07. Renovado

➼ Não sou especialista em piercings, porém acho que não se deve furar tudo de uma vez. Na fanfic vai acontecer porque esqueci de ir detalhando aos poucos mas pelo amor de vocês, não façam isso. Quando forem fazer perfurações, consulte sempre um especialista que seja bom e depois cuidem direitinho ;)

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Capítulo 7 - Renovado

Jungkook não só gostou como amou transar com Jimin. As razões eram que se sentia confortável e inspirado a ser livre ao seu lado; porque sentia toda a conexão física, mental, e emocional vinda do laço que estava sendo criado entre eles - uma paixão -; e porque tinham uma química incrível, que os faziam ter a harmonia.

Não é fácil quanto parece produzir no sexo de primeira, para os dois, uma troca de sensação tão agradável e prazerosa, simplesmente intensa, mas eles tiveram. Não foi necessário falar muito ou fazer várias vezes para construir um jeito agradável para ambos. Talvez fosse porque possuíam toda a liberdade e a intimidade, fora um magnetismo surreal, que ajudou a tornar tudo satisfatório. Satisfatório ao extremo. Este fato contribuiu para que a paixão dentro de seus seres fosse alimentada.

Devido a isso e por ter bastante tempo que não tinham uma entrega recíproca, ainda mais em tão intensa, não só o dongsaeng quanto o hyung não queriam perder tais coisas rapidamente. Logo, é claro que caíram naquela promessa: Park Jimin tornou Jeon Jungkook o seu ficante exclusivo. Não por reconhecer seus sentimentos e honrá-los, mas para continuar a ter satisfação própria. No fundo o moreno sabia, ele sempre seria o cretino do "tudo para o meu prazer", porém, se a única brecha que o vizinho estava disposto a lhe dar era fazê-lo se submeter às suas vontades, ia aceitar pois no momento terminar o que estavam tendo, ficar sem o auge da paixão e excitação, parecia pior.

Secretamente, porque nenhum deles conseguiam admitir em voz alta, achavam ótimo estarem juntos.

Seja jogando vídeo game, novidade pois o garoto nunca imaginou que o hyung pudesse gostar então não o chamava, mas quando o fez viu o quanto ele era capaz de ficar empolgado, parecia um adolescente. Talvez porque na sua adolescência não teve a oportunidade dessa diversão e, óbvio, quem não ficaria feliz em jogar numa daquelas TVs de 110 polegadas?

Era igualmente ótimo estarem maratonando filmes, cada um sendo recomendado por um deles e debatidos no final;

E inventar de fazer algo na cozinha, com o loirinho sendo só auxiliar, depois tomando conta da louça já que cozinhar não era o seu forte;

Também era ótimo estarem juntos na praça comendo um dogão ou qualquer coisa de barraquinhas;

Ficarem curtindo a paz do lugar favorito de Jungkook, a noite, podendo ver as estrelas e a lua tão belas para Jimin;

Gostavam de ouvir todo tipo de músicas no quarto do hyung. O jovem não se incomodava mais com elas estando super altas já que agora era cúmplice;

Na hora de dormir, Jeon ganhava companhia. Essa era outra coisa que ambos achavam ótimo. Park por se sentir mais calmo e ter uma noite de sono um pouco melhor e o moreno por ter um grudinho para matar a carência;

E se fossem colocar no topo de coisas que apreciavam fazer juntos estaria transar pelos cômodos tanto da casa de um quanto na casa do outro.

A intimidade e o gostar estavam ganhando forças a cada dia que passava. Para o dongsaeng, era de extrema satisfação ter toda a atenção que ansiou de quem lhe despertou sexualmente e fazia sentir sensações únicas.

Estava tudo indo muito bem. Mas, de vez em quando, o loirinho ainda sumia. De acordo com ele, estava trabalhando. Jungkook, sinceramente, achava estranho ele não ter horário estabelecido e às vezes sair do nada ou, como recentemente, deixá-lo sozinho de madrugada. Curioso, para não dizer suspeito. Dizia a si mesmo para ter calma, sentia estar conquistando o badboy e tinha fé que aos poucos ele se abriria consigo.

Todavia, enquanto esse dia não chegava, fantasiava que ele poderia ser dono de um clube noturno estilo ao que já foram ou um stripper ou quem sabe prostituto. Para todas e demais hipóteses, se imaginava na descoberta, o beijando, dizendo que o aceitava exatamente como ele era, se tornando um modelo famoso, podendo dar o mundo a seu amado. Eles iam viajar para todos os países, se casariam em um que os dão todos os direitos, quando estivessem cansados iam para Escócia - ou algum outro lugar, é negociável - viver felizes para sempre até a velhice.

Jeon sonhava muito e aproveitando que ele literalmente estava em um desses sonhos aparentemente ótimo para quem estava vendo de fora, já que sorria agarrado a um travesseiro, Jimin saiu do quarto sem consciência pesada. Talvez um pouquinho por ter deixado a janela aberta pois ventava demais naquela madrugada de terça e o serzinho estava só de cueca. Mas se fosse fechar ele acordaria para reclamar que devia ter pego outra coberta, não fechado, porque gostava do maldito vento. Seria mais difícil ir, difícil de fugir dos questionamentos que poderiam surgir, difícil resistir a carinha pidona para que ficasse mais.

Todavia, estando dormindo ou acordado, não importava, precisava ir. Afinal, tinha coisas sérias a fazer. Por isso pegou o essencial em sua residência, subiu em sua honey, a Harley preta potente, e meia hora depois estava dentro da Night Club, uma boate que reside do outro lado da cidade.

Por conta do dia e horário - terça, quatro e quinze -, o local estava praticamente vazio. Isso se não fossem alguns "caras maus" sentados nas mesas reservadas discutindo acordos.

Costumava farrear muito por lá, além de fazer negócios um tanto secretos e perigosos, logo andava pelos cômodos com pura confiança.

