr? — Aono apontava para uma trilha de pedras.

Assenti, sorrindo. E enquanto os presentes da praça contavam os minutos para o lançamento dos fogos, retirei as suripas³, contando com a ajuda de Aono para subir.

Corremos como se a nossa vida dependesse daquilo, e quando subimos na rocha mais alta, o céu explodiu em cores. Ri, ofegante, sendo acompanhada por Aono que também ria.

Olhei para Aono e para o seu sorriso aberto, iluminado pelas cores dos fogos de artifício. O céu explodiu em azul, roxo, vermelho, dourado, e a beleza daquelas cores refletia no rosto do garoto que ria despreocupadamente.

Meu coração contraia e expandia, bombeando sangue. Era aquilo que me mantinha viva. Até aquele momento.

No momento em que a risada de Aono atravessou o meu corpo, encontrando abrigo no coração, as contrações que ele fazia passavam a ter outro motivo. Meu coração acelerado batia por aquele sorriso, pelos olhos parcialmente fechados, o nariz angulado, as orelhas enfeitadas com argolas. Por ele.

Meus lábios abriam e fechavam na busca de palavras que não existiam. Nenhum kanji seria à altura do que eu estava sentindo naquele momento, nenhuma combinação refletiria a sensação daquelas luzes em contato com o meu peito.

Aono cessava as risadas, encarando o céu iluminado, e no momento em que as pupilas escuras encontravam a constelação colorida dos fogos, preenchiam-se de cor. O espetáculo passava a ser ele. E eu, a espectadora, não conseguia parar de admirá-lo.

Seus olhos moviam-se na minha direção, que o encarava. Aono sorriu, parecendo saber o que estava se passando em meu interior. Não fiz questão de esconder.

Meu coração bateu mais forte no momento em que um coração rompeu o céu, preenchendo-o de faíscas vermelhas. Assim como o meu sangue, o vermelho se alastrava. E ali, eu soube que estava apaixonada.

Aono também me encarava, e partir daquele momento, passávamos a ser o espetáculo pessoal um do outro, apesar do show de luzes no céu. Sem perceber, meu corpo agia sozinho, se aproximando. Meus dedos buscaram a textura dos seus cabelos, dançando entre eles. Toquei-o nas bochechas, e no canto dos lábios, atônita. Fechei os olhos, aproximando o meu rosto, encontrando espaço na curva do seu pescoço. Inalei o seu cheiro, deixando a mente se perder em sensações que até então só havia imaginado. E no céu, mais luzes preenchiam o azul noturno.

Aono respirava pesadamente, inclinando o pescoço para que eu pudesse passear. Seus dedos envolviam a minha cintura com cuidado, como se eu fosse feita de papel, ou a musa dos seus sonhos. Seus dedos dedilhavam as minhas curvas, subiam para o meu braço e alisavam a pele. Mas ainda não era o suficiente.

Deixei um rastro de beijos em seu pescoço, arrastando a boca que arrancava mais daqueles suspiros que eu descobri ser o meu som favorito, para além do barulho dos fogos. O queixo de Aono era macio, e o beijei, desejando que o tempo parasse naquelas sensações que transbordavam de mim.

Aono me sentia, alisando o meu ombro. Todos os seus toques eram delicados, oposto a urgência que eu sentia. Ele suspirava contra a minha bochecha, e mantinha seus olhos fechados, como se ao abrir, toda a mágica se dissipasse.

— Eu estou aqui. — Sussurei contra o queixo dele, com ambas as mãos no rosto dele. — Sempre vou estar aqui.

— Eu sei. — Aono murmurou contra mim, se segurando contra um sentimento que não consegui decifrar. O que o impedia de se juntar a mim, naquela vontade que ambos compartilhamos? — Jones.

— Sim...? — Estranhei quando as mãos de Aono me mantiveram no lugar. Os fogos iluminavam as nossas faces, a centímetros uma da outra.

— Posso usar aquele pedido agora?

A lembrança veio na minha mente como um sopro feliz. Minha aposta com Aono, e a concessão de um pedido caso ele ficasse na posição 150° do ranking. Havia tanto tempo, que eu jurei ter sido uma promessa esquecida.

— Uhum.

Meu coração batia rapidamente, acompanhando o tremular das mãos suadas. Os olhos se fechavam automaticamente com a proximidade da face de Aono, e me inclinei, pronta para ser beijada. Daquela vez, eu queria. E não mais ficava assustada com aquela vontade.

