05. Clube noturno
Capítulo 5 - Clube noturno
Do me, do me, do me like that
(Faça, faça, faça assim)
O celular começou a tocar alto.
Hurt me so good, make me wanna be bad
(Me machuque gostoso, me faça querer ser mau)
Jungkook apertou os olhos pelo barulho, se sentindo irritado pela interrupção de seu sono. Colocou o travesseiro em cima da cabeça, mas o som de Do Me de Kim Petras continuou.
Give it to me, to me like that
(Dê para mim, para mim assim)
Feels so good, got me coming right back
(É tão bom, me faz voltar imediatamente)
Bufou, jogando o travesseiro para o lado e se sentando na cama, notando que estava sozinho em seu quarto. Pelo o que lembrava, ninou o vizinho na noite passada e dormiram juntos, onde ele estava?
Não importava, precisava atender a chamada insistente.
— Alô? — murmurou, um tantinho irritado.
— Hey, bebê. — a voz soou sexy do outro lado da linha. — Bom dia. Está na hora de acordar não acha? Levanta daí e vai arrumar antes que se atrase. — demorou alguns segundos para absorver quem era
— Jimin-ssi? É você? — exclamou, surpreso.
— Existe outro Jimin na sua vida? Porque, olha, eu vou ficar chateado. — debochou, na sua mente veio a imagem perfeita dele fazendo um bico dramático com aqueles lindos lábios.
Decidiu mudar o foco do assunto.
— Que surpresa você me ligar e ainda se importando com meu trabalho. Aliás, como sabe meu número?
— Tenho meus contatos. E você se importou comigo primeiro, estou apenas retribuindo o favor. — disse como se não fosse nada demais.
— Ah... — sua memória voltou para o quanto ele estava abalado depois do pesadelo que tivera. — Você... Quer conversar sobre ontem? — ditou um tanto receoso, mesmo que estivesse curioso para saber o que exatamente aconteceu, afinal, o vizinho parecia tão confiante, do tipo que não se abala por nada. O que tirava sua paz e o fazia parecer uma criança assustada?
— É coisa minha. Prefiro deixar quieto. — falou sem emoção na voz.
— Ah, certo… E… — pensou em perguntar o motivo dele ter ido embora, no entanto, não queria demonstrar algum tipo de cobrança ou apego. Jimin lhe acharia doido de demonstrar algo assim em praticamente dois dias de proximidade. Fora que no fundo sabia ser raro ele dormir com alguém, esperar que acordasse ao seu lado era exigir demais. — Você está bem?
— Sim. Obrigado. Não sei o que diabos você fez, mas serviu pra me acalmar.
Na verdade, sabia bem: ele cantou a música preferida de sua mãe. Isso lhe encheu de nostalgia, a letra fez a negatividade ir embora e aquela voz doce e melodiosa conseguiu deixá-lo tão calmo que dormiu bem como a muito tempo não acontecia. Até acordou mais disposto, feliz. Pela primeira vez se sentia bem depois de uma noite de pesadelo. E era graças ao seu vizinho mimadinho.
— Simples, você se apaixonou pela minha voz cantando suavemente no seu ouvido. — provocou.
— Você é engraçado. — riu irônico. — Mas, e aí? Já levantou?
— Estou com preguiça... — murmurou dengoso ao pensar em ter que sair de sua queen size espaçosa e confortável.
— Para com isso. Levanta e vai comer aquela sua mistura. Vamos começar o dia!
— Virou meu pai agora?
— Você pode me chamar de daddy. — murmurou meio sensual, meio brincalhão e o rapaz riu sarcástico.
— Tenho certeza que sim. Vou lá então. Nós falamos mais tarde... Daddy. — disse com ironia, desligando.
Após fazer suas higienes e se trocar, colocando o macacão azul e tênis costumeiros, andou até a cozinha notando uma tigela na bancada e embaixo dela um papel escrito com uma letra bonita.
Se alimente. Você precisa de energia para vencer o dia e aproveitar a noite, bebê.
Assinado: o bad boy de sua vida ;)
Riu, pensando o quanto Jimin era idiota e ficou sério ao notar que, em sua visão, se preocupar com alguém se alimentar é uma demonstração de cuidado e afeto. Achava estranho encaixar isso no vizinho cretino que não ligava para nada que fosse seu próprio prazer. Além do mais, como assim, aproveitar a noite? Ele tinha planos? Iam se ver mais tarde? Realmente tinham um lance agora? O que Jungkook devia esperar de tanta atenção vindo daquele atraente desconhecido?
— É melhor nem pensar muito. — concluiu sozinho, optando por deixar as coisas continuarem andando sem maiores estresses. — E você nem pense em sair dos eixos. — cutucou o próprio peito.
Não podia se deixar levar, gostar tanto do que ele demonstrou conseguir lhe proporcionar, e repetir a mesma história que teve com Gina: cair de amores.
