13. Recomeçar

Capítulo 13 - Recomeçar

O efeito do calmante foi passando, aos poucos Jungkook acordou, estranhando o ambiente branco de cheiro diferente em que se encontrava. Quando se mexeu para se sentar, notou o esparadrapo no braço, que estava ligado ao soro… Aquele lugar era um hospital. O que fazia ali? 

Forçou um pouco para se lembrar dos últimos acontecimentos, flashbacks não demoraram a aparecer e notou que por mais que estivesse mais calmo, a sensação ruim ainda apertava seu peito.

Lembrar de todo medo apavorante que sentiu ao encarar criminosos reais, tão de perto, de Jimin mostrando um lado super frio, trazia uma imensa vontade de chorar. 

Obviamente, sabia que seu vizinho tinha motivos para matar Yanghwa, mas nunca imaginou que de fato teria coragem. 

Antes, quando o ouviu dizer sobre matar ou morrer, não via a gravidade da situação. Agora, ao presenciar a morte desse homem e também de Wolf bem diante de si, percebia o quão perturbador era. 

A verdade é que aquela realidade não lhe pertencia mas insistiu, agiu por impulso, entrando com tudo nela. Foi demais para aguentar. Como diabos Jimin aguentava? O quão acostumado estava com crueldades ao ponto de cometê-las e ainda demonstrar tanta naturalidade? 

Nem conhecia o mafioso, sabia sim das coisas horríveis que tinha feito, o quanto era procurado pelas autoridades assim como Wolf e que se pudesse iam matá-los no lugar de morrer, no entanto, sentiu. Sentiu o falecimento pois viu as horas exatas com os próprios olhos. Sentiu mais ainda por Jimin ser tão frio, acabando com um homem que já estava para morrer - devido Jihee ter atirado nele também -, demonstrando nenhum pingo de remorso.

Imagine Jimin vendo todos a quem amava morrer e desde cedo sentir a culpa de ter sangue em suas mãos. É claro que em algum momento não ligaria de sujá-las com qualquer um, especialmente com o cara que esteve por trás de todas as merdas de sua vida e o deixou tão atormentado. 

Foi por conta do homem morto que ele teve uma vida fodida, por isso que já havia feito tantas loucuras, infringido as leis de todas as formas possíveis, bebido, se drogado, transado com todo mundo. É por isso que ele vivia a vida no limite, em busca só de prazer, sem se preocupar com as consequências de seus atos. Ele estava perturbado, machucado, sem rumo, não tinha mais nenhum propósito e muita das vezes só queria esquecer a realidade de sua vida. 

Não é difícil para Jeon entender, o difícil é sua mente se acostumar com tudo o que presenciou. 

Talvez só precisasse de um tempo para digerir e superar as coisas.

Teve que sair de seus pensamentos quando viu seus pais, a irmã e o tio Seokjin entrarem no quarto branco que devia trazer uma sensação de paz, mas não estava funcionando nem um pouco. 

— Oh, Jungkookie. — Jiyeon o abraçou forte, quase esmagando do filho. — Eu não acredito que você foi tão inconsequente! Seu tio ainda mais em mentir que você estava no estágio dos EUA quando na verdade permitia que você entrasse nessa missão louca sem preparação alguma. Você podia ter morrido, sabia disso? 

Jungkook não conseguia sequer imaginar. Antes por não ver como era apavorante estar próximo disso e manter a positividade de que tudo daria certo, agora porque menção morrer lhe embrulhava o estômago.

— Ele quis tentar a sorte, eu só respeitei a escolha dele. — o homem de cabelo lilás deu de ombros. — Nós precisávamos de uma solução rápida, Jihee sendo traidora estando com Jungkook em mãos era a melhor estratégia porque Yanghwa sabia que ele existia e desejava usá-lo de todo jeito. Fora que conseguiu informações de todos que estavam próximos, se pudesse mataria vocês e ainda roubaria as empresas da família para si. O melhor foi levá-los para outro lugar e deixar Jungkook de isca. 

— Você usou meu filho em prol do seu trabalho, Seokjin. Eu não irei me esquecer.

— Não é hora pra isso, mãe. Vamos deixar os sermões de lado e nos preocupar com meu maninho. 