O momento que parecia durar uma eternidade acontecia na forma de um singelo beijo no canto dos meus lábios. Abri os olhos, atordoada. Ele não me queria?

— Acredite, Jones, você não sabe a força que eu estou fazendo nesse exato momento para não tomar você pra mim, por inteiro. — Aono apertava as mãos, provando o que ele dizia. Sua respiração pausada e voz rouca demonstravam a pressão mental que ele estava exercendo contra ele mesmo. — Mas eu quero que você chame por mim, e somente por mim, quando isso acontecer. Que nos seus lábios, não haja o nome nem os lábios de outro alguém.

Aono dedilhava os meus lábios, desejando-os como um fruto proibido. Minha respiração estava quase inexistente, diante das palavras mais bonitas que um garoto poderia me dizer. Aono era irresistível, e mesmo com a sua justificativa, minha vontade clamava por beijá-lo, por senti-lo junto a mim. Ele não sabia como era sexy vê-lo tão afetado.

Sorrindo boba, deixei que Aono me ajudasse a descer. Sentindo leveza em cada poro do meu corpo, ri quando o meu tropeço me levou de encontro ao corpo dele. Aono me envolveu em seus braços, me apertando no seu calor.

Lentamente, ergui o meu rosto risonho, encarando. Faziam alguns minutos que a queima de fogos havia acabado, mas eu ainda conseguia ver os resquícios do espetáculo nos olhos noturnos de Aono, que brilhavam, como se contemplassem a própria lua cheia. O garoto me encarava de volta, e naquele momento, com a ausência de palavras que não precisavam ser ditas para que entendêssemos o que sentíamos um pelo outro, ficamos envolvidos um no outro até que o meu celular vibrasse, dissipando a aura mágica que havia se instaurado entre nós.

— Acho que é o meu. — Sorri sem graça, me afastando para pegar o aparelho. Liguei a tela e vi uma mensagem de Kaori, perguntando onde estávamos. — É a Kaori. Ela está perguntando se a gente se perdeu.

Aono assentiu, quebrando o afastamento ao se aproximar novamente. Gentilmente, o garoto colocou atrás da minha orelha uma mecha que havia fugido do coque. Sem quebrar o contato visual enquanto tocava despretensiosamente na ponta da minha orelha, Aono retornou a fala, quase ronronando.

— Acho que pelo restante da noite, eu quero ser apenas um garoto na companhia de uma linda garota de yukata azul, com estampa de lírios brancos.

Pisquei os olhos, vergonhosamente corada. Aono não podia dizer aquelas coisas com uma expressão tão suplicante no olhar, alheio às batidas ferozes do meu coração. Umedeci os lábios, sentindo as bochechas queimarem pelos sentimentos que borbulhavam em minhas veias.

— Então, só por hoje, seremos só você e eu. — Consegui dizer, sentindo um formigamento na mão que estava ligada a mão de Aono. Guardei o celular, deixando as explicações para depois, e guiada por ele, caminhei de volta para a animação do festival, parecendo fazer séculos que havíamos saído da energia daquela multidão, para criar uma energia única com o garoto que estava de mãos dadas comigo, sorrindo graciosamente.

Apontei para a barraca de taiyaki, ao mesmo tempo puxando Aono para a fila. Cinco minutos depois, estávamos sentados em uma calçada, apreciando a imagem da lua.

— Eu disse que você ia gostar. — Sorri, apontando para o taiyaki. Mordi o meu, com recheio de feijão vermelho e lambi os lábios, me deliciando.

— Eu não disse que gostei. — Aono retrucava, me encarando. Apesar da carranca, seus olhos traduziam a surpresa com o recheio de creme. — É degustável.

— Uhum, sei. — O cutuquei com o ombro, e me aproximei, me abaixando na altura do taiyaki para morder um pedaço. Aono me olhava com interrogações nos olhos, quase indignado pelo ato. Penalizada, estendi o meu, oferecendo. — Assim ficamos quites.

Aono estalou os lábios, demorando a se aproximar para morder. Cai na risada ao vê-lo com os lábios sujos de recheio, e instintivamente, ergui o dedão, retirando o excesso.