Sim, porque Jungkook tem o detalhe delicado sobre se envolver fisicamente mas é um rapaz sensível que possui um emocional fácil de ser conquistado por quem consegue lhe despertar sensações.
Na época, teve sorte que a moça retribuiu, mas não podia contar com a mesma sorte a respeito de Jimin. Ele é do tipo que atrai todos justamente porque é impossível de ter ao lado.
Não podia se iludir porque ele despertou em si toda curiosidade e excitação que outras pessoas não chegavam nem perto. Não podia se iludir pensando que, pelo azulzinho estar agindo diferente do seu comum lhe dando mais atenção que qualquer outro que passou em seu pau de ouro, significava alguma coisa.
Se recusava a sentir algo emocional pelo cara que tanto julgou, mal conhecia, sabia lá as intenções e ainda se aproximou por uma aposta. É isso. Tinha que focar que tudo não passava de um jogo de conquista onde ia obter o que queria, Park teria o prazer que tanto gosta, depois cada um ia para seu canto.
— Não é tão difícil assim. — disse conversando com os sucrilhos com iogurte preparado pelo vizinho. — Até porque eu nunca me apaixonaria por um cara desses.
=🏍=
O dia passou tranquilo na oficina, tirando o fato de Yoongi ficar lhe enchendo de perguntas sobre Jimin, as quais não queria responder pois, não sabia explicar, mas sentia que os momentos que tiveram pertenciam somente a eles.
Talvez fosse pelo fato de que, escondendo o que aconteceu até então, não veria a surpresa e ouviria que estava recebendo um tratamento diferenciado, logo precisava suspeitar. Talvez porque não queria escutar sobre estar tendo algo especial e aceitar, vindo a se iludir. Ou talvez já estivesse iludido e se enganando mais ao buscar preservar o laço único que parecia estar crescendo entre ele e Park Jimin.
Na saída da Kim Checkings se surpreendeu ao esbarrar em Jung Yugyeom, um rapaz que havia sido seu colega no ensino médio e feito parte do seu grupinho por ser primo de Hoseok.
— Quanto tempo, Jungkook. Como vai? — perguntou simpático.
— Estou bem, e você?
— Bem também. Ainda ajudando seu tio?
— Sim. Estou surpreso em te ver por aqui, fiquei sabendo que foi para o Japão depois da formatura.
— Eu fui, mas não para morar. Já estou de volta e-
Do me, do me, do me like that
(Faça, faça, faça assim)
O toque do celular interrompeu.
— Desculpe. — disse, o pegando a fim de desligar, expressando surpresa ao ver que era Park ligando pela segunda vez no mesmo dia. Olhou para o rapaz sem saber se cometia a deselegância de atender e deixá-lo plantado ouvindo tudo.
— Pode atender. Eu vou indo. Depois te mando uma mensagem pra gente marcar algo como nos velhos tempos.
— Certo. Até mais! — sorriu, dando um tchauzinho com a mão, logo atendendo na chamada e se pondo a andar.
— Já saiu do trabalho? — foi logo perguntando.
— Boa tarde, Jiminnie. Sim, eu acabei de sair, jagiya*. Por que? Está com saudades? — provocou.
— Olha, moleque, eu sou seu hyung, você me respeite. Ia te chamar pra ir em um racha comigo a noite mas por causa dessa sua gracinha, não vou mais.
— Eu nem queria ir mesmo. — o ouviu bufar. — Calma, estou brincando. O que é isso? Você por acaso segue o ditado "posso provocar, mas você não"? Ou está descontando alguma frustração do seu dia em mim? Depois eu que sou o moleque, uhm?
— Cala a boca, Jeon. Te vejo às dez. Esteja pronto. — desligou.
Algo dizia que ele estava estressado com alguma coisa, mas Jungkook não ia preocupar. A única coisa que precisava fazer era se empenhar na aposta e ganhá-la sem permitir que a proximidade e intimidade que estavam adquirindo fosse para outro rumo além de uma básica amizade.
=🏍=
Jeon Jungkook trajava uma blusa cinza simples de mangas compridas, uma calça preta justa e coturnos da mesma cor. Usava um colar de prata, um perfume gostoso, e pensou se valia a pena ou não se dar o trabalho de se maquiar para sair com o vizinho. Gostava de usá-la pois sentia que realçava sua beleza, aprendeu várias técnicas na época de escola quando modelou e ganhou como mister. No entanto, não parecia interessante receber a provocação que estava a usando para ir a um racha. Logo, optou por apenas hidratar os lábios.
Assim que terminou, a campainha soou. Colocou o celular no bolso e rumou até a porta, crente de que era Jimin. Se surpreendendo ao ver que não.
— Vocês? — estava surpreso com aquela visita, ainda mais às dez horas da noite. O que seu tio e sua irmã faziam ali?