Diante da fala de Megan todos olharam o garoto que parecia abatido e tinha um olhar distante. Estava apreensivo demais, afinal, se encontrava entre um dilema: ignorar aquelas coisas de alguma forma e continuar com Jimin mesmo amedrontado ou se afastar para superar aquele trauma. As duas opções pareciam dolorosas.

— Não parece bem. O que foi, oppa? — perguntou, segurando sua mão.

— Eu só... Preciso de um tempo. Vocês podem sair? Eu quero ficar sozinho. — afinal, sentia que era muita coisa para digerir de uma vez só.

— Mas antes eu posso falar com você? — Kwang que estava parado ali em silêncio finalmente se pronunciou, recebendo o olhar do filho que, hesitante, aceitou.

— A mamãe vai, mas não pense que irá se livrar de mim por muito tempo. — lhe beijou a testa e saiu junto com os outros dois após eles também se despedirem.

— Então? — estava totalmente sem humor, com vontade do mais velho falar logo e ir embora para remoer os acontecimentos sozinho.

— Eu sinto muito. Naquele dia, eu fiquei tão desesperado que busquei falar mal ao máximo de Jimin e do relacionamento de vocês. Eu fui grosseiro, deixei minha raiva me guiar, não soube falar com você e ainda te bati. Eu descobri a pouco tempo as coisas pelas quais ele passou. E seu tio, que mais falava mal dele para nós, nos contou que só o odiava por ele ter chegado a pouco tempo na companhia de Serviços Secretos e já ser o preferido do Bonhwa que é um dos “manda chuvas” lá dentro. Aliás, Seokjin deve desculpas pela inveja. Saiba que ele não sente isso mais e fez questão de nos esclarecer tudo, mostrar como é o Jimin de verdade. E eu quero te pedir desculpas pelo o que fiz. Eu te amo, Jungkook. É difícil admitir, mas você é um garoto crescido, não precisa mais de instruções do que fazer, sabe o que quer e sabe muito bem se virar sozinho com suas escolhas. Então também quero dizer que respeito isso. Me desculpe de verdade. Por favor, me dê uma chance de demonstrar melhoria. 

O coração do mais novo que estava apertado aliviou e bateu forte, em seus olhos apareceram lágrimas. É claro que ele o desculpava, Kwang era seu pai afinal. O homem que sempre lhe aconselhou e acarinhou. A quem admirava e amava muito. Já não importava que eles não concordassem em alguns pontos. Ainda mais agora que o homem afirmou respeitá-lo, assim como Jungkook o respeitava e demonstrava arrependimento.

— Sim. Eu te desculpo, papai. — murmurou, abrindo os braços para um abraço que não demorou a vir. — E peço desculpas por ter sido cabeça dura.

— Obrigado. Está tudo bem, filho. Eu não facilitei pra você e nós perdemos a razão por um momento. — ele  tinha lágrimas nos olhos. — Eu fiquei com tanto medo de perder você.

— Mas não perdeu. Eu estou aqui. Não precisa se preocupar. 

Estava de olhos fechados, tão absorto naquele instante que não viu que Jimin estava na porta, vendo aquela cena com um sorriso nos lábios e o coração apertado. O sorriso era porque eles estavam se desculpando, odiaria que Jungkook continuasse brigado com seus familiares por sua causa. E o coração apertado era porque nunca teria a chance de resolver os problemas com o pai que lhe odiava. 

Suspirou. 

Em meio aquela família feliz, de realidade tão diferente da sua, não via que tinha espaço para si. Ainda se culpava pelo o que aconteceu, pela forma que aproximou do dongsaeng e por terem se envolvido tanto, inconsequentemente, ao ponto dele ir correr riscos por sua causa, pelas as coisas que ele viu. Então deu meia volta.

Para falar a verdade, nem sabia o que havia lhe dado para pegar a moto e correr até aquele hospital. Acreditava que só queria ver se o cerejinha estava bem. Agora que concluiu isso, era melhor ir embora para não causar mais problemas. Ainda mais em um dia que teve emoções o suficiente.

Sem querer, quando saía, esbarrou o corpo em Taehyung. Agradeceu que fosse o amigo não qualquer outra pessoa que fosse o pressionar ou algo do tipo já que não estava com cabeça pra isso.

— Você está bem?

— Não, mas vou ficar. — sorriu falso, continuando a andar e sendo seguido pelo mais novo que não demorou a passar o braço pelo seu pescoço.