Dentro de uma das salas particulares de luxo, a qual frequentava tanto que já tratava como sua, encontrou Kim Taehyung. Se fosse mais aberto a classificações poderia dizer que o rapaz de atuais cabelos cor de mel era seu melhor amigo. Uma das raras pessoas que o conhece de verdade e sabe sobre boa parte de sua vida passada e da presente.

- Hey, potinho de ouro. - disse sorridente assim que o viu passar pela porta. - Como vai?

- Me chama assim de novo que eu uso essa arma no seu cu. - falou com o olhar e tom de voz sério, retirando o item da cintura, colocando em cima da mesa. Detestava sair com tal objeto, se tivesse escolha certamente não faria uso, mas era extremamente necessário para se proteger, ainda mais transitando em ambientes hostis.

- Credo, cara, pensei que estivesse mais feliz. Suas fodas exclusivas não estão te fazendo bem? - brincou, enchendo um copo de whisky como de costume e o entregando. Ele sempre bebia, não importava a hora.

- Não tem nada haver uma coisa com a outra. - bufou. - Eu odeio essa porra de apelido. Se é mesmo meu amigo, não me provoque com essa merda de novo. Ou então terá que se ver com a minha fúria.

- Dispenso.

A fúria de Park Jimin era perigosa demais, podia afirmar que houveram poucos que saíram ilesos após experimentarem dela. Só de pensar, chegava a tremer de pavor. Se ele era naturalmente terrível, irritado se transformava em um monstro.

- Mas, me conte, como vai com seu garoto? - questionou, curioso.

- Eu não o chamaria assim. É estranho pensar nele como "meu".

- No momento ele está sendo seu. E o único para completar. Aliás, fiquei admirado. Como ele conseguiu? Achei que fosse impossível terem Park Jimin nas mãos.

- Você tirou o dia para me provocar, não é? - virou whisky puro que estava no copo.

- Amigos são para isso também. - deu de ombros com seu famoso sorriso retangular.

- Quem disse que eu sou seu amigo? - o fitou com tédio.

- Ah, qual é, hyung. Não tente ser distante, sabe que não funciona comigo. - o envolveu os ombros com o braço. - Conta tudo.

- Não sei o que dizer exatamente. Ele é interessante, estamos nos dando bem, me sinto mais normal quando estamos juntos. E temos algo que é intenso, gostoso demais. - mordeu o lábio, se lembrando dos momentos quentes que tiveram.

- Considerando quem você é, já pensou que pode ser apenas uma forte atração e você está se doando demais por carência?

- Seja o que for, continua sendo intenso.

- Não quero ser chato, mas tome cuidado. Ele parece ser inocente e incrível demais para sofrer coisas que sequer imagina. Você sabe que se descobrirem podem fazer um inferno na vida dele só para te atingir. Ainda mais ao ver o quanto você está se entregando. Eles não gostam de ver ninguém sendo normal e feliz.

- Eu sei o que estou fazendo. - disse, não só para convencê-lo como a si próprio.

- Ainda sim parece estar em um momento de fragilidade emocional, ela pode te fazer ser descuidado e-

- Eu não sou idiota. - o cortou. - Não se preocupe. Eu gosto do jeitinho dele, da calma que me traz, sinto que quando estamos juntos sou um pouco melhor e me sinto bem, mas é impossível termos um relacionamento. Não vou me entregar ao ponto de acharem que devem interferir. Vou continuar tendo algo sem compromisso.

- Só mais uma pergunta: ele sabe da aposta? Você ganhou?

- Foda-se a aposta. - empurrou seu braço, o afastando de si.

Estava bêbado, com o ego nas alturas, afirmando que qualquer um se apaixonava por si e seus colegas sugeriram que conquistasse o vizinho demi, mimado, todo certinho, que dava a entender ser hétero. Por não ter nada lhe impedindo e ansiando continuar com seu ego inabalável, aceitou.

Nunca imaginou que começaria a desenvolver sentimentos. Tinha anos que não acontecia, acreditava ter feito seu coração virar uma pedra de gelo depois de tanta merda que aconteceu em sua vida. Mas bastou ele lhe acolher em seus braços, cantar Hey Jude, uma música nostálgica que lhe enchia de emoções por causa de sua mãe, para ver que seu coração ainda conseguia esquentar e... Bem, derreter como aos poucos vinha acontecendo.

Pando para pensar melhor, se encontava emocionalmente confuso pois sabia que não devia estar sentido porra nenhuma, tinha plena noção que não podia se deixar levar e nem se envolver de verdade, porém, não tinha forças para fingir que Jeon não mexia consigo e por alguma razão não conseguia se afastar antes que fosse tarde demais. Fora que insistia em evitar analisar os motivos, temia se ver apaixonado por causa de um trauma passado, então agia como se não ligasse. Na sua cabeça, a única coisa que importava no momento era continuar desfrutando de toda a intensidade que tinha com Jeon Jungkook... enquanto podia.

Claro que pensara em deixar tudo de lado. Várias vezes. Principalmente quando descobriu que o rapaz era sobrinho de Kim Jeon Seokjin, um dos caras mais influentes que havia conhecido e que vivia trabalhando com a agência secreta de seu avô. Porém, desistiu da ideia. Mesmo que fosse perigoso queria continuar, fazia tempos que não ficava tão... Cheio de sentimentos bons, de tesão, de paixão, não queria perder tudo tão rápido.

- Merda, cara. Olha, eu não quero ser insistente mas já sendo... Você está agindo diferente demais com ele. Sabe do risco que corre, não é? Tanto de uma parte quanto da outra. Para completar, Jungkook é filho de Jeon Kwang que tem a maior empresa automobilística do país e sobrinho de Kim Jeon Seokjin, um grande agente secreto. Eles são altamente ricos, poderosos e influentes. E você...

- Eu sei.

