Capítulo 25 - Borboletas no estômago
As garotas vibravam a cada cesta acertada por Kentin. Atualmente, o placar estava favorável ao time da casa, e todos nós na arquibancada entoamos canções de vitória. Era divertido o clima de um interclasse, apesar de ser exigido mais animação da minha parte, pois era o meu namorado que estava jogando.
— Achei que o Aono apareceria hoje... Ele não vem mais?
Kaori falava por cima dos gritos animados, enquanto balançava o pompom de fitinhas que havia conseguido com as meninas da torcida. Ao ouvir sua pergunta, mordi os lábios, pensando em como responder.
— Ele vem sim. Só precisa de um pouco mais de tempo.
— Àquele pai dele, ein... Não sabia que ele era tão desprezível.
Assenti, concordando com Keiko. Não havia contado nada do que aconteceu naquela noite, e nem contaria. Depois da conversa que tivemos, Aono e eu mantemos contato frequentemente, então eu sabia que o motivo de suas faltas se dava ao fato do garoto estar confuso com os últimos acontecimentos. Eu torcia para que ele voltasse, mas tinha que respeitar o momento dele.
— Sabe que é estranho a gente estar tão preocupada com o Aono? — Kaori disse, rindo. — Um dia desses, mal nos encaramos, mas agora, até sinto falta.
— A gente mudou muito. — Concluiu Keiko. — Eu também não imaginava qie viraria amiga do Pokko.
— Ah é, ainda tem o Pokko.
— E o que você acha do Pokko, Kaori? — Arrisquei.
— Como assim? Eu acho que ele... É legal. Às vezes ele é bonzinho demais, e parece que tá sempre me olhando, mas eu gosto da companhia dele. Ele me ajudou bastante quando eu estava meio pra baixo.
— É? — Sorri, curiosa com a informação. Saber que os dois mantinham contato era uma coisa muito boa. — Eu também acho que o Pokko é uma pessoa muito legal. Divertido, tá sempre disposto a ajudar... Seria um ótimo namorado.
— Com aquela armação pavorosa e as roupas que ele usa? Tadinho, até fico com vontade de realizar um glow up nele, mas não quero que ele confunda as coisas.
— Kaori. — Suspirei, vendo que a minha amiga ainda não tinha perdido aquela mania feia de olhar as pessoas pelas lentes da aparência. — Você tem que parar de catalogar as pessoas desse jeito. Às vezes, você pode estar perdendo uma pessoa incrível só por causa desses julgamentos bobos.
— Tá, tá eu sei... Mas eu não disse nada demais, né? Apenas que ele teria mais chance de arrumar alguém se prestasse mais atenção no visual.
Keiko balançou a cabeça em negação, olhando para mim com uma expressão que traduzia um “nem tente, essa daí já é um caso perdido.” Concordando, voltei a prestar atenção ao jogo, não desistindo completamente da ideia de fazer Kaori enxergar que Pokko era uma boa pessoa, e estava apaixonado por ela. Queria mesmo que os meus amigos fossem felizes, e desejava juntá-los, ainda sem saber como.
Depois que o jogo terminou e a Scorpion venceu a outra classe com folga, desci as escadas junto com as meninas, que comentavam animadas sobre os feitos do jogo. No último degrau, parei abruptamente para não tropeçar com o corpo que se colocou à minha frente. Era Kentin.
— Meninas, acho que vocês podem esperar a Sophie lá fora.
— Aff. — Kaori bufou, recebendo um peteleco do garoto antes de pegar a irmã pelo braço e se afastar.
Kentin voltou a me olhar quando a quadra ficou vazia, e eu senti o meu coração explodindo no peito em ansiedade pela conversa que adiei por duas semanas inteiras. Estávamos sem se falar durante todo esse tempo, me fazendo duvidar se ainda tínhamos alguma coisa.
— Kentin, eu...---
— Antes, me deixa falar, por favor. — Kentin pediu, pegando na minha mão. — Eu reconheço que errei com você. Que venho errando a muito tempo, eu sei. Não queria que a gente estivesse passando por nada disso, então por favor, me perdoa. Sei que fui um babaca e não justifico isso pelo meu ciúme, mas quero que entenda que sou louco por você e o mínimo pensamento de te perder...
— Eu sei. — O cortei, fitando o chão. — Também peço desculpas se não entendi o seu lado. Eu já disse várias vezes que você não precisa ter ciúme dos meus amigos e nem me afastar deles. Eu estou com você, Kentin. Mas me chateia essas desconfianças.
— Eu prometo que daqui pra frente eu vou ser melhor. Me dá uma chance de provar que ainda sou o Kentin que você conheceu.
Assenti, fechando os olhos automaticamente assim que Kentin ergueu o meu queixo, me colocando na altura do seu rosto. Esse era o problema. Não saber quem o Kentin era no início.
— Por favor, Sophie. — Pediu ele, em um tom arrastado.
