xii. Identidades secretas
12, Identidades secretas
(temporada um, episódio 4)
TW - bulimia e violência física
OUVIAM CLAROS SONS DE GAIVOTAS QUE PERAMBULAVAM PELO CÉU AZUL CLARO, o trio havia acabado de dar os primeiros passos no porto da cidade
Avistavam muitas pessoas com tarefas diferentes,; empurraram caixas, levavam mercadorias, ou tinha aqueles que se sentavam no pequeno banquinho branco de madeira e avistavam a paisagem esperando por sua embarcação
Um homem adulto que parecia mais velho, se encontrava de trás de um balcão improvisado, com uma plaquinha discreta que alertava "compre aqui seu ticket!"
Exatamente o que procuravam
John B foi o primeiro a notar e consequentemente a se dirigir próximo ao senhor, bateu suas mãos discretamente na mesinha, chamando a atenção
O homem carregava uma mochila preta e aparentava estar fugindo do expediente
— Não, não, não, não! - Sophia gritou para o mesmo
— Vocês não são os únicos querendo fugir! - respondeu se retirando
Como iriam até seu destino final?
— Droga! - John B exclamou
De repente o menino que olhava para baixo aparentemente pensativo, levantou sua cabeça rápido apontando para as duas garotas em suas frente
— Vem! Me sigam!
— Se você me meter em confusão eu vou t... - Sophia foi puxada por Sarah, as duas tentavam alcançar Routledge que disparava para perto da embarcação - Tá bom! Tá bom! Já entendi que a gente vai independentemente!
— Já andaram em um rebocador? - a pergunta soou engraçada para as garotas, uma vez que não faziam a menor ideia do que isso significava
Tentaram processar o nome por alguns segundos, ainda sim não sabiam o que era
— Um o que? - Sarah questionou confusa
— Eu não faço a menor ideia!
— Olha a gente tem que dar um jeito de ir nesse barco! Eu me viro tá legal? É meu povo!
O moreno se aproximou de um homem claro meio baixo, que continha uma prancheta em sua mão
Ele olhava-a com cautela, checando as mercadorias que haviam sido colocadas no navio
Aparentava estar distraído em seus próprios pensamentos, contudo, toda aquela paz que o mais velho carregava foi esquecida quando um adolescente de cabelos rebeldes o cutucou, questionando-o sobre varias coisas em que ele não tinha controle
— Com licença... - John B sussurrava
O homem desviou seu foco do papel com milhares de nomes, para o que estava na sua frente, Routledge, o olhou por inteiro não entendendo o real motivo da iniciação da conversa
— Eae capitão! É o seguinte... eu e as minhas irmãs precisamos ir nesse barco, tem como nos dar uma carona? - Booker esperava uma resposta enquanto travava seu maxilar fortemente
O garoto passeou com sua língua pela bochecha, temendo não conseguir o que queria
Sarah e Sophia estavam mais afastadas, mas ainda sim era possível escutar a conversa em questão, elas não trocavam uma sequer palavra, totalmente concentradas se a carona seria realmente real
— Não! - o outro negou, balançando a cabeça incontáveis vezes e explicando cada motivo do porque aquilo nunca seria possível
— Valeu...
O pogue já estava cabisbaixo, sua postura estava torta, seu corpo mostrava diversos sinais de que a notícia que acabou de receber não deixou-o muito contente
Aquilo era importantíssimo para o garoto, uma vez que era uma das únicas coisas em que seu pai deixou como lembrança (uma grande e perigosa caça ao tesouro)
Grande presente, não?
— Eai? - Martin sorria de lado como se soubesse desde o começo que seu amigo não conseguiria um meio de locomoção até a cidade tão fácil
Sarah demonstrava o mesmo, mas diferente da melhor amiga, ela não segurou a risada e gargalhava gostoso olhando para John B
— Então... ' tá cheio! - ele estava mentindo descaradamente
— O que? - exclamou a loira - E o seu... seu povo?
— Que foi? Alguma de vocês tem uma ideia melhor?
