45. Chiara - Parte II
Oi leitores! Sejam bem-vindos a mais um capítulo. Espero que gostem! 😉
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Só o que me faltava agora era essa neta da sra. Miller ser o novo centro das atenções nas aulas de dança, e ainda por cima ela se tornou amiga daquela vaca da Carolina. Essa garota sempre me tira do sério, desde que começou a me enfrentar se achando "imbatível", sem contar que ando com os nervos a flor da pele desde que a nova gamer do momento começou a fazer sucesso nas redes. Essa vadia está me fazendo perder seguidores.
A Isa disse uma vez que poderia ser a Carolina usando essa fachada de Starfairy para me enlouquecer, mas seria muito óbvio, então tenho a total certeza de que não é ela.
Odeio quando essas mocréias não aceitam que eu sou a 'rainha' desse lugar e que ninguém pode se comparar a mim. Eu sou única!
-- Será que você já pode parar com esse surto Chiara? Já tá ficando chato amiga -- Isa pergunta abrindo o seu armário.
-- Não. Eu odeio essas garotas com todas as minhas forças -- cruzei os braços -- Carolina e Maya estão mais do que no topo da minha lista negra.
-- Tenho saudades do tempo em que tudo era mais fácil -- Celine suspira -- Sabe, quando a Nina de uma formiguinha assustada em meio a esse enorme formigueiro.
Ela se encosta na porta do meu armário.
-- Cely, ela ainda continua sendo essa formiguinha no meu caminho e na primeira oportunidade que eu tiver vou esmagá-la.
-- Você já pensou que essa sua raiva é só porque a Maya se tornou amiga da Carolina e não sua?
-- Cala a boca Isadora!
-- Quer saber, eu vou sair com a Michelle -- ela bate a porta do armário -- É bem melhor do que escutar uma garota recalcada como você. Chiara o mundo não gira ao seu redor!
Ela foi embora e Celine começou a rir do que Isa tinha me dito.
De nós três, a Isadora sempre foi a mais sensata. Enquanto a Celine sempre me apoia mesmo nas decisões erradas, a Isa tenta me trazer para o mundo real e enfiar juízo na minha cabeça. Ela estava totalmente certa, talvez eu só esteja com inveja porque não consigo ser amiga da neta da pessoa que eu mais idolatro na minha vida.
O Gustavo fala tanto dela que eu só quero me aproximar, mas eu já fiz tantas besteiras com que as pessoas me odeiam, mas quer saber de uma coisa se ela vai me detestar por conta das minhas atitudes, então seremos inimigas e ela vai conhecer o meu pior lado.
-- Srt. Bittencourt, o seu motorista chegou. -- o porteiro avisa e eu entro dentro do carro.
Mais uma visita ao Hospital Andreas Cavalcante. Todas as sextas-feiras depois da aula eu costumo visitar o Fábio, mas hoje eu resolvi abrir uma exceção já que não é uma sexta-feira e sim uma data especial, é o aniversário de 21 anos dele, mas é uma pena que ele não possa comemorar como uma pessoa comum.
Olhei pela vidraça do quarto e Rubén estava sentado ao lado dele conversando como se ele estivesse acordado, tinham flores do lado direito da cama que provavelmente tinha sido a dona Vitória quem as trouxera mais cedo.
-- Agora é minha vez! -- digo ao abrir a porta.
Rubén se assusta com a minha chegada, mas se levanta da cadeira pegando sua mochila.
-- Ok. -- ele olha para Fábio -- Tchau cara, feliz aniversário! -- ele dá um leve soquinho na mão do Fábio como se ele fosse devolver o gesto -- Amanhã a gente conversa de novo -- ele se vira para mim enquanto eu apertava as barras da cama.
-- Ele não vai te escutar amanhã, assim como não escutou hoje.
-- O que deu em você? Chiara cadê a sua esperança? -- ele fica bravo.
-- Ela se perdeu junto com todo o resto. -- respondo e ele abaixa o olhar para o chão e a raiva se torna tristeza. -- Eu não consigo entender o porquê você ainda vem aqui. Rubén, você e o Fábio mal se falavam.
-- Eu sei disso, mas se eu e você não viemos. Quem irá vir além dos pais dele? -- assenti e deixei minha bolsa em cima do sofá ainda o encarando com um pouco de egoísmo. -- E a propósito Chiara, eu faço isso pelo Gustavo.