— Você sabe que eu nunca te diria não. — Abri os olhos e coloquei um sorriso no meu rosto, para transformar em verdade o que eu dizia. Não deixava de ser, seja qual motivo que fosse, havia um que me impedia de negá-lo. Aquele motivo que formava ondas de incerteza na minha mente cansada.
Sem precisar de mais palavras, Kentin me provou o seu amor ao encostar os dedos nos fios do meu cabelo, para em seguida, colar a boca na minha. Fechei os olhos lentamente, vendo a face do garoto tão próxima a minha e por um segundo, imaginei outro rosto. Aquele pensamento me fez sobressaltar, chamando a atenção dele.
— O que foi? — Kentin perguntou, confuso. — Você não quer o meu beijo?
— É claro que eu quero. — Sorri, ignorando as batidas frenéticas do meu peito. O que estava pensando quando... antes que eu concluísse o pensamento, Kentin me puxou pela cintura e novamente ligou sua boca na minha. Mergulhando naquele contato, afundei de vez aquele pensamento, fruto da minha imaginação perversa.
— Quer sair mais tarde? Soube que um restaurante de comida italiana vai inaugurar hoje, e terá música ao vivo. Assim a gente pode... matar a saudade do tempo que ficamos separados.
Assenti, ficando com os olhos idênticos a duas estrelas cadentes com a menção ao restaurante. Fazia tempo que não saía em um encontro com Kentin, então eu estava um pouco nervosa, apesar de estar ansiosa para provar a comida. No caminho até a estação, caminhando com Kentin ao meu lado, fiquei pensando se não era aquilo que estava fazendo com Aono desde que nos conhecemos. Quando eu estava com ele, não me sentia nervosa. Por quê?
À noite, me arrumei com um vestido de tricot com estampa florais e meus costumeiros sapatos maryjane. Kentin me buscou em casa, caindo nas graças de Hanako e tia Miya, que não o viam a algum tempo. Yuina também o recebeu com animação, que só aumentou quando Kentin revelou o presente que havia levado.
— Eu estava mesmo querendo essa figure da Madoka! Obrigada, Ken! Tá liberado pra levar minha irmã pra sair.
— Eu estou sendo vendida!? — Olhei para Yuina, incrédula por ela estava me vendendo tão fácil. Kentin piscou para a minha irmã e bateu na mão dela, que logo em seguida correu em disparada para mostrar o presente para as amigas.
— Não voltem tarde, ok?
— Sim senhora. — Kentin respondeu, enlaçando a minha cintura. — Vou cuidar muito bem dela.
Acenei para a minha mãe e Tia Miya, me afastando de braços dados com Kentin. Olhei para o céu com estrelas esparsas, desejando que o brilho passageiro delas me trouxesse força para as horas que passaria ao lado dele.
Desejar dessa forma fazia parecer que eu odiava Kentin, e isso não era verdade. Posso não ter conseguido gostar dele da forma que me era esperado, mas não o odiava. Pedir forças para as estrelas significava não cometer nenhuma gafe, não ser indelicada e não agir de modo contrário à uma garota apaixonada. Aquele encontro precisava ser perfeito.
Chegamos ao restaurante recém aberto, e fomos guiados por um atendente gentil até uma mesa para dois. O restaurante lembrava o conforto de casa e era bastante agradável, somado ao cheirinho de comida fresca. Enquanto eu olhava o cardápio, Kentin olhava para mim e sorria.
— Já te disse que você está linda hoje?
— Hoje não. Mas pode dizer. — Sorri de volta, me voltando ao garçom para indicar o prato que queria. — Vou querer esse por favor.
Enquanto o pequeno palco era preparado para receber a banda que se apresentaria logo mais, Kentin e eu trocamos carícias e palavras apaixonadas, e até aí tudo estava indo do jeito que eu planejei. Até o momento em que, dada uma garfada de macarrão, aquela coincidência aconteceu.
— Olá pessoal, nós somos a S.O.A.P. e esperamos que todos vocês gostem da apresentação de hoje.
Lentamente encarei a banda que se apresentava na minha frente, vendo os cabelos rebeldes de Aono se movimentarem enquanto ele tocava guitarra. Ayane cantava uma versão da música Duvet, da banda Bôa, e sua voz era o suficiente para que eu relaxasse, se estivesse sozinha.
— Espera, aquele ali não é o... Aono?
— Uhum. — Tentei parecer natural enquanto tomava um gole de água.
— Ah é, você tinha me falado algo sobre ele fazer parte de uma banda. Eu só não esperava que seria uma banda... de colégio, eu acho. Achei que seria mais profissional.
— Mas eles são muito bons e se ainda não se profissionalizaram, é porque o mercado musical é difícil. Eles até ficaram em segundo lugar em uma audição super disputada.
Kentin me encarou com o canto do olho, incomodado com a minha defesa. Suspirando fundo, o garoto voltou a comer, visivelmente incomodado com o som.