Fazer aquilo sob o olhar penetrante do garoto me paralisava, com os olhos fixos em seus lábios. Suspirei pesadamente, me aproximando, disposta a cessar a urgência que sentia. Mas Aono foi mais rápido, criando uma descarga elétrica em meu corpo ao envolver o meu pulso, afastando-o dos seus lábios. E quando achei que Aono já havia me seduzido de todas as formas, ele provava ser capaz de mais, aproximando os lábios do meu dedo, deslizando a língua lentamente, absorvendo o conteúdo para ele. Não consegui tirar os olhos daquela cena, nem manter longe os pensamentos que vinham com ela.

— A lua está linda hoje.

Disse Aono, largando meu pulso que, pelo estado da minha paralisação, permaneciam no mesmo lugar, suspensos no ar. Meu dedo formigava, e a cabeça traiçoeira insistia em reprisar o deslizar lento da língua do garoto em minha pele, como se uma vez não fosse o suficiente para me jogar em uma fogueira. Do outro lado, o garoto de aparência tranquila me observava com o canto do olho, captando a confusão no meu semblante e a minha respiração ofegante, abrindo um sorriso satisfeito em resposta. Isso não era justo.

— E as estrelas também. — Respondi, respirando devagar. Se Aono estava disposto a brincar comigo, entraria no seu jogo.

Despretensiosamente, deslizei a mão até encontrar a dele. Encarando a lua acima de nós, entrelacei meus dedos ao dele, e Aono usou essa oportunidade para mexer comigo mais uma vez, alisando os dedos devagar. Rubra dos pés à cabeça, decretei a minha derrota, vendo que era impossível competir com um garoto que aflorava as minhas sensações com uma facilidade assustadora.

Voltamos a caminhar, agora com mais facilidade pela aproximação do fim do festival. Juntei as mãos, pedindo com uma expressão fofa que fôssemos à barraca dos peixinhos, e dei um gritinho de vitória quando Aono aceitou ir comigo.

De braços cruzados, ele observava as minhas derrotas consecutivas. Choramingando, olhei para o dono da barraca, pedindo mais uma chance. E mais uma vez, falhei.

Olhei para Aono, apontando para os peixinhos que nadavam despreocupadamente. Negando com a cabeça, o garoto olhava para o outro lado. Chamando-o, tive a atenção novamente, e suspiro seguido de um balançar de cabeça contrariado, mas afirmativo. Vibrei, o abraçando.

Ergui a pequena sacola na altura dos meus olhos, olhando o peixinho dourado dentro dela. Abri um sorriso de canto a canto, ansiosa para transferi-lo para um aquário.

— Satisfeita?

— Muito! — Exclamei, olhando-o com animação. — Obrigada.

Tsc. — Aono fugia do meu segundo abraço, apontando para o outro lado da rua. — Acho que já está na hora de ir.

— Tão cedo? — Resmunguei, apesar de se passarem das 23h. Não queria chegar em casa e dar por encerrado aquele dia, sabendo da impossibilidade de outro momento como aquele. No dia seguinte, e nos outros, Aono pertenceria a Kana, e eu, a Kentin. Abaixei a cabeça com esse ligeiro pensamento. — Não podemos ficar mais nem um pouquinho?

— Um pouquinho só. — Aono estalava os lábios, alheio à minha comemoração.

De mãos dadas, caminhamos juntos até a barraquinha de maçã do amor, e depois de pegarmos as maçãs, caminhamos na direção da saída. Olhei para trás, onde as barraquinhas, as lâmpadas, os enfeites e a magia daquele dia acenavam para mim. Me afastando cada vez mais, segurei as lágrimas que ameaçavam cair, olhando instintivamente para o garoto ao meu lado. Hoje, descobri o meu sentimento. Eu o amo. Mas assim como as lembranças, o sentimento que eu nutria deveria ficar guardado e trancafiado, revelado somente a mim.

— Então... Eu acho que é aqui que a gente se separa. — Aono coçava a nuca, apontando para a porta da minha casa. Olhando para a cerca que em breve nos separaria, seu olhar exalava tristeza.

— É. — Olhei para a janela, encarando a meia luz. Engoli em seco, apertando a bolsa que segurava.

— Tenha uma boa noite, Sophie. — Ergui o olhar com o uso do primeiro nome. Com os olhos arregalados, abri e fechei os olhos, sentindo o palpitar acelerado. Aono se afastava com um sorriso entristecido, aumentando o pânico que crescia em mim. Aquilo que nutrimos não podia acabar ali. Eu tinha que dizer. Deveria dizer.

