02. Aposta
Capítulo 2 - Aposta
Simplesmente Acontece. Jungkook ia sempre, verdadeiramente, completamente, chorar toda vez que visse esse filme. Ainda mais na parte da declaração. Assim como está chorando agora, sentado no sofá, tomando sorvete de Oreo, em plena madrugada de sexta-feira depois de levar um "chifre". Ainda que Hyuna fosse somente sua ficante, a sensação de frustração pela falta de honestidade e consideração de avisar que estava saindo com outro cara, enquanto o bajulava a fim de conseguir um relacionamento sério, era horrível.
Ele tinha o poder de se encantar e desencantar com as pessoas muito rápido, mas sofria por elas com facilidade até pelas pequenas coisas.
Agora se martilharizava por ser sensível demais. Se sentia um idiota. Talvez fosse. E fosse o único cara no mundo que assistia comédias românticas, esperando pelo final feliz tanto no filme quanto na vida real. Mas na realidade tudo sempre é diferente e complicado, não é?
Gostava de Simplesmente Acontece justamente por isso. Rosie e Alex passam por uma caralhada de coisas antes de se juntarem. Eles mostram que às vezes fazemos planos porém eles dão terrivelmente errado, ou dá certo e você fica alegre no início, mas o fim é trágico, ou você apenas se acomoda e é tudo tão... cinza. Não tem graça, não tem emoção, e algumas vezes percebemos tarde demais.
Foi pensando nisso com sua parte mais lógica, menos emocional, que notou: Hyuna e ele eram um casal sem cor. Mesmo gostando dela, sabia que não conseguiria amá-la como seus pais e a moça esperavam. Se olhasse então por outra perceptiva, uma que buscava otimismo, o que ela fez não foi tão ruim, afinal, serviu de basta. Não tinha como eles darem certo mesmo, estavam em sintonias diferentes.
Claro que ficou chateado, porém, sinceramente, era melhor assim. Pois, caso decidisse levar adiante, poderia acabar indo com ela para os Estados Unidos, talvez namorando, noivando e futuramente casado como os pais insinuavam. Nisso, ia se arrepender, provavelmente fazê-la infeliz e ser infeliz.
Gostava de como Hyuna era doce consigo, de como soava apaixonada, curtia seus beijos e carinhos, só que, pensando bem, ela era assim apenas quando estavam a sós. Na frente dos outros a futilidade se sobrepunha, com as amigas de vibe Regina George o tratava como cãozinho adestrado bobo e perante alguns, quando lhe convinha, o exibia como se fosse uma de suas inúmeras coleções de joias. Ela até poderia sentir algo por si, mas seu ego era maior. O relacionamento que tinham parecia ser muito mais por aparência ou qualquer outra coisa. Talvez por isso, Jungkook se mantinha afastado emocionalmente, inconscientemente querendo não cair de amores, e consequentemente o sentimento de a desejar cada vez mais também era impedido de crescer.
Não precisava ficar triste, tinha que agradecer aos céus por sair desse relacionamento sem futuro. Por estar livre para um dia encontrar alguém e poder amar e se entregar por completo de verdade. É melhor que tivesse acontecido como aconteceu, logo no início, do que continuar prolongando o inevitável, assim como o casal desse filme. Mas a sua diferença com eles é que, no fim, não tinha um amorzinho para recorrer.
Oh, não. Ele encontra ali, só ele e um sonho de garotinho romântico de um dia ter um final feliz igual ao que passava na enorme tela de sua TV.
Por fim, acabou sorrindo pelo final digno, tendo o peito cheio de esperança de ter um futuro amor de tirar seus pés do chão como uma vez, aos dezesseis, teve com a primeira namoradinha a qual não continuaram juntos, crescendo mais o sentimento, por terem planos que não se encaixavam mais.
Se levantou e desligou a televisão. Em seguida, jogou a colher na pia e o pote vazio de sorvete no lixo. Caminhou para o banheiro, tirou a base do rosto, o lavando junto de suas lágrimas já secas. Escovou os dentes e foi para o quarto onde abriu a janela porque estava um pouco quente. É certo que Jungkook tinha ar condicionado e podia muito bem usá-lo, no entanto, amava o vento natural, principalmente esse geladinho da madrugada.