— Tenho! - A Cameron falou com firmeza fazendo os dois a seguirem
Ela caminhou poucos metros, chegando próximo ao mar, em uma ponte de madeira, lá estavam três casacos amarelos, irradiando para que fossem pegos, era com certeza o destino os ajudando
Cada um se localizava em um local diferente, porém muito próximos um do outro; O trio fez questão de resgatar-lós com felicidade
Sarah ordenou que pegassem um vidro pesado e prateado de gás, como se brincassem de profissões
A pequena farsa foi o suficiente para que se dirigissem até o sótão do barco, sem nenhuma intervenção, e correndo pelos corredores de tubos enormes e luzes vermelhas, souberam que talvez tinha dado certo
Os ouvidos de Sophia captavam sons de vozes grossas, então alertou os amigos para que mudassem a estratégia e consequentemente o lugar do esconderijo, assim fizeram, seus pés tocavam certeiros no Piso Náutico contido no grande espaço, eles estavam próximos à uma prateleira de madeira que guardava entulhos da tripulação
De repente, quase em questão de milésimos de segundos, o barco deu um carranco forte, o que fez com que Sophia, Sarah e John B se desequilibrassem, balançando seus corpos
A Alisson estava na ponta dentre os três amigos, e devido ao fato do acontecimento recente, a menina escorregou, colocando as costas das mãos apoiadas no chão, buscando uma forma menos agressiva e dolorosa do que já estava encaminhando-se para acontecer
Olhava ao redor, perplexa em como foi parar no chão tão rapidamente, sentiu que deveria notar se seus melhores amigos estavam na mesma situação
Felizmente ou infelizmente, não
Ambos se encontravam perfeitamente bem, seus braços juntos, apoiavam-se um no outro, procuravam por conforto; Ela resmungou sentindo que de alguma forma estava sobrando, mas como isso era possível?
Sua mente rondava por pensamentos improváveis de ocorrer, ou agora... nem tanto
A probabilidade em que a morena, de cachos desenhados angelicalmente, acreditava que talvez as pessoas que estavam logo a sua frente pudessem ter futuramente algo
Algo além da amizade, se é que podem se autodenominar bons amigos
Era quase zero! Mas agora não tinha mais certeza em que a estatística estava apontada para baixo
Isso não a assombrava, muito pelo contrário, ela gostava da ideia de que a kook participasse da grande confusão que se meteu; De fato seria um acontecimento surpreendente mas não totalmente chocante ou ruim, era algo diferente
Um diferente bom, pelo menos em sua percepção
— Deu certo!
Sophia se levantou, batendo em suas costas para se livrar do possível pó que tivesse grudado ali
Os três fizeram um high-five comemorando o sucesso da ideia maluca da Cameron
AS GOTAS DE SUOR DESCIAM LENTAMENTE NA BARRIGA DE SOPHIA, causando-a estranha sensação de estar prestes a desmaiar, tudo isso devido à alta temperatura presente ali no ambiente
Ofegava paralelamente aos amigos, que por sua vez, já nem falavam mais uma sequer palavra
Todos evitavam perder mais líquidos, e só ansiavam pela a saída e brisa de Chapel Hill; um curta passava vagamente pela mente de Martin, ela tendo sua respiração controlada, um copo de água gelado e muitas aventuras
A verdade é que não tinha comido muita coisa no café da manhã e sofria a penalidade
Suas pupilas dilatadas fechavam e abriam quase que imperceptivelmente; sua boca seca e rachada recebia uma volta completa de sua língua buscando algo além da saliva que nesse momento não a satisfazia mais
John B tomou a sábia decisão de retirar sua camisa, fazendo com que sua barriga estivesse totalmente amostra
Sarah olhou-a de canto por um milésimo de segundo, mas ainda sim sua melhor amiga notou o ato, dando um risadinha fraca e baixa
— Ai meu Deus! Quando foi que sentiram mais calor? - A Cameron exclamou movimentando seus braços para de trás da cabeça, raspando em seus fios de cabelo
— Agora! - Booker respondeu de imediato
— Eu nem consigo respirar direito ' pra ser sincera! - Alisson confessou
— Eu também! Vocês querem...jogar comigo?
— Não, não quero! - Routledge disse
— Beleza, tá!... tem um jogo que minha irmã joga comigo, se chama verdade ou desafio só que sem desafio
— Então é só verdade Sarah, só verdade... - Ele a olhou confirmando
Aquilo havia virado uma conversa entre John B e Sarah, sem pretensões a morena sobrava naquele diálogo
— É... Quer brincar de verdade?
— Quero- o garoto balançou a cabeça como se não tivesse nenhuma certeza daquilo
— ' Tá bem!... pergunta primeiro - a loira mandou
E por longos instantes os dois jogavam e fisgavam brincadeiras que tinham uma segunda intenção por trás, todos sabiam, eles sabiam; com sotaques estranhos e fingindo serem pessoas diferentes com vidas diferentes, o sentimento e palpitação na garganta aumentava a medida em que conversavam mais e mais
Se Topper soubesse onde a namorada está nesse exato momento, ele provavelmente surtaria
— Minha vez... o que viram na pintura? - Cameron questionou curiosa
Booker e Sophia se entreolharam, era a hora certa para revelar o grande acontecimento recente em suas vidas?
O menino recebeu a confirmação de que teria de conduzir a conversa
— Olha eu não posso contar!
— Porque?
— Pela sua própria segurança...
— ' Tá mas a Sophia sabe! Porque caralhos eu não posso saber? hein?