Era arriscado porque Park Jimin era a porra do filho de um mafioso ao qual lhe colocou desde novo para trabalhar em um mundo sujo. Mais arriscado ainda porque, ao saber a verdadeira história sobre sua família, acabou partindo para o lado de seu avô, atuando no Serviço Secreto. Isso o fez se tornar um agente que possuía a vida dupla e que estava sempre correndo perigo no meio do fogo cruzado pois ora era o bandido e ora era o mocinho. Não podia vacilar. Não podia deixar ninguém descobrir. A merda seria gigantesca caso soubessem do seu segredo e não era só a sua cabeça que poderia rolar.

Falou que sabia o que estava fazendo, mas não tinha certeza. Parecia que o seu lado racional após anos deu espaço ao emocional. Espaço demais. Agora estava ouvindo o coração, insistindo em pensar que ainda controlava as coisas, quando deveria estar esforçando em se afastar para poupar incidentes. Afinal, se suspeitarem de seu envolvimento mais sério que os anteriores, Jungkook ia correr riscos e não queria que acontecesse.

Tinha que admitir que já era tarde. Não conseguia mudar as coisas. Ele lhe fazia bem, era o que estava precisando, e reconhecia ser egoísta demais para voltar atrás e perder isso.

- Só não vá meter o garoto em problemas.

- Claro que não vou. Ainda bem que perdi a aposta. Ele parece me curtir, nós - seu amigo abriu a boca para falar mas, ao imaginar o que diria, não deixou - Nem vem com papo de que estamos nos amando. Isso não é uma história boba de romance da Disney. Nós estamos transando com todo nosso fogo, apenas.

- Mas você tem um carinho por ele, não é? Dá pra ver no seu olhar.

- Me sinto diferente perto dele. Quer dizer, não só sinto, eu sou diferente. - conseguia ser um cara normal, feliz, mesmo sabendo que estava longe de ser. - É viciante.

- Imagino e reforço: tome cuidado.

- Pode deixar que eu vou.

- Certo, Sr. Não-Estou-Amando, agora vamos parar de falar do seu crush e resolver o assunto sobre o chefe.

- Qual deles? - disse baixinho, soando sarcástico.

O rapaz também era um agente especial que estava trabalhando com criminosos para concluir uma missão vinda do "lado bom da força".

No meio do papo sobre o que iam fazer a respeito do superior, a porta abriu bruscamente e por ela passou uma mulher de roupas extremamente curtas, armas na cintura, nos tornozelos, de pose egocêntrica e sorriso prepotente. Park rolou os olhos.

- O que você quer? - foi o primeiro a se pôr de pé, pegando o revólver em cima da mesa e indo até a mesma com uma pose autoritária, intimidade. Não ligaria de entrar em uma briga com uma informante qualquer só para destruir todo esse sorriso idiota que ela possuía no rosto.

Kim, sabendo do ódio alheio pelo pessoal ao qual a mulher fazia parte, se pôs na frente do amigo para evitar maiores problemas.

- Meu chefe mandou um recado. Se vocês não entregarem o que o devem, ele vai acabar com vocês.

Jimin retornou à mesa, tirando debaixo dela a mala que o dongsaeng trouxe, jogando nos braços da mulher sem delicadeza. Ela quase deixou cair.

- Está aqui, sua porra.

- Desculpe por ele, Park não está em um dia bom. - o deu uma cotovelada, querendo mostrar que vacilou. Não que ele ligasse para isso. - Íamos entrar em contato agora mesmo.

Ela estreitou os olhos, desconfiada, em seguida analisou o dinheiro dentro da mala, fechando e sorrindo irônica ao dizer:

- Bom negociar com vocês. Sempre tão eficientes.

- Sempre um prazer. - o loiro sorriu cínico vendo ela ir embora. - Argh, como eu queria acabar com a raça de cada um deles! - falou entredentes, estressado.

- Concordo, mas não podemos. Então não arrume brigas desnecessárias.

- "Não podemos". - sorriu arrogante. - Daqui uns dias, é o que vamos ver.

=🏍=

Aquela semana estava sendo cansativa. Jungkook não conseguiu ir para a oficina todos os dias, hoje compareceu mas passou a tarde avoado, sonolento, com o corpo dolorido de tanto transar. Andava assim ultimamente já que o hyung estava com a insônia atacada e insistia em não deixá-lo sozinho.

Se perguntava como ele conseguia virar noite em cima de noite, raramente dormir durante o dia e ainda se manter com disposição porque para si foram cinco dias exaustivos e olha que se rendeu a ficar em casa dormindo o dia todo em alguns deles.

Simplesmente amava seu sono, que agora estava desregulado e lhe bugando todo. Então, de plano a voltar a rotina normal, ao chegar tomou um banho para relaxar e dar uma despertada. Queria dormir sim, mas eram só seis e meia, se o fizesse acordaria de madrugada. Precisava segurar até no máximo onze horas para dormir a noite todinha sem interrupções e se sentir descansado.

Saindo do banheiro da suíte, teve uma surpresa: Jimin estava sentado na sua cama. Deu um pulo e quase berrou de susto. Não esperava ele naquela hora, muito menos em seu quarto.

- Jiminnie! - exclamou, sentindo o coração acelerado. - Como você entrou?

- Pelos fundos. Você devia trancar a casa e conferir se ela está protegida sempre.

- Ei, você às vezes deixa a sua porta da frente destrancada. Imagino que saiba que esse é um bairro nobre, é bem seguro.

- Mas nunca se sabe... - caminhou até o jovem, o secando de cima a baixo, ele estava envolto por uma toalha com o abdômen e as pernas longas e torneadas expostas. Gotinhas escorriam pelo seu corpo, as observou querendo passar a língua por todo caminho que faziam. Em reflexo ao desejo, lambeu os lábios. - Se eu fosse outra pessoa, você estaria ferrado.

Jungkook segurou o sorriso.

- Mas como é você, que tal eu estar fodido? - provocou, o puxando pela gola da camisa, os mantendo a centímetros um do outro.

Jimin riu sacana.