Tirou a roupa já que curtia dormir só de cueca, se deitando no colchão amplo e macio de sua queen size. Pensou que demoraria a dormir quando começou a fantasiar cenas românticas onde trombaria em uma garota, derramando seu café, pediria desculpas e sugeria pagar um novo, eles iriam a cafeteria e gostariam do jeitinho um do outro, no fim trocando números de telefone, indo a um parque de diversões, se beijando na montanha russa... Mas, no fim, pegou no sono rápido, em meio a esses pensamentos.
Cerca de uma hora depois foi acordado pela música alta que vinham da casa ao lado. Bufou, olhando o relógio, eram três e cinco da manhã.
“Porra! Só podia ser esse cretino!”, pensou.
Desde que Park Jimin se mudou para a casa ao lado, seus pais compraram protetores de ouvido para dormir. O seu era preto e fofinho, tinha a opção de colocá-lo, até colocar barulho de chuva calma, virar para o lado e dormir como sempre fazia quando isso acontecia, porém, se sentia irritado demais.
Levantou da cama, sentindo uma dor de cabeça lhe invadir. Desejava dormir, mas a ideia de ir tirar satisfação com o canalha de seu vizinho parecia mais atraente. Afinal, quem ele pensa que é? Seu sono sempre foi sagrado, brigava até com seus pais para lhe deixarem dormir em paz, esse maldito não tem nenhum direito de escapar da sua fúria! Ainda mais depois dessa noite onde indiretamente o humilhou! Portanto, vestiu um roupão longo preto de seda, colocou suas pantufas de panda e marchou até a casa dele.
Já havia cogitado, incontáveis vezes, ir obrigá-lo a abaixar o som, cessar a gritaria por conta de jogos que assistia com amigos, fazê-lo parar de foder aquelas mulheres ou homens com cordas vocais potentes, enfim, simplesmente acabar com suas farras. Entretanto, seus pais nunca permitiam, diziam que se meter com um cara de aparência e atitudes duvidosas era uma fria. Só que os Jeon não estavam. Agora, o vizinho não vai escapar. Ele terá que lhe ouvir!
Tocou a campainha, balançando o corpo com impaciência, porém, o dono da residência sequer ouvia por Swim de Chase Atlantic estar estremecendo os alto-faltantes de tão alto. A música é sem dúvidas ótima mas não para alguém que quer estar no décimo quinto sono.
Forçou a maçaneta que, para sua surpresa, abriu com facilidade. Estranho. Eles estão em um bairro cheio de segurança, mas que tipo de pessoa deixa a casa aberta? Ele estava esperando alguém? Ou é tão poderoso que se garante contra qualquer invasor? Fará algo de ruim ao lhe ver ali dentro? Será que ele tinha uma arma? Ou é mais de usar os punhos? Pelos boatos que já ouviu, Park podia ser perigoso, agora em quais sentidos exatamente não fazia ideia.
“Ah, que se dane. Ele precisa ir para o lugar dele!”. Com esse pensamento, adentrou a residência.
A sala é pintada de cinza escuro, espaçosa, possui apenas um sofá em formato L preto, uma mesinha de centro transparente sem nada no tampo, e um painel cinza claro com uma TV de 65' polegadas. O som não se encontrava no cômodo, não havia ninguém ali, o que levou Jeon a crer que provavelmente a música sensual em tom exagerado vinha do quarto dele. Sendo assim, estava explicado o porquê parecer alto demais, a janela do maldito fica de frente para a sua.
Bufou, subindo a escada de degraus modernos e quando pisava neles, refletiam luzes embaixo que ficam alternando suas cores. O amplo corredor estava escuro, mas no final dele viu um risco de claridade. Seguia o caminho no automático, sem hesitar ou cogitar consequências, a mente só não estava vazia porque xingava o vizinho de todos os nomes possíveis.
A porta se encontrava escorada, aproximou dela, afastando, espiando o quarto... Não conseguiu absorver nenhum detalhe da decoração, sua boca foi ao chão e seus olhos esbugalharam em choque.
Aquele só podia ser Park Jimin, o cabelo de fios azuis inconfundíveis e as inúmeras tatuagens o denunciavam.