A Alisson estava nervosa, nunca havia escondido algo assim de sua amiga, a verdade era que nunca havia escondido nada de sua melhor amiga e confidente; era a primeira vez que não passava o tempo todo com os kooks e consequentemente com Sarah no verão
A loira buscava respostas, exigia uma mínima explicação sobre
— Mas alguma coisa fez vocês se interessarem pelo documento!
— É que alguém que era ' pra estar morto não ' tava! Tá bom? - Sophia exclamou
— Como o... seu pai? - ela apontou para Booker
— Quer saber?
— Me desculpa...
— Não, tudo bem!
— Não me desculpa, eu sou uma idiota! o que eu falei foi horrível - Sarah esfregava a ponta dos dedos no rosto, envergonhada - eu nem imagino perder meu pai, minha família inteira iria se desmanchar sem ele, sinceramente!
Ela respirou fundo, soltando pequenos grunhidos a medida em que falava
— Todo mundo acha que ele é só um cara rico mas... ele é do cut - continuou - como você John B! ele trabalhou muito para conseguir o que temos hoje
Aquilo foi uma grande bomba armada nas mãos de John B e Sophia, até mesmo a menina não sabia desse grande segredo; ela (assustada, e bastante avoada) esbugalhou seus grandes olhos castanhos querendo saber mais sobre a história
— Você é grata à ele?
— Sim - sussurrou ela
— É o que eu sinto pelo meu pai...
A morena presente ali entre os três, pensava bem diferente, não havia gratidão no corpo de Sophia por nada, repito nada, que seu genitor um dia a proporcionou ou fez, ela sentia uma repulsa que contaminava até seus mais felizes momentos na infância com o mesmo, um nó se formava a cada vez que conversava uma simples frase sobre seu pai
"Eu te amo" tem exatamente 7 letras, que juntas formam além de tudo um sentimento
Seu grande herói e melhor amigo quando era pequena, se tornou (ao seu ver) um monstro que devorava o mísero sentimento bom da sua filha
Todo dia ao seu lado se transformava em frases repetitivas, choros descontrolados e salgados, horas e horas sem comer
A refeição se tornou uma grande obrigação da menina, não sentia vontade de comer, não sentia prazer em comer
A distorção em suas pupilas era nítida, pois a cada vez que se olhava no espelho encontrava cruelmente, um novo defeito que precisava eliminar; a prepotência continha ansiedade e acima de tudo medo, medo de estar naquela situação, na prisão da realidade, até o resto de sua vida
Rafe Cameron a causava cansaço e corroeu seu corpo, quando tinha liberdade de fazer o que der e vier, na hora queria, do seu exclusivo e único jeitinho. A garota de cabelo médio muitas vezes se via na obrigação de terminar de engolir a comida e correr às pressas para seu lugar menos favorito, o banheiro, lá jorrava vômito por todos os cantos, não sobrando nada em seu estômago
Sua obsessão por magreza se desenvolveu como uma válvula de escape para seus problemas dentro de casa, uma vez que se sentia extremamente culpada e chateada de seu próprio pai não a defender de tantas maldades, de tantos machucados roxos em seus corpo
— Isso aqui, tem haver com ele? - Sophia chacoalhou a sua cabeça vendo que sua amiga questionava algo importante
— ' Tá você sabe aqueles sons graves que q-que as baleias fazem? - Routledge direcionou seu olhar para Sarah - é tipo hmhmhmhm!
— Hm sei! - Cameron gargalhou de lado
— Você é péssimo pra imitar sons John B! - ele reprovou a fala de Martin com um olhar
— Eu sei que é muito esquisito mas... eu consigo ouvir ele me chamando - engoliu seco - me pedindo ajuda... mas eu não posso misturar minhas emoções com a missão! - fez um sotaque francês estranho
— Não camarada! com certeza não! - Sarah correspondeu a brincadeira
— Eu odeio meu pai! - Sophia soltou de repente, fazendo seus amigos a olharem
— Sophi... - Cameron foi cortada - não, é sério! Eu odeio ele!