— Isso é jeito de me receber? — perguntou Megan.
— Foi mal, baixinha. Só fiquei surpreso. — abriu os braços, ela pulou em si. — Como vai?
— Estava com saudades. — logo se afastou, o observando. — Está todo gatão, vai sair?
— Sim. Quer dizer, não sei. — encarou Seokjin, esperando alguma exigência.
— Se for por nossa causa, não precisa esquentar a cabeça. Viemos dar um "oi" porque estávamos no parque de diversões aqui perto.
— Entendi. Entrem. Querem beber alguma coisa? — ambos agradeceram mas não quiseram.
— Você já terminou de se arrumar? — perguntou a irmã.
— Sim.
— Ah, que pena. Seria legal te ajudar.
— Eu não me maquiei.
— Então eu vou te maquiar! — entrelaçou seus dedos. — Você vem, tio?
— Oh, não. Podem subir. Vou aproveitar dessa belíssima televisão. — piscou.
— Todo mundo ama nossa TV. — ela riu, arrastando Jungkook para o quarto dele.
— Não vou tirar fotos conceituais, nada de exagero como você gosta.
— Prometo fazer uma make basiquinha. Você nem vai parecer estar usando algo.
— Ótimo.
— Onde estão seus produtos?
— No banheiro.
Eles foram para o cômodo acoplado à suíte, o rapaz abriu a primeira gaveta do armário e se sentou no sobre o tampo do vaso para sua irmã alcançá-lo.
— Não esqueça de pegar leve, hein?
— Confie em mim. — piscou, pegando o que queria para começar a espalhar pelo rosto dele. — Vai sair com o Yoon e com o Hobi oppa?
— Dessa vez não é nenhum dos dois.
— Uhmmm, é alguma garota? Não diz que é a chata da Hyuna.
— Eu não estou com ela mais.
— Isso é bom. Até porque quem parecia mais namorar ela eram nossos pais. — riu.
— Sabe… — pensou se contava ou não que ia sair com um homem, com certo interesse nele. Sua irmã é muito mais tranquila e compreendida que seus pais, fora que a geração dela não parecia querer limitar ninguém.
— Não comece a frase e pare no meio. — reclamou, pegando a base.
Decidiu falar de uma vez.
— Eu não gosto só de garotas. Vou sair com um cara.
Virou o rosto para o lado a fim de evitar contato visual, mas Megan o puxou, afinal, não terminou o trabalho.
— Vai dizer só isso?
— Como assim?
— Sonso. — o deu um tapa na testa, recebendo uma reclamação. — Quem é o garoto?
— Promete não contar para nossos pais? Nem pode dizer sobre a minha bissexualidade. Não estou pronto para ouvir os argumentos deles.
— Me dói estar vendo que você não confia em mim. — limpou falsas lágrimas. — Sabe que sou boa em guardar segredos.
— Park Jimin. — ela parou o que fazia, ficando boquiaberta.
— Não!
— Sim!
— Vocês estão saindo?
— Vamos sair pela primeira vez.
— Uau! Vocês não têm nada haver um com o outro. Eu não sabia que eram tão próximos. Ouvi dizer que ele não saí com ninguém que seja amigo dele. — voltou a maquiá-lo.
— Eu sei, mas se ele está dando uma chance vou aproveitar. — omitiu sobre a aposta pois sabia que ela brigaria consigo. Megan não era a favor de nenhuma. — Jimin não é ruim como mamãe e papai fizeram parecer. Até que ele é legal. E beija bem.
— Já está apaixonadinho? — insinuou.
— Não estou.
— Fala a verdade.
— Eu não estou apaixonado. Mas me sinto estranho quando estamos juntos porque eu tenho uma imagem muito negativa dele na minha cabeça e ele consegue passar por cima disso e me deixar cada vez mais surpreso. O fato de ser um homem atrai minha curiosidade, desperta meu interesse. Ele tem um senso forte de liberdade, sempre faz o que quer independentemente de comentários exteriores, o que me deixa… Admirado? Encantado? Não sei ao certo. Mas é como se ele fosse tudo o que no fundo eu queria ser. Também me sinto desafiado por saber que ele é inalcançável, lá no fundo eu queria ser a prova de que não. Acho que por isso ando pensando muito nele. É estranho eu ter me simpatizado com ele, mesmo sendo tão diferente de mim e sentir uma conexão tão rápido. Será que é estou enxergando as coisas como realmente são?
— É só mais um exemplo de ser humano desejando o que não pode ter, por isso se atrai tanto. Mas também penso que é fácil cair por alguém quando suas energias estão se atraindo. E todo yin precisa de seu yang para ter equilíbrio. É como o sol e a lua. Os opostos se complementam. Mas dependendo do nível de diferença, se destroem, então tome cuidado, sim?