E ele estava completamente nu, os braços fortes, quase fechados de desenhos estavam jogados no colchão de qualquer jeito, o abdômen enfeitado gominhos difíceis de adquirir também era tatuado, abaixo de seu umbigo dava para ver algumas veias saltadas e sabe aquelas entradinhas em V que gente gostosa tem no quadril? Ele tinha. Suas pernas torneadas cheias de desenhos estavam abertas e no meio dela uma ereção lambuzada de sêmen. Por conta disso, pela expressão deleitosa e a respiração pesada de seu peito, notou que havia gozado a poucos segundos. E… Aquilo ao seu lado é um dildo? Oh, não diga que ele usou o objeto em seu... Jungkook levou a mão à boca, realmente chocado.
Nunca na sua vida imaginou que conheceria o sarcasticamente apelidado por si de "cretino da rola de ouro" desse jeito. Isso é culpa de seu lado impulsivo, inconsequente, que não pensava. Não devia ter se deixado levar e entrado ali!
Respirou fundo, então observando o quarto vendo que era bem simples, com cores entre preto, cinza escuro, cinza claro, e branco. Também parecia um tanto vazio. Estava claro Park não curtia muitos enfeites e tinha em casa somente o essencial, ainda que de maneira luxuosa.
Jungkook não se distraiu muito com o cômodo pois achou difícil focar nisso quando se tinha à sua frente um verdadeiro gostoso.
Arregalou os olhos ao perceber o que pensava. Não. Esse cretino não é nada demais. Seu rosto se encontrava quente apenas por ter o flagrado em um momento particular, só isso!
Notou que os ouvidos se sentiam maltratados pela música alta agora desconhecida, o coração batia forte mas é certeza ser pelas batidas do som. Pelo o que mais podia ser? Quem sabe, fosse a adrenalina do momento. Ou o mais improvável: Park Jimin é mesmo o cara atraente que todos lhe disseram, que é capaz de seduzir a qualquer um sem fazer nada, somente existindo e, bem, lhe presenteou com uma cena impressionante digna de mexer com seus hormônios.
Como sendo alguém demissexual ele está sentindo algo? Se não o conhece, se não tem sentimentos românticos, sequer uma mínima conexão e intimidade? Não devia estar fugindo como foi com Hyuna? Na verdade, para Jeon Jungkook em específico, há alguns motivadores que lhe fazem sentir tesão e ficar duro, ele não é impossibilitado de se sentir excitado, no entanto, há situações que o despertam mais. E se sentir assim não significava que ele ia fazer algo a respeito, muita das vezes não tinha vontade de seguir em frente e se tocar, outras o fazia por querer se aliviar, era relativo. Também, estar excitado não significava estar disposto e já partir para a transa em si, que era sua dificuldade.
Os momentos que tinha consciência sobre poder se despertar eram: estar curioso e/ou se sentir mexido com situações que eram um tanto proibidas. Por exemplo, antes de sentir algo romântico e querer namorar Gina - primeiro amor - estava curioso por nunca ter se amassado com ninguém e fez com ela na cozinha movido por esse sentimento de curiosidade e foi bem divertido pois estava fazendo algo que não deveria já que suas famílias estavam na sala de jantar ao lado.
O fato de sentir adrenalina pelo ato proibido por não ser hora, nem lugar, o levou a ficar duro como nunca e a aceitar o pedido da moça de levantar seu vestido, descer a calcinha até o meio de suas coxas e colocar seu pau entre elas, se esfregando na vagina até gozar. Então, correr riscos específicos despertam sua libido e, para aventuras curiosas e que não deveria estar sendo praticadas, não precisava se sentir apaixonado pela pessoa. Pode funcionar de outra maneira para outros demissexuais, afinal, cada um é cada um, mas consigo é assim.
O fato de ter invadido a casa, a privacidade alheia, de que claramente não deveria estar ali e sentir adrenalina por isso, funcionava como um passe livre para sentir excitação. Mas não tirava a sensação estranha de aquele é Park Jimin, um cara, ao qual mal conhecia, porém detestava, então por que diabos seu corpo estava quente? Porra, tinha que focar em outra coisa como… O que foi fazer ali mesmo? Ah, ele lhe tirou o sono!