— Sabe do que você precisa?

— De uma boa dose de sarezac e um sexo intenso?

— Nah, isso já está batido. Você precisa de um café forte e um ombro amigo para chorar. — foi empurrado.

— Prefiro a bebida e a transa. — pegou o celular, abrindo a enorme lista de contatos, mas o rapaz lhe tomou o aparelho.

— Você disse que não fazia isso mais. Pensei que respeitasse o Jungkook.

— Foi só uma fase. Não quero saber de Jungkook.

— Por que?

— Porque eu não mereço ele. Não tenho o direito de ficar o perturbando. Simples. — sorriu amargurado, indo até sua honey.

— Jimin, por favor, não volta com essa atitude.

— Que atitude? De ser um alcoólatra conquistador barato? Existe coisa melhor?

— Você está se fechando de novo! Criando uma realidade paralela para fugir dos seus sentimentos!

— Quer saber? Me deixa em paz! — colocou o capacete, estressado.

— Você pode querer isso mas eu não vou fazer porque sou um amigo responsável. — montou na garupa da moto. — Quer se acabar como das outras vezes? Tudo bem. Porém, você vai me levar.

— Chato. — bufou, entretanto, ligou sua honey e partiu com o Kim de olho em todos os seus passos.

=🏍=

Uma semana se passou. Sete dias aos quais nenhum dos dois dormiam direito e viviam em pensamentos, tanto traumáticos quanto lembranças um do outro. Estas eram boas demais para serem ignoradas, destruídas, apesar de trazerem o sentimento de saudade. 

Lá no fundo, eles temiam a negatividade que trariam um ao outro estando juntos visto que nenhum deles estava no cem por cento são, também se negavam a estragar o que tiveram. Logo, tomaram a decisão que mudou tudo: iam se afastar. 

Tinham a sensação de que estar por perto poderia fazê-los ficar revivendo as dores, não sabiam lidar com as próprias, seria difícil lidar com a alheia, e eles não queriam atingir o parceiro de má forma. Realmente acreditavam ser melhor se afastar, afinal, reconheciam que cada um precisava de tempo para assimilar e superar as coisas.

Depois daquele dia, a insegurança, a baixa autoestima, o desprezo por si mesmo rondavam Park, além das lembranças ruins que ainda perturbam sua mente. Mas dessa vez era pior, tinha o acréscimo do dongsaeng aparecer em seus pesadelos, lhe olhando amedentrado e dizendo que ele era um monstro. 

Já Jeon se sentia mal por ter presenciado mortes, por ver o hyung agir tão desumano. Ao mesmo tempo que inconsequente temia a ele, ficou magoado pela irmã contar que o ouvir dizer a um homem lindo de cabelo cor de mel, provavelmente Taehyung, que precisava de bebidas e sexo e não precisava de Jungkook. 

Oh, como havia se arrependido.

Não por ajudar Jimin, mas por ter sido ingênuo e inconsequente desde o momento em que se aproximou dele, se deixando envolver demais, ficando cego pelo sentimento da paixão, sendo impulsivo e ter de passar por todo aquele desespero para cair na real. 

Tinha prometido nunca deixá-lo, ficar ao lado dele independente de qualquer coisa. Porém, não suportava algo tão sério quanto aquela situação. Talvez a culpa fosse sua por tê-la trado como se não fosse nada demais.

Pensando bem, não condenava o vizinho pelos seus atos ao longo do tempo, nem por ter matado Yanghwa. Foi este que o induziu a isso e a ter ódio, sede de vingança, após obrigá-lo a conviver com toda merda sombria do mundo. Foi ele que o fez agir com toda aquela frieza que assustou Jungkook.

Tinha esperanças que após completar sua vingança, Jimin empenhasse em mudar e deixar esse lado vazio e obscuro para trás. Desejava que ele superasse seus traumas. Que fosse melhor. E que lhe buscasse como prometeu. Talvez pudessem superar toda aquela merda juntos. Em meio a todo pânico, ainda cultivou expectativas… Mas elas foram quebradas ao saber que o loirinho simplesmente voltou a ser o mesmo cretino, maldito.

