28. A Festa de Halloween - Parte Final

Oi leitores! Sejam bem-vindos a mais um capítulo. Espero que gostem! 😉
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•°• Gustavo •°•

-- Porra Gabriel, com tanto tempo pra você aparecer, tinha que ser logo agora?! -- pergunto dando um soco no ombro dele.

-- Foi mal cara, eu não sabia que vocês estavam juntos. -- ele diz passando a mão onde acertei o soco.

-- Como que não sabia seu corno, se você mesmo disse que era pra mim ir até ela.

-- Ei corno não, pelo menos ainda não! -- ele afirma -- Desculpa cara, eu juro que foi sem querer.

-- Não Gabriel, não agora. -- digo ainda revoltado.

-- Mas cara, pelo menos você conseguiu entregar o presente?

-- Sim, mas antes que eu terminasse de falar algo pra ela um empata chegou, sabe? -- ele deu um sorriso sem graça e dei mais um soco em seu ombro -- Então, o que você queria? -- perguntei enquanto ele resmungava.

-- Ah, era pra te falar que eu consegui beijar a Nina.

-- Não cara, você não atrapalhou o meu momento com uma garota incrível só para me dizer que beijou a melhor amiga dela. -- passei a mão sob o rosto.

-- Pois é, né? Só que ela não sabe que eu a beijei.

-- Como assim? -- pergunto já um pouco mais calmo.

-- Bom, tava escuro e meio que ela não me viu chegar. Então, talvez ela pense que beijou qualquer outra pessoa.

-- Meu Deus Gabriel, cadê a sua sorte cara? -- pergunto franzindo o cenho

-- Acho que ficou em casa. -- ri da sua expressão de tristeza.

-- Coitadinho dele. -- debochei.

-- Isso, ri da minha cara. Depois não vêm me falar da sua paixonite pela Maya.

-- Tá bom, eu não vou mais rir. -- digo tentando me manter sério, mas ainda rindo por dentro -- Mas, era só isso?

-- Não. Era pra te avisar que o Rubén está aqui.

-- O quê?! -- pergunto incrédulo -- Mas como ele conseguiu entrar aqui?

-- Ah Gustavo, não faça uma pergunta tão besta. É uma festa a fantasia, quem iria reconhece-lo.

-- É, você têm razão.

-- Eu sempre tenho. -- ele diz se sentindo no topo do mundo.

-- Não cara, nem sempre -- faço-o cair.

Dessa vez é ele quem me dá um soco no ombro.

-- Ai seu corno!

-- Eu já disse que não sou corno, pelo menos não ainda -- avisou. Revirei os olhos.

-- Tá, mas como você soube que ele tá aqui?

-- O Lucca viu ele no bar, mesmo com a fantasia de Zorro, ele conseguiu reconhece-lo. Aí o expulsou da festa.

-- Ufa! Menos mal. -- digo sentindo um alívio.

-- Eu se fosse você não contava vitória antes da hora, você sabe como o Rubén é, provavelmente ele vai voltar. -- relembra Gabriel -- Então, é melhor você voltar pra festa e ficar de olho na sua Lady, até porque o Rubén vai persegui-la.

Gabriel estava certo. Rubén realmente estava aqui por algum motivo, se não fosse pela Flora, seria pela Maya. Senti um incômodo no coração ao pensar que ele poderia fazer algum mal para minha dama.

-- Mas cara, tem mais uma coisa.

-- O quê? -- pergunto preocupado.

-- Pensa comigo, se o Rubén tá aqui a Daphne também está.

-- Meu Deus Gabriel! É verdade, vamos cara corre, a Daphne não pode chegar perto Maya.

Nós corremos.

Minha preocupação não era só com que o Rubén poderia fazer, e sim com o que a Daphne poderia dizer se encontrasse a Maya. Aquela dissimulada sempre faz de tudo para conseguir o que quer, e no caso o que ela mais quer no momento sou eu.
A única pessoa que pode fazer com que ela não faça nenhuma merda, é a Chiara com aquele instinto psicopata. Tenho certeza que qualquer dia as duas saem no tapa e eu não vou fazer nada para impedir, até porque nessa briga a Chiara ganha.
Mas falando nela, onde aquela maluquete se meteu? Não duvido que ela esteja com aquele cara. Bom, é melhor ela está se divertindo com ele, do que dançando em cima do balcão como na última festa. Meu Deus que vergonha, sem contar que eu ainda fiquei de "babá".

