16. Guarda costas oficial

Capítulo 16 - Guarda costas oficial

Novamente seus olhares se encontraram. Jungkook fez o possível para não transparecer o sorriso travesso e deixar claro sua provocação. Antes que Jimin pudesse pensar na possibilidade, foi chamado por um dos investigadores e se retirou do cômodo o deixando a sós com Seokjin que ainda estava na chamada de vídeo.

— Isso foi idiota. Não seja infantil. Provocá-lo não vai resolver as coisas. — alertou.

— Mas eu não fiz nada demais. — sorriu com falsa inocência. 

— Você basicamente mereceu outra pessoa e o rebaixou na cara dele. 

— Ele está sério demais, só queria que expressasse alguma coisa. — se explicou.

— Não seja impaciente, já falei. Deixe ele se aproximar e quando for o momento, sejam sinceros. Se continuar assim, Jimin vai se afastar por pensar que você nem quer saber dele pela mágoa que te causou. 

O moreno arregalou os olhos.

— Eu não tinha pensado nisso. — não queria passar essa impressão, só queria fazer o loiro reagir seja de qual maneira fosse. Suspirou. Não havia jeito, tudo indicava que teria de esperar por ele. — Tudo bem. Eu vou me controlar. Mas peça pra ele agilizar que eu estou doido pra resolver as coisas, sim? 

— Vou ver o que posso fazer. — olhou algo em seu tablet de trabalho. — Eles já terminaram. Vamos voltar para a sala pois eu quero informar algumas coisas pra vocês. — o rapaz franziu o cenho.

— Mas como você sabe que terminaram? 

— Eu sei de tudo, benzinho. — sorriu. 

O modelo foi para o local percebendo que o casal de investigadores estavam quietos analisando algo em um tablet semelhante ao de seu tio. Suas expressões eram fechadas, assim como a de Jimin que estava em pé perto deles, e seus amigos... Bem, eles cochichavam sobre alguma coisa a qual não conseguiu identificar mas chutava ser sobre sua ex-paixão.

— Com licença. — disse, atraindo a atenção para si. — Meu tio quer falar algo. — mostrou a tela do aparelho. 

— Eu vou ser rápido porque tenho um compromisso em cinco minutos, prestem bastante atenção. Creio que já sabem sobre o papel ao qual Kang Kyu, o empresário de Jungkook, recebeu. Ele foi deixado em meio a bilhetes de fãs que estavam no programa e dizia para Jungkook tomar cuidado pois poderia virar um fantasma ao vivo. O fato principal que atraiu nossa atenção foi que usaram recortes de revistas distintas, não há digitais perceptíveis, o que nos leva a crer que seja um profissional e não apenas uma ameaça boba. 

Sua fala deixou todos incomodados, principalmente Jeon, já que ele era o alvo. Seu sangue gelou na hora e até engoliu em seco.

— E o fato curioso é que ninguém parece ter visto nada de diferente, dificultando nosso trabalho. Mas não se preocupem, vamos tomar as providências de imediato. Iremos confiscar toda a remessa de bilhetes recebidos, as cartas e presentes de fãs. Ficaremos atentos tanto na internet, quanto ao que acontece ao nosso redor. Designo Park Jimin para ficar ao lado de Jeon Jungkook vinte e quatro horas por di-

— O que? — interrompeu Yugyeom, recebendo um beliscão de seu primo Hoseok e fazendo careta.

— Ele é oficialmente o guarda costas do meu sobrinho. Algum problema, rapaz? — o de cabelo rosa negou. — Foi o que eu pensei. Como eu ia dizendo, terão seguranças em casa o tempo todo e, por precaução, também com Yoongi, Hoseok e Yugyeom. Estou mandando protegerem a família Jeon, a de vocês e qualquer um que seja próximo de Jungkook. Todos que mantêm contato com ele, diariamente ou não, obviamente, serão investigados para saber se não há nenhum informante por perto ou alguém que seja o cabeça disso. Chego em uma semana para dar um melhor andamento no caso, enquanto isso, minha equipe irá trabalhar em torno desse bilhete de recortes para ver se conseguimos alguma brecha. Lembrem que toda precaução é pouca, então não se aventurem tanto. Num momento desses, tudo é perigoso e todos se tornam suspeitos. — se direcionou aos investigadores. — Ryan Brian e Wanda Miller, podem voltar para a base. Peçam para Lee Soobin e Luciel Choi ficarem nas redondezas. E, Park Jimin, dê o seu melhor. — o agente, agora, guarda costas oficial, assentiu. — Qualquer dúvida entrem em contato comigo. Boa noite!