Se afastou, respirando fundo, e entrou com tudo no quarto. Jimin, ao qual havia terminado de abrir os olhos, se assustou com aquela presença repentina. Jungkook não se importou, apenas desligou o som e o olhou de cara feia.
A expressão de susto do azulzinho não durou muito, logo se pôs de pé, andando até o rapaz que tentava não olhar para seu corpo. Evitando ceder, ergueu o rosto e empinou o nariz como se estivesse certo em adentrar a residência sem autorização, subir até o quarto e desligar o aparelho de música.
— Te incomoda?
Puta que pariu que voz rouca e melodiosa é essa? E por que prestou atenção nisso?
— Óbvio! Só um recado: fique com a minha garota mas nunca, em hipótese nenhuma, atrapalhe minha dormida, Park! — ditou apontando o dedo na cara dele, irritado pela situação e as coisas estranhas que sentia e lhe confundia, dando as costas, saindo rapidamente, no processo batendo todas as portas possíveis. Perdendo o sorrisinho cínico do seu vizinho.
O coração martelava no peito, seus sentidos pareciam bagunçados e as veias estavam agitadas pela adrenalina. Respirou fundo ao entrar em sua residência, pôs a senha na porta e seguiu para o quarto onde retirou o roupão e voltou a se deitar.
Park Jimin era um pouco como imaginava, tipo, um bad boy cheio de tattoos e piercings, estes aos quais não conseguiu confirmar ao certo. Só não esperava que o desgraçado fosse estupidamente sexy e extremamente gostoso como um personagem de fanfics que admitia que às vezes lia antes de dormir. Esperava menos ainda que fizesse despertar um lado seu que, não negava, já suspeitava existir ainda que não tivesse pensado em tirar a prova.
Para si, sua sexualidade sempre foi questionável e o fato de ser demissexual tornava tudo mais confuso já que para ter atração precisava sentir alguma conexão e nunca estabeleceu com homens. A única coisa que tinha certeza é que não lhe agradou estar perto do vizinho. Na verdade, chegou a assustar porque a única vez que sentiu algo de imediato foi com Gina e ela era conhecida - seus pais eram amigos dos dela - agora o Park… Sua mente identificava que o conhecia pelos boatos que acatava como verdade? Se sim, achava ridículo. Primeiro que era um tanto sem sentido e segundo um absurdo, pois onde é que estava na sua cabeça que curtia homens de aparência delinquente desse tipo?
Minutos se passaram e ali estava Jungkook, revirando na cama, pensando em algo que não devia, ou melhor, em alguém.
— Argh! — se debateu irritado, sem conseguir tirar aquele corpo da mente sendo que não queria que ele estivesse lá. — Me deixe em paz, idiota. Eu preciso dormir! — choramingou, abraçando o travesseiro, fechando os olhos, tentando pela décima vez afastar as cenas recém vividas.
Gina estava em seu colo, estavam de mãos dadas enquanto ela rebolava, sorria para ela, feliz de ter contato íntimo com quem se sentia seguro, confortável e livre… Seus traços femininos e delicados aos poucos foram se transformando, seu corpo se tornou maior, musculoso, dando vida a um homem de cabelo azul royal que roçava seus quadris, esfregando seus paus que estavam descobertos.
— Park, não... N-não... Park...
Não o queria. Não gostava de homens. Menos ainda daquele tipinho. Mas, ah, ele é tão atraente e estava tão quente!
A boca dele passou por seu peito sugando e mordendo cada um de seus mamilos, lhe deixando embriagado como acontecia quando transava com sua primeira namorada. Somente com ela. Jungkook se remexia sem parar, tentando se soltar diga-se de passagem usando o mínimo de força porque, lá no fundo, não queria sair dali. Virou o rosto por estar com vergonha, afinal, sempre o criticou e agora estava gostando de tê-lo chocando seus quadris, de estar a mercê daquele canalha.
O azulzinho movia mais e mais. Jeon sentiu um formigamento subir por sua pelvis, seu pau latejou, o corpo tremelicou e acabou gozando como um garotinho virgem.