Se sentiu aliviada de soltar tais palavras, a entalavam por muito tempo; nunca havia dito nada igual em voz alta, apenas pensamentos a circulavam
— Tudo bem... estamos aqui - John B a abraçou, na tentativa de te confortar sua amiga
Aquilo havia se tornado uma conversa seríssima, sem nenhuma piadinha
— Sempre estive aqui S! - a loira se juntou ao grande abraço que se formou
E ali enroscada em tanto afeto, sentiu-se como nunca antes, seu sentimento (ou melhor a ausência de carinho) pelo seu pai se transferiu completamente para sua segunda família, seus amigos que a divertiam por tantos momentos
O GRUPO ESCAPAVA DO BARCO, um homem de estatura mediana, com cabelos pretos e um rosto semelhante à de um japonês resmungava e contemplava como três adolescentes de 16 anos se alojaram em um dos barcos que comandava, a resposta era no mínimo engraçada, afinal eram quase fugitivos no meio de locomoção
— Vai! Vai! Vai! - Sarah gritava simultâneo aos passos rápidos que a conduzia para uma ponte
O local reluzia raios de sol alaranjados, a passagem por cima do mar (uma ponte de madeira escura) desabrochava no Porto da cidade, que por incrível que pareça era 10 vezes maior que Martin se lembrava
A garota de Íris castanha passou muitas tardes de verão aqui, nessa região mais extensa, onde os negócios e reuniões de trabalho eram muito mais aptas e interessantes para as famílias ricas
Luke Martin sempre velejava perto de casas ricas de Chapel Hill, o adulto e bem sucedido empresário, assim como qualquer outro kook, não se atrevia a passar com seu barco em partes mais precárias de qualquer cidade
O casaco amarelo em que "pegou emprestado" de um marinheiro, batia contra o vento, fazendo com que tapasse a visão de Sophia, ela notava somente o chão e uma frestinha do belo mar da Carolina, o oceano atlântico podia ser ocasionalmente um verdadeiro espelhado do céu completamente azul, fascinante
— Meus joelhos doem!! - Sophia confessou acalmando a respiração
— Não para kook! - John B ordenou
É fato de que parar para controlar seu corpo seria um risco enorme, ela não estava nada disposta a fazer algo que pudesse lhe encaminhar até uma prisão, afinal sua atitude recente, a famosa carona clandestina, não foi algo agradável assim para a constituição
Não deixou de pensar como "a tal liberdade e adrenalina" de poder realizar o que quiser sem ninguém ao menos se importar, é o que mais gostava nos pogues
Sua vida conturbada e delicada, a fez não escapar nem sequer um passo da linha tênue de ricos certinhos; cada milímetro de erro por mais bobo que fosse, teria uma consequência severa em sua casa, a aparência devia estar nos conformes e a inveja mantida por todos do bairro
A ganância de seu pai pelo trono de melhor kook era grande, para ser mais clara: gigantesca, uma vez que só provava para si mesmo o quanto deveria ser endeusado por suas meras conquistas
— Aí meu Deus! A gente tá imundo! - Sarah ria se divertindo com a situação
— O que? - John B disse não entendendo o problema
— Eles não vão deixar a gente entrar no arquivo assim! - Sophia sorriu de canto analisando sua silhueta
— Porque não? - Booker franzia as sobrancelhas
— Te garanto que não vão deixar a gente entrar, com cara de quem acabou de sair do mangue!
Eles haviam escapado de todos os obstáculos com um sucesso inacreditável, agora, andavam em direção a cidade para que pusessem resolver o grande problema em questão
Não muito longe, encontraram uma lojinha agradável, que continha um letreiro branco, escrito "Ben Silver - 149 "; Martin agradeceu mentalmente por ter levado seu cartão na correria em que passou algumas horas antes, sem ele, provavelmente não conseguiria se aproximar sequer do portão de certos estabelecimentos
— O que acham dessa?
— Pode ser sim! A gente compra roupa aqui!
— De jeito nenhum! - Routledge retrucou
— Para aí sancho! Essa aqui é a boa! - Cameron exclamou, empurrando a porta do tal local
— Ai Sarah! eu acho que você não entendeu, isso é tipo um órgão com o tipo sanguíneo errado, não vai funcionar!
— Você é a pessoa mais dramática que eu conheço! - Sophia soltou dispersa com colares de pérolas
As pontas dos seus dedos apreciavam cada detalhe das peças
— Não sou não!
— Pode apostar que é!
— Que tal caxemira? - a loira esticou uma blusa muito elegante
— Meu Deus! você viu essa camisa?!
— Vi!
— Custa 190 dólares! - ele praticamente gritou, indignado
— Relaxa! Nós - apontou para si mesma e a amiga ao seu lado - vamos te bancar!
— Ei! Porque me incluiu nisso? - Alisson questionou
— Fala sério! Você tem mais dinheiro que eu S!
Ela deu de ombros, como se soubesse que a causa estava perdida
— Vão me bancar?
— Que tal uns óculos? - Sophia retirou um óculos de sol preto fosco de uma caixinha bege, colocando-o imediatamente na face do amigo
— Vocês não entenderam! E-Eu.... - foi cortado
— Posso ajudar em algo?
Um atendente meio grisalho, de cabelos loiro acinzentado, falou; com os olhos vidrados na resposta, ele aguardava por um sinal
— Claro! Pode sim!... senhor?
— Aike!
— Sarah!
— Johnathan...
— John!
— Nosso amigo aqui, precisa de muita muita, ajuda para se arrumar!