- Quem está te ensinando a ser tão ousando?

- Você. - colocou a língua para fora, lambendo a boca carnuda. - O que está fazendo aqui?

- Estava a fim de te ver. - deslizou as mãos pela cintura dele, o arrepiando e fazendo morder o lábio diante de sua expressão maliciosa.

As levou até o nó da toalha, desfazendo, se pondo de joelhos e segurando o comprimento ao qual arrastou a língua por ele todo. Pressionou a linha onde dividia o corpo da cabeça, fazendo círculos ao redor.

Olhou para cima conectando seu olhar felino e sedutor nos mirantes pretos brilhantes, vendo o moreno franzir o cenho e morder o lábio. Sorriu ladino, colocando na boca, descendo e subindo, arrastando a língua, chupando maravilhosamente bem.

Jungkook estava sensível, não parava de gemer ao passo que ia ficando cada vez mais duro, entregue às sensações, e preferiu se sentar na cama para evitar cair diante de suas pernas bambas.

O vai e vem intenso passou a lhe causar picos deliciosos de prazer que aumentavam quando tocava a garganta. E em poucos minutos estava caindo de costas, espalhado no colchão, tendo espasmos de deleite enquanto gozava naquela boca maravilhosa.

- Jungkook? - o loirinho chamou, mas não obteve resposta. Se sentou ao lado dele, o cutucou, porém ele não abriu os olhos. - Não acredito que você dormiu. Que mal agradecido! - riu da situação.

E poderia ser tudo, principalmente um grande cretino, um maldito canalha, mas não era um aproveitador. Tinha consciência. Sabia que ele estava exausto não só pelo dia na oficina provavelmente ter sido puxado, mas porque passou a semana toda o incomodando e atrapalhando seu sono. Logo, deixou o tesão de lado, apenas se deitou ao lado dele, os cobrindo.

Não tinha planos para dormir, pois desde que conversou com Taehyung e percebeu estar criando um envolvimento maior com o rapaz, lembrou que da última vez que se entregou ao sentimento... Deu extremamente errado. E por ter as lembranças disso voltando em sua mente, se misturando com o medo de acontecer o mesmo com Jungkook, ficava suscetível a ter pesadelos. Era difícil dormir sabendo que eles viriam. Não queria ficar sonhando coisas dolorosas e abalando seu emocional, então evitava cair no sono.

Suspirou, abraçando o corpo ao seu lado, deitando a cabeça em seu peito, ao menos fechando os olhos para descansá-los. Se concentrou no cheiro natural de Jungkook, achava ele gostoso, e também nas batidas do seu coração. Sem ao menos perceber, sua mente relaxou, foi apagando, entrando em um sono profundo, por sorte, livre de sonhos.

Horas depois, o garoto despertou. Estava mais disposto já que dormiu a noite toda até às onze da manhã e porque, pela primeira vez, encontrou o vizinho ao seu lado. A sensação era maravilhosa, estava muito feliz e satisfeito. Portanto, o acordou retribuindo o boquete e o tomando como café da manhã.

Fazia anos que isso não acontecia com Jimin. Havia esquecido de quão mágico, quão estonteante, era despertar sentindo puro prazer. Se sentia tão satisfeito acordando dessa maneira, ainda mais após uma boa noite de sono. Ah, se Jungkook soubesse do tanto que ficou entregue naquele instante e o quanto lhe deixou afetado... Mas nunca saberia. Park era incapaz de admitir em voz alta.

No final, o dongsaeng pediu desculpas por ter caído no sono na noite passada. Para sua surpresa, não recebeu provocações nem nada do tipo, ganhou foi um grande sorriso com direito a olhos apertadinhos e o hyung dizendo que estava tudo certo, afinal, ele havia lhe retribuindo muito bem.

=🏍=

Se passaram três dias, os dois ficaram longe um do outro pois o vizinho afirmou ter muito trabalho para fazer. Nisso, o moreno teve tempo para pensar sobre tudo o que aconteceu.

Com os pais viajando e lhe deixando sozinho em casa pôde ver que era maravilhoso não sentir as imposições deles, fazer o que quiser do seu próprio jeito. Sentia como se as portas da liberdade tivessem se aberto para ser quem ele era de verdade, sem julgamentos ou pressão.

E sabe quando você já não está mais satisfeito consigo? Quando olha no espelho e sente que sua aparência já não lhe representa tão bem e precisa renovar? Estava assim.

Cansou de ser um garoto comum, todo certinho, dentro do padrão que seus pais compactuam. Apenas, antes, não tinha a coragem necessária para contrariar. Agora queria fazer algo por si mesmo, fazer coisas que no fundo sempre desejou mas reprimiu e nunca pensou em de fato concretizar por causa dos pais pois, para eles e os adultos igualmente tradicionais de seu convívio, tudo se resumia em "loucura de garotos rebeldes".

Jungkook não era um. Só queria viver, se expressar de sua maneira, e simplesmente ser jovem.

Claro que se sentia incentivado todos os dias por Jimin. Aprendeu com ele a usar seu livre arbítrio independente do que os outros vão achar. Isso lhe deu a coragem necessária para desejar mostrar a seus pais e todos os adultos mais velhos que sua geração vai além do tradicional por vezes arcaico demais, ela ama a liberdade e apoia a individualidade de cada ser.

Outra coisa que aprendeu com o ex-azulzinho foi foda-se. Ia dar uma pequena alterada no visual, se seus pais ou qualquer um achassem um absurdo, foda-se. O corpo é seu, fora que já tinha dezoito anos, tinha direito de escolher o que fazer ou deixar de fazer.

Em meio aos pensamentos, teve uma crise de consciência. Sabia não ser legal depender dos pais por toda vida, era bom pelas regalias, mas se as pesasse numa balança onde o outro lado era a liberdade que estava tendo, preferia a última. Logo, estava mais a fim de ser independente, sem seguir os passos que lhe impunham e sendo quem eles ansiavam que fosse.