Acordou, suado, molinho, e com a cueca molhada. Não podia acreditar. Era raro ter sonhos tão quentes e acreditava que sonhos possuem significados, medos, desejos do seu subconsciente, mas não conseguia aceitar que queria ter momentos íntimos com um homem. Ainda mais com seu vizinho!
Respirou fundo e olhou no relógio, quase seis da manhã. Todavia, não se importou de levantar. Sabia que mesmo tentando não ia conseguir dormir de novo. Não depois dessa.
Seguiu direto para o banheiro fazer suas higienes e tomar um banho. Em seguida se arrumou, tomou café da manhã, ao qual consistia em sucrilhos com iogurte - algo peculiar que gostava muito -, e saiu de casa a fim de fugir dos pensamentos estranhos que lhe rondavam em relação ao bad boy foco de desejo do bairro, se bobear da cidade inteira.
Andou lentamente até a casa de Hoseok, ela ficava bem perto coisa de dois minutos, portanto, chegou por volta das seis e meia. Tocou a campainha diversas vezes até o amigo aparecer de roupão com a cara de ressaca. Oh, havia esquecido que ele ficou na festa até mais tarde.
— O que está fazendo aqui? — perguntou com a voz mais grossa que o normal, denunciando estar recém acordado.
— Desculpa te acordar, queria me distrair mas se eu for incomodar, volto dep... — o ruivo segurou sua mão, lhe puxando em direção à cozinha.
— Você já tomou café?
— Sim. — se sentou na bancada, observando ele pegar os alimentos. — O que aconteceu ontem depois que fui embora?
— Nada demais. Eu bebi e dancei pra caralho... Uhm... E acho que talvez tenha transado com o Yoongi. — ditou meio hesitante.
A boca alheia foi ao chão.
— Vocês fizeram na brotheragem?
— Que brotheragem o que. Eu sou bi e ele é abertamente gay, esse termo só funciona para falsos héteros como você.
— Hyung! — exclamou, soando indignado, mas lá no fundo assustado. Dava para perceber que poderia gostar não só de garotas?
— Enfim, eu estava muito chapado, só me lembro de nos beijarmos em uma brincadeira e acordar ao lado dele. Estávamos sem roupa, mas pode ter outra explicação. — encheu a caneca de café, tomando um pouco, pensando que a única parte ruim dormir com seu amigo é não lembrar desse fato.
— E tem. — eles se viraram, vendo o mais velho ali, também de roupão, cara amassada e voz rouca. — Você vomitou. Foi a cena mais horrível da minha vida porque você estava me chupando!
Jungkook fez careta e o ruivinho corou, envergonhado como nunca.
— Eu tomei banho, dei banho em você e coloquei nossas roupas pra lavar. Peguei roupas no seu guarda roupa mas você não queria se vestir, nem me deixar vestir algo, então dormimos nus. — deu de ombros, como se aquilo não importasse.
— Me desculpa.
— Tudo bem. Agora me faça um chá. — se sentou.
— Ora, faça você.
— Você está me devendo.
— Ele tem um bom ponto. — argumentou o dongsaeng - mais novo -, vendo o amigo bufar, dizendo que agora Yoongi usaria aquilo contra si pra sempre para obrigá-lo a fazer as coisas.
Eles foram para a sala, deitaram no sofá-cama simples mas confortável para fofocarem da festa. No entanto, estavam os três com sono e acabaram dormindo.
Ao acordarem fizeram o almoço juntos, o que rendeu muita bagunça que teve de ser arrumada depois de se alimentarem. Maratonaram uma série de terror chamada A Maldição da Residência Hill, a qual Jungkook ficou apaixonado. E, depois, eles foram para o morro mais alto dali que ficava bem próximo, lá tinha rochas e em cima delas dava para ver com propriedade o sol nascer ou, naquele horário, se pôr.
A tranquilidade que Jungkook sentia quando estava com seus amigos, juntando com o cenário bonito do céu repleto de cores mescladas ao laranja, vermelho, rosa, roxo e azul que ia escurecendo e dando espaço às estrelas, lhe fez esquecer o episódio anterior que insistia em deixá-lo fora dos eixos.
De repente, Hyuna e as fiéis amigas patricinhas passam por ali, rebolando na frente deles, se exibindo, de nariz empinado e tudo dizendo que não vão ficar pois o lugar está contaminado.
