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    Os mesmos procedimentos, a mesma chatisse; Bakugou já estava de saco cheio daquilo.

    Após se identificarem, os dois entraram com a abertura do enorme portão, Kirishima deixando sua bolsa com um guarda e Bakugou o buquê, que foi verificado minuciosamente.

— Verificação — um outro guarda falou apontando para a sala ao lado. Dessa vez, dois policiais os esperavam com detectores de metal.

    Kirishima tomou a iniciativa e entrou primeiro, pois essa etapa já era de praxe durante as visitas técnicas da faculdade.

— Você também — um dos policiais falou, chamando a atenção de Bakugou que havia ficado do lado de fora.

    A contra-gosto, ele entrou, reparando que o policial que revistaria Kirishima era o mesmo que o revistou nas últimas vezes. O pobre coitado estava, de certa forma, aliviado por não ter aguentar as ameaças do loiro.

— Por favor, senhor, pode se despir. As peças devem ser colocadas em cima da mesa — se dirigiu a Kirishima após passar o detector de metais por todo seu corpo.

    Kirishima, sem exitar, começou pelos tênis, chutando-os para o lado; a regata foi a próxima, revelando um abdômen acostumado a atividades físicas; o calção também foi tirado expondo um par de pernas vigorosas e fortes e um ruivo de meias altas e cueca samba canção preta com pequenos dinossauros verdes.

    Bakugou via aquilo e se pegou pensando se aqueles dinossauros brilhavam no escuro, tão característico de Kirishima. Essa não foi a única coisa a reparar, pois notou que o corpo do avermelhado estava mais desenvolvido, provavelmente por conta das idas à academia e treinos que ele continuava, ao contrário dele. Era estranho vê-lo tão à vontade naquela situação e, inconscientemente, acabou sorrindo balançando a cabeça em negação.

— Senhor, pode se despir por favor?— ouviu o policial à sua frente falar.

— Caralho — deu como resposta, começando a desabotoar a camisa social branca do último até o primeiro botão, colocando-a em uma cadeira; a seguir tirou o tênis e a calça, deixando à vista sua boxer com um Zorba estampado.

— Hey, pra quem não malha há uns dois meses, até que você não está mal
— Kirishima observou o amigo rindo.

— Claro que não, 'cabelo de merda' — respondeu concordando com o ruivo pois, embora não estivesse frequentando a academia, fazia exercícios regularmente na área de lazer em casa; era uma espécie de terapia, assim como cozinhar.

— Hm-hm — o policial que parecia mais severo pigarreou chamando a atenção dos dois —, os senhores podem? — disse apontando para as roupas íntimas de ambos.

    No mesmo momento Kirishima tirou, sem pudor algum, colocando-a por cima do calção, expondo seu membro. Por outro lado, Bakugou, relutantemente tirou, com muita cerimônia, tampando-o com a mão, como de costume.

— Senhor. Tire as mãos — escutou, retirando a mão e se revelando também. Não era como se nunca tivessem se visto assim, já que nos banheiros dos ginásios, após os treinos, não havia separação.

    Enquanto era revistado pelo policial, Bakugou não deixou de lançar olhares fugazes e pouco percetíveis ao ruivo, mais precisamente em seu corpo. Era evidente sua evolução, que mal lembrava o adolescente magricela com um sorriso idiota e inocente que encontrou no primeiro dia de aula do curso de Direito; somente o olhos, tão peculiares e parecidos com os seus, que à luz solar, chegavam a ser vermelhos. O sorriso também, continuava o mesmo, o mesmo estúpido sorriso.

    No restante, havia mudado completamente. Onde se via braços finos e fracos, agora se viam bíceps e tríceps marcados e músculos bem posicionados. O abdômen antes reto, estava prenchido e separado por linhas esteticamente definidas da melhor forma. Nesses anos também não negligenciara as pernas, mantendo as coxas fortes e sadias e panturrilhas firmes.

    E havia seu membro. Logicamente não havia mudado muito durante esse tempo, como já esperava. Mas também não precisava, estava de acordo com o corpo e era, de modo geral, muito satisfatório.

— Senhor, já pode se vestir — o policial avisou chamando a atenção do loiro que prontamente fechou a cara e começou a vestir, sentindo um leve arrepio na espinha ao se dar conta que reparava em Kirishima, que por sua vez também já começava a pôr suas roupas.

— Liberados! — o mesmo policial gritou para o guarda. Imediatamente os dois foram guiados por mais dois carcereiros para a sala de visitas.

— Hey, meu buquê! — Bakugou exigiu antes de se afastar e no mesmo momento lhe foi entregue.

— Finalmente você chegou! — Mitsuki falou ao ver o filho ser deixado na sala. — Só estávamos esperando você pra sair desse inferno. Ah! Kirishima, você também veio! — completou ao vê-lo entrar logo depois.

— É bom vê-la de novo, senhora Bakugou! — o ruivo se aproximou, dando-lhe um aperto de mãos receptivo.

