Não me Deixe

- Por favor, não conte a ela.- Fiquei na frente de Jeongyeon olhando para ela para evitar que a palavra “namorada” saísse de sua boca.

- Amanhã eu quero conhecer aquele garoto, Im Nayeon ou eu mesmo mandarei matá-lo.

Continuação...

- Isso não será necessário, Senhor Im, há coisas que devemos lhe contar.

- Jeongyeon não... por favor, por favor.

Ele estava olhando diretamente nos olhos dela enquanto implorava que ela não dissesse nada ao papai.

- Não vamos mais esconder isso, Nayeon. Eu te amo seriamente e não quero mais que isso seja segredo.- sussurro.

- Mas o que diabos estou ouvindo?

- Pai, não preste atenção nela. Não é o que você pensa – me virei para ver o papai.

- Senhor.

- Não, Jeongyeon.

Papai olhou para mim e depois olhou para Jeongyeon confuso.

- Nayeon é uma menina de casa, e eu fui muito educada, fiquei cuidando dela para que nenhum garoto perseguisse sua filha, cuidei dela e a livrei de todos eles mas...

- Mas...?

- Mas eu não cuidei dela só daquele jeito, Senhor Im. Estou apaixonada pela filha dela, estou disposta a suportar qualquer coisa para estar com Nayeon.

- Você é uma dessas mulheres?

- Sim, Senhor Im, sua filha é...

Com isso empurrei Jeongnii fazendo-a recuar para impedi-la de completar a frase.

- Não tenho tempo para bobagens, Nayeon, amanhã quero conhecer aquele garoto.

Minha mente estava um caos, eu não sabia como reagir mas estava cansada de esconder minha sexualidade, cansada de fingir que gosto de meninos e que meu pai iria me combinar com um.

- CALA A BOCA, CALA A BOCA.- Tampei os ouvidos de tanto ouvir tantos gritos.

Fiquei entre os dois chorando, vi o pai e confessei.

- Pai, Jeongyeon é minha namorada - minha voz ficou mais alta enquanto eu chorava - Eu amo mulheres, sou lésbica.

- Que...?

- Isso mesmo pai, sempre gostei de mulheres e sei que isso não é normal mas não importa, eu as amo e amo mais a Jeongyeon.

- Nayeon, você está doente? - Ele se aproximou de mim lentamente, olhando para mim enquanto levantava uma sobrancelha.

- Não pai - comecei a me afastar quando meu pai se aproximou de mim - Eu gosto de mulheres.

Recebi um manaso que me fez chorar, estava prestes a correr em direção a Jeongyeon até que ouvi um...

- FIQUE AÍ, IM NAYEON.

Eu estava apenas perto de Jeongyeon, a mais alguns passos de alcançá-la, até que meu pai me parou.

Mas aquela pequena distância parecia estar a quilômetros dela. Eu só queria estar segura em seus braços.

Papai agarrou meu braço e me puxou para trás enquanto caminhava em direção a Jeongyeon, ficando bem na frente dela como se a estivesse desafiando.

- Arrume suas coisas, Nayeon, não me importa quem diabos te engravidou.

- Pai...

- PELA PORRA, ME OBEDEÇA, QUERO VER SUAS MALAS NO CARRO.

- Senhor, não faça isso conosco, por favor.

- Não fale, a culpa é sua, com certeza você contaminou a mente inocente da minha filha.

- Não pai, ela me ama, eu amo ela, ela é mãe do meu filho.

Eu deixei escapar sem mais delongas.

Papai se virou para olhar para mim e depois olhou para Jeongyeon confuso.

- É a maior besteira que já ouvi, só estão tentando esconder o fato de que você dormiu com um garoto.

- Senhor Im - Jeongnii olhou para mim e depois para o pai - Há uma coisa que devo confessar para você, eu nasci mulher mas... nasci com um membro masculino.

Papai fechou o punho com a mão, pude ver como a palma dele ficou completamente branca, vi como a veia dele estava marcada.

- Esse filho não é seu, vocês são mulheres, não podem ter filhos.

- Pai, ela fala a verdade. Por que você acha que ela sempre usa calças?

Ele baixou o olhar, mas foi até a virilha de Jeongyeon e então ergueu o olhar para os olhos de Jeongyeon.

- Vá embora, Nayeon, quero terminar essa conversa e esse relacionamento.

- Não! Eu não vou permitir isso.

Caminhei rapidamente e fiquei ao lado de Jeongyeon abraçando-a.

- Termine esse relacionamento, Nayeon, termine isso e eu vou fingir que nunca tivemos essa conversa. Estou te dizendo no bom sentido, Nayeon, não me faça seguir o outro caminho.

- Não, não vou terminar esse relacionamento mesmo que você não queira nos aceitar!

Meus olhos não paravam de chorar.

Papai respirou fundo e soltou o ar, puxando-me pelo pulso para me tirar de seu escritório.

- FELIX LEVA MINHA FILHA.

- Não... não pai, pai, por favor, não.

- FELIX FILHO DA PUTA, ONDE VOCÊ ESTÁ?

Ouvi os passos do Felix subindo as escadas até que ele se aproximou de nós, Felix viu que eu estava chorando, ele olhou muito confuso para nós.