-- Por que se ele nem é mais o seu amigo?
-- Porque para mim ele ainda continua sendo e não importa o que eu tenha feito, o Gustavo sempre será o meu melhor amigo, mesmo que me odeie.
-- Ele só te odeia porque você traiu a confiança dele.
-- É, trair a confiança de um amigo só para protegê-lo do sofrimento sai caro demais. Da próxima vez eu conto tudo que sei antes que o pior aconteça.
-- É, é bem melhor. -- me sento na cadeira e ele se afasta -- Tchau Rubén, até nunca mais.
-- Tchau Chiara, até a próxima sexta-feira. -- ele debochou e saiu pela porta, mas deu meia volta ao retornar para o quarto acompanhado do dr. Diogo, que é o responsável pelo tratamento do Fábio.
-- Eu preciso falar com vocês. Eu já informei a sra. e o sr. Griffiori -- ele retirou os óculos e respirou o fundo -- É muito difícil dar essa notícia, mas faz parte da minha profissão lidar com esse tipo de situação.
-- Fala logo homem, que agonia!
-- Calma Chiara. Doutor, nós já sabemos que são notícias ruins então diga logo de uma vez.
-- Bem, infelizmente o Fábio não está mais respondendo ao tratamento e é questão de tempo para desligarmos os aparelhos, ou então ele vai acabar falecendo mesmo com o uso deles.
-- O senhor está nos dizendo que o Fábio vai morrer?
-- Sim, eu já fiz tudo o que pude, mas às vezes parece que é ele quem está desistindo de viver. Eu sinto muito. -- ele nos deu as costas e foi atender outro paciente.
Rubén e eu nos olhamos, percebi a dor em seu olhar e pela primeira vez em anos, eu voltei a ver o velho Rubén na minha frente.
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Odeio essa garota! Eu não acredito que ela contou para o Gustavo sobre o que fiz. É sério, essa Maya é uma vaca!
-- Chiara, volta aqui! -- Gustavo diz puxando meu braço ao entrarmos no colégio novamente.
-- Gustavo essa garota me odeia!
-- Eu acho que é bem o contrário. Chiara, você não a suporta desde o dia que a conheceu.
-- Talvez porque a única coisa que ela faça seja me enfrentar.
-- Chiara, para de achar que todos estão contra você! -- ele cruza os braços -- Eu não acredito que você tenha escondido as sapatilhas da dela, só para garota não fazer o teste.
-- Quer saber, eu fiz isso mesmo e não me arrependo! Eu não gostei dessa neta da Marianna Miller.
-- Ah, agora eu entendi. Você está com inveja porque ela é neta da Marianna, agora eu finalmente as suas atitudes fazem sentido.
-- Pense o que quiser. -- digo tentando ir embora, ele franziu cenho e me fez voltar.
-- Você implica com todas as meninas, as humilha e as destrata por se achar superior, e eu nunca faço nada porque não gosto de me meter na sua vida, muito menos falar das suas atitudes. -- ele descruzou os braços -- Mas pode parar de implicar com a Maya.
-- Ah, só porque você está apaixonadinho por ela.
-- Não é só por isso, mas sim porque a garota acabou de chegar na cidade e praticamente não conhece ninguém Chiara, você está atrapalhando a chance dela de se enturmar.
-- Hum -- arquei a sobrancelha -- E o que você vai fazer se eu não te obedecer?
-- Eu vou acabar com esse relacionamento fútil que só beneficia você. E também vou fazer com que aumentem as reuniões da empresa, só para você ser forçada a ir.
-- Babaca!
-- Já tá avisada, nada de implicar ou fazer esse tipo de coisa com a Maya de novo!
-- Eu te odeio! -- grito ao ir em direção ao meu carro.
-- Eu te odeio mais! -- ele grita rindo.
Se o Gustavo pensa que eu vou aturar essa vaca, ele está muito enganado. Eu já odeio essa garota no mesmo limite que odeio aquela gamer medíocre.
Que ódio, está tudo dando errado! Primeiro a Nina não quis falar de mim e das meninas no jornal, depois a Maya começou a me odiar por sei lá qual motivo, e como se não bastasse o Gustavo me ameaça.