Chego na pista de dança e Maya está conversando com Nina enquanto a loira está bebendo o drinque especial do Martin.

-- Vish cara, a Carolina vai ficar bêbada só com aquele copo. -- digo ao olha-las.

-- Eu acho que não, esse já é o terceiro copo que ela bebe.

Percorro o meu olhar pelo salão e graças a Deus, não tem nenhum sinal do "Pink e a Cérebro".


•°• Maya •°•


-- Carolina você só não vai ficar bêbada, pelo amor de Deus. Eu não vou ser sua babá! -- afirmei me encostando nos equipamentos e escondendo o presente que ganhei perto da mesa de som.

-- Fica tranquila, eu só vou tomar mais essa. -- ela diz com a voz já bem estranha.

-- Tá Carolina. -- sem dúvidas, ela já está bem bêbada.

-- May, já que o seu mauricinho voltou pra pista vai dançar com ele. -- ela diz apontando para Gustavo, que estava na entrada conversando com Gabriel.

-- Não Carolina, eu vou voltar a procurar o Lucca.

-- Ai vaca, depois você vai atrás do Lucca, agora aproveita a música. -- ela diz dando mais um gole na bebida, antes de mexer na playlist.

"Last Friday Night", começa a tocar e Gustavo olha para mim com um sorriso irresistível.

-- O que você tá esperando garota, que ele venha até você e te chame para dançar? -- ela pergunta encarando Gustavo -- Vai lá e arrasa vaca! -- diz, ao me empurrar para longe dela.

Começo a andar no salão enquanto as outras pessoas continuam a pular, dançar e cantar as músicas escolhidas por Nina.

Ainda olhando para Gustavo, vejo ele dar um soco no ombro de Gabriel que resmunga algo, provavelmente era dizendo "Ai!" por conta do soco.

Gustavo veio até mim.

-- E aí, vamos dançar? -- pergunto.

-- Com certeza! -- ele afirma ao me puxar para perto antes de começarmos a dançar.

-- A propósito, o que você iria me dizer antes que o Gabriel aparecesse?

-- N-Não era nada demais. -- ele gagueja ao me girar.

-- Tem certeza? -- franzi o cenho, desacreditada.

-- S-Sim. -- ele gaguejou novamente, evitando olhar para mim.

-- Ok então. -- digo ainda sem acreditar naquela resposta, tão deslavada.

Ele estava escondendo algo, e aquilo me deixava cada vez mais curiosa.

Gustavo passou a mão pela nuca e ficou pálido de repente, como se tivesse visto um fantasma.

-- Tá tudo bem mauricinho? -- pergunto preocupada.

-- Sim, eu só preciso... Desculpa my lady, daqui a pouco eu volto. -- ele responde nervoso, e corre em direção a saída do Galaxy, me deixando sozinha no salão.

•°• Gustavo •°•

Corri para fora do Galaxy, eu nunca iria querer deixar a minha dama sozinha naquele salão, mas quando vi quem eu penso que é nos encarando com aquele olhar dissimulado, me assustei.

Ela estava parada, escorada em um poste que ficava em frente ao Galaxy. Usando uma fantasia toda preta, uma capa e uma máscara da mesma cor.

-- O que você tá fazendo aqui Daphne?! -- pergunto ao me aproximar dela.

-- Gustavo, isso não é jeito de me abordar. -- ela passou a mão no meu peito e na mesma hora a tirei -- Você achou mesmo que eu não viria te ver nessa festa?

-- Daphne vai embora, você é proibida de entrar no Galaxy há anos.

-- Meu amor -- senti nojo quando ela me chamou assim -- Eu não sou proibida de entrar em lugar algum. E eu queria te dá um feliz aniversário, eu nunca esqueceria que hoje é o seu dia. -- ela tentou me tocar novamente e dessa vez eu deixei.

Aproximei o meu rosto perto do dela e sussurrei no seu ouvido:

-- Que maravilha meu amor.

Ela sorriu, entrei naquele jogo dissimulado.