Portanto, se viessem a surtar por conta do seus planos de troca de visual e falassem que a viagem não aconteceria, não importava, ia fazer acontecer de qualquer maneira. Caso ficassem de boa com sua aparência, ótimo, exigiria seu estágio. No final, se ainda estivesse com a resposta negativa porque eles simplesmente não concordavam, ia pegar suas economias e ir atrás de seu sonho de todo jeito.

Que Jungkook fosse "rebelde" perante aos pais caso isso significasse sua própria satisfação. E que Jungkook agisse logo para deixar seus receios de lado e continuar a viver sua vida intensamente.

Na manhã de quarta acordou com o celular apitando mensagens. Seus pais, depois de estarem quase completando o mês, entraram em contato. Estavam mandando inúmeras fotos deles na Itália.

Grupo - Família Jeon

Irmã

|Pq eu e o JK n estamos curtindo td isso mesmo?

Mãe

|Você esqueceu que nós fomos para Paris ano passado e combinamos de seu pai e eu curtirmos sozinhos esse ano?
|Pais também merecem férias

Pai

|E tempinho pra namorar :)

Irmã

|Ewww
|Ninguém precisa saber q vcs transam

Eu

|Traumatizado por pensar nessa hipótese

Pai

|Chatos
|Mas como vocês estão, meus filhos?

Eu

|Bem :D

Irmã

|Mt bem. Tio Jin levou meus amigos e eu pra patinar ontem, foi maravilhoso :3
|Mas estou com saudades de vcs, voltam no domingo ou segunda?

Mãe

|Também estamos com saudade
|E entrando em contato não só para mandar fotos mas pra dizer que decidimos ficar mais alguns dias

Irmã

|Vcs vão fazer o tio cansar de mim

Jungkook

|Ele não vai. Vocês têm a mesma mentalidade, certeza que se divertem muito então deixa nossos pais curtirem
|Já trabalham tanto o ano todo, é bom terem um tempo para eles mesmo :D

Pai

|Obrigado, filho
|E você está bem sozinho?

Eu

|Sim, tranquilo. Também estou tendo o meu tempo, estava precisando ficar sozinho ^^

Irmã

|Qual o próximo destino?

Pai

|Nós vamos para Roma. Na verdade, já estamos indo. Ligamos a internet só para contar sobre
|Estou ignorando todo mundo do trabalho, se não sabem que eu me rendo e acabo deixando as férias de lado haha

Mãe

|Eu também estou ignorando todo mundo porque só quero paz
|Ficaremos sem internet de novo, bom que economiza pra tirarmos muitas fotos

Pai

|Avisamos quando formos voltar
|Juízo para vocês

Jungkook sorriu largo ao ver que teria mais dias de tranquilidade para continuar fazendo o que bem entendesse sem falatórios em sua cabeça.

Empolgado, depois de comer seus sucrilhos com iogurte, foi a casa ao lado. Estava trancada então tocou a campainha. Park demorou a atender, quando apareceu estava de pijama e com uma baita cara de ressaca. Imaginou que ele devia ter bebido a noite toda na balada a qual disse que ia na noite passada com os amigos aparentemente belos e ilegais.

- O que você deseja, bebê? - perguntou com a voz rouca, denunciando que estava dormindo.

- Tenho uma missão para você! - soou animado.

- Estou cansado de missões. - sorriu pela sua piadinha interna.

- Por favor.

- O que posso fazer por você?

- Eu marquei algo importante. Quero que me acompanhe.

- É tão importante assim? Eu queria aproveitar a ressaca e dormir.

- Quando voltarmos eu canto para você pegar no sono. Vamos, por favor! - usou a voz dengosa e os olhos ficaram pidões, impossível de resistir.

Jimin riu, escorado no batente e o moreno se questionou por que diabos tudo nele exalava sensualidade? Era impressionante.

- Você não tem que trabalhar?

- Não tem problema faltar só hoje.

- Isso está parecendo um déjà vu reverso. E vou fingir que não esteve fugindo da oficina nesses últimos dias.

- Você vem logo ou não?

- Espera ai, vou me trocar.

Alguns minutos depois ele apareceu todo de preto, óculos escuros, calça, tênis, brincos e piercings, exceto a camiseta que era vermelha.

"Como sempre lindo", pensou Jungkook.

- Espera - sua mente associou as coisas. - Eu conheço essa camiseta. Ela é minha!

O vizinho cretino sorriu.

- Era. Você me deu naquele dia que nos aproximamos pela primeira vez. Agora me diz, o que vamos fazer? - perguntou ao entrar no carro.

Sim, Jeon Jungkook, ao qual não gostava muito de dirigir, sentiu vontade. Estava de fato animado.

- Eu quero dar uma mudada no visual.

- Vai cortar o cabelinho? - perguntou debochado, afinal, ele sendo esse garoto riquinho, mimado e certinho demais, só podia fazer isso.

- Ah, hyung, não. Eu quero fazer coisas diferentes do meu comum, sabe? O que vivi me proibindo pensando que era melhor não, mas no fundo era só por cair nas ideias dos meus pais. Quero deixar provar mais da minha liberdade.

- Já era tempo. O que pretende fazer?

- Primeiro, pintar meu cabelo. Desde que o cabelo colorido se popularizou eu quis ter, confesso que já pedi para meus pais, mas a resposta se resume em "isso é coisa de gente rebelde ou idols, não é nada respeitado para quem se tornou um homem e está entrando na alta sociedade para ser alguém responsável e invejado". - rolou os olhos. - Eles são ótimos pais, sabe? São atenciosos e tal, mas parecem querer um filho sério, engravatado e todo certinho. Eu sou diferente disso. Só nunca demonstrei tão claramente, a não ser a minha vontade de ser modelo e quando aconteceu foi tudo meio que... Invalidado. Nós temos uma empresa enorme, é claro que eles esperam que eu tome conta no futuro.