******
Existem muitos momentos na minha vida que eu não entendo as minhas atitudes, e muito menos, entendo o porquê das pessoas com quem eu fui uma vaca me tratam tão bem. Maya me proporcionou a maior alegria da minha vida e eu nunca imaginei que diria isso um dia. Eu conheci Marianna Miller, eu conheci a maior e melhor bailarina de todos os tempos! A mulher mais fantástica da minha vida e eu nunca pensei que seria a Maya quem iria me apresentar ela. Foi tão perfeito!
Aceitá-la na competição de dança foi algo bem difícil para mim, mas Lucca- o melhor amigo dela -, está me ajudando com isso. Desde que nos conhecemos eu senti uma espécie de conexão. Lucca parece ser o único que consegue me entender, a forma como ele me trata, a maneira como me olha e como presta atenção em mim ao ponto de querer me proteger é surreal! Ninguém nunca quis fazer isso por mim.
Ele foi uma das únicas pessoas a quem eu mais confiei a minha vida pessoal. É como se ele fosse uma linda música que toca na minha cabeça a todo momento. Desde o acidente, eu nunca pensei sentiria esse sentimento de novo. O amor, a compaixão e a ilusão.
-- Oi.
-- Oi, você quer alguma coisa?
-- Não, obrigada eu estou sem fome. -- digo um pouco tristonha.
-- Pega, vai melhorar a sua carinha. -- ele coloca um milk-shake morango em cima da bancada. O meu favorito!
-- Obrigada, Lucca.
-- Quer me contar o que aconteceu?
-- Eu e a minha tia discutimos. Ela nunca me entende, quer que as coisas sejam sempre como ela quer! -- encaro a minha pulseira de berloque -- Não sei, mas acho que ela não me ama, e que eu apenas não passo de um simples fantoche. -- nota que ele me olha -- Desculpa, você deve estar constrangido com tudo que estou dizendo.
-- Não, pode continuar desabafando. Eu gosto de escutar a sua voz. -- ele ficou vermelho e eu sorri -- N-Não, eu quis dizer que gosto de como você desabafa -- ele ficou nervoso -- Desculpa, agora eu estou constrangido. Esquece que isso aconteceu.
Comecei a rir.
-- Não dá para esquecer, foi muito engraçado ver você todo nervoso.
Ele assentiu ficando mais vermelho ainda.
-- Você já pensou que ela também queira que você a entenda? -- ele voltou para o assunto tentando reverter aquela situação -- Ela te ama Chiara e deve se preocupar com você todos os dias, as mães são assim.
-- Ela não é a minha mãe. -- desvio o meu olhar -- Ela mesma sempre joga isso na minha cara.
-- Eu sei, mas só quero dizer que ela te ama e não importa as atitudes que ela tem. Eu tenho certeza de que ela teria coragem de fazer qualquer coisa por você.
Aquelas palavras me fizeram lembrar do dia mais difícil da minha vida, onde ela estava ao meu lado e pediu para que eu passasse toda a dor que estava sentindo para ela, porque ela iria conseguir suportar.
-- É, você está certo. Eu também não sou uma pessoa muito fácil de lidar.
Assim que terminei, tentei pagar minha conta mas ele recusou.
-- Desse jeito vou ficar mal acostumada, toda vez que venho aqui você paga alguma coisa para mim.
-- Bem, na primeira vez você estava sem dinheiro e agora estava triste. É o mínimo que eu posso fazer. -- ele sorriu. -- Amigos ajudam uns aos outros.
-- Nós somos amigos?
-- Claro que somos, né?
-- Sim, nós somos.
É estranho sentir paixão novamente, mas é uma pena que ele não perceba isso. Lucca é tão fofo, ele só estar tão iludido e cego de amores pela Maya que nem percebe os meus sentimentos e os da própria Maya.
Me despedir quando vi o meu motorista me esperando do lado de fora do estabelecimento.
-- Esse vestido ficou lindo em você! -- elogiou -- O azul escuro realçou os seus seus olhos.
-- Obrigada. -- dei uma rodadinha -- Que nota você me dá?
-- Nota? -- ele arqueou a sobrancelha -- Não, eu não vou fazer isso! -- ele balançou a cabeça enquanto limpava a bancada.