— É da pra ver! - ele analisou o garoto com desprezo
Martin não se segurou, dando uma pequena risada, que logo se tornou mais forte e consequentemente arfada, uma vez que tampou seus lábios com as palmas das mãos
Minutos depois já se encontravam no vestiário da lojinha, que continha alguns sofás e poltronas, para que observassem e opinassem (é claro) em todas as roupas
— Eai?
John B andou tímido, suas pernas dançavam em um ritmo engraçado, a caminhada torta indicava repressão ao fato de estar naquele ambiente
— Own! Você parece pronto pro bailinho da escola! - Sophia soltou
— Parece que eu fui chutado do quarteto da barbearia!
— Senhor Aike, que tal um terno listrado? - Sarah sugeriu
O garoto negou
— Pode trazer uma camisa rosa e algumas gravatas por favor!
— Shhhhh!! não reclama! só aceita ' tá legal? - Martin sorriu de lado
— Não eu não vou sair!
— Porque?
— Vocês vão comprar essas coisas!
— É você não tá errado!
John B se encontrava no vestiário, experimentava as novas coisas que em que o cavalheiro atendente da loja o trouxe, eram milhares de opções sofisticadas e de uma qualidade excelente, por outro lado o moreno apenas detestava a ideia de ser bancado e tratado como quem precisava de ajuda, ele não necessitava de ternos e sapatos caros, se sentia mal em provar cada peça!
Mas infelizmente era preciso... afinal tudo pelo tesouro, certo?
Cameron bateu incansavelmente na porta esbranquiçada, aguardando uma resposta clara (toque na maçaneta para que ela se abra)
Demorou longos segundos para isso acontecer, mas Routledge acabou cedendo
— ' Tá se olhando no espelho? - Sophia sorriu sapeca
Ele havia dado passagem para as garotas o verem, uma vez que destrancou o que os impedia até então; com isso foi se despindo para trocar de peça, coincidindo com o instante em que as amigas decidiram abrir de vez o vestiário
— E-eu não ' tô me olhando! dá ' pra fecharem isso logo! - exclamou corando suas bochechas
— Relaxa John B! ' tô cansada de ver garoto de cueca! - Cameron brincou - eu tenho um irmão! para de pensar bobagem John B!
— ' Tá!
Ele caminhou para fora do vestiário com uma blusa azul claro
— ' Tá chique! - a loira falou, o que fez com que Booker a olhasse surpreso e agradecido
— Ficou arrumadinho pela primeira vez! - Sophia também não ficou de fora, mas devido ao seu comentário ela levou um tapinha no meio do braço - ei! era um elogio ' tá?!
— Ai cara...
— Fecha a braguilha! - Sarah ordenou
— Se alguém me visse assim acho que iam... -
— Te sacanear loucamente?
Assentiu
— Bom então... que bom que é uma missão secreta! - Sophia sussurrou
— Podemos trocar de identidade! - Cameron sugeriu - eu acho que nem devemos usar nossos nomes!
— É precisamos de pseudônimos! Qual a ideia?
A loira levou as pontas dos dedos ao queixo, batendo-as incansavelmente no lugar, sua expressão era pensativa, como se tivesse fazendo um teatrinho
— Hmm Vlad! de... hm... Viena! - ela apontou para o menino
Sophia apenas mirou em um ponto e marejou, refletiu sobre nomes descolados e os que mais se encaixariam no momento
— Eh... bom eu vou ser a Mrs. Charlotte do sul da França - a morena confessou animada
— E o meu?
— Valéire de... Quebec! - John B disse
— Hmmm Valéire de Quebec - Martin imitou um sotaque francês - sou Charlotte de Aix-en-Provence, enchantée! - estendeu suas mãos cujo continha anéis delicados de pedraria, que acumulava a cada aniversário
— Enchantée mademoiselle! - Cameron beijou a mão da amiga suavemente
— Uh... já que vocês me vestiram, e eu ' tô super granfino, chegou a minha vez! - Booker falou
— Oui oui senhor!
— Manda!
Suas pupilas castanhas rodopiavam por todo o ambiente, buscando os pares perfeitos, chegava perto de araras coloridas, caixas de acessórios....
Ele parecia estar quase totalmente focado naquilo, separou então opções diversas e as estendeu sob uma poltrona robusta e bege, que se localizava no cantinho do estabelecimento
Lá apontava para cada uma, fazendo um uni-duni-tê mental
Sophia e Sarah temiam profundamente a decisão!
Aproximadamente dez minutos depois, ambas as amigas compartilharam o sentimento de exaustão devido à locomoção e o troca troca de vestidos, por brincadeira do destino, quando só haviam restado duas peças para experimentarem (para Cameron um vestido branco, com listras suficientemente chamativas azuis; já para Alisson um amarelo claro, com amarrações nos ombros e plissado nas pontas)
Caminharam levemente, já haviam gostado do que viam, mas a aprovação de Vlad era essencial na jornada!