Já eu, sorri e cantei junto às músicas que eu sabia, e sem perceber havia me levantado para curtir a apresentação. Aquele ato me fez ser notada, e quando Aono me olhou do palco, e sorriu de volta, fiquei um pouquinho envergonhada. Kentin, ao meu lado, cortava a carne com barulhos audíveis.
— Sophie, só você tá em pé.
— Ah, é mesmo? — Observei o restaurante, notando as pessoas presentes acomodadas em suas cadeiras. — Nem tinha percebido.
Voltei a me sentar, compartilhando o contato visual com Aono. Ele movia os dedos e me encarava, parecendo não ter notado Kentin ali. De vez em quando, eu também esquecia.
Aplaudi assim que a apresentação terminou, e me contive no meu lugar quando os componentes do grupo deixaram o palco, pelos seguintes motivos:
1. Eu estava com Kentin
2. Aono estava com Kana
Suspirei, voltando a comer e compartilhar sorrisos com Kentin, que não me olhava. O garoto observava a cena entre Kana e Aono, que a abraçava de lado. Enquanto eles estavam juntos, Ayane veio na direção da minha mesa, acenando.
— Quem vê você curtindo tanto o nosso som até pensa que te compramos antes da apresentação. — Disse ela, rindo.
— Quando a gente se apresentar nos estádios, a princesa aí vai estar na primeira fileira. — Peiji se juntava à conversa, abraçando Ayane. — Tem lugar pra mais gente aí?
— Não tá vendo que ela tá em um encontro, idiota?
— Ah, mas...---
— Eu não vejo problema. — Me antecipei, logo me lembrando de ouvir a opinião do Kentin. — Você se importa?
Kentin não respondeu, optando por balançar a cabeça. E assim, estávamos todos juntos.
E eu nunca me arrependi tão rápido por ter feito o convite.
— Então quer dizer que vocês não conseguem oportunidades no mercado.
— Sim e não. — Ayane respondeu. — Até aparecem algumas agências, mas queremos algo sério.
— Ah, sei. — Kentin sorriu. — O mercado tá mesmo muito complicado, ainda mais para bandas tão... — O garoto rolou os olhos, procurando as palavras certas. — Vocês são bons, mas o mercado está procurando por ares diferentes.
Ayane arqueava as sobrancelhas, enquanto o restante da mesa processava as palavras do garoto.
— Esse macarrão está uma delícia. — Apontei para o prato, sorrindo sem graça. — Vocês não vão pedir?
— E acredito que você tenha experiência nesse ramo para dar a sua opinião tão... — Ogetsu tossiu, procurando uma palavra. — Que contribuirá tanto para a nossa carreira musical.
— Ah não, não tenho. — Kentin disse, mantendo o sorriso de poucos amigos. — Mas conheço muitos amigos do meu pai que são desse ramo. Quando eles dão chance para bandas de colégio, não costumam procurar por algo como o som de vocês.
— Kentin. — Sorri, pedindo com o olhar para que ele parasse.
Dessa vez, Aono tomou a conversa, olhando para Kentin com a expressão fechada.
— E é de gente como os amigos do seu pai que estamos fugindo. Não precisamos de agenciadores que nos picotem aos moldes do mercado, nem que para isso a gente esteja fadado a ser uma “banda de colégio.” Não vamos perder a nossa identidade.
— Não foi na intenção de ofender. — Kentin repetiu, cínico. — Eu só estava falando para...---
— Eu acho que a gente devia deixar os dois em paz, não é? — Peiji fez um sinal para os amigos, se levantando em seguida. — Não é legal atrapalhar um encontro de casal.
Quase pedi para que eles ficassem, mas assenti, entristecida. Notei o olhar de Kana para mim, que havia ficado calada durante a conversa, mas estava tão chateada quanto os outros. Quando o grupo se mudou para outra mesa, olhei para Kentin, transparecendo a decepção no olhar.
— Precisava falar desse jeito?
— Se eles não aguentam uma crítica, como pensam em se apresentar em estádios? — Kentin soltou uma risada óbvia. — Eles nem deixaram eu concluir o meu raciocínio. Estava até disposto a oferecer o contato de um conhecido...
Suspirei, preferindo o silêncio a outra briga em público. Kentin também se manteve em silêncio, ora alisando os meus cabelos e ora alisando as minhas bochechas, mas eu já não tinha fôlego para mostrar que eu estava receptiva as carícias que ele me dava.
Kentin passava o dedo pela tela do celular com desinteresse, após as tentativas infundadas de chamar a minha atenção. Por vezes, olhava para a mesa no fundo, onde o grupo estava acomodado, e os via sorridentes, conversando. Às vezes, Kana chegava perto de Aono para falar algo em seu ouvido e ele ria, e nesse momento, eu virava o rosto e aceitava o silêncio da minha situação.
— Eu não acredito nisso... — Kentin quase rosnou, olhando fixamente para a tela do celular.
— O quê?
— Meu irmão... Não consigo acreditar que ele se rebaixa à isso.