— Caralho, Meg. Conselho muito avançado para uma pirralha de catorze anos como você.
Ela lhe deu outro tapa na testa.
— Aí!
— Toma cuidado com suas próximas palavras porque agora vou fazer seus olhos.
— Eu gostaria que as coisas fossem simples.
— Elas são, as pessoas que gostam de complicar. Por exemplo, eu não complico nada. Me apaixonei pelo meu novo colega assim que o vi, é muito louco isso do universo querer duas pessoas juntas, basta um olhar e já era, maninho. Então, ao invés de ficar pensando e sofrendo, eu pedi ele em namoro no dia seguinte. Agora estamos namorando escondido. — disse, concentrada em fazer os olhos dele.
— Menina?
— Não me julgue. Namoro é pra saber se é verdade ou um equívoco. Eu preciso da resposta. Estamos nos conhecendo, até o momento ele não me decepcionou. É muito legal e me dá chocolate todo dia.
— Mas nada de deixar ele ultrapassar os limites, hein? Também não deixe nossos pais descobrirem.
— Eu não sou boba. E é mais fácil você deixar eles descobrirem.
Megan mal terminou e a campainha tocou. Jungkook desceu às pressas com a garota atrás de si e abriu a porta. Dessa vez era mesmo Jimin.
Quando ele adentrou a casa, Jin tirou o foco da série que via na enorme TV, parecendo se assustar e vice-versa. Eles ficam se encarando, o rapaz pensou ser pelo fato de não se conhecerem. Quer dizer, seu tio o conhecia de vista, acontece que julgava mal como qualquer um que não era fã do azulzinho.
— Tio Seokjin, esse é meu vizinho, Park Jimin. — apresentou.
— Eu sei, nós já nos conhecemos. — o jovem não esperava ouvir tal coisa. — Tudo bem, Park? — perguntou educadamente, no entanto, sem sua simpatia costumeira, sua voz não tinha emoção.
— Melhor impossível, e você? — respondeu no mesmo tom.
— Perfeito.
Jungkook sentiu um ar estranho pairando ali. Mas se distraiu com Megan analisando o homem de cabelo azul com curiosidade provavelmente pelo estilo e beleza dele, que sentiu o encarar e olhou para a menina. Resolveu apresentá-los também.
— Jimin-ssi essa é a Megan, minha irmã.
— Oi, gatinha. — dessa vez ele não usou um tom maldoso, apenas foi simpático a fazendo sorrir largamente por amar gatos e ser comparada a uma e dar um joinha para Jungkook mostrando que ele estava aprovado.
Riu, era muito fácil conquistá-la. Não que consigo fosse diferente.
Seu olhar vagou pelo hyung percebendo que estava maravilhoso com uma roupa semelhante a sua, porém toda preta. Pareciam um casal. Mas eles nunca poderiam ser um casal. Jeon mal o conhecia e, pelo pouco que sabia, os dois eram diferentes demais. Não daria certo. Como Megan disse, há opostos que se destroem. E não se encontra a fim de ter o coração quebrado.
— Espero que não se importem de eu sair. Vocês têm a chave, podem ficar mais se quiserem. — disse para as visitas.
— Tudo bem. Você está precisando de um pouco de agitação na vida. Só tome cuidado, Kookie. — Jin lhe deu um beijo na bochecha, fitando o outro com seriedade.
— Por favor, não comente com meus pais se não…
— Eu não irei dizer.
— Tchau, maninho. Depois me conta o quanto fez sucesso com as gatas ou... Gatos. — disse Megan, piscando para Jimin que sorriu ladino.
Jungkook negou, rindo, logo acompanhando o vizinho até a Harley, este lhe colocou o capacete como da outra vez e não demorou a colocar em si mesmo, dando partida. O dongsaeng não admitiria mas seu coração acelerou ao que, abraçado ao tronco e apertando Jimin com as coxas, eles voaram pela cidade bem iluminada.
Dali alguns minutos o azulzinho estacionou em frente a um clube noturno.
— Não íamos em um racha?
— Não deu certo, alguém fez denúncia e tem polícia por perto. Meus amigos optaram por vir aqui. — deu de ombros. — Vamos ver se você sobrevive a hoje curtindo do meu jeito, bebê.
— Eu posso te surpreender, bad boy. — provocou, o fazendo rir.
Park segurou a mão de Jeon após ver que o local estava lotado. A fila para entrar era imensa, mas simplesmente ignorou e foi direto para a portaria, mostrou algo ao segurança e em seguida puxou o outro para dentro.
O rapaz se espantou. Já tinha ido em algumas baladas, porém, desse jeito nunca. Ali era enorme, extravagante, cheio, além de ter coisas diferentes do comum. Por exemplo: homens e mulheres em palcos, dançando em pole dances, enquanto muitos jogam dinheiro para eles. Também sexo explícito para quem quisesse ver, drogas rolando soltas - por isso muita gente estava fora de si, sem importar com nada - e mesas de jogos com apostas.