-- Pode parar de cavalheirismo e me dá uma nota, e não diga que é dez porque eu não vou acreditar.
-- Chiara você não precisa ser definida por uma nota, nem por mim e nem por ninguém! -- fiquei boquiaberta -- Você é linda do jeitinho que é, seja com os defeitos ou com as qualidades.
Lucca agiu completamente diferente do que eu esperava...
-- Você está certo novamente, obrigada por ser assim Lucca! -- dou um beijinho em sua bochecha e vou embora.
Todas as vezes que fiz aquela mesma pergunta para o Fábio eu fui numerada, e na única vez que perguntei para o Lucca ele praticamente me deu uma aula para não me definir por uma nota. Que garoto perfeito!
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Jogo meu celular em cima do sofá e Grifinória se assusta, fugindo por um corredor. Detesto quando Gustavo tenta me dá lição de moral, ele sabe que eu preciso ganhar a porcaria dessa competição e mesmo assim fica testando a minha paciência com aquele papinho de que eu tenho que ser menos competitiva. Porra, eu não vou deixar de ser assim! Eu sou Chiara Bittencourt e eu nunca perco!
-- Chiara, você andou assustando a pobre gatinha de novo? -- meu avô pergunta a segurando em seus braços.
-- Sim, mas dessa vez foi sem querer. -- digo um pouco estressada.
Ele rir.
-- Chiara você deveria ter mais paciência. -- Grifinória relaxou ao receber carinho do meu avô -- O que aconteceu dessa vez, brigou com a sua tia de novo? -- ele se sentou ao meu lado.
-- Não. Eu só estou um pouco sobrecarregada com algumas coisas da competição de dança.
-- Entendo. -- ele soltou Grifinória que foi diretamente para debaixo do sofá -- Quando olho para você, me lembro de alguém que também tinha um pavio curto para coisas que envolviam a palavra "dança".
-- Quem, a minha mãe? -- pergunto com um sorriso no rosto que me faz esquecer todo o resto.
-- Dessa vez não. -- o encarei surpresa.
Meu avô sempre costuma falar da minha mãe, para que eu me sinta mais próxima dela. É até estranho ele me comparar com outra pessoa que não seja ela.
-- Então quem é?
-- Marianna Miller. -- balbuciou e os meus olhos brilharam. -- Aquela bailarina era muito teimosa e sempre se estressava com facilidade, ela ficava revoltada quando eu começava a rir dos problemas sem sentido dela. Ter uma namorada de personalidade forte como a dela, não era nada fácil, principalmente naquela época.
Eu havia me esquecido que eles haviam sido um casal na época de escola, e é até um pouco estranho eu e a neta dela não sermos próximas. É engraçado, se ele tivesse casado com a Marianna eu seria neta dela e não a Maya.
-- Vovô, por que vocês se separaram? Foi por conta do marido dela?
-- Não. -- o brilho dos olhos dele some junto com o sorriso que ainda estampava a sua face -- Não foi culpa dele e sim minha, apenas minha.
-- O que o senhor fez afinal?
-- Fui um covarde, um completo covarde. -- ele se levantou -- E acabei decepcionando a pessoa que mais me amava, mas não é bom remexer no passado.
Ele beija minha testa e vai embora e mais uma vez fugiu da verdade.
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Entro na sala do 1° ano. Avisto vários papéis na mesa da Maya, me aproximei e notei que se tratavam de coisas sobre o trabalho de reparação daquela prova.
Gustavo diz que eu não posso mais implicar com a Maya, mas isso não me impede de ajudá-lo a se aproximar mais ainda dela. Então, peguei os papéis, os rasguei e joguei no lixo. Voltei para minha sala, agora ele que se vire.
-- Chiara, a sua tia mandou uma mensagem. -- Celine mostra o meu celular -- Ela está avisando que você tem que estar na reunião hoje à tarde.
-- O quê?! -- pego meu celular desacreditada.
Já havia avisado Chrisnelle de que eu não poderia ir, pois iria visitar o Fábio, mas ela não se importa comigo. A única coisa que lhe interessa, é a porcaria daquela empresa, o dinheiro.
Eu não fui.
Saio do carro e assim que piso nos degrais da varanda, Chrisnelle abre a porta me encarando com desprezo.
