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Após um tempo vendo o filme, a pizza chegou, desci para pegá-la e pagar, em seguida, entro no meu apartamento novamente e coloco a pizza no balcão. Abro a geladeira pegando uma tigela com algumas frutas picadas e um suco de laranja natural. Bryan estava colocando a pizza em dois pratos, ele me olha com a tigela e a garrafa de suco na mão.

- A gente não ia comer pizza? - Pergunta indignado.

- Eu não me lembro de falar que ia comer - Passo por ele indo para a sala.

- Eu coloquei pizza pra você! - vejo ele vindo atrás de mim.

- Bryan, você fez isso à toa, eu falei que não como isso! - Ele volta para a cozinha pisando forte.

- Ótimo, eu como sozinho, vai, solta o filme - Ele parecia chateado, mas eu realmente não tenho culpa alguma.

Enquanto comia, ouvia ele suspirando comendo as fatias de pizza, parecia que a fome dele não acabava e nem as fatias de pizza. Acabo de comer e coloco a tigela e a garrafa de suco sobre a mesa de centro. Coloquei os pés no sofá e me encolhi um pouco, fiquei com as costas encostadas e havia um cobertor em cima de mim, que eu deixava em uma gaveta grande e larga da mesa de centro.

- Eu estou com frio - Bryan puxa o cobertor de mim se encolhendo com ele.

- Eu também estou - Olho para ele.

- Não é o clima normal do apartamento que você coloca? Eu tô com frio - Ele ganhou essa.

Deixo o assunto quieto. Ele fica com a coberta, ainda comendo. Por algum motivo, ele começa a comer de forma diferente, abria e fechava a boca exageradamente com a comida dentro que parecia uma borracha. Eu respirava fundo, não sei porque eu pedi essa bendita pizza. Aquilo estava me irritando e ele continuava mais, mais irritante, mais alto.

- Ei, prova isso aqui, que bom - Abro a boca para falar ele coloca um pedaço de pizza na minha boca.

- Ei!! O que tá fazendo - Cuspo para fora, indo parar na mesa de centro, olho para ele com raiva.

- Eu, eu só tentei..... Tava uma delícia.. - Ele parecia arrependido tentando se explicar.

- Eu já disse que não como esse tipo de coisa, o que você não entendeu!! - Falo nervoso.

- Me desculpa Zack, eu não sei o que aconteceu - Ele abaixa a cabeça.

- Tá Bryan..... Eu te desculpo.. - Falo cruzando as pernas no estilo borboleta, ficando de frente para ele.

- Qual é o meu problema! - Ele dá um soco na perna, ele estava com raiva.

- Para com isso... Você, não tem nenhum problema.... - Toco seu rosto macio, me aproximando um pouco mais.

- Você acha isso mesmo? - Ergue a cabeça, tinha lágrimas que desciam seu rosto.

- Claro - Falo.

- Tira as luvas - Ele fala me olhando sério.

- Mas porq.... - Me interrompe. Ele com certeza deve ser bipolar.

- Tira logo as luvas - Fala sério. Vou tirando as luvas com cuidado, abro o zíper ao lado do polegar e tiro as luvas, colocando-as de lado.

- Bryan, o que pretende fazer? - Eu realmente estava curioso, ele estava muito imprevisível.

- Fecha os olhos - Fala em um tom mais leve. Enfim, fecho os olhos, mantendo-os bem fechados.

Sinto suas mãos tocar nas minhas, o que me fez afastar um pouco as mãos. Bryan novamente toca minhas mãos e as segura. Movimenta minhas mãos para frente, até eu sentir algo, sua cintura. Junta minhas mãos e as leva para um lugar inusitado. Acho que já sabem do que eu estou falando! Abro os olhos, assustado com o que ele acaba de fazer, tirando minhas mãos rapidamente daquele lugar.

- O que tá fazendo? - Olho para ele.

- O que você acha - Ele se aproxima, eu estava paralisado naquela hora.

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Me aproximei dele, cada vez mais, ele estava parado como se estivesse congelado. Coloco minha mão em um dos seus ombros, ele estava sentado no estilo borboleta com as mãos nos joelhos.

Aproximo meu rosto do dele, nossos narizes se encostam, minhas mãos vão para sua nuca, puxo ele pra frente colando nossos lábios, ele fechou os olhos assim como eu. Aquele sentimento naquela hora, o calor que ficou e uma coisa estranha no estômago, era como se eu me sentisse alguém melhor ou algo do tipo, eu não conseguia explicar aquilo.