-- Agora estamos indo bem. E então o que você vai querer de presente? Um beijo?

-- Não, eu quero algo bem melhor -- ela deu um sorriso malicioso.

-- Então o que é?

-- Eu quero que você vá embora e me deixe em paz Daphne! Por favor não estraga a minha noite com a sua presença.

Me afastei e ela ficou furiosa por tê-la enganado.

-- Eu vou embora, depois que você me apresentar para a sua lady. É assim que você a chama, né?

-- Nada disso, vai embora agora Daphne!

Ela ignorou o que eu dizia e eu dei-lhe as costas.

-- Como é o nome dela mesmo? Ah, espera eu lembrei. -- ela disse um pouco dissimulada -- Maya Bianchi Miller Garcia, está completando 16 anos hoje. É neta da Marianna Miller, estuda no PFT School, está cursando o 1° ano do ensino médio. -- a olhei novamente, dessa vez um pouco assustado -- Se mudou a mais ou menos 3 meses para cá, tem um irmão mais novo chamado Nick que por sinal é o melhor amigo da sua irmã. Ela é melhor amiga daquele guitarrista bonitão e daquela sem graça da Carolina e...

Movido pela raiva, eu segurei por impulso os braços dela.

-- Você fez a ficha dela, sua maluca?!

-- Calma amor, não fui eu. Esse trabalho sujo sempre fica com o Rubén. -- a soltei um pouco preocupado -- Que por sinal, está lá dentro agora e provavelmente vai conhecer melhor a sua dama.

Sem pensar duas vezes eu corri novamente para dentro do Galaxy a deixando sozinha na rua.


•°• Maya •°•


Não fiquei o esperando. Lembrei que Lucca queria falar comigo, então fui a sua procura.
Passando pelos corredores escondidos detrás do palco, vejo Flora ficando com um garoto o qual não consegui vê o rosto, mas um lenço vermelho amarrado na calça dele me chamou a atenção, dou meia volta e passo pelo escritório da Tina e lá estava ela se agarrando Martin. Que fogo esse povo têm, eu hein!

Procuro na lanchonete, no salão, nos banheiros e até volto para perto da biblioteca e nada do Lucca. Era como se esse garoto tivesse evaporado do mapa. Cheguei até mesmo a perguntar o Juan e as meninas se eles tinham o visto, mas a resposta foi a mesma que eu já esperava.

Já cansada de tanto procurá-lo, sentei-me em cima do palco, até que o vi vindo em minha direção.

-- Lucca! -- grito quando ele chega mais perto -- Finalmente eu te achei, onde estava?

-- Eu tava te procurando -- ele coçou o nariz.

-- É sério? -- pergunto desconfiada.

Ele está mentindo, mas por quê?

-- Sim, eu já tava lá perto da biblioteca te procurando -- ele coçou novamente, mentindo mais uma vez. Não tinha como ele está lá, pois eu tinha acabado de voltar. -- E você onde estava May?

Ri de nervoso, quando vi Gustavo voltando para o salão.

-- Ah, eu fui te procurar e acabei indo no banheiro feminino depois me sentei aqui. -- Gustavo nos observava.

-- Ah, então foi por isso que não te encontrava.

-- É, a propósito o que você queria?

-- Era o seu presente, eu vou nos armários pegar e já volto. -- diz Lucca se virando e imediatamente vejo que a camiseta dele estava do avesso.

Arregalei meus olhos surpresa.
Puta merda, o Lucca tava com alguém! Por isso que estava mentindo pra mim.
"O neném não é neném", penso imaginando a voz do Pica-pau naquele episódio.

-- Lucca. -- chamo-o fazendo se virar para mim novamente.

-- Oi?

-- A sua camisa tá do avesso -- avisei.

Ele ficou nervoso. Passava a mão na fantasia de segundo em segundo, como se aquilo fosse fazê-la voltar a está do lado certo.

-- A-Ah eu devo ter saido de casa assim e nem vi, valeu para me avisar.

-- Verdade -- concordei, mesmo sabendo que ele estava mentindo, pois o Lucca não estava com a camisa daquele jeito antes.

-- Vou lá, já volto.

-- Ok, vou esperar ali -- digo apontando para as meninas.