— Wow! v-você tá bonita Sophia e... S-Sarah... nossa você tá... né olha você fica bem arrumada... Val!
A garganta de Routledge se fechou, sua língua passeava por um compartimento invisível, o maxilar se travou, estava nervoso
Completamente nervoso...
Se sentia um idiota por ter travado e não conseguir elogiar Sarah da forma em que realmente queria (dizer palavras lindas e arriscadas) contudo repensou e se sentiu meio aliviado, porque raios ele teria esse desejo sedento?
— Obrigada! - Martin agradeceu
— Você é bom com elogios... Vlad! - Cameron soltou, rindo internamente - Hmm... então esses são os escolhidos?
As melhores amigas se juntaram e num coro deram uma voltinha, se exibindo
— Eh... bom acho que são esses ai! eh.. com certeza... isso - o moreno gaguejava - pode me dizer uma coisa?
Se referia à Sarah Cameron
— Porque você veio?
Ela se xingou rápido, nem ela saberia a real resposta para a charada, então mentiu:
— Para fazer companhia!
Droga! essa foi bem ruim!
— Não, é sério! - ordenou
— Porque... hm - respirou fundo - eu tenho dezesseis anos e já sei como o resto da minha vida vai ser... v-vai ser só iates e clubes idiotas, cheios de gente fútil...falando... coisa nenhuma! e eu sinto que ou eu saio dessa bolha agora, como você ' tá tendo coragem suficiente de fazer - apontou para Alisson - ou nunca mais!
Aquilo não era mentira, ela não havia descoberto mas em um toque, um barulho, estralo em sua cabeça tudo saiu rapidamente de seus lábios desenhados, atropelando qualquer pensamento intrusivo que a fizesse parar e só... dizer o que não sentia, afinal era muito mais fácil
Porém uma vez em sua vida, Sarah tomou a decisão de contar para si mesma (em voz alta) o que passava e consequentemente o que iria passar, com toda certeza, em seu futuro
Para que não se auto-sabote e que tenha plena consciência do inferno que virá
— Eu não me incomodaria com essa bolha aí! - John B falou com um pouco de ironia
Sophia por ventura sentou-se em um sofá não muito distante de seus amigos, com as pernas cruzadas ela subia lentamente uma revista até sua face, escondendo-a, restando apenas suas Iris, definitivamente ela não queria atrapalhar o que estava acontecendo ali
Por sorte eles nem notavam sua presença mais, chegavam cada vez mais perto, como se estivessem prestes a se beijarem pela primeira vez
— Hum, cuidado com o que deseja! - a loira alertou, bufando
Deslisou suas mãos pelo terno do pogue, virando sua atenção para o chão de madeira, ela sabia que se o olhasse de novo, não resistiria
Mordeu seus lábios limpando a garganta e saiu do transe que a enlouqueceu por instantes
— Vamos manter isso no profissional, temos um trabalho a fazer! - ela murmurou saindo de perto de Booker
— Fala sério! - Martin resmungou, mostrando sua expressão irritante - Ugh! vocês são os piores nisso!
Ambos a olharam, aparentemente não entendendo a frase
— Vocês sabem do que estou falando!
— No sotaque?
— ' Tá, deixa ' pra lá!
— Pro arquivo agora! a biblioteca não fica aberta a noite toda, vamos lá! - Sarah apressou, pagando o que deveria
— Ei! ' dá pra esperar? esses sapatos machucam!
UM CARRO PRETO FOSCO ACABAVA DE DEIXAR TRÊS NATIVOS EM
SEU DESTINO FINAL, o clima estava agradável, não aquele calor exorbitante em que Outer Banks costuma presenciar, em Chapel Hill era mais harmonioso e suave
Perfeitamente suave!
Sophia colocava as mãos nas costas de sua coxa, ajeitando ao máximo seu vestido, queria parecer ao menos apresentável, afinal estava em lugar novo e bem mais formal do que de costume
Caminhava lado a lado de sua melhor amiga, tocando sua pequena mochilinha que a propósito havia comprado na loja em que passaram minutos antes
— A biblioteca fica do outro lado do centro estudantil! já tinham vindo aqui? - questionou a loira
— Nunca!
— Eu nunca entrei ' numa faculdade... - confessou o garoto
— Que lacuna no seu treinamento! - Martin virou-se, agora andando de costas
Ele deu um sorriso meio sem graça
— Gostaram do lugar? - Sarah perguntou olhando para os amigos
— É bem bonito!
— Até agora beleza!
— O meu pai estudou aqui e- Sophia a cortou - o meu também!
Cameron assentiu
— Na realidade quase nossas famílias inteiras estudaram aqui - inalou fundo
— Oxi, que pressão hein!