Assim que a chamada encerrou, os investigadores se despediram e rumaram para fora da casa, passando as instruções aos outros dois que estavam de guarda na porta vendo vários seguranças cercarem a residência estrategicamente. 

Já dentro da casa, Yugyeom foi até a janela e se pronunciou, terminando com o silêncio que pairava no ar:

— Ele não estava de brincadeira. Olhem isso. — os chamou para que observassem os inúmeros homens de terno ali presentes.

— Wou! Quanta gente! Vamos ter um desses também? — perguntou Hoseok, o modelo assentiu. 

— Isso é loucura!

— Não é loucura, Yu. É cuidado. — afirmou Yoongi. 

— É ridículo pra mim. Eu não quero ter alguém me vigiando. E a minha privacidade? 

— O Jeonie está com um guarda costas, que foi ex dele, pra ficar vinte e quatro horas no pé, e não está reclamando. — argumentou o primo do garoto. 

Jungkook imediatamente olhou para trás, vendo o citado parado ali, atento a tudo, até neles. Mas o mesmo continuava não expressando nada. Rolou os olhos. Diante disso, o loiro quase riu. Sabia que silêncio e mistério costumavam aguçar a curiosidade do rapaz, mas agora parecia deixá-lo irritadinho.

— Não te incomoda? Seu tio não sabe o que aconteceu? Poderia muito bem trocar, né? — o jovem de cabelos rosados não conheceu Park no passado, porém, presenciou os piores momentos de seu amigo causados por ele, logo o detestava.

— Vai incomodar, mas meu tio afirmou o quanto ele é o melhor e, aparentemente, preciso disso nesse momento. Você ouviu, não parece ser algo bobo. Para lidar com profissional, precisamos de bons profissionais. 

— Você está com medo? — perguntou o acinzentado.

— Não tanto, Yoon hyung.

Claro que temia o desconhecido, ainda mais porque teve uma experiência ruim de ser uma vítima no passado, porém, ao mesmo tempo, sabia que estava com toda proteção necessária. Confiava em seu tio, em Jimin, eles nunca iam permitir que alguém lhe fizesse mal. Também não queria por isso na cabeça e ficar surtando, então escolheu se manter tranquilo, neutro, o máximo que pudesse. 

Pode parecer que está fazendo como antes, sendo inconsequente, negando ver o óbvio, não temendo o que pudesse vir, mas sentia que dessa vez era diferente. Lá no fundo tinha medo, reconhecia que aparentemente estava correndo perigo, só que preferia confiar em seus apoios para não ficar paranóico, sofrendo. Não queria sofrer.

— Se eu fosse você, estaria enlouquecendo com tantas mulheres e caras para vigiar todo meu redor. Pior, um momento frágil sendo protegido por um ex, isso parece uma piada de mau gosto. — disse Yu.

— Não adianta enlouquecer ou ir contra algo que é necessário. Vamos nos manter cautelosos e lidar da melhor forma com o que vier. — era o que mais desejava.

— Ele está certo. — disse Yoongi.

— Oh, agora o Jeonie é tão sensato. — o ainda ruivo o abraçou pelo pescoço, bagunçando seus fios em carinho, o causando um sorriso sincero.

Perante aquela cena, Jimin pensou… Ser cauteloso, seria. Lidar da melhor forma com o que vier também. Em todos os sentidos. Agora, Jungkook realmente estava sensato? Ele seria capaz de cumprir com essas afirmações? Se a resposta for sim, será mais fácil conversar com ele. Isso quando não estiver a trabalho.

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Naquela mesma noite, após jantarem, os rapazes se reuniram no quarto do modelo, conversando baixinho sobre o guarda costas que se manteve do lado de fora para lhes dar uma privacidade maior.

— Estávamos comentando mais cedo de você parecer sentido na entrevista sobre você-sabe-quem. — murmurou Hoseok.

— Anda arrependido? Com saudade? — perguntou o acinzentado, preocupado. — Você quer se envolver com ele de novo?