-- Ok.

Vou caminhando devagar até elas, ainda pensativa sobre o episódio que acabará de acontecer.

Sinto alguém atrás de mim.

-- Como vai gatinha? -- sussurra uma voz.

Me viro imediatamente e dou de cara com o Rubén. Como ele havia conseguido entrar?!

Mesmo com aquela fantasia Zorro, eu reconheceria o cara que dei um chute nas "peculiaridades" dele.

Um pouco de medo percorreu meu corpo, fazendo com que minhas pernas ficassem bambas de novo, porém agora não era num bom sentido.

-- O que faz aqui?! -- pergunto sendo ríspida, enquanto aquele par de olhos azuis me encaram -- Pensei que você fosse proibido de entrar no Galaxy.

Ele deu um sorriso sarcástico e pegou em sua máscara preta.

-- Saiba gatinha, que ninguém me proíbe de nada e eu também estava com saudade de você -- ele tentou acariciar o meu rosto, mas dei um tapa na sua mão.

-- Eu não gosto desse apelido e não tente me tocar senão eu grito!

-- Calma, calma gatinha. Eu só farei algo com você, se me pedir.

-- Já falei para não me chamar assim, e a única coisa que vou te pedi é que se retire dessa festa e se afaste de mim!

-- E se eu não obedecer o seu pedido?

-- Acredito que você também esteja com saudade de levar um chute em certos lugares. Agora me deixe em paz! -- dei as costas.

Ele puxou meu braço fazendo-me virar, o moreno tentou me beijar a força eu o empurrei com toda força que tinha para longe de mim.
Imediatamente Gustavo reconheceu Rubén entre as pessoas e o segurou pela gola da fantasia.

-- Acho que você tá afim de apanhar, né Rubén? -- ele perguntou afastando aquele babaca para longe de mim.

-- Eu não tenho medo de você! -- os dois se olharam com raiva e eu corri para perto das meninas.

Rubén empurrou Gustavo e tentou lhe dar um soco, mas na mesma hora o mauricinho conseguiu desviar e imobilizá-lo.

Tina e Lucca se aproximaram ao ouvirem o falatório do pessoal. Flora também se aproximou de nós um pouco nervosa e também desarrumada, talvez por ter estado com alguém há alguns minutos atrás.

-- O que esse garoto tá fazendo aqui de novo?! Eu não já te expulsei moleque! -- diz Lucca também olhando com raiva.

Rubén estava um pouco embriagado, mas também disposto a brigar com os meninos. Ele se mexia preso nos braços de Gustavo, tentando de qualquer forma ataca-lo, em uma dessas tentativas percebi um lenço vermelho amarrado em sua calça.
Meu Deus, era ele que tava com a Flora!

-- Olha Rubén, eu não tô afim de confusão na minha festa. Se você não sair agora eu vou... -- diz Tina com raiva.

-- Vai fazer o que Valentina? -- ele perguntou sendo sarcástico.

-- Eu vou ligar para o seu pai! -- Tina respondeu com autoridade.

O "garoto problema", a olhou preocupado.

-- Ou você sai por bem ou por mal. Você decide Rubén! -- diz Lucca o encarando.

-- Me solta! -- ele diz fazendo Gustavo soltá-lo -- Eu vou embora! -- saiu com raiva.

-- Então quer dizer que o "garotinho mimado" tem medo papai, bom saber. -- diz Giulia semicerrando os olhos com um sorriso de satisfação.

Flora se afastou de nós um pouco preocupada e correu em direção a saída, como se eu não fosse perceber.
Com tantos garotos legais, por que ela foi se interessar pelo babaca do Rubén?

-- Lucca, por favor fique de olho caso ele volte.

-- Está bem Tina. -- diz ele se aproximando de mim junto com Gustavo.

-- Você está bem? -- os dois perguntaram em coro.

-- Sim. Ele não me machucou.

Os dois me olharam aliviados, por incrível que pareça nem se estranharam ou se implicaram como frequentemente faziam, apenas se preocuparam comigo sem se importarem com as diferenças.

-- May, nós vamos nos apresentar daqui a pouco. Você vai cantar conosco? -- Lucca pergunta ainda me olhando com preocupação.