E, só fazendo uma observação, mesmo contendo essas coisas, o local era bem luxuoso. Caro. Park tinha tanto dinheiro assim para esbanjar? Ou isso, ou dependia de alguém porque foram direto para à área vip.
Seguiram para o bar que continha uma prateleira com infinitas garrafas, de todos os jeitos imagináveis, em sua maioria coloridas.
— O que vai querer? — perguntou no ouvido dele para que pudesse escutar através da música extremamente alta.
— Não sou de beber. — ele conversou com o barman e, em seguida, o entregou um copo.
— Margarita. Acho que você vai gostar. — disse sorridente.
— Já ouvi falar. É com tequila, não é? — ele assentiu. — E você? O que é isso?
— Sazerac.
— Nunca ouvi falar...
— Não é um drink popular por ser forte. Muitas pessoas não gostam, mas se você provar e gostar ele vira seu preferido. Tem bastante bourbon, uísque e absinto. — o moreno pegou seu copo e bebeu um gole, provando daquilo.
— Tem razão. — falou no meio de uma careta. — É muito forte. Vou ficar com a minha margaritinha mesmo. — não curtia beber muito porque costumava passar mal, só que ia abrir uma exceção. Queria aproveitar, fora mostrar a Jimin o quanto sabia se divertir mesmo num ambiente desses que não condiz consigo.
— Meus amigos estão ali, quer conhecê-los? — o maior olhou ao redor, tinham várias mesas cheias, não sabia ao certo quem ele estava lhe mostrando.
— Pode ser. — deu de ombros, pensando se era tão importante ao ponto dele apresentá-lo para os amigos. Talvez fosse. Talvez não. Nunca poderia saber.
Jimin saiu o puxando novamente, estava com medo dele se perder e não confiava em ninguém que frequentava o clube.
Pararam em frente a uma turma de quatro homens e três mulheres e a de cabelo loiro fez questão de encará-lo de cima a baixo. Não demorou a reconhecê-la, era a amiga dele, inclusive estava do lado do amigo, os metidos a gângsters que iam sempre na casa do vizinho.
Falando nele, o mesmo saiu cumprimentando todo mundo. Fez o mesmo por educação, travando ao ver o quanto eles esbanjavam intimidação. Park conversou com eles por alguns minutos mas o jovem se sentia desconfortável diante dos olhares, não se encaixava com aquelas pessoas, então o chamou para dançar.
— De onde são seus amigos? — perguntou curioso.
— Uns colegas de trabalho. — deu de ombros.
— E aquela loira? — ele riu, pegando o copo alheio e deixando abandonado num balcão junto ao seu, ambos vazios.
— Ciúmes?
"Ele tem mania de perguntar sobre ciúmes. Não fazia sentido algum sentir isso", pensou.
— Ela pareceu não ir com a minha cara. Sei lá. — disse, dando de ombros.
— Não liga pra ela, Jihee apenas não te conhece e tem a terrível mania de julgar pelo olhar. Depois ela se torna um amorzinho. Vamos! — exclamou, o levando para pista e se entregando ao ritmo da música.
Jungkook podia dizer que ele dançava muito bem e nos próximos minutos fez de tudo para acompanhá-lo.
=🏍=
Eles dançaram, riram dos passos engraçados que inventaram fazer, beberam muito e por conta do último fato tiveram que ir ao banheiro mijar várias vezes. E, porra, toda vez que Jungkook ia lá estava mais sujo, mas era de se esperar. Assim como era de se esperar que a cada vez que voltava para perto do vizinho, encontrava alguém dando em cima dele.
Falando nisso, estava ficando nervoso com essa merda. Para falar a verdade, nem precisava sair de perto para notar as pessoas ansiando flertar com ele. Quando saía, elas caiam matando. Isso era ridículo.
Jeon tentou se controlar a todo instante, tentou fingir que não estava incomodado, no entanto, com o tanto de álcool em suas veias, lhe tirando os sentidos, não dava. Tinha que admitir: sentia ciúmes, sim. Ainda que não gostasse desse sentimento. Ainda que eles não tivessem nada.
Imagina se namorasse o azulzinho? Essa porra seria um inferno total. Não. Não devia imaginar isso. O que eles tinham era no máximo um caso onde, de sua parte, era somente uma aposta. Megan estava errada. Não existe isso de apaixonar com um olhar e opostos se atraírem. Jungkook é um romântico sonhador nato, mas não para tanto.
Tinha certeza que o ciúmes era porque veio para se divertir e ter ainda mais atenção do vizinho, porém que estavam insistindo em tirá-la. Era só isso e provavelmente inveja por aparentemente ninguém estar interessado em si. Mal tinha ideia que muitos chegavam em Park querendo saber de si mas ele dava um jeito de despachar todos e todas.