Esperei que Kentin me mostrasse o que estava o deixando tão chateado, e quando ele me mostrou, prestei atenção na cena fotografada. Jun estava com uma mulher desconhecida, em um lugar que parecia ser uma boate. O rapaz parecia estar embriagado e a tal mulher, derramava uma garrafa de champanhe em sua boca. Aquela mulher não era Yuna.
— E a Yuna...? — Perguntei, dando voz aos meus pensamentos. — Seu irmão não está mais com ela?
— Algum dia ele esteve? — Kentin retrucava de maneira irônica. — Aquela mulher sabia que não era nada para o Jun.
Pensei nas palavras de Yuna, e na certeza que ela tinha sobre a impossibilidade do relacionamento com Jun. Sei que Yuna não estava enganada, mas eu ainda torcia por ela.
“Isso é, se ele for o caminho certo para você.”
Era o Yuna dizia antes de se afastar. Não tenho certeza sobre o significado dessas palavras, quando nem eu sei o caminho que devo seguir. Mas se ela queria dizer que Kentin não era o meu caminho...
— Agora, é mais uma vagabunda que ele vai exibir por aí... Me enfurece saber que esse cara herdará todos os negócios.
Voltei a conversa atual, enojada com o modo que Kentin se referia às parceiras de Jun. Ele parecia ignorar a minha expressão, e pegando na minha mão, Kentin sorriu de maneira convencida.
— Não sei o que o velho tá pensando quando nós poderíamos estar à frente de tudo.
— Nós? — Perguntei, confusa.
— Uhum. Quando terminarmos o ensino médio, se a gente se casar, poderemos tomar conta de tudo.
Gelei. Quando a conversa havia entrado em rumos tão sombrios!?
— Acho que a gente não precisa ir tão rápido. — Ri de maneira nervosa. — Seu irmão certamente vai saber gerir os negócios.
— Com uma puta a cada semana!? — Kentin ria, como se o que eu estivesse dizendo fosse uma burrice. — Entre uma vagabunda pra acabar com tudo e uma esposa, eu certamente escolheria a segunda opção.
Kentin alisava minha mão de maneira presunçosa. Seus lábios estavam abertos, se deliciando ao se imaginar no lugar do irmão. Aquele início de plano e a interferência sonora do lugar agitava o meu estômago e fazia a minha cabeça doer. Kentin não queria uma esposa, queria uma garantia. E com aquele sorriso doentio, ele esperava por uma resposta.
— Eu... eu... preciso ir ao banheiro. — Me levantei aos tropeços, caminhando de forma rápida e quase esbarrando em um garçom no percurso, pedi desculpas rapidamente e adentrei no banheiro, fechando a porta atrás de mim.
Meu coração batia acelerado, e o toque áspero de Kentin ainda ardia na palma da minha mão. Imaginar um futuro onde eu estaria casada com Kentin, me fazia...
Vomitar. Acessei uma cabine, apenas tendo tempo para levantar a tampa do vaso e despejar tudo o que comi para fora. Expulsei a comida do meu estômago do mesmo jeito que os olhos expulsavam as lágrimas, e quando tudo terminou e eu fiquei com o barulho do meu pranto, ainda não conseguia parar de tremer ao pensar naquela proposta.
Saí da cabine parcialmente recomposta. Kana me observava pelo espelho do banheiro, e quando notei sua presença, me assustei, levando a mão ao peito. A garota analisava o meu rosto, vendo a vermelhidão em minhas bochechas.
— Você não tem um namorado muito legal, né?
— Ele só... Não deve estar em um bom dia. Tenho que pedir desculpas para o pessoal, ele disse coisas muito duras.
— Você disse bem. — Ela pontuou, retocando o batom. — Ele disse. Não tem que ficar consertando as cagadas dele.
Sorri, querendo que as coisas fossem como na visão de Kana.
— Olha, não sei nada do relacionamento de vocês. Mas ninguém tem a obrigação de ficar em um lugar que não faz bem. Se está ruim, termina.
— Por quê você está falando isso...? — Perguntei, confusa. — Isso não deixaria o caminho para que eu...?
— Para você procurar o Sousuke? — Ela riu. — O Sousuke não é meu. E nem você é desse Kentin. As coisas seriam muito fáceis se as pessoas entendessem que ninguém é de ninguém.
Kana piscou para mim e saiu, me deixando com o eco das suas palavras. Ela gostava do Aono, certo? Não era natural que ela desejasse que eu não terminasse meu relacionamento?
Depois de lavar a boca e limpar as falhas de maquiagem, voltei à minha mesa, passando pela mesa de Aono sem olhar para ele. Não me sentei como Kentin sugeriu. Com os olhos parcialmente inchados, pedi para que fossemos embora.
— O que aconteceu!? A comida daqui não te fez bem?
— Não é isso... — Tentei explicar, mas já era tarde. Se levantando abruptamente, Kentin interceptava o garçom que passava ao lado da nossa mesa, aumentando o tom de voz. — Kentin, é sério... Não foi a comida...