Os dias foram passando, a ruindade em seu peito amenizando - apesar de não sumir -, dando espaço a um sentimento de decepção. Afinal, percebeu que Megan tinha razão: Park Jimin não se importava consigo. Deduziu que não lhe queria mais, preferia essa merda de vida voltada a álcool e sexo, aquela porra de "tudo para meu prazer". E, se era assim, apenas torcia para que ele um dia caisse na real e cuidasse de sua mente fodida. Enquanto não o fizesse, seria difícil estarem juntos novamente. E Jungkook também sentia que devia se cuidar para parar de ter pesadelos, não queria seguir o exemplo do hyung, se fechar e ficar sofrendo sozinho durante anos com aquilo.

Absurdo. Achava um absurdo Jimin dizer que gostava de si, porém, não procurar saber se ao menos estava bem, o que fariam de sua relação. Talvez para ele não houvesse relação. Adeus promessa de ser buscado e iniciarem uma vida normal em outro lugar… Se bem que prometeu não se afastar e foi o que fez. 

Não era de tomar atitude de procurar a pessoa para se resolverem, acreditava que Park uma hora ia aparecer. No entanto, ele sumiu. 

Tudo bem. Também não tinha certeza se queria vê-lo pois não conseguia mais ver as coisas com normalidade ou fáceis de deixar de lado, focando só no coração trouxa. Este continuava querendo seu vizinho, claro, só que a mente foi traumatizada, ela estava o impedindo de aproximar, de agir seja de qual forma for.

Jimin sentia a mesma coisa. Ainda que quisesse procurá-lo, conversar, procurar soluções juntos, sua razão dizia que tinha que afastar urgentemente para impedir que Jungkook sofresse mais.

Os dois andavam sobrecarregados, cheio de um sentimento de agonia que os faziam sentir mal e com o coração apertado pela falta que o outro fazia. E nenhum deles tinha a coragem de correr atrás, de se encarar e pôr as cartas na mesa. 

Não tinha como ficarem juntos como era. Jeon porque, podia não admitir, mas temia aproximar depois de ver do que o hyung era capaz, por mais apaixonado que estivesse e soubesse que ele nunca o faria mal. Também guardava uma mágoa por ele não ter ido até si para se esclarecerem, optando pelas merdas que gostava de fazer para esquecer os acontecimentos ao invés da sua voz cantando baixinho em seu ouvido. Ainda por cima se questionava se aquele sentimento foi real ou só uma atração intensa que os enganou pois era um bobo que se iludia fácil e Park um cara calejado de todas as formas possíveis que encontrou uma espécie de refúgio. 

Não faziam ideia de como diferenciar atração de paixão, gostar de amar.

Principalmente mais velho. Como saberia se as representações que teve foram tiradas de si? Quando sofreu tanto e teve foco apenas em odiar todos daquele mundo podre, a si mesmo.

Após o loiro pensar no mesmo assunto que o garoto, chegou a conclusão que tiveram uma paixão e uma ilusão de amor sendo que apenas gostavam das sensações que obtiam juntos. 

Até porque acreditava que ninguém podia amá-lo. Llá no fundo, não se amava. Fora que não sentia merecer alguém tão ingênuo e puro. Tentou tê-lo, mas, como sempre, trouxe coisas ruins para a vida de quem aproximou de si. Não podia continuar o atormentando. Por isso, chegou à conclusão que era melhor afastar, atitude que devia ter tomado desde que passou a perder o controle da situação. E aceitou o fato do mais novo parecer querer o mesmo, já que não o procurou.

Portanto, apesar de ambos ainda sentirem algo um pelo outro, optaram por não mais se verem e seguirem com suas vidas por mais difícil que fosse.

Com o tempo, Jungkook foi frequentando uma psicóloga e lidando com o que lhe deixou abalado. Passou a se empenhar no seu sonho já que antes não estava no clima para o estágio e, outra, mesmo se passasse nele, seus pais não deixariam que ele fosse para outros país visto que todo seu risco estava recente demais e eles andavam mais preocupados com o filho. Além de que, o agora rosado - o tom cereja desbotou -, estava mal demais pela situação que se submeteu por pura imaturidade de "se ele não virá, não irei atrás". Estava difícil ter tanta lembrança mas uma distância que surgiu entre si e quem um dia acreditou amar.

Enquanto isso, Jimin buscava ignorar todo o lado ruim e sombrio de sua vida, superar aquele sentimento de paixão que durou pouco mais de um mês mas pareceu ser anos, e organizava sua partida. 