— Igualmente, querido. Como você está? — Mitsuki perguntou sorrindo feliz ao vê-lo ali. Um outro tipo de sorriso, que mais parecia de alguém que estava desconfiada de algo também surgiu, seguido de uma olhadela dirigida a Bakugou.

— Toma, é pra você — Bakugou entregou o buquê após os dois se separarem.

— Oh, obrigada! Que gentileza... — ela recebeu um tanto surpresa dando um abraço no filho que, surpreendentemente, foi retribuído. A verdade era que ambos, mesmo tendo muitas divergências e temperamentos idênticos, sentiram falta um do outro.

— 'Tá, 'tá, já chega. Onde estão suas coisas, vamos sair desse lugar logo — o loiro se desvencilhou e foi cumprimentar Nezu, seguido por Kirishima.

    Após conversarem brevemente quanto à mudança e as regras que Mitsuki deveria seguir dali em diante, os mais jovens saíram para pegar algumas bolsas de Mitsuki, saindo logo depois do prédio após Kirishima pegar sua bolsa de volta.

    Com escolta policial a mulher foi levada até um condomínio sob jurisdição da Polícia de Tóquio, em uma viatura, agora no banco de trás e sem algemas; Bakugou e Kirihima foram no carro de Nezu.

    Cerca de meia hora depois entravam em um condomínio bem projetado, com prédios altos, revestido de vidros e com áreas comuns bem cuidadas. A polícia escoltou Mitsuki até seu apartamento, no último andar, falando seus direitos e deveres na presença de seu advogado até os deixarem a sós.

— É, nada mal — observou ela após se colocar no sofá e apalpá-lo. O apartamente era pequeno, mas com um certo bom gosto para a mobília. Tinha tudo o que qualquer apartamento popular possuía, exceto telefones —, bem melhor que aquele buraco que aqueles filhos da puta me colocaram.

    Bakugou e Kirishima deixaram as coisas em cima da mesa da cozinha e se juntaram à Nezu, na sala. O advogado passava algumas informações que julgava essenciais e conselhos.

    Mitsuki estudava o apartamento minunciosamente, conferindo se havia comida na geladeira e no armário, se a água do chuveiro era quente, se a televisão pegava, se as janelas abriam e se a cama era confortável.

— Tudo o que precisar será providenciado pela Polícia, basta acionar o interfone. Ele só direciona chamadas para o Centro Policial. Como parte dos seus bens foram liberados, a corporação responsável por você vai ficar com uma parcela, para suprir suas necessidades aqui, a outra poderá ser usada por Bakugou — Nezu falava com todos os olhos fixados nele. — Mas não é uma quantia alta, por isso, nada de voltar ao velho modo de vida — agora se dirigindo a Bakugou.

— Certo. A aqui ela estará segura? — o loiro perguntava com certa preocupação.

Só aqui ela estará segura até o julgamento. Fique tranquilo, você vai poder visitá-la com frequência e vamos nos contatando no decorrer do processo.

— Muito obrigada, Nezu. Não sei o que faríamos sem você — Mitsuki abraçava o amigo de longa data.

— Não tem o que agradecer, Mitsuki, o que eu puder fazer, farei — respondeu com um sorriso simpático.
— Agora, acho que vou para casa, estamos querendo ir para o litoral — sorriu ao pensar na família — vocês querem uma carona?

— Não, obrigada. Vamos ficar um pouco ainda — Bakugou respondeu dando um aperto de mão firme no advogado.

— Então, acho que é isso. Você vai ficar bem?

— Agora, sim — Mitsuki respondeu agradecida.  — Se cuida e mande um abraço pra família.

— Vocês também. Qualquer coisa, não exite em me ligar.

— Pode deixar.

Após se despedirem, Nezu foi embora deixando apenas os três no apartamento.

— E aí, o que me contam de novo? — ela começou a falar encarando-os como se quisesse descobrir algo.

     Kirishima não percebeu o tom e começou a falar da faculdade e de como havia descoberto que ela estava presa. Bakugou apenas respondia às perguntas da mãe relacionadas aos estudos, alimentação, casa e saúde. Ficaram certa de duas horas ali, conversando, arrumando o apartamento e assistindo trivialidades na TV. Mitsuki sentia falta daquilo e foi ótimo passar um tempo com eles.

— É melhor a gente ir — Bakugou falou levantando da poltrona e ajeitando a camisa.

— É, já está tarde, meninos.

— Foi muito bom encontrar a senhora — Kirishima se dirigia a ela.

— Mitsuki. Pode me chamar de Mitsuki, Eijirou — corrigiu com simpatia, recebendo um sorriso de volta. Kirishima e Bakugou já se dirigiam para a porta se despedindo.

— Bakugou? — sua mãe o chamou vendo que o ruivo estava mais à frente. O rapaz foi até ela sob reclamações. — Está acontecendo algo entre vocês? — perguntou enquanto ajeitava a gola da blusa do filho.

— Ficou maluca?! Que ideia é essa?!— tomou um susto com a pergunta inesperada.

— Ele é um bom rapaz, gosto dele.

— Bom pra você, então. Se cuida. Tchau.