— Quanta pergunta. — suspirou, pensando antes de verbalizar. — Eu fiquei nostálgico por um instante, fui sincero com tudo o que disse, mesmo ocultando algumas coisas. Acho que não é bem a saudade que está incomodando, é o fato de não termos resolvido o que aconteceu. Eu fiquei calado sobre isso todo esse tempo, para vocês talvez pareceu que eu superei, porém nunca esqueci o que tivemos. Às vezes eu fico sim remoendo, pensando que devia ter sido mais racional e não movido por medo. Mas também não adianta ficar dando uma de arrependido, isso não vai mudar nada. Eu só queria ter ao menos a chance de resolver as coisas, deixar as merdas do passado no passado e focar no meu presente como vocês sempre dizem ser bom de fazer, sabe? Sem conversar com ele para mim seria praticamente impossível. E tem um tempo que venho pensando que o que restou foram só lembranças e meio que me apeguei a elas ainda que um dia tentei guardar numa gaveta. Ao menos minimizavam a sensação de remorso, de falta… Naquele momento eu imaginava ser bem difícil reencontrá-lo para superarmos e eu de fato vir a esquecer, então liguei o foda-se, permiti o que segurei nesses anos voltar. Para minha surpresa, agora vocês-sabem-quem está aqui.

— Isso parece muito obra da lei da atração. Você se esforçava para não pensar, evitava, quando se permitiu, o universo te trouxe o que você tanto queria. Está finalmente tendo sua chance para se resolverem.

— Ah, Hobi, pode ser. Eu sinto muita necessidade de falar com ele. Mas, sei lá, ainda é complicado. 

— Por que? — perguntou Yugyeom. 

— Bom, eu posso chegar e confrontá-lo, no entanto, duvido ter respostas. Diz meu tio que é por causa do trabalho, ele precisa de foco. Só que não deixa de ser chato o ver tão sério, responsável, e silencioso. E, sinceramente, é um saco ver que estamos tão perto, porém tão distantes um do outro. Eu nem sei se o conheço mais. — soou melancólico. 

— Eu acho que você devia tentar algo quando estiverem sozinhos. Se não der certo, tenta fazer diversas abordagens, em uma ele vai cair.

— Eu concordo com o hyung. Uma coisa ou outra há de fazê-lo conversar. E eu acredito que o universo não faz nada por acaso. Para mim, o que está rolando agora é pra ajudar vocês se aproximarem, tirarem todas as mágoas passadas, conhecerem o novo "eu" do presente e, quem sabe, voltarem a reviver tudo aquilo. — disse o ruivo.

— Quanta besteira. — resmungou Yugyeom. — Eu penso que é melhor dar um tempo. O cara claramente não quer falar com você, por que insistir? Fora que, no meu lugar, ia querer distância de quem me deixou tão mal.

—  Jungkook tem um bom coração, sabe perdoar. Fora que sempre foi empenhado em ter o que quer. Ser teimoso, persistir, está no sangue dele. É por esse fato que ele chega cada vez mais longe e por isso garanto que consegue conversar com o outro lá. E, mesmo que eu concorde com o Yu, afinal, vocês-sabem-quem terminou por uma mensagem e fez nosso bebê sofrer por meses, reconheço que precisam se resolver. 

— Realmente, Yoon. Também não gosto dele, sempre tive birra mas, do mesmo modo que Jungkook teve seus motivos, ele deve ter tido para se afastar. — completou seu namorado. 

Yoongi e Hoseok estavam juntos. O romance se desenrolou depois da briga que o ruivo teve com Jungkook, onde o primo deste passou o dia consolando o amigo ao qual era seu crush secreto. Com a viagem obrigatória na época da agência estar querendo capturar o chefe da máfia, eles começaram a ficar e de alguns meses para cá decidiram evoluir para algo sério. 

— Mas foi o idiota que o abandonou. Quem deve procurar e pedir desculpas é ele. — disse o rosado. 

— Ele tinha prometido que ficaríamos juntos quando tudo acabasse, mas eu também prometi que nunca o deixaria. Então eu fugi. E ele me deixou. Ambos vacilamos. Eu tentaria outras abordagens, sim, só que disse ao tio Jinnie que vou esperar o tempo dele. Por mais ansioso que esteja, preciso me conter. É tudo recente, ainda teremos nossa oportunidade. — sorriu pequeno, no fundo, agarrando a pitada de esperança em seu peito a qual dizia que iam conseguir se acertar.