Não contou para ninguém que pretendia sair do país. E nem queria. Seu sonho sempre foi fugir. No entanto, resolveu de última hora escrever uma mensagem para o garoto. Por que? Bem, acreditava que precisava se desculpar antes de sumir no mapa. 

Então, após conter as lágrimas e enviar o sms, tirou o chip e quebrou, jogando fora em uma lixeira no aeroporto pois queria deixar tudo para trás e, finalmente, dar o recomeço que sua vida merecia.

Colocou um óculos de sol e rumou para o portão seis, embarcando em seu vôo, fazendo o possível para ignorar o aperto no peito por, querendo ou não, deixar pessoas queridas como Jungkook, Taehyung, Jihee e seu avô. Se bobeasse até Seokjin entrava nessa lista visto que havia lhe procurado um tempo atrás, desculpando pelo ódio gratuito vindo de sua inveja, dizendo como foi que Jungkook ficou sabendo do plano decidindo ajudar. 

No dia que iam levar sua família para longe do país, o garoto viu Jihee com Wolf, quando a mesma ficou sozinha tirou satisfação até que contasse que não estava armando contra ele e sim tentando uma estratégia por conta própria para evitar que o loiro se ferrasse. Foi então que ele insistiu tanto que queria ajudar que ela chamou Seokjin. Juntos, pediram para que levasse somente os outros para o outro país deixando Jungkook. Após confirmar que o seu sobrinho tinha certeza que queria entrar nesse plano, fingiu conseguir o estágio dele de última hora, informando aos demais que o jovem viajaria com a agente para os Estados Unidos. Nisso, Jihee contou aos demais superiores, que usaram o plano que todos esperavam: fingir capturá-lo para ferir Jimin. 

Depois desse diálogo com o Kim, teve outro, outro e outro. Foi assim que eles se aproximaram. No entanto, agora ia deixá-lo para trás. Todos iam ficar para trás. Torcia para que os pensamentos e as lembranças ruins também.

A decisão de ir embora veio porque essa sempre foi sua vontade: fugir. Ir para outro lugar e aprender a viver sem toda aquela loucura. Assim jogou fora tudo o que lhe prendia na Coréia e agora estava no avião, ignorando as pessoas queridas, memórias e emoções, ao passo que planejava uma vida nova na sua cidade de seu destino.

Naquele dia, os amigos de Jungkook conseguiram fazê-lo participar de um trabalho da faculdade de Yugyeom que consistia nele ser fotografado pelo mesmo. 

O rosado se encontrava mais sério que o comum desde aquele acontecimento mas ainda conseguia se divertir fazendo poses para a câmera. Então ali estava ele, pousando, sentindo ainda mais disposto a continuar correr atrás do seu sonho de modelo.

De repente, o celular vibrou. Este que no momento encontrava na mão de Hoseok enquanto Yoongi analisava algumas fotos aleatórias no notebook do Yugyeom. Ao ler o nome na barra de notificação, o ruivo paralisou e cutucou o hyung que arregalou os olhos. Nenhum deles esperava que Jimin fosse se pronunciar depois de três meses.

— O que foi? — claro que o jovem percebeu que eles estavam tendo reações estranhas e não tardou questionar.

— Ah... Er... Você tem uma nova mensagem. — receoso, Hobi lhe entregou o celular. 

Eles estavam tensos - menos o aspirante a fotógrafo que nem sabia o que acontecia - olhando o rosado escorado na parede, lendo o conteúdo da mensagem. Para quando terminar, escorregar na mesma até o chão, se entregando ao choro pois de longe esperava por isso.

Tudo bem que não estava afim de ver Park por um tempo, mas era só até superar o que havia acontecido e se sentir pronto para tentarem de novo. Seu pobre coração nunca esperava ganhar dele um ponto final assim, de doer tanto que o deixou sufocado. 

Agora que estava com todas as letras o perdendo, tinha a certeza que ainda era louco por ele. Mas o homem já estava longe de seu alcance. Eles não podiam mais se resolver. Sua única opção era arrancá-lo de vez de si e deixá-lo ir.