— Meu pai vai ter um aneurisma se eu não estudar aqui, o que é irritante mas o que vou fazer? - a de cabelos dourados falou
— Meu pai não liga tanto para essa... faculdade mas ele... sempre falou que eu devo fazer algo relacionado à administrar os negócios da família, ugh eca! - a morena revirou os olhos enojada
— E você cascão? - continuou
— Ah... faculdade nunca esteve nos meus planos então...
— É meu pai! fudeu!
O celular de Alisson vibrava dentro do bolso de fora da nova mochila bege, a menina rapidamente foi checar se era algo importante, encontrando quem menos queria
— O meu também ' tá me ligando! - Sarah gritou chorosa
— Você falou que foi dormir onde?
— Na scarlet!
— Quem é essa?
— Eu inventei burra!
— E você?
— Na sua casa Sarah! meu pai já deve saber que não estamos lá!
— Droga!
— Acho que as kooks estão em apuros! - John B brincou
— Cala a boca John B! - falaram em coro
— ' Tá, ' tá, ' tá legal!
— Estamos confraternizando com inimigo Soph! - Cameron imitou um sotaque francês
— E quem seria esse inimigo?
— O ladrãozinho de oxigênio!
— Ele é muito competente! - John B amenizou
— Não ele não é! - Sarah riu fraco - e-ele é desastrado, e faz arminha com a mão o tempo todo! - John B imitou o gesto, entrando na brincadeira - ele não tem a menor ideia de quando ' dar em cima!... mas eu acho que consigo trazer ele ' pro nosso lado senhor!
Martin abafou a risada com as mãos, finalmente sua amiga tinha correspondido as provocações, não poderia ficar mais orgulhosa
É... definitivamente estava rolando algo!
— Ei, ei! não querendo atrapalhar o momento romântico aí de Vlad e Val... mas é que a gente precisa ir bem rapidinho, depois vocês podem enfiar a língua na garganta sem dó! juro que fecho até o olho, tá?
— Besta!
As palavras soaram como um alerta para os pombinhos, depois disso, tudo estava bem exposto (as claras segundas intenções!) não dava para esconder, contudo não ligavam da silhueta da kook estar presente em cada flerte, confiavam nela!
Confiavam suas vidas nela, e bom... aquele possível romance era algo fatal se descoberto
Ward Cameron surtaria!
As luzes amareladas do grande ambiente fazia tudo muito mais bonito, grandes pilastras brancas e uma arquitetura robusta poderia ser notada se ao menos você passeasse seus olhos como um vulto
Era um lugar diferente do normal, uma faculdade antiga e conservada, haviam atendentes de diferentes cargos espalhadas pelo saguão
Sophia, John B e Sarah subiam os degrais de tapete vermelho sangue, que lhes levariam até o armazenamento de livros
— Jogo da verdade! - Cameron ordenou
— De novo?
— Dessa vez eu respondo! - Martin protestou
— Porque a gente ' tá aqui?
— Já te dizemos que não podemos contar!
— ' Tá mas informação sobre a missão vale o seu ingresso - apontou para Booker
— E ela?
— Ela é minha melhor amiga! entraria até se tivesse escondido um corpo de mim! Você escolhe John B!
O menino bufou, cansado
— Eu tenho que saber! - Sarah resmungou
— ' Tá bom! Você quer correr o risco?
— Uhum...
— Isso é uma caça ao tesouro! - soltou o de cabelos ondulados
Ela riu desacreditada
— É sério Sarah! - Martin confirmou
— Ah merda! é sério?! - saiu do transe
— Olha temos motivos suficientes para acreditar que Denmark foi o único sobrevivente do naufrágio do Royal Merchant! - Routledge falou focando sua visão além da menina
— Olha eu sei que parece loucura S! mas tudo aponta que ele se salvou com quatrocentos milhões em ouro! e foi assim que ele pôde comprar Tannyhill! - deu uma breve pausa - achamos que a localização do tesouro está nos documentos! por isso... viemos aqui
— Disseram quatrocentos milhões?
— É uma bolha muito grande!
— Vou falar com a bibliotecária! - Sarah exclamou ainda meio confusa
John B e Sophia comemoraram sem vergonha alguma, como se tivessem acabado de ganhar o dinheiro em espécie
Na verdade ainda havia muitas confusões para que isso acontecesse!
— Adoramos essa ideia!
— Guardamos com muito cuidado os documentos que seus pais trouxeram de Tanny!
Estavam adentrando em uma sala com uma iluminação fraca, portas escuras, e papéis empilhados
Uma jovem se dispôs a ajudar, já que os contou que foi com ela que deixaram cada documento
— Meu pai está nisso também? - Martin perguntou curiosa
— Claro querida! Foi ele em que trouxe pessoalmente cada artefato! - a senhorita sorriu simpática
— Ah... sim
— É só subirem! - a secretária sugeriu
— Obrigada!