Sempre foi muito obediente porque eles pareciam saber o que era melhor. Mas erraram em lhe fazer cogitar namorar com Hyuna e erram em colocar empecilhos para o seu sonho de ser modelo. Por ter a mania de aceitar tudo pacificamente para evitar problemas, nunca tentou de fato se opor. Mas havia aberto os olhos. Eles precisavam ver que não é por Jungkook ser filho que tinha obrigação de seguir um script escrito pelos desejos deles. Tinham que lhe aceitar e respeitar suas escolhas como fosse, até porque era maior de idade e tinha o direito de fazer suas vontades, de ter o poder de escolher, independentemente se for dar certo ou errado.

- Dizem que quem cala consente, eu não falava por medo de deixar de agradar, mas não quero mais ficar quieto. E, fala sério, não vou deixar de ser o filho deles por negar administrar a empresa do meu pai ou ser bissexual ou tingir o cabelo, colocar piercings, e fazer uma tatuagem.

- Você realmente vai fazer tudo isso? - estava surpreso.

- Sim. - disse confiante. - A partir de hoje eu vou fazer do meu jeito, pensando só em me agradar.

- Gosto disso. - tocou a coxa atraente, apertando, em um jeito torto de demonstrar apoio.

O caminho foi rápido, logo estavam no salão onde Jungkook pintou seu cabelo de cor cereja. De lá, foram num estúdio onde ele optou por furar a orelha em três furos de cada lado, colocou dois piercings na cartilagem direita e um na aba que tampava o canal auditivo, perto do rosto. Depois, no mesmo estúdio porém em uma sala diferente, foram para a tatuagem. O homem que atendeu o rapaz era legal e foi paciente com suas frescuras. Mas a culpa não era sua, aquilo doía pra caralho! O loiro também ajudou lhe distraindo com piadinhas, ainda que no fundo quisesse muito provocá-lo.

Jeon foi embora extremamente feliz com um cachorrinho tatuado próximo ao pulso. Era uma homenagem a Hulk, o cachorro da família, que havia lhe acompanhado desde seu nascimento até o ano passado quando morreu de velhice. Ele era importante, marcou sua vida, então acho justo eternizá-lo.

Park achou fofo e lindo a maneira que a alegria do garoto era refletida em seus olhos. Eles pareciam brilhar como suas preciosas estrelas. Talvez tenha se sentido um tanto bobinho por fazer tal comparação.

Eles acabaram comprando um cachorro quente e indo para as rochas. Jimin ficou ouvindo reclamações do dongsaeng que se sentia todo ardido, ainda que extremamente satisfeito.

Após comerem, ficaram conversando sobre outras coisas mundanas e Jungkook nunca pensou que seu vizinho fosse tão divertido e inteligente, parecia outro Park Jimin ao seu lado. Devia dizer que a conversa fluía bem, igual os flertes, e ter passado o dia com ele completando seus próprios desejos havia sido perfeito.

=🏍=

Dias se passaram, estava tudo bem, apesar de Jungkook não estar frequentando a oficina. Mas era por uma boa causa, havia pegou um pouco das economias e contratado uma fotógrafa para fazer um álbum com sua nova aparência, bem mais confiante vale ressaltar. Pretendia organizar suas redes sociais e ir postando as fotos e alguns vídeos, para se auto divulgar. Imaginava que lhe ajudaria a conseguir algo caso não passasse para a próxima etapa do estágio nos EUA. Que inclusive, teve notícia de atraso. Eles tiveram mais candidatos que o esperado, eram muitas pessoas de vários países, logo teria uma demora maior para selecionar.

Devido a sua ausência na Kim Checkings e por esquecer de responder as mensagens no celular, seus amigos se preocuparam e foram em sua casa checar seu bem estar.

Levaram um susto ao vê-lo atender a porta de cueca, com uma aparência diferente da que estavam acostumados, e ficaram boquiabertos ao se depararem com um certo homem andando nu pela sala. Ainda mais quando os olhos desceram, encontrando o apadravya.

Jeon rapidamente o jogou a cueca que estava no chão. Enquanto isso, os rapazes continuavam lá embasbacados.

- O que fazem aqui? - perguntou o, agora, cerejinha, dando um sorriso forçado por ser pego no flagra.

- Viemos saber o porque não foi a oficina essa semana. Pelo visto, foi por um motivo em tanto. - insinuou Yoongi com um sorriso malicioso, olhando de um ao outro.

- Pensamos que tivesse acontecido alguma coisa já que, bem, você está saindo com alguém que não conhecemos e não fazemos ideia da índole. - Hoseok não se importou de ser direto, até encarou Jimin que tinha se sentado no sofá e estava com uma expressão de tédio.

- Ou estivesse doente, de cama, você fica péssimo quando está resfriado. - seu primo tentou melhorar a fala alheia.

- Estou bem. Depois converso com o Namjoon hyung. Querem sanduíches? - perguntou, pegando a bandeja na mesinha de centro, estava cheia deles em formatos pequenos, cortados em cubinhos. O hyung que tinha inventado de fazer e surpreendentemente ficou bom. Mas, também, era só colocar as coisas dentro do pão.

- Comida é comigo mesmo. - disse o ruivo pegando a bandeja.

- Ei, eu também quero. - Yoongi pegou alguns.

Aproveitando a distração deles, Park se aproximou do mais novo, murmurando que ia para casa para deixá-los à vontade, em seguida pegou sua roupa e saiu.

Jungkook andou com ele até a porta, sentindo os olhares curiosos em suas costas.

- Não precisa ir, são só meus amigos.

- Eu sei, mas já fiquei o dia todo. Agora vou aproveitar pra resolver algumas coisas.

O cerejinha nem perguntou quais coisas seriam, pois imaginava que ele não ia contar.

- Você vem mais tarde? - queria muito continuar passando o tempo com ele, achava que sua companhia era ótima.

- É provável que não.