Gustavo se afasta de nós e vai ao encontro de Gabriel que estava no bar.

-- Sim. -- afirmei olhando para o mauricinho.

-- Ok. Eu vou ajudar com meninos a colocarem os instrumentos no palco. -- avisou. -- Quando você for embora eu te entrego o presente.

-- Beleza.

******

A festa continuava animada, mesmo depois do ocorrido com o Rubén.

Subimos no palco.
Estavamos prontos para cantar a canção, que eu escrevi e os meninos terminaram.
Lucca deu as primeiras notas em sua guitarra enquanto Juan começava tocar sua bateria, Martin pegou seu baixo e acompanhou os meninos.
Lucca cantou a primeira estrofe e eu a segunda, depois os meninos cantaram conosco o refrão. As pessoas pulavamos, dançavam e gritavam ao som da canção.
Está em cima daquele palco cantando com os meus amigos, é uma das melhores sensações que já pude sentir. Sem dúvidas, apensar de tudo que aconteceu, hoje está sendo o melhor aniversário da minha vida!

Já eram quase 03:00 hrs da manhã, comecei a sentir meu corpo pesado e estava exausta de tanto dançar. Carolina já estava mais do que bêbada, dormindo em cima de um sofá, ela mentiu para mim aquele não tinha sido o seu último copo, depois que fui dançar ela ainda bebeu mais uns três.
Toquei em seu ombro a sacudindo para que acordasse, ela apenas sussurrou algo sobre amar sua mãe e depois voltou a dormir. Como sou brasileira e não desisto nunca continuei até que ela acordasse definitivamente. Minha melhor amiga estava acabada, parecia que um caminhão tinha passado várias vezes por cima dela.

Peguei o meu presente o qual tinha escondido, e nos despedimos do pessoal. Procurei o mauricinho, mas não o vi. Quem também passou a festa inteira sumida, foi a Chiara. Onde será que aquela Barbie se meteu?

-- Maya! -- gritou Lucca enquanto saíamos do Galaxy -- Eu esqueci de te entregar -- ele me deu uma caixinha embrulhada.

-- Eu vou para ali pegar um pouco de ar e já volto. -- balbuciou Nina se afastando de nós.

-- Ok.

-- Vai May, abre -- eu o obedeci e abri.

Era um pequeno pianinho branco, com tampa de vidro e alguns detalhes prateados. Era tão lindo, tão delicado!

-- Bom, quando o vi na loja lembrei-me da época em que você tocava. Você ainda sabe, né?

-- Sim, mas confesso que estou um pouco enferrujada. -- ele ri -- É tão lindo, Lucca! Muito obrigada. -- digo sorrindo ao olhar o pianinho.

-- Que bom que gostou, mas a verdadeira surpresa está dentro.

Eu o abri e de imediato começou tocar a melodia da nossa canção. As notas musicais ecoavam alto, naquela rua que mais parecia um deserto de tão vazia.

-- Lucca é a nossa música, que fofo!

-- Aperta esse botão que está na sua direita.

Apertei e um quadradinho se levantou fazendo surgir uma foto nossa, no natal passado.

-- Ai Lucca, eu amei seu presente! Principalmente pela a nossa foto. -- digo ainda com um sorriso.

-- Eu sei, sabia que você ia amar. -- ele se gabou ao me abraçar.

-- Muito obrigada, eu amo você!

-- Eu também te amo muito!

******

Lucca nos acompanhou até a minha casa, tentamos não fazer muito barulho para não acordar ninguém.

Carolina nem sequer tirou a maquiagem, apenas jogou os seu sapatos de salto para longe e capotou na minha cama.
Tirei minha maquiagem, prendi meu cabelo em um coque e vesti meu pijama. Arrumei os presentes que ganhei na prateleira, perto do meu mural.
Me deito para dormir e uma luz ilumina o meu escuro quarto, estico a cabeça para ver onde era então percebo que aquela misteriosa luz vinha do presente que o mauricinho me deu. Dei um pulo da cama e corro para pegá-la.
A caixinha se abre sozinha, assim que a toco e pego um papelzinho no qual surgiu. Nele estava escrito a seguinte frase: "Obrigada pela flor, mauricinho medroso". Não entendi aquela frase, para mim não fazia sentido algum.