Jimin: 

|Eu pensei bastante se escrevia essa mensagem ou não, mas acabei notando que eu te devo desculpas.

|Então me desculpe por ter feito uma aposta que ganharia seu coração e a sua bunda. Saiba que, no final, quem ganhou foi você. Tanto o meu coração, quanto a minha bunda. Na verdade, ganhou todo meu ser. Parabéns. Você é o vencedor. 

|Eu sei que você também se aproximou por uma aposta. Mas eu não ligo. Eu te disse depois de vermos Como Perder Um Homem Em Dez Dias que era idiota ficar magoado se ambos apostaram e enganaram um ao outro, não é?

|Me desculpe também por ter continuado quando devia ter me afastado para te impedir de ver o triste mundo em que eu fazia parte. Eu não queria te envolver nisso, juro que nunca quis. Mas eu fui fraco, me deixei levar por um sentimento que a tantos anos não sentia, eu perdi o controle da situação e você caiu direto nessas merdas então eu te devo mais desculpas.

|Me desculpe por ter lhe feito presenciar o meu pior lado.

|Me desculpe por ter te amedrontado.

|Me desculpe.

|Eu me deixei levar pela sede de vingança, eu estava cego de ódio a muito tempo, então me desculpe por parecer tão frio e cruel. Eu tinha motivos, mas sei que isso não justifica acabar com uma vida. Mesmo sendo quem era, ele já estava prestes a partir. Mas eu senti que não podia ir sem pagar.

|Eu sempre fui ferrado, isso não faz diferença pra mim. Nunca fui um cara correto perante a sociedade e a moral mesmo. Eu infringi todas as leis, matei, roubei, trafiquei, perdi a noção inúmeras vezes e o meu maior erro foi ter te atingido. Me desculpe.

|Eu sinto muito, mas esse é Park Jimin de verdade. Não sou um príncipe encantado ou o galã de suas comédias românticas. Eu sou fodido e cheio de sombras que me atormentam. E me desculpe mesmo por começar a te atormentar também.

|Me desculpe por não ser o cara certo para você.

|Mas agora você não vai precisar se preocupar. Estou indo embora.

|Estou fugindo como sempre quis. Mas dessa vez não incluo fugir só o meu passado. Eu estou fugindo de todos os sentimentos, bons ou ruins. Fugindo de você.

|Me desculpe por ser um covarde e no mínimo dizer tudo isso pessoalmente, eu só não suportaria te ver me olhar com medo ou até mesmo com tristeza. Porque sei que sou horrível. Eu sempre soube. Assim como sempre soube que não merecia um garoto tão bom como você e que em algum momento ia te ferrir, ainda que não suporte a ideia.

|Além de me desculpar, eu quero pedir um favor... Eu fui sua paixão e não fui nada bom, mas não se impeça de tentar outra vez. Não é porque não demos certo que você não vai encontrar a pessoa que te ame, valorize e saiba te tratar melhor que eu. Continue acreditando no final feliz e se permita ter aquele amor que tira os pés do chão. Porque você merece. Você merece todos os clichês possíveis, Jungkook. Você merece ser feliz e é por isso que vou partir.

|Peço, do fundo do meu coração, que me perdoe, pois eu não quis te fazer sofrer, nem mesmo te fazer chorar como sei que está fazendo agora. Eu sei disso pois também estou. Mas entenda que é o melhor para nós dois. 

|Eu não estou pronto para lidar com nada. Eu só quero realmente fugir.

|Obrigado pelos momentos que tivemos, eu amei. Mas recomendo que os coloque na gaveta e esqueça, assim como eu farei pois relembrar não nos fará bem e eu não quero ser para você a sombra de um passado ruim. Vamos deixar para trás e seguir em frente. Nós temos que aceitar que nunca daríamos certo. Então vamos, separadamente, recomeçar.

|E eu desejo, de verdade, que você me esqueça e siga em frente. Pois dessa forma você irá conseguir conquistar seus sonhos, aproveitar sua família, ter um grande amor e ser feliz. 

|Não se esqueça de ser feliz, Jeon Jungkook.

|Peço desculpas uma última vez e te dou meu sincero adeus.

· · • ⊱✿⊰ • · ·

➼ Finalizamos a primeira fase de Meu Vizinho e saibam que eu chorei quando escrevi o texto do Jimin;

➼ Eu ia terminar a fanfic aqui mas desisti porque tive mais ideias e não suportei o casal separado então relaxem que tem mais. Muitooo mais rs;

➼ Até o próximo capítulo, docinhos 💜

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