— Ela está se achando só porque deu para o Park. — comentou Hoseok.
— Todo mundo dá para o Park. — disse com desdém. — Ele é o tipo de pessoa que topa sair com qualquer um desde que lhe chame atenção e desperte atração. — coisa que não entendia pois nunca conseguiu fazer, se sentia desconfortável perante a quem não conhecia, beijar até que fluía depois de trocar uma conversa mas coisas a mais o dava sentimento de pavor e vontade de sair correndo. — "Tudo para o meu bel prazer" é uma frase que o definiria, não é Yoongi hyung?
— Sim, é tipo isso. Mas "todo mundo dá para o Park", inclui você? — provocou.
Era difícil verbalizar quando tinha nascido em uma família tradicional que enaltece quem se mantém no padrão coreano, que é heteronormativa, desde de sempre o incentivava a arrumar uma namoradinha e nunca deu brechas para lhe deixar pensar que poderia gostar de homens.
Eles não diziam nada sobre o tio Jin ter se casado no exterior com Namjoon, mas Jungkook sabia que no fundo julgavam com maus olhos. Seu tio Donghae não era contra Yoongi ter namorados mas também nunca demonstrou ser a favor, preferia fingir não ver como várias pessoas coreanas mais velhas. E esse receio de comprometer sua imagem de alguma forma e de receber maus julgamentos o fazia, mesmo sendo de uma geração mais mente aberta, se reprimir.
— Não. Eu acho que sou hétero.
— Acha? — perguntou o ruivinho, segurando a risada.
— Considerando que só pego meninas, mas fiquei de pau duro para alguns caras aí, eu acho.
— Qual é, personagens de mangá, anime ou atores não valem. Eles são inalcançáveis, Jeonie. Tem que ser atração por homens reais do nosso convívio.
— Uhm… — não sabia dizer se o que sentiu ontem foi uma atração física permanente ou só se excitou pelo momento de adrenalina. Acreditava que era mais a segunda opção, obviamente. Mas se não gostava de homens, por que seu pau ia dar sinais?
— Eu acho que vale, considerando o histórico dele de adolescente que foi bater punheta para 2D femininas e depois ter namorado uma garota.
— Não acho.
— Vamos, lá, Hobi, pensa comigo. De todo jeito, os personagens tem pau e se o do Jungkook subiu por isso, é algo a se pensar. Continue assim, querido Kook, que daqui a pouco está concordando que Park Jimin é o pecado em pessoa e vai estar crushando ele como eu. — piscou.
— É mesmo. O Park é seu vizinho, por que não tenta ficar com ele na brotheragem? Você parece mandar bem fodendo pelos comentários que Gina já fez comigo e dizem que ele faz de tudo desde que seja prazeroso, vai que fica de quatro pra você.
— Jimin não fica de quatro para ninguém. Todo mundo sabe disso. — falou o rapaz, mexendo em seu cabelo platinado que estava louco para mudar novamente e voltar ao colorido.
— Vai saber.
— Eu não me interesso por bandido. E quando a Gina te disse isso?
— Na época que vocês ainda namoravam, antes dos pais dela obrigarem a bichinha a se mudar para China com eles.
— Voltando ao assunto Park, você não quer me levar para o seu quarto para eu ficar o observando pela janela, priminho?
— Eu não. Primeiro que isso é meio assustador, segundo que a janela dele, graças aos céus, vive fechada.
— Você é todo doidinho por ele. — comentou Hoseok. — Por que não tenta a sorte, hyung? Vai ver consegue deixar ele de quatro. É difícil mas não impossível.
— Eu não estou interessado no rabo dele. — deu de ombros. — E eu sou do tipo que prefiro só admirar meus crushes de longe, fanficando coisas boas na minha mente. Eu hein, tentar e levar um fora que vai jogar minha autoestima na puta que pariu, estou fora. Por que não tenta você? Também acha ele um tesão, não?
— Meu caminhão é pequeno para aquele tanto de areia revoltada.