Franzi o cenho.

Será que ele colocou por engano ou é uma charada?
Me deitei novamente na cama e ainda um pouco pensativa, peguei no sono.

******

▶️ - On

Dez anos atrás...

Festas na casa da vovó sempre são as melhores, principalmente quando é o aniversário de casamento.

Afastei-me para os fundos do jardim, enquanto minha mãe se distraiu tentando colocar o Nick para dormir.

Subo no banquinho de madeira que está debaixo da bela árvore e estico meu braço tentando pegar aquela flor cor de rosa. É uma cerejeira. As famosas flores de beleza extrema e morte rápida.

Tento mais uma vez pegá-la, ficando nas pontas dos pés, mas novamente foi uma tentativa em vão.

Quero crescer logo, não aguento mais ser baixinha!
Desço do banco chateada e me assusto quando o garotinho loiro se aproxima entregando a flor que tanto desejava. A recebo e lhe dou um sorriso.

-- Pronto, agora você tem a sua flor. -- ele diz sentando-se ao meu lado.

-- Obrigada pela flor, mauricinho medroso.

Ele sorri.

-- Eu posso até ser um mauricinho, mas medroso eu não sou May.

-- Mas Guto, você tem medo do Fabinho.

-- É, mas não significa que eu seja medroso só por conta disso.

Cheiro a flor, enquanto prestava atenção no que Gustavo dizia.

-- Gustavo por que você está aí com a tampinha?! -- pergunta Fábio emburrado, enquanto vinha ao nosso encontro acompanhado de Lucca. -- Você sabe que meninas não são aceitas no nosso clubinho!

-- Não chama ela assim Fabinho! -- Lucca diz chateado.

-- Mas ela é Lucca! -- ele me encara -- A May é pequena como um ratinho e gorducha igual a um hipopótamo. -- escondo a flor atrás de mim. -- O que você está escondendo aí, gorduchinha?

-- N-Nada. E para de me chamar assim! -- gaguejo.

-- Se eu não parar você vai fazer o quê, tampinha? Vai contar pra mamãezinha?

Sinto lágrimas brotarem em meus olhos. Não gosto do Fabinho, ele sempre implica comigo por ser a única menina do grupinho. É um verdadeiro vilão!

-- Para Fabinho! -- Lucca e Gustavo gritam juntos, enquanto minhas lágrimas escorriam.

-- Eu paro se quiser! -- afirmou.

Fiquei mais assustada, então saí correndo enquanto eles ficavam discutindo entre si.
Entro dentro de casa como um furacão, mas ao começar a subir às escadas para o quarto de visitas esbarro em Alex que trazia consigo uma bandeja cheia de quitutes.

-- Ai! -- digo quando caio no chão.

-- Desculpa May, eu não te vi. -- diz meu tio, o qual só temos quatro anos de diferença, ao me ajudar a levantar. -- O que aconteceu? Por que você tá chorando?

-- O Fabinho tava implicando comigo. -- dedurei.

-- Por que será que não fico surpreso? -- Alex pergunta revirando os olhos -- Fica tranquila, ele não vai mais implicar com você May! -- ele deixa as coisas que trazia em cima da bancada da cozinha -- Onde os meninos estão?

-- Perto da Cerejeira.

-- Ok. -- ele diz indo ao encontro deles.

Alex e Lucca sempre conseguem fazer com que Fábio não implique comigo, enquanto Gustavo morre de medo do irmão.

Corro para o quarto de visitas e os observo pela janela. Percebo Gustavo ficar dividido entre o irmão e seus outros amigos.

▶️ - Off

Suando frio me levanto da cama espantada. Respirei aceleradamente, ainda assustada com esse sonho estranho. Mas não foi um simples sonho, e sim uma lembrança que estava perdida na minha memória.
Passei a mão sob meu rosto tentando entender o que acabará de acontecer.

Então quer dizer que a "caixinha da memória" funciona mesmo. Meu Deus, isso é muito surreal!

(3.807 palavras)
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Qualquer comentário é válido pessoal, seja ele bom ou não! 😉

Tchau e até o próximo capítulo! 👋🏻💕

Ass: May ✨🌸

Obs: Esse capítulo foi reescrito. 📝

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