Me sentindo invisível, abaixei os olhos diante dos olhares dos presentes, que começavam a acompanhar a confusão. Kentin exigia que o dono do restaurante aparecesse e o garçom, acuado, tentava explicar que os alimentos passam por rigorosos testes de qualidade e o lugar era devidamente higienizado. Apertei os nós entre os dedos, desejando que alguma mágica me tirasse daquele lugar.
Não foi uma mágica que me socorreu. Do fundo do salão, Aono corria em minha direção, puxando o meu braço em direção à saída. Confusa, deixei que ele me guiasse para fora, e nós dois fomos recebidos pela brisa suave do meio da noite.
— Você não estava com os seus amigos? Como sabia que eu precisava sair dali?
Perguntei de forma rápida, atropelando as palavras. Meu coração batia rápido e a mente ainda estava confusa, sem entender os motivos que o levaram a estar ali.
— Não sei. — O garoto confessou. — Eu só sabia.
Aono me levou em silêncio até a estação. De mãos dadas, o garoto não me fez perguntas, mesmo quando já no trem, eu me apoiei no ombro dele e deixei as lágrimas caírem. Aono acariciou os meus cabelos de maneira afetuosa, quase me fazendo proferir que era ao lado que eu queria estar. Quando eu pensava em Kentin, e no conjunto das suas atitudes, eu não conseguia pensar em outra coisa que não fosse me afastar.
— Eu acho que... Aqui já está bom. — Parei a alguns metros da minha casa, sorrindo sem graça. — Elas me viram sair com Kentin. Seria um pouco estranho voltar com você.
— Eu entendo. — Aono assentiu, enfiando as mãos nos bolsos. Eu não podia não reparar na ondulação dos fios de cabelo, que ora se movimentavam na direção do rosto dele.
— Desculpa por estragar a sua noite.
— Você não estragou a minha noite. — Aono rebateu com uma certeza genuína. Se aproximando, o garoto levantava o meu queixo, fazendo-me olhar para ele. Engoli em seco, próxima demais para não sentir nada. — Se você estiver com problemas, eu não me importo de fazer isso um milhão de vezes.
Rubra, senti as batidas do meu coração criarem uma melodia própria, enquanto Aono dedilhava para a minha bochecha para enfim se afastar. Minha pele ardia onde o garoto havia tocado, mas não de um jeito cortante como o contato de Kentin. Era parecido com a sensação de sentir as bolinhas do espumante na língua. Vibrava, e pedia por mais.
Aono se afastou enquanto acenava, me deixando com a turbulência de pensamentos e sensações que ele nem imaginava provocar. Mesmo quando o garoto já havia saído da minha linha de visão, ainda fiquei paralisada no mesmo lugar, apenas voltando à racionalidade quando um latido na casa do lado me fez sobressaltar.
❁
No dia seguinte, fiquei encarando as mensagens não lidas de Kentin na barra de notificações. Suspirei, voltando a colocar o celular em cima da cama e permitindo que a mente viajasse na proposta de Kentin, e na possibilidade de um matrimônio. De onde eu vinha, haviam aqueles que se casavam por amor, e outros por interesse. Eu sempre sonhei em me casar por amor, mas representando um poder oculto, não teria oportunidade para partilhar uma vida com alguém. Nesse mundo é diferente. Posso escolher quem amar.
Se eu tivesse a certeza de que ficaria para sempre aqui.
(10:53) Akkun ❤
Quer ir para o zoológico hoje?
Me levantei com um sobressalto, agarrando o celular. Instantaneamente um sorriso se formou em meus lábios, e eu desci da beliche contendo um gritinho, rodando com o celular na mão.
— Que você era maluca, eu já sabia... Agora tenho certeza. — Yuina comentou, parada na porta do quarto. Pega naquele momento constrangedor, fingi uma crise de tosse.
— Eu só estava... Estava...
— Comemorando uma mensagem do seu namorado bonitão? Em falar nele, como foi o encontro? Você nem falou nada ontem.
Abri um sorriso sem graça, escondendo a verdade. Não podia falar para a minha irmã que o motivo dos meus pulinhos era outro, e não envolvia o meu namorado.
— Foi como todos os outros encontros. — Ri.
— E como são todos os outros encontros?
— São... encontros.
Me esquivei de uma almofada, segurando-a com uma mão. Yuina bufou e mostrou a língua, chateada.
— Sua chata.
— Aliás, hoje não é o seu dia de arrumar o quarto?
— Por favor, tudo menos isso! — Yuina se jogou na cama, fazendo careta. — Arruma pra mim só hoje, Sô! Te dou qualquer coisa.
— Agora você quer me comprar, né? — Cruzei os braços. — Mas não posso. Tenho compromisso hoje.
— Vai sair com o Kentin!?
— Não. — Mordi os lábios. — Vou sair com as meninas. — Menti.