- Leve minha filha de carro para longe deste lugar.

Papai me jogou em direção a Felix enquanto eu mostrava resistência impedindo-o de me levar.

- Vamos, senhorita Nayeon.

- NÃO, JEONGYEON MEU AMOR, NÃO QUERO DEIXAR A JEONGYEON.

Fiz tudo o que pude para me libertar de Félix, mas ele me segurou com todas as suas forças.

Papai estava andando atrás de nós enquanto descíamos as escadas.

- JEONGYEON, NÃO ME DEIXE.

Felix e meu pai me empurraram para dentro do carro. Felix entrou no lado do motorista enquanto papai estava prestes a entrar no lado do passageiro.

Abri a porta do carro e saí correndo quando vi Jeongyeon correndo em direção ao carro.

Nos abraçamos com força como se fôssemos ímãs, estávamos ambas chorando. Foi um abraço que durou segundos.

- Solte minha filha.

Jeongyeon me soltou gentilmente enquanto eu me virava sem me afastar de Jeongyeon.

Eu vi que meu pai estava falando sério.

- Entre no carro antes que eu faça com que você aborte agora.

- Pai, você não pode fazer isso conosco...

- Entra.

Jeongyeon segurou meu pulso, seus olhos tristes. Tenho certeza que ela queria me beijar uma última vez.

Caminhei devagar e entrei no carro.

- Vá Felix, avança, então eu os sigo.

Felix ligou o carro, se afastou de nós e vi papai dar um soco em Jeongyeon, fazendo-a cair no chão.

- JEONGYEON, JEONGYEON.

Bati na janela com as mãos, mas era impossível sair do carro enquanto ele estava em movimento.

∆ ∆ ∆

Jeongyeon:

Quando chegamos na fazenda já pressentia o meu destino e o que iria acontecer comigo.

Estava claro que seria impossível esconder uma gravidez e que mais cedo ou mais tarde o pai de Nayeon descobriria.

Comecei a me preocupar com Nayeon quando ouvi coisas caindo no chão, então fui imediatamente ao escritório do Senhor Im.

Não me importei de quebrar a porta naquele momento, só queria saber se Nayeon estava bem.

Na situação em que estávamos, minha mente não me ajudou a pensar em contar ao pai dela no bom sentido que Nayeon é minha namorada e que o bebê que ela está esperando é meu filho.

Minha mente estava literalmente em branco, o rato comeu minha língua, então eu não conseguia falar ou esclarecer as coisas ou tentar não piorar as coisas.

Nayeon me implorou para não contar nada a ela, mas de alguma forma o pai dela tinha que saber.

Minha mente me traiu, então fiquei imóvel, congelada nas discussões que Nayeon estava tendo com seu pai.

Minha boca falava sozinha, como se estivesse no automático.

Reagi quando Nayeon gritou meu nome, corri em sua direção e ela em minha direção.

Eu a abracei, cheirei seu cabelo uma última vez até soltá-la lentamente.

Comecei a temer quando vi a expressão do Senhor Im.

Naquele momento tive vontade de beijar Nayeon, sentir aqueles lábios carnudos junto aos meus pela última vez mas não o fiz.

Ela entrou no carro e me olhou chorando enquanto fiquei sozinha com o Senhor Im.

Corri atrás do carro.

- NAYEON.

Eu gritei e ela gritou meu nome até que o Senhor Im apareceu atrás de mim e senti um soco forte no rosto que me fez cair no chão.

- Levanta.

Mal me levantei porque comecei a enxergar embaçado, toquei meu nariz e olhei para minha mão, que estava coberta de sangue.

Eu me levantei.

- Como você pode pensar em sair com uma adolescente? E acima de tudo – Senti outro soco na cara – Engravidá-la.

- Eu não fiz isso com outras intenções, minhas intenções são boas com ela.

- Vamos, lute como um homem já que você tem um pênis.

- Só porque tenho pênis, não significa que vou lutar como homem - Limpei o sangue do nariz.

- Você traiu minha confiança. Mas isso não importa, não quero você perto da minha filha, quero você longe.

- Nunca, eu a amo.

Ele colocou a mão na parte de trás da calça e tirou a arma, na qual a carregou.

E ele apontou para mim.

Aproximei-me sem hesitar, peguei a arma e apontei direto para o meu coração.

- Se quiser me matar, atire direto no coração para matar esse amor que sinto por sua filha. Resumindo, já sofri o suficiente por me distanciar da sua filha e me separar do meu filho. Não sinto mais nenhuma dor.

O Senhor Im baixou a arma e disparou para o alto várias vezes até esgotar todas as balas.

Ele caminhou me deixando sozinha.

- Você realmente ama minha filha?

- Cegamente.

- Lute por ela e se conseguir me vencer você fica com ela. Eu matei mais galos do que você.

Ele se aproximou de mim com entusiasmo e começamos a brigar, fazendo um ao outro sangrar ou até mesmo quebrar algum lado dos nossos ossos.

A cena parecia muito forte, o Senhor Im não se importava se brigasse com uma mulher assim como eu não me importava se brigasse com um gangster que tem mais que certeza que vai acabar me matando, por mais que eu ganhe a batalha.

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