Dessa vez, ao retornar do banheiro, não ficou quieto.
— Voltei, baby. — disse, o abraçando por trás com possessão e fixando seu olhar desgostoso no homem a frente que ergueu a sobrancelha mostrando estranhamento.
— Jungkook! — exclamou, virando, sorrindo largo ao ver a expressão dele, pois adorava provocar e ver a pessoa afetada.
Maldito cretino. E Jeon não queria acreditar que ele mexia tanto assim com seu autocontrole, com seus sentimentos, ao ponto de lhe fazer sentir algo que odiava.
— Sabe que o bebê aqui é você, né? Ainda mais com essa carinha. — apertou o rosto dele com uma das mãos o obrigando a fazer um biquinho.
— Como eu ia dizendo, eu gosto muito de dançar. — disse o cara.
"Foda-se. Quem se importa?", pensou Jungkook.
— Eu também gosto. — falou Jimin.
— Vamos pra pista então. Eu faço questão de te ensinar alguns passos mais experientes. — sorriu com ironia para o moreno.
Jeon achou um absurdo o afronte. E, já que não conseguiu cortar o papo, ia apelar para uma tática que imaginava ser infalível. Ao menos era com Gina.
— Fica aqui comigo, hyung. — enlaçou seu pescoço. — Eu quero muitos beijinhos seus. — olhou no fundo dos seus olhos, pedindo da forma mais manhosa possível.
Ele lambeu os lábios, encarou os mirantes que estavam observando sua boca, deixou o olhar cair na dele também. Jungkook aproximou, segurou firme a cintura fina, o beijando envolvente e logo colocando a língua furada para tocar a outra com propriedade.
O garoto comemorou internamente por ter conseguido sua atenção de volta. Era exatamente isto que queria. A atenção de Park Jimin. De brinde ainda conseguiu um beijo delicioso que tirou o fôlego até do homem que ainda estava ali.
— Tem espaço para mais um?
O azulzinho que antes estava receptivo fechou a expressão e lhe mandou um olhar frio, cortante.
— Cai fora.
Ele recuou de imediato.
Sabia que o homem estava a fim de muito além dos beijos que Jungkook conseguia dar. Não ia deixá-lo assustar o garoto que não se sentia confortável com desconhecidos.
Se surpreendeu ao tê-lo puxando seu rosto, atacando seus lábios. Riu em meio ao beijo, levando uma mão para entre os fios pretos, firmando ali, ao que devorava a boquinha gostosa.
Por um momento, tão focado nas sensações de prazer e quentura que aquele beijo proporcionava assim como as mãos que começaram a explorar seu corpo, Jeon se esqueceu onde estava.
Se estivesse sóbrio nunca teria demonstrado ciúmes e enlouqueceria de estar sendo beijado de tal forma em público. Porém, se encontrava soltinho, fora de si, sem nenhum pingo de vergonha, nada importava.
Caso o menor quisesse, transaria bem ali, no meio daquelas pessoas, principalmente em frente ao otário que queria tirar a atenção que era sua. Do Jimin que era seu.
Porra de pensamento possessivo. Se estivesse sóbrio iria rever muito esse conceito. Mas a questão é que não estava, só estava seguindo seus instintos e eles comemoravam por tê-lo unicamente para si.
— Jiminnie... — gemeu ao sentir um baque em suas costas.
Ele havia os empurrado para um local mais escuro e prensando seu corpo na parede.
Não ligou para a reclamação, seus lábios voltaram a devorar os do rapaz de maneira eufórica e do jeito que o tocava fazia o corpo de Jeon ficar todo eriçado. Ele estava excitado. Agora ainda mais com o pensamento de risco de qualquer um passar por ali perto e os ver.
De repente, o vizinho lhe virou, o deixando de cara para a parede.
— O que vai fazer? — perguntou curioso diante dele estar desabotoando e descendo suas partes de baixo.
— Shh... — pediu silêncio.
Então Jungkook sentiu um aperto firme em suas bandas que logo foram separadas e uma língua passou sobre a entrada. Um gemido escapou dos seus lábios e um arrepio tomou conta de si, assim como sensações diferentes que foram lhe invadindo a cada passo que o homem forçava o músculo quente e molhadinho em seu interior até conseguir passar.
Como era estranho… E incrivelmente gostoso... O fato de Park saber bem o que fazer com aquela maldita língua lhe enlouquecia, assim como aquele piercing estúpido e, também, a adrenalina de correrem riscos. Esta a qual deixava seu coração a mil.
Seu corpo estava fervendo e não era de vergonha. Estava bêbado então não se martilharizava por estar tendo o cu chupado em meio a um clube aparentemente ilegal.
— Ah, caralho!