— Tem certeza? A Kaori postou no Instagram que estava em Meguro.
Kaori e suas manias de postar tudo o que faz na internet. Eu também sou assim, mas...
— Não essas meninas. Outras meninas. — Rolei os olhos, deslizando na minha própria mentira. Yuina me encarava com os olhos estreitos.
— Sei, sei...
Depois de convencer a minha irmã a deixar eu me arrumar, me arrumei escolhendo minuciosamente a roupa que escolhia e abri um sorriso sem perceber ao imaginar a reação de Aono ao me ver naquela roupa. Estapeei as bochechas, me repreendendo por pensar besteira e me olhei no espelho, quando a produção estava pronta.
Saia jeans de cintura alta. Blusão com a estampa da Sailor Moon. Brincos de arco íris e colar de girassol. Sapato maryjane. Bolsa de gatinho.
Enquanto eu caminhava até a estação, mordi os lábios pensando se eu estava bonita. Se a saia estava ornando com a blusa, se o penteado que eu escolhi, deixando algumas ondas para fora do coque alto, estava legal. Eu não tinha esse pensamento com Kentin, o que aumentava cada vez mais as minhas suspeitas de...
— Oi! Aono! — Acenei, correndo até ele. — Desculpa. Me atrasei muito?
Aono virava o rosto na minha direção e estava prestes a falar alguma coisa quando reparou no meu visual. Vi o movimento lento dos seus lábios se fecharem e o peito subir e descer com uma respiração desregulada.
— Não está bom? — Perguntei, receosa.
Aono não piscava nem fazia movimentos que indicasse estar me ouvindo. Minutos depois, quando uma buzina cortou aquele olhar tão caloroso, ele pareceu voltar a si.
— É o seu perfume. — Ele pigarrou. — Tá enjoativo.
Ri, apressando os passos quando ele me deixou para trás. Assim que o alcancei, entrelacei meu braço ao dele e me aproximei apenas um pouquinho para sentir o aroma de cafeína que provinha dele. E sorri para mim mesma, ao descobrir que aquele era o meu aroma favorito.
Pisquei, observando com animação a entrada do zoológico. As cigarras cantavam, pousando nas árvores próximas, e o sol que brilhava no alto do céu criava o exato imaginário de verão que eu havia criado na minha mente. Passando pelos portões, me deixei ser influenciada pela aura receptiva do lugar, agradecendo com um sorriso largo à atendente que nos disponibilizou os ingressos e um mapa do lugar.
— Não sabia que você gostava desse tipo de passeio. — Comentei, enquanto tentava decifrar o mapa.
— Não gosto. Mas vi que irão abrir a temporada dos pandas, e como eu sei que você é toda fru fru...
Não foi preciso que ele dissesse mais nada para que os meus olhos virassem duas pedras preciosas. Vasculhei o mapa, lendo nome por nome até achar o trajeto para a área dos pandas. E sem pestanejar, arrastei Aono comigo.
— Eles são taaao fofos!! — Comentei, sorrindo. A área dos pandas era de longe o lugar mais visitado do zoológico, e adultos e crianças paravam para apreciar e tirar fotos. Eu era um deles.
Aono estava atrás de mim, observando os pandas com um olhar impassível. Foi aí que eu lembrei que ele gostava de pandas.
— Isso foi quando eu era pequeno. — Aono rolou os olhos, contendo uma vermelhidão nas bochechas. — Eu não quero comer bambu agora.
— Sei sei... Você pode tirar algumas fotos, eu finjo que nem vejo.
Sorri, voltando a ficar grudada na grade para observar. Tirei várias fotos e prometi voltar no final do passeio.
De mãos dadas com o Aono, visitei a área das girafas e fiquei abismada com a altura delas. Aono achou graça quando perguntei se elas não sentiam dor no pescoço.
Na área dos porquinhos-da-índia, tínhamos permissão para acariciá-los, e apesar da visitação ser predominantemente de crianças, não me acanhei e entrei na fila, puxando Aono junto. Morrendo de vergonha, o garoto arregalou os olhos quando a ajudante levou um dos bichinhos ao seu colo, e apesar de contido, vi o sorriso no canto dos seus lábios ao dar carinho.
— Eles não são fofos!? — Sorri junto, fazendo carinho.
Em seguida, foi a vez de apreciarmos os flamingos. Tirei várias fotos e segui para a área dos avestruzes, que permitiam a entrada de visitantes.
— Não vou te socorrer se esse avestruz correr atrás de você. — Aono avisou, observando a minha tentativa de acariciar o animal.
— Relaxa, ele não vai...--- — Mal terminei a frase, emitindo um grito assim que o avestruz correu atrás de mim. Ouvindo as risadas do garoto ao fundo, corri em círculos, afoita. — Se eu virar comida de avestruz a culpa é sua!
Choraminguei, batendo os pés quando Aono conseguiu me tirar de lá. O garoto me carregava como se eu fosse um saco de batatas e ao estarmos na zona livre, Aono me colocou de volta no chão.