— Faça o que achar melhor. Mas e o lance que estamos organizando? Acha que vai rolar para nós? Será se dá para você ir? 

Seu primo falava sobre o evento de automóveis da Golden Cars, empresa de seu pai, Kwang, com parceria com a Kim Checkings oficina do tio Namjoon e a J-Motors do tio Donghae que produzia motores. Yoongi estava trabalhando na última com o pai, seguindo seu sonho, e dessa vez ele participava da produção.

— Penso que não há problemas porque todos temos alguém para nos proteger. E eu não deixaria de ver seu primeiro trabalho, hyung! — exclamou animado, porém, precisava ser realista e reconhecer que tinha um problema. —  Mas eu vou ver direitinho com Jin porque precisamos nos cuidar, um evento assim enche de pessoas.

— É cuidado ou exagero? — eles encararam o rosado. — Qual é, gente. Temos que parar a vida, esconder o Jungkook do mundo, por conta de um bilhete? Sinceramente, se decidir ficar se privando de fazer tudo por causa disso daqui a pouco sua carreira sente seu afastamento.

— Qual o seu problema? — perguntou outro Jung. — A gente não sabe quem está por trás disso e até onde pode chegar, claro que devemos ser prudentes! Jeonie está certíssimo! 

— Sim. Eu não me importo de conversar com nossos pais e o tio Namjoon para adiarmos. Se for necessário você não ir também eu vou entender. Posso cobrir tudo pra você, ao vivo se quiser. Só não se arrisque porque ninguém aqui vive sem você. Ou vai que vive. — Yoongi jogou no ar para Yugyeom pegar.

— Não seja ridículo, hyung. Só estou dizendo porque também me preocupo. E o evento é um local público, ninguém age no meio de tantas pessoas e, outra, só entra quem tem credencial. Lá tem inúmeros seguranças, nós teremos os nossos, e Jimin vai estar grudado no Jungkook que nem chiclete em sola de sapato que eu sei. — estava sendo chato pois, com a chegada do loiro, se sentia ameaçado. Não queria perdê-lo de novo como no passado. Mas não era como se o tivesse. 

— É aí que você se engana. Esse povo é esperto. Podem aproveitar que está cheio, fazer algo e fugir no meio da multidão. Se for algum conhecido ficará bem fácil de agir. — disse o ruivo.

— Você está sabendo de mais, priminho. 

— O que está insinuando? — estreitou os olhos, ele deu de ombros.

— Seokjin disse que todos eram suspeitos agora.

— Não acredito que esteja querendo fazer meu namorado cair nesse papel. Quem está querendo abaixar a guarda aqui é você, seu cabeça oca. Se quer suspeitar, suspeite de si mesmo. — o jogou uma almofada, que retornou, eles se encararam de cara feia.

— Deixem disso. — ordenou o modelo. — Somos todos amigos aqui e ninguém vai suspeitar de ninguém.

— Yugyeom não está agindo como um amigo. — alfinetou o acinzentado. 

— Eu só tenho uma opinião diferente. — se defendeu.

— Eu entendo, Yu. São só suspeitas, acho essa proteção tão gigantesca exagerada, mas eu tenho que aceitar, confiar no trabalho do meu tio, e você também. É importante nos prevenir porque não sabemos com quem estamos lidando. Pelo o que Jin mencionou, temos que ficar espertos, você mesmo ouviu que o bilhete era coisa de profissional. Então sejamos racionais. Por mais que eu queira muito ir, se ele, que é o especialista, dizer que não posso, que é arriscado demais, eu não irei. Simples. — não cometeria o erro de não dar ouvidos para alertas de novo. 

— Que seja. — deu de ombros. 

— Agora, se puderem me deixar sozinho, eu agradeço. Quero descansar um pouco e ver se não surto com essa ameaça estúpida. 

— Tudo bem, mas qualquer coisa é só mandar uma mensagem ou dar um grito que a gente vem correndo. — disse Hobi, que estava no quarto de hóspedes junto do namorado, próximo ao do mais novo. 

Yoongi concordou e Jungkook agradeceu. 