— Sério isso? Vocês precisam se elogiar mais, ter mais segurança de que são fodas e, se realmente querem, corram atrás e façam ele ficar de quatro ou comer vocês, é simples. — disse, irritado de todo mundo tratar Park Jimin como se ele fosse o deus da rola de ouro. Eles o encaram como se estivesse vendo um ET, logo caindo na gargalhada. — Qual é, gente? O cara não tem essa bola toda não. A maior parte da coisa devem ser boatos.
E, outra, pelo o que viu ontem ele levava isso de "tudo para meu prazer" a sério. Não que tivesse colocado coisas em si ou já tivesse dado a bunda alguma vez, mas conhecia a biologia de corpo e sabia do quanto diziam que a próstata podia ser uma grande fonte de êxtase. Pelo jeito, o vizinho sabe disso, então não teria problemas em ser passivo, não é? Por que seus amigos estavam agindo daquele jeito? Se sentiam intimidados de verdade ou estavam de drama?
— Ah, é, garotão? — seu primo manteve um sorriso cínico. — Pois se acha fácil, eu te desafio a conseguir colocar o Park de quatro pra você já que ele "não tem essa bola toda".
Desafios e apostas sempre faziam parte do vocabulário deles e o moreno sempre é o primeiro a aceitar visto que é o mais impulsivo e inconsequente dos três. Mas dessa vez, não tinha certeza, pois estavam falando de um homem, o cretino de seu vizinho, ao qual sentia que não tinham nada a ver um com o outro.
— Eu não sou gay. — disse tentando passar firmeza para fugir dessa aposta, entretanto, claramente, foi em vão.
— Corta essa. Você acabou de dizer que acha que é hétero. É no mínimo bissexual. — afirmou Yoongi.
— Eu não me atraio por ele. Não dá para ir até o fim. Nós somos incompatíveis.
— Nem saiu com ele para ver se tem uma conexão e já está com desculpas?
— Deixa ele, Hoseok. Jungkook deve estar com medinho porque sabe que não consegue sequer olhar na cara daquele gostosão.
O dongsaeng estreitou os olhos, se sentindo desafiado.
— Por acaso, o que eu ganho com isso?
— Compramos pc gamer que você está de olho. — o ruivo propôs.
— É pouco. Melhorem a oferta, tenho que ganhar coisas boas, não vamos esquecer que eu estou entrando em território desconhecido e arriscando minha bunda e meu emocional. Também vai saber se ele é um maníaco. Já pensaram? Vai que estou entrando em perigo.
— Só se for perigo de se apaixonar. — debochou o hyung.
Não. Esse risco, definitivamente, não correria. Tinha dois anos que esteve caído de amor de verdade, depois de Gina ninguém balançou suas estruturas. Jimin sequer fazia seu tipo, era somente um cara exótico metido a bad boy que qualquer um queria pegar e dizer que conseguiu, nunca se apaixonaria por um cretino daquele que passava a rola de ouro em qualquer um. Isso não tinha o menor cabimento!
— Mas, se você quer assim, eu aposto meu carro, além do pc gamer. — o garoto sorriu largo com a proposta de seu primo.
— Como vai explicar para o tio se você perder o carro esportivo de luxo que ele acabou de te dar?
— Eu me viro com o coroa. Isto é, se eu perder. — piscou, confiante.
— Quero só ver o que vai vir disso, Yoongi hyung.
— Ele é inexperiente nesse assunto de conquistar macho, até nós que sabemos como funciona não nos arriscamos. Duvido que irá conseguir algo do Jimin.
— Pois eu vou, priminho. — daria tudo de si para isso pois estavam duvidando da sua capacidade de flerte!
— Vai é dar a bundinha pela primeira vez, apaixonar e ser deixado porque Jimin nunca leva nenhum relacionamento adiante. — afirmou Hoseok, ouvindo o platinado gargalhar.
— Veremos então, amiguinhos. Veremos. — falou, sorrindo cheio de si, deixando o instinto de competição tomar conta.
Jungkook estava esquecendo que, para chegar aos finalmentes com o vizinho, teria que sair com ele e conhecê-lo de verdade primeiro. Logo, corria sim o risco de se apaixonar e/ou falhar na aposta. Mas, quem sabe, desse sorte de sentir apenas uma pequena conexão e intimidade ou, melhor ainda, a curiosidade fosse suficiente para conseguir deixar fluir de primeira, podendo assim, ganhar.
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