— Tsc. Obrigada. — Cruzei os braços.
— Deveria ter te deixado lá.
Fugindo de um soquinho leve, Aono voltou a caminhar e eu o acompanhei, parando nas estações recreativas, jogando todos os jogos disponíveis e tirando foto de cada cantinho. Antes de voltarmos para os pandas, entramos na área dos coelhos, e eu fiquei muito animada ao descobrir que podia passar alguns minutos com eles.
Olhei para o Aono no momento em que ele acariciava um coelho de pele mesclada, e sorri sem perceber que estava o admirando, observando o movimento das mãos delicadas e a expressão tranquila enquanto se ocupava com o bichinho. Por um segundo, pensei que poderíamos ficar daquele jeito para sempre.
Terminamos a visitação voltando para a área dos pandas, onde eu tirei mais fotos e só saí arrastada. Sorri para uma garotinha sem o dente da frente, que compartilhava da minha tristeza ao ter que ir embora.
Passamos na área de presentes, e precisei me segurar para não levar tudo o que tinha lá. Havia chaveiros temáticos, camisas ilustradas, canecas, presilhas para cabelo, bolsas e até versões em miniaturas dos animais encontrados lá.
Quando voltei a me encontrar com o Aono, o garoto rolava os olhos, escondendo algo por trás do corpo.
— O quê foi? — Perguntei, ansiosa.
— Comprei isso pra você. — Aono me entregava o embrulho, coçando a nuca em seguida. — Vi que você gostou dos pandas, então...
Abri o pequeno pacote, retirando de lá duas presilhas e um chaveiro de panda. Sorri, rindo em seguida de maneira boba.
— Acho que a gente teve a mesma ideia. — Disse, vasculhando a bolsa de gatinho. Quando encontrei o que procurava, estendi a mão, revelando o chaveiro de panda. — É pra você.
Aono ruborizou, pegando o chaveiro. Observando, o garoto abria um pequeno sorriso.
— Temos chaveiros combinando, então. — Assenti, sem parar de sorrir. — Posso? — Disse ele apontando para as presilhas.
Assenti, e Aono prosseguiu retirando delicadamente o prendedor que segurava os fios de cabelo. Caindo como cascata, meu cabelo castanho se moldava em meu corpo, parando em minhas costas, e Aono não perdeu um segundo daquele movimento espiral.
Pegando as presilhas que eu segurava e compartilhando calor por um segundo breve, senti o toque dos seus dedos contra a minha palma e engoli em seco. Aono depositava a presilha com cuidado para não bagunçar os fios, e a lentidão com que fazia me arrepiava. Ele estava tão próximo que eu podia sentir a respiração desregulada junto a minha, olhando para as presilhas, e depois para mim.
— Vão querer mais alguma coisa? Oh, as presilhas ficaram ótimas! — A atendente sorria, olhando para nós dois. Percebendo a vermelhidão em nossas bochechas, a jovem se afastava, indo atender outros clientes.
Aono e eu andávamos separados enquanto eu ainda tentava regular a respiração e entender o que havia sido aquele momento. Sentia a minha boca seca, e ao tocar os meus lábios, os senti arderem mesmo sem ter comido nada picante. Ao encarar o garoto, vi que compartilhamos da mesma confusão.
Paramos em um food truck que vendia sorvetes em forma dos animais do zoológico. Pedi um sorvete de girafa, e convenci Aono a fazer o mesmo pedido. Caminhando entre a alameda que antecede o zoológico, senti a brisa leve amenizar o calor que estava fazendo.
— É tão gostoso. — Comentei.
— É extremamente doce. — Aono rebateu, fazendo uma careta. Havíamos aumentado a distância depois daquele momento desconcertante.
— Pra onde vamos agora? — Perguntei, sem vontade alguma de voltar para casa.
— É segredo. — Aono piscou um dos olhos, me deixando para trás. Gritando um “não é justo!”, corri atrás dele, pegando em sua mão.
❁
Quando Aono disse que eu poderia tatuá-lo, não achei que fosse de verdade. Mas, estando em um estúdio de tatuagem, cercado de desenhos e materiais, parte de mim estava começando a crer nessa maluquice.
— Negativo! Eu nem sei fazer isso!
— O Liu te ensina. Não é, Liu?
“Liu”, era um garoto de mais ou menos 19 anos de idade que já havia o tatuado outras vezes. E quando me viu e soube da loucura que estávamos prestes a cometer, Liu ficou tão surpreso quanto eu.
— É. Você pega o jeito.
— Mas e se eu... Fizer errado!!?
— Você não vai errar. — Aono garantiu, mesmo que aquilo não estivesse ao alcance dele.
— E aí, o que vai ser? — Sorrindo, Liu, apontou para a tabela de desenhos. — É bom que seja algo pequeno já que ela é novata.