— Pode contar comigo também, principalmente se quiser dar umas escapadas por aí. — falou o rosado, sorrindo. — Boa noite. — lhe deu um beijo no canto da boca. Ele não tinha superado o que eles tiveram.

— Boa noite. 

Assim que os três saíram, o agente adentrou o quarto para checar se estava tudo certo. Ao constatar que sim, ficou lá, parado, parecendo o armário acoplado à parede.

— Sério isso? — o mais novo não se conteve e riu sarcástico. — Você vai mesmo ficar de olhos nos meus passos tão de perto?  

Park não precisava estar próximo assim, sabia que não, porém, queria estar. Queria observar como o mais novo estava, como agia, o quanto mudou, enquanto que o protegia, observava para encontrar uma brecha para tirar o foco de seu trabalho, ao passo que criava coragem para entrar no assunto pendente.

— Tudo bem. — disse diante da falta de resposta. — Mas saiba que eu não tenho vergonha e esse é o meu quarto, então o problema vai ser seu ficar no meio da minha intimidade. — alertou, tirando os sapatos lustrosos, a blusa de frio vermelha brilhante, seguida da camisa de risca de zebra, deixando o peitoral e abdômen definidos à mostra. 

Jimin se manteve sério, todavia, se questionava qual o problema daquele rapaz. Não podia se trocar no banheiro, não? Tinha que o fazer na sua frente, lhe encarando? Claro. Ele estava fazendo de propósito.

Quando se livrou do cinto, se viu obrigado a dizer algo.

— O que pensa estar fazendo? 

— Me trocando? Por que? Isso te incomoda? — sorriu cínico, tirando a calça. 

O hyung apenas se virou de costas, a fim de não ver mais daquele corpo e sentir coisas as quais não deveria. Porra. Malditas lembranças que queriam ascender a vontade de prová-lo. Precisava dar um jeito de barrá-las.

Bastou pouco. Foi bem pouco, entretanto, admitia para si mesmo que foi afetado. Já havia experimentado Jeon de várias formas no passado, lembrar disso perfeitamente, e tê-lo ainda mais atraente só de cueca em sua frente era tentador. Porém, agora era um homem com obrigações e não mais um inconsequente e louco por sexo. Ia se manter firme.

— Pelo jeito sim. Mas, olha, eu avisei que esse é meu quarto. Estou no meu direito. Aliás, só para você saber, eu ainda durmo de cueca. — avisou, caminhando para o banheiro para tomar um banho e escovar os dentes. 

Quando ele saiu, Jimin suspirou e voltou a virar, analisando o ambiente... Jungkook é bem organizado. Isso é bom. Olhou cada detalhezinho, abusando da memória fotográfica, afinal, vai que algo some ou é acrescentado e é preciso identificar o que. 

Foi até a janela, passando para a sacada. Ali é relativamente alto, não tem árvores próximas e seria um pouco complicado se alguém tentasse subir. A pessoa precisaria de uma grande escada, fora que dava para ver no andar de baixo por ser um vidro blindado ao qual não se via dentro da residência mas quem estava lá podia ver o lado de fora. Ainda assim, ficará de olho. 

Fazendo o caminho de volta, capturou as roupas alheias do chão e dobrou, colocando sobre a escrivaninha pois havia adquirido uma mania de arrumação. E, sem querer, ao melhor, subconscientemente querendo mas sem pensar em seus atos, levou a camisa estampada até o nariz, aspirando o cheiro natural de Jungkook junto ao novo perfume fresco e delicioso ao qual ele usava. 

Sua memória trouxe à tona que ainda tinha as duas camisetas que roubou dele no passado - fora o pijama de tubarão que ganhou -, estavam guardadas num baú de lembranças ao qual sempre deixava fechado e elas já estavam sem odor. Portanto, depois desses anos, havia se esquecido de como o moreno cheirava bem. 

Suspirou, deixando a peça de lado.

Se sentia estranho. Havia curado mesmo daquela paixão ou se enganado em todo esse tempo que passou pois simplesmente focou em deixar de pensar nisso? 

Nesse instante, no banheiro, Jungkook se questionava o mesmo.

Ao sair do cômodo, seco e com uma peça íntima nova, chamou a atenção do loiro com um pigarrear. 