— S... So.. Sou... — Não consegui. Não conseguia chamar o garoto que amava pelo primeiro nome. Chamá-lo de Sousuke, sem estar ao lado dele, era como uma prisão. Não poderia usufruir daquela intimidade se ela não fosse completa. — Aono!

O garoto que já estava do outro lado da rua virava na minha direção, com os olhos parcialmente avermelhados. Diga, Sophie. Conte a ele o que você sente. Agora que você sabe que é amor, ele precisa saber.

Abri os lábios, sentindo o meu coração lutar em meu peito apertado. Aono esperava as minhas palavras com um olhar de expectativa, e diante daquela pressão silenciosa, aliada a todos pensamentos conflitantes em meu ventre, abaixei o olhar, vacilante.

— Tenha uma boa noite... Você também.

Entrei em casa, fechando a porta atrás de mim e suspirei, sentindo o meu peito arder, junto aos olhos que despejavam as lágrimas que molhavam as minhas bochechas. Como eu podia ser tão burra? Por que eu não conseguia dizer?

Relembrei o rosto decepcionado do garoto com as minhas palavras mentirosas, e entrei no quarto, fazendo o mínimo de barulho para não acordar Yuina, que dormia na cama debaixo. Afundando o rosto no travesseiro, queria gritar contra a minha mente traiçoeira, que revisitava os momentos que compartilhei com Aono, e chorei até cair no sono, do jeito que cheguei, cansada e entristecida com tantos sentimentos que não era capaz de controlar.

Naquela noite, sonhei com Aono. Em uma extensão do momento dos fogos, nossos corpos estavam próximos o bastante para que eu fizesse o que a minha mente buscou todo esse tempo. Meus pensamentos estavam claros como um dia de sol, e os lábios, parcialmente abertos, encaixavam-se ao dele. Aono não me afastou, receptivo, seus lábios me recebiam como um velho conhecido, explorando-me. Suas mãos envolviam minha nuca, ditando o beijo. As minhas o aproximavam mais, cessando qualquer mínimo afastamento que ainda houvesse entre nós.

Aono me beijava como se lesse os meus pensamentos. Me deixava conhecê-lo através de sua boca convidativa, e na língua que acompanhava o ritmo da minha, necessitada. Suas mãos desciam até a minha cintura, apertando sem impor força. Eu pedia por mais, através de suspiros tomados pelos lábios dele.

Aono me deitava na pedra fria, que em nada atrapalhava o calor que subia entre as minhas pernas, se espalhando pelo o meu corpo. Sem parar de me beijar, suas mãos percorriam o meu corpo, me exploravam, me enlouqueciam, mais, mais e mais.

"Me torne sua, Sousuke."

Acordei com a imagem do sorriso atrevido ao chamá-lo pelo primeiro nome. Ofegante e com o coração extremamente acelerado, passei a mão na testa, sentindo o suor que se acumulava na palma da minha mão. Não só estava apaixonada por Aono Sousuke, como entreguei a chave dos pensamentos e sonhos para ele. Que os deuses me ajudassem a partir do momento que entendi que estava absolutamente, totalmente perdida, e apaixonada por ele.

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GENTE! VCS TEM NOÇÃO DO QUANTO EU ESPEREI POR ESSE MOMENTO????

Eu quero gritar, soltar fogos no céu, finalmente veio aí meu povo, 26 capítulos depois, nossa menina entendeu os sentimentos dela!! É pra glorificar de pé igreja!!

Pra quem consome shoujo como eu, deve saber que o festival é aquele momento fofinho onde os protagonistas declaram o seu amor, e eu espero que eu tenha conseguido trazer essa atmosfera romântica pra cá! Ai gente eu to tão em surtos pq eu esperei muito tempo por esse momento, enfim as delicias e torturas de escrever um slow burn!

Sousuke e Sophie são o meu império romano e tudo o que quero é que eles fiquem juntos!! Mas, já aviso que nem tudo sao flores e agora o problema é: como fica o Kentin nessa história??

Enfim gente eu poderia ficar o dia inteiro aqui chorando pelos ao Aokawa mas os próximos capítulos precisam ser escritos kkkkkkkkkk um cheiro é até mais! Sz

Dicionário

Yukata: Vestimenta japonesa de verão

• Obi: cinto feito de tecido

•  Jinbei: Conjunto de algodão utilizado no verão

• Suripa: Um tipo de chinelo

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