Aono olhou para mim e depois para a tabela, apontando para um desenho de lua e estrelas. Como naquela noite no acampamento. Tentei esconder o sorriso que se formava em meus lábios, tentando manter o lado racional que gritava que aquela era uma ideia perigosa, mas a verdade é que eu estava ansiosa para tentar. E vivenciar todas as minhas primeiras vezes com ele.
— Bom, bom. Aí garota, vou te ensinar todos os macetes ok? — Assenti, voltando a observar o Aono com cara de “tem certeza?”
— Não me culpe se ficar feio. — Fiz um bico.
— Não vai. — Aono assentiu, segurando a minha mão.
Liu ficava encarregado da preparação da pele, enquanto eu observava o estúdio. As paredes estavam pintadas de preto e nelas haviam quadros com tatuagens feitas por ele, inclusive as que Aono tinha nos braços. E ao olhar para ele, vi a tranquilidade de quem já estava acostumado com isso, enquanto eu me derretia de calor mesmo com o ar condicionado no máximo.
Ele sabia que eu não tinha experiência, certo? Mesmo assim, tinha confiado em mim para fazer. Então se saísse ruim, a culpa não era minha, certo?
Mordi os lábios, nervosa quando chegou a minha vez de assumir. Liu havia me ensinado o básico que dava para alguém que nunca pegou em uma máquina, e achando o garoto louco até a última geração, o tatuador se afastou para que eu tomasse a posição.
Olhei mais uma vez para Aono, explicitando com o olhar que ainda dava tempo de desistir. Aono sorriu, indicando que eu prosseguisse e com a máquina em mãos, respirei e pedi forças aos deuses para que eu não transformasse as estrelas em monstros indecifráveis.
Minha mão doía como se eu tivesse segurado um canhão, e meu coração batia tão rápido que eu temia que ele saísse correndo porta afora. Quando terminei de cobrir o desenho, quase chorei de alívio, principalmente ao ver que não havia ficado tão feio.
— Pra uma primeira vez você foi excelente! Quer ser minha estagiária?
— Eu não quero nunca mais fazer isso na minha vida. — Choraminguei.
Nos despedimos de Liu quando o céu já estava escuro e as luzes dos postes ligadas. Aono olhava a tatuagem, e o seu rosto encoberto pelos fios de cabelo não me permitia saber se ele havia gostado ou não.
— Eu disse que não sabia. — Comentei. — Você poderia pedido para o Liu-san...---
— Eu gostei. — Aono me interrompeu. — Não queria outra constelação no meu braço que não fosse a sua.
Engoli em seco, ruborizando com a certeza daquelas palavras que foram ditas como se não fossem nada. Queria me beliscar, mas me contive, fitando o chão.
— Você só está falando isso pra me animar. — Brinquei, o empurrando de lado. — A verdade é que ficou horroroso e...
Me calei abruptamente quando senti os braços de Aono me envolverem. E eu só tive certeza que não estava imaginando coisas porque o espaço em que estávamos não havia parado. Carros passavam pela pista, sirenes eram ouvidas, pessoas desviavam de nós para passar. Aquilo estava acontecendo de verdade.
— O que você está fazendo...? — Perguntei, tentando recuperar o fôlego.
— Tentando te fazer acreditar que ter algo feito por você na minha pele significa mais do que imagina.
Aono se afastou lentamente, me dando a visão de seus olhos nublados. Umedeci os lábios, sem perceber que estava olhando para os dele. Desde a ida ao zoológico, havia uma eletricidade entre nós que sempre nos levava a momentos como esse.
— E-eu acredito. — Consegui dizer, torpe.
— Mesmo?
— U-uhum. — Respondi, sentindo batidas tão fortes que criavam melodia própria dentro da minha cabeça.
“Eu acredito, então pare de me torturar.” Era o que eu queria dizer. No entanto, antes que qualquer outra palavra fosse proferida, Aono se afastou, bagunçando os meus cabelos.
— Você ainda está com um aroma tão irritante. — E com um sorriso ladino, Aono erguia a mão, prometendo uma próxima vez. — A gente se vê, Jones.
Não fui capaz de responder. Pela segunda vez em dois dias, me senti trêmula, torpe e anestesiada por Aono Sousuke. Pela segunda vez, aquele sentimento torturante no meu peito indicava o que eu não queria admitir: eu o queria.
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GENTE, VOLTAMOS!! queria dizer que estava morrendo de saudades de atualizar os capítulos e finalmente voltamos com a história da nossa ex-coadjuvante que está avançando em relação aos sentimentos dela e finalmente está começando a entender que o ela sente pelo Aono não é uma simples amizade…
Oq dizer do Kentin e sua centésima cagada, o cara é viciado em errar! E cada vez mais o relacionamento deles vai afundando.
Sou suspeita pra falar das cenas Aokawa kkkkkkkkk são muito fofas! Algo me diz que vem mais por aí
Espero que vocês tenham gostado e mais uma vez estava cheia de saudades de atualizar os capítulos. Um xêro e até mais!
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