Se sentia cada vez mais louco de tesão por conta dos movimentos e sucções. Tanto que com uma das mãos segurou os fios azuis, puxando, trazendo a cabeça para mais perto, incentivando o homem a continuar com os movimentos enquanto tentava segurar a parede com a outra e se manter firme diante das pernas bambas.
Jimin passou a brincar com o dedo ali, depois a forçá-lo. Jungkook empinou mais, deixando o acesso livre. Estava molhado e relaxado mas ainda sim aquilo incomodou ao entrar, porém não se importou pois estava sentindo muito prazer.
Naquele instante, embriagado, cheio de adrenalina e excitação, tudo parecia mais acelerado e ele não conseguia raciocinar direito, só sabia que seu vizinho estava lhe fodendo com os dedos e, nossa,era muito bom!
O sentiu ficar de pé atrás de si, com a voz deliciosamente rouca ele murmurou em seu ouvido:
— Gosta disso, baby? — usou o que o rapaz disse anteriormente. — De ter a minha atenção? De ficar à minha mercê?
— Ahn… — gemeu, surpreendentemente gostando daquele tipo de provocação, em seguida mordendo o lábio inferior para evitar mais sons.
— Foi bom ter a minha língua dentro de você? Tocando suas preguinhas?
A menção o fez imaginar tudo de novo e reviver as sensações deliciosas misturadas às que sentia no momento. Franziu o cenho, mordendo a boca com mais força e ondulando o quadril para trás, a fim de sentir mais dos dígitos.
Como ele não respondeu, Jimin dobrou, tocando a próstata nunca explorada antes.
— Porra! — exclamou, socando a parede, sentindo a cabeça girar e o prazer vindo multiplicado a mil, tanto é que seus olhos rolam de puro deleite.
O azulzinho riu malicioso, se divertindo com a reação dele.
— Eu sou o primeiro homem que te toca assim, não é? Eu vou viciar nisso. Até você me implorar para te comer.
Jungkook rolou os olhos novamente, gemendo alto por aquela fala e por ter aquele local específico ser acariciado. Estava com o rosto apoiado na parede e suas mãos também tentavam se firmar já que não confiava em suas pernas bambas, seu corpo tremia a cada investida, seu pau pulsava tanto, estava doendo e pingando. Não sabia dizer que merda aquele filho da puta estava fazendo consigo para deixá-lo nesse estado tão deplorável mas era uma tortura incrível. Tanto que se negava a encostar na ereção e gozar rápido. Queria mais daquele prazer.
Pelo jeito o plano de não ser o passivo estava indo cada vez mais por água abaixo. E o pior, ou melhor, é que Jeon estava cada vez mais foda-se pra isso porque o tesão e prazer que aquele homem estava lhe proporcionando era maior que qualquer coisa.
— É gostoso sentir meus dedos aqui? Uhm?
— S-sim. — sua voz saiu soprada.
— E se eu fizer assim? — acelerou o ritmo.
— Ah!
Por mais que quisesse prolongar as ondas de prazer, sentia sua barriga contrair e o pau pulsar cada vez mais diante das investidas, demonstrando que estava próximo ao limite.
Estava tão perto... Só conseguia arquear as costas, fazer caretas e gemer desesperado, não ligando com nada ao redor apenas para as sensações intensas, embriagantes e indescritíveis que tomavam conta de seu corpo... Não demorou a atingir um orgasmo anal, apertando os olhos com força, exclamando alto ao sentir por segundinhos a melhor e mais prazerosa sensação do mundo.
— Jimin! — grunhiu ao que ele segurou seu falo, bombeando rápido.
Como continuou a ser estimulado, sentiu o corpo estremecer, vibrando mais um pouco, lhe fazendo continuar a onda de êxtase ao ejacular com abundância, sentindo o corpo inteiro formigar e as pernas cederem. Só não caiu de joelhos no chão porque o hyung lhe segurou.
Ele o manteve até dar uma recuperada sem dificuldades, o que mostrava que seus músculos não eram apenas enfeites.
Jeon que havia ido ao paraíso e voltado, não fazia ideia que orgasmo e ejaculação são coisas que poderiam acontecer juntas ou, como dessa vez, separadas. Na sua visão, Park Jimin o fez gozar duas vezes praticamente ao mesmo tempo, o que era surreal. Ele tinha poderes ou algo do tipo? Porque depois de vir uma vez, precisava de uns bons minutos para acontecer de novo.
— Você está bem? — perguntou, o virando de frente para si, vendo o quão lindamente destruído ele estava.
Seus cabelos estavam molhados e grudados na testa, piscava lento, tendo lágrimas acumuladas nos cantos dos olhos aos quais estava com dificuldade de manter abertos, as bochechas estavam coradas e a boquinha de boneca vermelha e um tanto inchada pelas mordidas. Fora a blusa molhada e colada no peitoral devido ao suor por ter dançado muito e tido um momento quente.