- Por que? - faz bico. O vizinho pareceu procurar um jeito de responder sem que o fizesse saber, de fato, o que estava planejando para a noite. - Tá bom. Entendi. É assunto seu. Só não vai me encher de galhadas.

Ele deu risada.

- Não esqueci que temos um acordo. E estou levando isso para caso sentir sua falta. Tem seu cheiro. - lhe mostrou outra camiseta que o pertencia.

- Ladrão de camisetas pervertido.

- Eu não cheiro para bater uma e sim para dormir, mas não nego que sou um pervertido por você. - sorriu safado. - Agora que você sabe dessa confissão vergonhosa, eu vou indo.

- Eu gostei dela. Até mais. - afastou, porém Jimin lhe puxou pela cintura e o beijou, no fim dando uma mordidinha no lábio inferior.

- Até mais, baby.

Jeon suspirou. Ah, como estava louco por esse homem!

Quando ele entrou na própria residência, retornou ao interior da sua. Seus amigos lhe encaravam, à espera de uma explicação que não veio.

- O que aconteceu com você? - questionou Hoseok, intrigado, apontando para seu corpo.

- Eu estava a fim de inovar. - sorriu. - Como estou?

- Bem bonito.

- E sexy. - falou o platinado. - Seus pais vão surtar quando ver.

- Eu não ligo. Estou me sentindo muito bem comigo mesmo. - pegou alguns sanduíches, colocando um na boca, indo se sentar no sofá.

- Vocês estavam sem roupa, imagino que rolou. - iniciou o Jung. - Quem comeu quem?

E foi nesse momento que o garoto lembrou da aposta.

- Vocês perderam. - disse tedioso, continuando a comer.

Foi através do seu lado impulsivo e competitivo que se aproximou do vizinho e, nesse ponto, era grato por sua imaturidade, mas agora não fazia questão de receber pela aposta. Não depois das noites juntos serem tão significativas.

- Ui, nada segura o nosso Kookie. Agora é oficial, ele tem um grande espírito de vencedor. - Yoongi brincou, pensando no que fazer porque tinha apostado dar a ele um pc gamer com Hoseok, isso era fácil, mas também jogou a porra de seu carro esportivo ao qual ganhou a poucos meses do pai.

Nem foi preciso achar uma solução já que o dongsaeng foi logo dizendo:

- Não precisam me dar nada, eu não quero.

- Está brincando? - seu primo sorriu, se sentindo meio feliz e meio incrédulo.

- Não, Yoongi hyung.

- Não me diz que se apaixonou pelo Park. - disse o ruivo.

- Estamos ficando e não acho justo colocá-lo em um jogo idiota de quem come quem. - fugiu da resposta.

- Qual é, se ele tivesse a chance faria pior. Ele pode estar com você, mas e os outros que ele também pega? Já pensou nisso? Não tem porque ser cordial com aquele cara.

- Comigo é diferente, Hoseok hyung.

- Diferente como? Ele só sabe foder e abandonar. Park não dá futuro a ninguém. Por que parece tão a fim de se iludir?

Jungkook não estava entendendo o estresse repentino de seu amigo. Nem seu primo que os encarava tentando compreender o que estava se passando.

- Não estou me iludindo. Agora, me diga, por que você está tão irritado?

- Eu não estou irritado. Só não posso acreditar que meu amigo está caído por um canalha de marca maior! Era para ser só um jogo, onde ele perderia e todos nós ficaríamos felizes por ao menos uma vez ver o Park perder aquela pose ridícula que ele tem. Mas eu já devia imaginar. Você demora a sentir mas quando acontece, se apega rápido demais. Não pode ver uma pontinha de intimidade que entrega não só o corpo mas seu coração. - negou, decepcionado.

- Hyung! Por que está jogando isso na minha cara? Que porra é essa? Você estava junto na hora de dar palpite e propor aquela aposta. Você também me jogou para cima dele. O que rolou entre a gente, simplesmente aconteceu. Eu não imaginava que íamos nos dar tão bem e não mando nos meus sentimentos. Então não faz sentido você estar assim. A não ser que goste de um de nós dois.

- O que? Claro que não. Eu só estou tentando te proteger, não quero que se machuque por ele que desde o início deveria estar sendo só um jogo insignificante. Reconsidere. Aceite a aposta. Isso vai mostrar que você não está tão caído assim. Você vai sair por cima nessa história que era o propósito de tudo e foda-se Park Jimin.

- Fizemos uma aposta, eu ganhei, mas não quero mais. Assim como não quero você se intrometendo na minha vida. A partir de agora, não interessa o que eu faço ou deixo de fazer com o Jimin-ssi. E isso serve para você também, Yoongi hyung.

- O que deu em vocês? - perguntou o citado, achando aquela discussão ridícula e desnecessária.

- O que deu nele seria a pergunta.

- Em mim, nada. É tudo culpa daquele filho da puta aproveitador! Não percebe que ele só te quer porque convém? Está te fazendo de brinquedo para quando se cansar, jogar fora. E você não percebe que está sendo manipulado. Ele está te mudando tanto que você nem passa mais tempo com seus amigos, falta de trabalho como nunca fez e agora... Olha só pra você. Esse não é o Jungkook que eu conheço. O maldito está fazendo sua cabeça e você está ceguinho de amor, só pode!

- Para de falar merda. Eu estou passando mais tempo com ele sim e é muito bom. Que tipo de amigo é você que não pode ficar feliz pelo meu relacionamento? E minha mudança física não tem nada haver com ele, a não ser a parte onde vejo nele um incentivo para ser livre. Eu fiz essas pequenas alterações em mim porque sempre desejei me ver dessa forma, só faltava coragem. Por dentro sou o mesmo Jungkook. Para de tomar conclusões precipitadas. Até porque você não conhece o Jimin.

- E você conhece? - perguntou sorrindo irônico.