— Guarda costas dormem? — ele ergueu uma das sobrancelhas, estranhando a pergunta. — Quer dizer, você vai dormir ou vai ficar parado aí como uma coruja a noite toda olhando para todos os lados e me vendo no décimo quinto sono até às dez horas da manhã? — ou mais que isso, pois amava dormir. 

Jimin segurou o sorriso e, dessa vez, não viu problema em responder.

— Eu não sou uma coruja. Eu preciso de algumas horinhas de sono se quiser ter um bom desempenho. 

— Uhm... Certo. Eu preciso de muitas horas então não espere que eu vá acordar cedo. — disse, indo até a porta sob o olhar atento do outro. — Eu vou providenciar um colchão pra você. — explicou.

Quando foi sair, ele segurou seu pulso suavemente apesar de sua mão ter uma pegada muito firme.

Jeon estancou no lugar, sentindo um arrepio percorrer sua espinha só por esse toque. Seus olhos arregalaram e ele encarou o menor que estava com aquela expressão impassível. Porém, por mais indiferente que ele parecesse, sentia que seu olhar queria dizer algo… O que? Não sabia. Mas era intenso. Sempre foi. E se perder naquela intensidade toda fazia seu coração bater mais forte que o necessário.

— Não precisa. 

— Por que? — murmurou, sem querer, deixando os olhos caírem sobre aqueles lábios carnudos e atraentes, mas foi por poucos segundos. 

Jimin não notou isso porque estava analisando todo aquele corpo bem desenhado, exposto, tão perto, se sentindo mais nervoso do que antes.

O problema deles podia ser definido em: pense em alguém apaixonado por chocolate. Esse alguém tem muito em casa, vive se esbaldando, porém um dia passa mal e simplesmente para de comer. Anos depois, após recuperar do desgaste vivido, essa pessoa depara com o chocolate favorito. Suas lembranças são mais boas do que ruins, ela sente o quanto apreciava aquilo, recorda do cheiro, do sabor, o quanto lhe dava prazer e satisfação. Automaticamente, sua boca enche d' água querendo provar daquilo que um dia teve com tanta liberdade.

Essa sensação levou Jungkook a perguntar baixinho, inseguro, ansioso:

— Vai dormir comigo? 

— Não vou dormir com você, Jeon. — se obrigou a soltá-lo, afastando. — Ficarei no sofá. 

— Como preferir. — deu meia volta, fingindo não ter se abalado nem um pouco, deitando em sua cama e se cobrindo. — Ei! Não fecha a janela! — pediu e ele lhe olhou, confuso. — Se não lembra, gosto de dormir com o friozinho da noite. — o guarda costas lhe jogou o controle do ar condicionado. — Não é assim que funciona, Park. Eu gosto do vento natural. 

Ele bufou, pensando que o rapaz continuava mimado. Então, sob seu olhar, arrastou o sofá para o outro lado, ficando próximo a janela, entre ela e a cama, podendo ter uma bela visão do lado de fora e dá porta para prevenir o que é que fosse. 

— Obrigado. — sorriu de leve. 

Incomodado, o loiro desviou o olhar do seu e encarou lá fora. O outro suspirou, virando de costas.

Jimin estava completamente assustado por estar se sentindo afetado. Tudo em si gritava para tocá-lo, beijá-lo, tê-lo novamente em seus braços para provar da intensidade que tiveram e não tinha mais. Sentia falta disso. Provavelmente ficar com Jungkook agora seria diferente, caramba, talvez sequer se reconheçam após cinco anos, mas queria sentir ao menos um pouco… Queria sentir qualquer coisa desde que fosse com ele, afinal, só ele foi capaz de um dia lhe proporcionar um sexo que ia além de satisfação momentânea. 

Por que? Por que esses pensamentos e vontades surgiram? Por que seu coração batia rápido? Sem conseguir deduzir os motivos naquele instante, apenas se esforçou para ignorar.

Sdepois de ter certeza que o modelo dormia, voltou a olhá-lo. Ele continuava lindo como guardou em sua memória. Ainda conseguia lhe atrair e mexer com suas emoções.

Porra. Aparentemente não superou em nada aquela ex-paixão.

Riu de si mesmo com ironia, se sentindo um idiota. Logo desejando baixinho com nostalgia:

— Boa noite, baby.

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