Jimin sorriu com os olhos se tornando riscos, se sentindo foda por fazer um "hétero" demissexual sentir tanto, em pouco tempo, ao ponto de ficar daquele jeito. Era uma realização para ele e para Jungkook que sentia que era difícil lhe agradarem. Este que estava com o raciocínio lento pelo excesso de álcool que bateu ao ficar quietinho se recuperando das fortes sensações experimentadas.
Por isso, nem se deu conta do largo sorriso do vizinho, mal lembrava dele lhe vestir, de saírem do clube, de como chegaram ou de como ele cuidou de si.
Quando despertou, ainda que estivesse relaxado, sua cabeça doía, a boca estava seca, seu corpo mole, o estômago revirava e nem conseguia abrir os olhos direito.
Se sentou na cama devagar para não ficar tonto, mas não adiantou muito. Com o fio de força de vontade piscou várias vezes até conseguir abrir. Bagunçou o cabelo, olhando ao redor… O quarto não era seu.
É simples com preto misturado a cinza escuro, claro e branco, poucos móveis. É o quarto de Jimin.
Por que estava no quarto do vizinho?
Buscou na memória, cabeça doeu, pôs a mão na testa, apertando onde latejava. Algumas imagens passam pela sua mente. Clube noturno. Amigos que não gostou da vibe e, provavelmente, nem eles da sua. Bebida. Pista de dança. Banheiro cada vez mais sujo. Mais bebidas. Muita dança e risadas. Sentimento ruim de ciúmes. Beijos. Chupadas. Dedadas. Foi corando a cada tópico lembrado, a cada sensação revivida brevemente. De repente, branco. Não conseguia lembrar de mais nada, a não ser o tremendo prazer que sentiu.
Seu estômago revirou. Porra! Que ressaca do caralho. Evitava beber porque costumava passar mal à noite ou ao acordar. Toda vez se arrependia e prometia nunca mais tomar bebidas alcoólicas.
— Com fome? — Park apareceu na porta, vestindo apenas uma cueca tão azul royal quanto seu cabelo bagunçado, e com uma bandeja cheia em mãos, o que faz o estômago do jovem revirar mais uma vez mas ao mesmo tempo reclamar fome.
— O que… O que aconteceu ontem?
— Eu te fiz ter as melhores sensações existentes e você ficou todo bobinho depois.
Jungkook sentiu o rosto queimar e o coração acelerar ao ter em mente, outra vez, vislumbres do quanto foi gostoso.
— Não isso! Como chegamos?
— Voltamos da mesma forma que fomos.
— Você dirigiu bêbado? — ele sorriu cínico. É claro que sim. — O que aconteceu depois que chegamos?
— Eu te levei para sua casa, você não quis ficar então viemos para cá e dormimos juntos.
— Nós… — começou, temeroso.
— Não. — o cortou de imediato.
— Eu estou me sentindo pes...
Antes de terminar, saiu correndo para o banheiro do quarto, abrindo a tampa do vaso e vomitando todo conteúdo alcoólico que estava presente em seu organismo junto de... Hambúrguer? Quando foi que comeu isso?
Deu descarga após fechar a tampa, usou o creme dental alheio - colocado em seu dedo já que não tinha escova ali - e o enxaguante bucal. Em seguida, lavou as mãos e se olhou no espelho.
— Eu, definitivamente, nunca mais irei beber. — ouviu uma gargalhada, bem gostosa por sinal, e ao virar viu o vizinho parado ali, observando.
— Você é fraco, tem que beber mais pra ficar tolerante ao álcool. Mas vem cá, vou cuidar de você, bebê. — abriu os braços.
— Idiota. — passou direto por ele, batendo em seu peito, ouvindo sua risada outra vez. — Comemos hambúrguer?
— Você me obrigou a comprar alegando que eu mandei todas suas energias para o espaço. Aliás, o fracote do álcool quis comer ele com soju. Me admira não ter vomitado na hora.
— Eu desisto de mim. — de jogou na cama, o ouvindo rir. — Para de se divertir às minhas custas.
— Não dá. Você é naturalmente divertido.
Por mais que o azulzinho estivesse rindo muito da cara de Jungkook, cuidou dele o dia todo. Tinha até um certo carinho oculto ali.
Tudo o que passava pela mente do jovem era o quão poderia ter se enganado. Mesmo mostrando ser um cara mal visto perante a sociedade, não seguindo algumas regras e sendo baita provocador, Jimin, lá no fundo, parecia ser muito mais que isso. Estava intrigado após receber um pouco do "eu" verdadeiro dele e começando a querer desvendar o mistério que ele era.
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➼ Jagiya: usado entre casais, incluindo casados. Seria o "querido (a), cheguei" que Jungkook usou em "está com saudades, querido?" para provocar.
➼ Aqui a curiosidade não vai matar o gato, mas talvez fará ele se apaixonar rs.
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