- O suficiente para saber que ele é muito mais do que você ou qualquer um pensa. Então, por favor, não vem tentar colocá-lo como um vilão na minha vida. Isso aqui não é nenhum relacionamento abusivo. E, se acontecer algo no futuro, eu resolvo com ele.

- Você está hipnotizado ou o que? Era quem mais o odiava e falava o quão desprezível ele era. Agora está aqui o defendendo. É óbvio que ele vai te fazer algo. Ele vai te ferir. Seja sensato e saia por cima enquanto pode!

- Por Deus, que implicancia é essa? Ele te comeu e jogou fora? Ou você está apaixonadinho por mim? - fez suas deduções.

- Eu só estou tentando te alertar, seu mal agradecido!

- Muitíssimo obrigado, mas eu não quero seus alertas. E se for para ficar falando mal do Jimin hyung, para mim é melhor você não conversar mais comigo. - cuspiu as palavras, sem pensar que estava jogando fora uma amizade de anos por um cara que acabou de conhecer.

- Parem com isso! Era só uma brincadeira que deixou de ser. Jungkook apaixonou, o Park está sendo bom para ele e fim. Não precisam brigar! - o platinado interferiu, porém o outro continuou.

- Se você quer ficar defendendo macho que com certeza não sabe de nada sobre ele, se quer continuar se iludindo, ainda mais por idiota, o problema é seu. Todinho seu. - reforçou. - Eu vou embora.

Saiu irritado e frustrado pela situação.

- Fica aí e esfria a cabeça. Vou atrás do outro esquentadinho. - disse Yoongi.

Jungkook bufou. Porra! Que merda foi essa? Hoseok estava a fim de seu vizinho, já foi magoado por ele, estava sendo apenas paranóico ou... Gostava de si? De todo jeito, não fazia sentido ele perder a cabeça assim, era só ser sincero ia entender, não precisava desse drama todo.

Também não era bom em ouvir palpites sobre sua vida, portanto, ao invés de conversar implicou de volta o que contribuiu para a discussão continuar. Mas tudo bem, as coisas iam se resolver. Não era a primeira vez que tinham opiniões opostas e discutiram por conta disso.

Precisava deixar a poeira abaixar, quando estivessem mais dispostos, iam resolver aquele impasse.

=🏍=

No outro dia apareceu na oficina e Namjoon se assustou ao vê-lo diferente do que da última vez. Mas elogiou, afinal, Jungkook estava muito bonito. Ouviu o porque ele havia faltado naqueles dias, disse que perdoaria dessa vez e que era bom vê-lo correndo atrás de seu sonho. Mesmo achando que tinha potencial para mexer com automóveis, podendo continuar o legado da família, entendia e respeitava que seu desejo era outro.

Yoongi não comentou nada sobre o que conversou com Hoseok e este também não o procurou, logo decidiu continuar a esperar o estresse cessar.

Cumpriu com seu dia de trabalho, depois, como de costume, foi direto para casa.

Ficou feliz daquela noite poder ser ao lado do vizinho, regada de filmes de comédia, risadas, cupcakes e beijos.

Eles não foram além, ainda que o envolver de línguas fosse excitante e esquentasse seus corpos.

Quando ficaram trocando selinhos, Jungkook teve tempo para pensar, não deixando de perguntar:

- Você já ficou com o Hoseok hyung?

- Seu amigo ruivo? - ele assentiu. - Por que quer saber?

Essa pergunta o fez imaginar que a resposta era positiva.

- Ele meio que não gosta de nós dois juntos.

- Acho que Hoseok teve uma paixonite boba quando cheguei na cidade. Eu saí com ele, sim. Mas na mesma noite acabei transando com outro e ele ficou decepcionado.

- Agora ele não acredita que você possa ser diferente comigo. Eu entendo, mas gostaria de ter ouvido a verdade da boca dele e não só insinuações. Isso me fez estressar e finalizar a discussão querendo parar de falar com ele. - fez um bico chateado, Jimin mordeu o que lhe causou uma risadinha.

- Ele só está preocupado, bebê. E não pode ser assim, tem que ter paciência e analisar os dois lados. Ligue para o Hoseok. Não quero que fiquem brigados por minha causa.

- Sim, eu vou fazer isso. Mas, me diz, você tem essas intenções? - ergueu a sobrancelha. - Ele está certo em prever que você irá me machucar? - mordeu o lábio, se sentindo nervoso.

- Você sabe que não funciona assim, não podemos ter nenhuma noção do futuro. Mas você não é nenhum caso de uma noite só que acontece e tchau ou nem chega a acontecer. É importante pra mim. Você me encanta. Se não fosse assim, eu não teria me entregado para você. Eu, definitivamente, não faço isso com qualquer um.

- Entendi. Eu sou diferente. Não, é?

- Sim. Você é totalmente diferente. - colou suas testas, fechando os olhos. - Acho que sou capaz de abrir uma exceção em tudo só pra você.

- Sobre tudo, tudo? - ficou esperançoso em poder descobrir mais dos segredos dele.

- Menos meu passado. E sobre o que faço no presente. É, talvez não muita exceção. - riu.

- Mas um dia vou descobrir. - prometeu, confiante.

- Talvez um dia. Agora vamos dormir, sim?

- Você vai mesmo dormir agora?

- Estou contando com isso. Só você consegue me relaxar, principalmente quando canta. - se aconchegou no sofá reclinável, abraçando o jovem.

- De tanto que dormimos aqui parece que adotamos o sofá como cama.

- Ele é confortável como uma e dá precisa de levar e ir para o quarto. - lhe deu um beijinho na bochecha. - Boa noite, baby.

- Claro que é confortável, custou um rim. - riu. - Boa noite. Vou cantar para você e espero que sonhe com os anjinhos.

- Sonhe comigo. - sorriu daquele jeito adorável que até fechava os olhos, o selando.

E, a fim de ajudá-lo a esquecer dos fantasmas que lhe tiravam o sono, Jungkook cantou Hey Jude outra vez. Assim, Jimin pôde ter mais uma noite tranquila.

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