— Valeu!
— Obrigada!
Ao chegarem no andar de cima se depararam com estantes repletas de livros coloridos com milhares de gêneros diferentes, uma mesa se encontrava no centro, com exatamente três cadeiras, uma ao lado da outra
Se sentaram de frente a duas caixas, tomando coragem para enfrentar a história
— Agora é a hora!
— Prontinho!
Colocando as luvas de cetim fino, perceberam que teriam um belo trabalho pela frente, muita leitura!
Palavras e palavras antigas com significados extraordinários e não muito usados na atualidade
John B então, repassou seu cargo para Martin, acreditava que a tal iria se sair melhor nesse quesito
— Aqui diz que: ele usou o dinheiro que ganhou em Tannyhill para comprar escravos e libertar-lós depois... foi acusado de incitar a revolta
Alisson segurava uma espécie de jornal, que abrangia uma fotografia do próprio
— Isso foi antes da guerra civil! - Sarah soltou
— Por isso ele foi enforcado... - concluiu Routledge - deixa eu ver!
— É uma bíblia!
— Olha só!
— São os aniversários!
Em letras cursivas, estava marcado datas antigas e significantes
Cameron começou a repetir os nomes, destrinçando o mistério entrelinhas
— São os três filhos! - Sophia afirmou
— Perai... é uma imagem do...
— Ouro! - John B completou
— Foi com isso que ele comprou a terra, é ouro inglês! era isso que ' tava no Merchant
— Oh Meu Deus! - Martin sorriu
— Bingo! Foi isso que achamos quando mudamos para a casa! - Sarah disse com certeza
— O que é isso? - Alisson questionou
Havia o papel mais antigo, bem no fundo da caixa, coberto com poeira
— É a última carta... dele
— Está escrito em Goullah, a língua crioula perdida!
— Alguém aqui sabe falar?
— Nhm não!
— Não! eu queria mas não... - Booker confessou - então o Denmark Tanny descobre que vai ser morto... perai! qual é a data da carta?
— 3 de maio de 1844
— Peraí... é... - Sarah tentava chegar a uma conclusão
— O dia em que ele morreu!
— E ' tá endereçada ao Robert! - Sophia sussurrou
— No dia em que ele morreu escreveu uma carta endereçada ao filho... -
— ' Numa língua em que só eles entendem!
— Espera um minuto... - John B revirou sua mochila, desvendando o grande entulho de coisas que havia - droga! cadê?!
Quando finalmente achou o objeto (mais precisamente seus celular) ele abriu a câmera e registrou o documento em sua biblioteca virtual
— Você tá de brincadeira! - riram
— É importante poxa!
AS GOTAS EXTREMAMENTE DOCES DE SORVETE DE MORANGO ESCORRIAM PELA CASQUINHA DE ALISSON, ela havia feito uma decisão de se afastar um pouco dos amigos para que pudessem... ter privacidade (se é que entendem!)
A garota de cabelos lisos e castanhos temia que tivesse atrapalhado algo importante naquele dia, então o melhor a se fazer era simplesmente inventar a pior desculpa e dar uma voltinha!
E por incrível que pareça... funcionou!
O local em que se instaurou era denominado "Cold Stone Creamery", com paredes azuis o estabelecimento produzia o melhor sorvete cujo Martin havia provado
— Quanto deu?
— 5 dólares bela jovem! - um senhorzinho sorriu amoroso
— Pode ficar com o troco! - avisou-o
Ao entregar o dinheiro, a garota deu passos com lentidão, buscando atrasar o máximo que pudesse, consequentemente sem ter que presenciar qualquer gesto de carinho
Virando a esquina da marinha viu, ali bem em sua frente, Routledge e Cameron enroscados um no outro, beijando-se enquanto respingos de chuva caíam sob seus corpos, o momento perfeito
A brecha foi dada quando ambos terminaram o ato com um selinho delicado e muito molhado
Martin começou a gritar, fazendo-os rirem; sentia como se uma felicidade genuína a invadisse por completo!
— I-Ihul eu sabia!! eu sabia! eu sabia!
oi fofuras! demorei um tempinho para escrever esse capítulo mas agora (graças à Deus!!!!) vou ter um feriado que só acaba semana que vêm! então tentarei ao máximo me esforçar para garantir alguns capítulos logo! queria agradecer pelo carinho desses últimos dias! realmente fico feliz de ver cada comentário positivo, peço que me ajudem votando em tudo, porque é assim que tenho motivação para continuar!!!! adicionando a história á sua biblioteca (para não perderem nenhuma atualização!) comentem muito pois adoro interagir com vocês e por último mas não menos importante, me sigam no TikTok onde posto spoilers e mimos de todas minhas fanfics! (dilaurentsfilm.wp)
obs: capítulo bem longo para recompensar vocês!
beijos!!!
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