Zack nos separa e se afasta com lentidão, ele parecia assustado com os olhos arregalados, tocava sua mão nos lábios como se não devesse ter aceitado aquilo que eu fiz. Ele me olhou e se levantou, ficou parado ao lado da mesa de centro.

- Acho que... Deve ir embora - Fala ele com sua voz rouca e grave.

- C-como assim? - Questiono.

- O que você fez... Não devia ter feito isso - Se vira para mim, seus olhos estavam diferentes.

- Você deixou, e eu fiz... Qual é o problema? - Me levanto ficando de frente pra ela.

- Eu, eu não podia ter feito isso - Passa por mim e coloca as luvas novamente, ele as coloca rápido respirando fundo.

- O que tá acontecendo? Qual o seu problema? - Ele me olha um pouco estranho.

- Eu tenho vários problemas, e o que fez agora... Não deveria ter feito - Ele me olhava de um jeito diferente. Me aproximo dele o abraçando.

- Por que não me conta? Quais problemas? - Passava minha mão pelo seu peito, sentido o cheiro do do seu perfume.

- Tem que ir, vai! Agora... - Me afasto segurando seus ombros.

- Tá me expulsando? - Arqueio a sobrancelha. Ele me olhava assustado, parecia também bem pensativo

- Sim, estou! Vai! - Afasto indo em direção a porta. Vou batendo  forte meus pés e a muleta naquele tapete peludo cinza dele, espero ter sujando. Meu pé parecia ter se curado, pois estava com os dois pés no chão.

- Eu não quero mais te ver também! - Paro antes de abrir a porta.

- Leve a pizza! - Ouço ele dizer, com calma.

- Vou mesmo - Volto para a cozinha, meu pés estavam mesmo melhores agora, pego a caixa da pizza deixando até a muleta para trás.

Abro a porta do seu apartamento e fecho batendo a mesma bem forte. Abro o meu e assim que entro, me jogo no sofá com raiva. Fico olhando para todos os lados, pensando naquele infeliz. Vou até o telefone e ligo para meu amigo chris. Que bom que pelo telefone do apartamento da pra ligar para celulares, pelo menos isso.

Chris- Oi cara, tá tudo bem?

Eu- Sim, é.. O que tá fazendo?

Chris- Nada, a Luna acabou de pegar turno noturno, então tô sozinho.

Eu- O que acha de ir beber?

Chris- Beber? Tá tudo bem mesmo?

Eu- Sim, só quero beber. Então, vamos?

Chris- Calma aí, já te ligo, vou ligar pra Luna pra ver se ela deixa, ela tá paranoica com a nova contratada cara.

Eu- Nova contratada?

Chris- Sim, ela é bonita sabe, é tá no meu lado no financiamento, e a Luna tá doida.

Eu- Imagino, às vezes ela é muito ciumenta.

Chris- Vou ligar aqui pra ela rápidão e já te ligo.

Eu- Tá bom.

Desligo o telefone e fico sentado no banco da cozinha esperando o retorno. Eu quero beber, quero ficar bêbado, queria esquecer aquele beijo que eu dei naquele idiota pensando que ele poderia ter sentido o mesmo que eu senti, e não ficar todo estranho e me mandar ir embora. Ele é mesmo cheio de problemas e um passoa complicada. Logo o telefone toca, levanto rapidamente para atender.

Chris- Oi amigo.

Eu- Ela deixou?

Chris- Sim, ela deixou, mas falou que não é pra eu ficar bêbado demais porque tenho que levar você embora.

Eu- E tem mesmo.

Chris- Tá bom. Ei, você consegue descer até a portaria né? Ou quer que eu suba pra te ajudar?

Eu- Eu consigo descer, te espero na portaria daqui meia hora.

Chris- Tá, já fomei banho, só vou dar uma ajeitada no visual, faz isso também!

Eu- Vou fazer, até.

Chris- Até.

Troco de roupa colocando uma camiseta azul clara de manga comprida e um pouco folgada, uma calça de moletom branca com faixas pretas nos dois lados e um tênis All Star. Dou uma ajeitada no cabelo e passo um perfume com um cheiro amadeirado. Vou pisando no chão com cuidado, eu já havia retirado o gesso, mas ainda doía um pouco. Vou caminhando tentando parecer o mais natural possível.

Saio do meu apartamento indo direto para o elevador, nem olhando para aquela porta da frente. Desço até a portaria e fico esperando um pouco, até ver o carro de Chris, que era um Civic branco. Essa é a hora de encher a cara até esquecer aquele idiota confuso.

Naquela hora eu queria bater na cara dele por ficar estranho, estávamos indo tão bem, o clima estava perfeito pra rolar algo mais que um simples beijo. Ele sempre tem que estragar tudo nas melhores partes.

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