-- Você é um caso perdido, nunca será orgulho dessa família!
Ela não me disse mais nada, não me colocou de castigo e nem gritou comigo, apenas disse aquelas duas frases que me quebraram por dentro. Realmente ela estava certa, eu sou apenas um caso perdido. Um caso perdido que vaga por aí sem esperança, buscando a perfeição para agradar uma mulher que sempre diz que não é a minha mãe.
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-- Não Chiara, eu não vou fazer isso. -- Gustavo diz um pouco preocupado -- Isso é uma má ideia.
-- Você é um frouxo! Vai terminar perdendo ela para o Lucca -- ele revirou os olhos.
Lucca e Maya ganharam a competição. Fiquei chateada no início, mas ao mesmo tempo feliz, pois essa viagem iria ser uma boa desculpa para não ir às reuniões da empresa.
A situação na minha casa estar muito estranha, desde que desobedeci Chrisnelle, ela não fala comigo, demonstra mais do que nunca que não se importa e sinceramente eu faria de tudo para voltar no tempo impedir que essa situação existisse.
-- Não importa, isso só vai acabar magoando os dois.
-- De qualquer forma eu vou levar o Lucca para o terraço, então não ligo se você vai beijá-la ou não. -- entrei no elevador.
Eu só quero que o Lucca perca logo essa cega paixão pela Maya e perceba que ela é apaixonada pelo Gustavo, mas o meu amigo pensa tanto nos outros que não quer me ajudar, e ainda diz que as minhas ideias, ou melhor o meu "jeitinho" de resolver as coisas é muito doido.
Fui para o quarto do Lucca e ele estava organizando a mala, entro sem bater e ele se assusta dizendo que poderia estar só de toalha. Quem me dera ver aquele corpinho sem nada e com apenas uma toalha.
-- Ei, você já foi no terraço do hotel?
-- Terraço?
-- É. Ele fica aqui em cima, tem um jardim lindo e uma vista maravilhosa.
-- Não. Eu ainda não fui. -- ele toca na gola da camisa.
-- Então vem comigo! -- peguei em sua mão.
-- Tá. Espera só uma coisa, vou trocar essa camisa ela tá me apertando.
Ele soltou minha mão e retirou a camisa. Meu Deus, que homem mais lindo!
-- Gosta do que ver? -- ele perguntou com um sorriso malicioso estampado naquele lindo rostinho.
-- Claro que sim, mas eu já vi melhores. -- provoquei -- Que corpinho, hein?! -- assoviei -- Gostoso! -- dei um tapa naquela bunda.
-- Safada! Vou dizer para Tina que você veio no meu quarto só para me assediar. -- ele veste outra camisa.
-- Vai me dizer que não gostou? -- ele sorriu -- Se você sorrir assim novamente, eu vou dar outro tapinha nesse popozão!
Ele sorriu de novo e eu dei outro tapa.
-- Chiara... agora é a minha vez!
-- Não! -- saí correndo.
Ele conseguiu me pegar e nós caímos em cima da cama, nos olhamos e por um momento pensei que ele fosse me beijar, mas hesitou e eu até sei por qual motivo. A Maya.
Nós fomos para o terraço e me surpreendi quando vi que Gustavo e Maya estavam se beijando, mas ver a decepção no rosto do Lucca me trouxe para o mundo real, onde aquela ideia não tinha sido muito boa. Eu deveria ter escutado o Gustavo antes, por conta da minha atitude Lucca e eu discutimos e sem dúvidas foi a pior discussão que eu já tive na minha vida, ele me magoou da pior maneira possível e o que eu mais quero é esquecer o que esse garoto significava para mim.
-- Chiara eu preciso falar com você! -- Gustavo afirmou e eu fingir que não ouvi.
Esse era o combinado, se eu sou a "ex-namorada que agora foi trocada" tenho que dar o meu melhor.
-- Chiara é urgente! -- ele diz em um tom mais alto.
-- Eu eu não falo com TRAIDORES! -- afirmei fingindo está com raiva.
Gustavo estava atuando muito bem, pelo visto as aulas de teatro estavam servindo para algo.
-- Chiara é sério! Eu preciso conversar com você agora!
-- Eu já dei a minha resposta.
Gustavo ficou nervoso.