— Então, tchau. Cuidado — se despediu rindo, mas insatisfeita com a resposta. Mitsuki sabia que o filho jamais levaria alguém trivial para acompanhá-lo, muito menos contaria o que estava acontecendo. Mas preferiu não insitir. Fechou a porta, vendo que eles já estavam no elevador e começou a pensar no que faria dali em diante.

— Legal o lugar, que bom que sua mãe vai ficar aqui — Kirishima quebrou o gelo no elevador.

— É.

    Saíram do prédio e só ali lembraram que não sabiam como voltar, visto que tinham vindo com Nezu.

— Merda! — Bakugou começava a ficar impaciente com a situação.

— Acho que a gente pode perguntar para o porteiro. Ele deve saber como voltar para o centro — e sem ao menos esperar a resposta de Katsuki, Kirishima foi até a portaria, porque sabia que o amigo detestava pedir informações.

    Após algumas instruções, descobriram que havia um ponto de ônibus por perto e foram caminhando até lá. Por sorte, não precisaram esperar por muito tempo até que o ônibus certo chegasse. Parcialmente cheio, eles sentaram um ao lado do outro, separados pelo corredor. Vez ou outra, Bakugou lançava olhares para Kirishima, que se distraía com a paisagem.

    Desceram perto da estação e, poucos minutos depois, estavam estirados nos bancos do metrô, completamente vazio e com parca luz, pois já passava das oito da noite e algumas luzes não funcionavam.

    Kirishima, deixando a bolsa em seu colo, estava ao lado de Bakugou e nem percebeu quando apagou, pendendo a cabeça de leve no ombro do amigo.

    O loiro levou um susto no início, mas ajeitou-se no banco de forma que seu ombro ficasse mais baixo para o ruivo apoiar a cabeça. Era como se o mundo tivesse saído de suas costas e se sentia aliaviado por aquilo ter acabado, pelo por hora, e por Kirishima estar ali.

— Hey, 'cabelo de merda' — chamou levantando de leve o ombro para chamar a atenção de Kirishima, em vão —, obrigado — sussurrou e permaneceu com os olhos fechados até ouvir uma voz feminina anunciar sua parada.

— Acorda, chegamos — Bakugou empurrou Kirishima para o lado enquanto se levantava.

— Hmm... Já chegamos? — perguntou sonolento pegando sua bolsa, não recebendo resposta.

    Já pelas ruas do centro de Tóquio, Kirishima enviou uma mensagem à Midrorya perguntando se ainda estavam na quadra, sendo avisado que sim.

— Bakugou, vamos passar na quadra, o pessoal ainda 'tá lá — perguntou na tentativa de convencer o amigo.

— Não 'tô afim.

— 'Tá. Então eu te vejo na segunda — respondeu, atravessando a rua.

— Aaaaaaaaaaaaa — gritou consigo mesmo —, espera 'cabelo de merda'!
— falou olhando para os lados antes de atravessar.

    A quadra não era muito longe dali e quando chegaram, todos os olhos se voltaram para eles.

— Kacchan! — Midorya parou o jogo para correr até ele, coberto de suor. — Você veio! Que bom!

— É, é... Agora para de me chamar assim senão eu estouro essa bola na sua cara — respondeu apontando para a bola de basquete que o esverdeado segurava.

— E aí, Bakugou! — os demais colegas vieram até ele cumprimentando-o com toques de mão e abraços. Minutos depois encontrou Yagi Toshinori, o professor responsável e treinador do time de basquete da turma de Direito.

— Professor — Bakugou cumprimentou respeitosamente.

— Jovem Bakugou! Como você está? Andou sumido dos treinos! — o imenso professor loiro com um topete enorme o puxou para um abraço bem apertado.

— É, mas já estou de volta — disse se afastando do abraço exagerado e indo em direção à arquibanca, passando por Hawks, a quem nem se dera ao trabalho de cumprimentar.

— Kiri! — ouviu Mina do outro lado da quadra gritar ao ver o ruivo se aproximando dela depois de deixar a bolsa em um canto.

    Muitas meninas da turma treinavam junto aos rapazes, dado que também havia a modalidade mista no basquete dos Jogos Jurídicos. Entre elas, estavam Mina, Jiro, Uraraka e Tsuyu.

    Aproveitando a pausa dada pelo técnico devido à chegada dos dois, Mina correu até Kirishima, envolvendo-o em um abraço. Bakugou observava àquilo com um ar natural, uma vez que eram amigos, mas sua atenção foi apurada quando notou que o abraço passara para um beijo no qual Kirishima envolvia o pescoço da garota com uma das mão, com a outra apertava sua cintura de forma intensa e ela correspondia abraçando-o ainda mais.

    Definitivamente aquilo não era só uma simples amizade e algo naquela constatação incomodou o loiro que desviou o olhar na mesma hora.

...

Bakugou e Kirishima sendo revistados pelos policias.
(Não encontrei uma imagem que tivesse a visão "completa" mas acho que dá pra ter uma ideia :)
Perfil no TwT da artista: @328K4

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