-- VAGALUMES CHIARA! -- ele gritou eu me assustei.
"Vagalumes", esse é o código que nós usávamos quando éramos crianças para contar algo importante, como um segredo e desde o acidente do Fábio nós só falamos quando se trata dele. Sem me importar com quem estava naquele quarto eu perguntei o que tinha acontecido com Fábio, mas ele apenas fez um gesto para que fôssemos conversar em outro lugar.
-- Anda, me diz logo. O que aconteceu com seu irmão? -- perguntei angustiada.
-- Shhh, fala baixo! -- ele pede -- Ninguém aqui sabe do Fábio, lembra?
-- Foda-se, me diz logo! Eu tô preocupada. -- ele ficou sério e encostou as mãos nos meus ombros.
-- Você vai ter que ser aquela garotinha forte de sempre. -- fechei os meus olhos e as lágrimas começaram a escorrer -- O meu pai acabou de me ligar, os aparelhos do Fábio serão desligados amanhã.
Eu não consegui dizer nada, apenas chorei mais e mais. Parei por um momento para olhar Gustavo, ele estava sério, mas mesmo por baixo daquela máscara de rancor notei a tristeza no fundo dos seus olhos.
Sequei minhas lágrimas com as costas de minhas mãos e me afastei.
-- Por que você não se liberta dessa mágoa e chora pelo seu irmão?
-- Porque existem mágoas que não se podem ser esquecidas, senão podemos acabar cometendo o mesmo erro.
O empurrei e franzi o cenho.
-- Eu não te reconheço, você não era assim Gustavo!
-- Tem razão eu não era, mas a traição dele me mostrou que ser muito ingênuo não leva ninguém a lugar algum.
-- Gustavo, para quê tanto rancor? O olho com decepção -- Se eu pude perdoá-lo, você também pode.
-- Posso, mas eu não quero. Porque não quero amá-lo.
Sinto vontade de socá-lo. Odeio quando Gustavo demonstra o quanto é rancoroso com coisas que já aconteceram há anos.
-- Gustavo, o seu irmão tá morrendo e você nem ao menos se importa!
-- É você está certa. -- ele continua com aquela cara de paisagem.
-- Porra Gustavo, você está sendo um babaca!
-- E o que ele foi com a gente? Com você? Uma santidade, Chiara?!
-- Não. Ele também foi um babaca! -- afirmei observando se ninguém nos via -- Mas ele não merece perder o seu amor, apesar dos erros que cometeu.
-- Ele já perdeu há muito tempo, bem antes de fazer o que fez, bem antes de tentar me matar!
Respirei fundo e desisti de fazê-lo sentir compaixão pelo irmão novamente.
-- Eu não posso dizer que te entendo porque estaria mentindo, mas a minha parte eu fiz. -- dei-lhe as costas e ele franziu o cenho.
-- A sua parte? -- voltei a olha-lo -- Você voltou a falar com o Rubén, não foi? -- revirei os olhos -- Eu sabia, por isso você veio com esse papinho de perdão. Você não aprende mesmo.
-- Gustavo, você sabia que o seu melhor amigo visita o seu irmão todos os dias naquele hospital? E ele faz isso por você.
-- Ele não é o meu melhor amigo!
-- É sim e você sabe disso! O Rubén foi o melhor amigo que você já teve em toda sua vida e apesar do que ele fez ou continua fazendo, ele ainda se importa com você. Porra! Ele te ama como um irmão, e irmãos cometem erros, mas não deixam de ser irmãos! Essa sua mágoa já está há muito tempo querendo ser esquecida, mas você não permite que isso aconteça porque tem medo, tem medo de chorar pelo seu irmão, tem medo de perdoar o Rubén, você tem medo de pedir desculpas aos dois pelo que você também fez!
Pela primeira vez em anos vi Gustavo Griffiori derramar uma lágrima, uma lágrima que merecia ser derramada desde que o traíram, desde que perderam a sua confiança. Aquela lágrima não era de arrependimento pelas coisas que dissera, mas sim de raiva. A raiva que ainda estava guardada dentro do seu coração.
(4.084 palavras)
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Qualquer comentário é válido pessoal, seja ele bom ou não! 😉
Tchau e até o próximo capítulo! 👋🏻💕
Ass: May ✨🌸
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