Capítulo 24
Ian
Para seduzir uma mulher, uma boa dose de óleo perfumado é necessário para atraí-la de longe, trazendo-a para perto através das mãos invisíveis daquele aroma afrodisíaco. Para conquistá-la, é necessário utilizar apenas uma pequenina quantia dessa ferramenta, na intenção de que sinta o perfume sensual de forma mais íntima, mais próxima, absorvendo também o cheiro natural. E é isso que faço exatamente agora, colocando apenas uma gotinha atrás de cada orelha.
Sorrio olhando-me no espelho enquanto passo as mãos pelos meus cabelos molhados, tentando organizar essa bagunça que necessita urgentemente da atenção da tesoura de Nita. Estou finalmente pronto, e já são quase oito horas, então sigo para fora e aguardo no corredor que minha acompanhante apareça para nosso encontro. Mesmo cansado de um dia intenso de trabalho sinto a empolgação acelerar meu coração, pois essa é a primeira vez que faremos a refeição sozinhos. Missy sempre insiste que Agnes sente-se à mesa conosco, o que é compreensível, pois em meu período aqui percebi o quanto a amizade delas tem se fortalecido. E às vezes até Madalena participa, corando sempre que dirige o olhar para mim. Mas hoje seremos apenas ela e eu.
Não demora e ouço o suave rangir da porta do aposento dela se abrir, volto minha atenção para lá e perco o fôlego. Anos atrás em festividades anteriores, eu nunca prestei atenção em Missy pois a detestava. Quando conheci finalmente a verdadeira senhorita Kedard, foi em seu pior momento, portanto desde então nunca a vi em trajes formais. Até agora. Observei detidamente cada detalhe daquele vestido verde claro suave, desde as saias arredondadas sem serem bufantes, a cintura marcada pelo espartilho e com uma fita de veludo dourado, o decote quadrado discreto que de alguma forma destacava a beleza do que ali continha. Os cabelos selvagens estavam presos num penteado alto, e no pescoço um colar de ouro que lhe trazia um brilho quase semelhante ao que eu via agora em seus olhos, enquanto me olhava com o mesmo escrutínio.
Aproximo-me lentamente tentando prolongar o momento, pego sua mão e a levo aos lábios.
-- Está belíssima esta noite, senhorita Kedard.
-- Obrigada. Está formidável, senhor Mackenzie.
-- Fico feliz por estar de seu agrado. Agora, vamos? -- cruzo nossos braços e seguimos até a sala de jantar -- Um dia inteiro ao sol me deixa faminto.
-- Espero que sacie seu apetite, senhor. -- ela diz enquanto meche deliberadamente em seu colar, depositando o pingente de diamante entre seus seios, atraindo para lá o meu olhar.
-- Ah, Missy, meu apetite hoje está feroz. -- murmuro rouco, ainda admirando sua pele alva.
-- Certamente Madalena ficará mais que satisfeita em se esforçar para agradá-lo.
-- E se ela não conseguir?
-- Então, como boa anfitriã, tomarei para mim a árdua tarefa de satisfazê-lo, senhor Mackenzie.
Missy me olha de uma maneira tão cheia de promessas que preciso de todo meu auto controle para não mandar tudo à merda e arrastá-la de volta ao quarto. Ela está tão serena e segura de si enquanto faz esses comentários sugestivos que percebo que esse jantar será longo e deliciosamente torturante.
O barulho suave da bebida sendo despejada no copo se mistura aos meus pensamentos inquietos enquanto observo o líquido avermelhado. Houve uma mudança em Missy durante a refeição; a mulher que antes estava provocativa e sedutora, na hora da sobremesa tornou-se um tanto indiferente. À que se devia isso? Pego os copos com o licor de frutas que trouxe de casa e sirvo-lhe um, que ela prova imediatamente, saboreando.
-- Vi um piano em outra sala, a senhorita toca? -- pergunto, sentando-me numa poltrona de frente ao sofá onde ela está acomodada.
-- Não, o instrumento era de minha mãe. Não é usado há tantos anos que imagino que nem funcione mais. E o senhor toca?
-- Apenas quando quero fazer os ouvidos de alguém sangrar. -- sorrio bebendo minha dose de uma vez e, mesmo relutante percebo, ela sorri também.
-- Então não tem talentos além de ser um mulherengo? -- pergunta tentando esconder um olhar afiado atrás de seu próprio copo, que é esvaziado.
-- Não, esse é o dom ideal para esse rostinho e esse belo corpo aqui. -- aponto meu abdômen, convencido.
Ela revira os olhos e bufa soando indignada.
-- Você precisa pular desse pedestal em que se colocou. Você nem é isso tudo, Mackenzie.
Missy se levanta e segue até o aparador, onde se serve de mais uma pequena dose da bebida. Levanto-me inconformado e encaminho-me até ela.
-- O que disse?
-- Você me ouviu. -- sem desviar os olhos dos meus ela serve outra dose de licor no copo que estava agora esquecido em minha mão.
-- Se bem me lembro, você gostou desse corpo quando esteve em meus braços. -- digo em tom de desafio.
-- Por favor, não dê tanta importância assim à alguns beijos. Além do mais isso é passado. -- diz calmamente, e bebe sua dose em seguida.
-- Passado? O que quer dizer? Eu a vi hoje, observando-me pela janela!
Missy ri gostosamente, me dá um tapinha no ombro e retorna ao seu lugar no sofá. E eu… fico paralisado tentando entender o que diabos está acontecendo.
-- Ah, Ian. Você não foi o único homem que chamou atenção hoje mostrando a força masculina. -- ela dá de ombros.
Em apenas alguns passos estou à sua frente, irritado e soltando fogo pelas ventas, ao me lembrar que havia outro carregando as toras de madeira sem camisa.
-- Você estava observando Sevarin? -- digo, baixo demais, contendo a voz para não gritar.
-- Sevarin… é um belo nome, não acha? Combina com aqueles músculos caramelados. -- ela sorri, dissimulada.
-- Você está me provocando! Sua… mulher malvada! -- passo as mãos pelos cabelos, irritado, indignado e possesso de raiva.
Missy se levanta e coloca as mãos em meus braços, segurando-me.
-- Não, Ian, não estou. Peço desculpas por tê-lo perseguido esses dias. Finalmente entendi que isso entre nós não vai dar em nada, então… seremos bons amigos, apenas. De acordo?
Ela disse isso tão… séria, que fico um minuto inteiro olhando-a, com um zumbido no ouvido e coração descompassado. Missy realmente desistiu de mim? Será que exagerei em afastá-la por todo esse tempo? Quando estou quase dando-me por vencido vejo um brilho diferente naqueles olhos verdes, essa mulher infernal está adorando ver a angústia que me causou. Agarro firme sua cintura e aproximo nossos corpos.
-- Diga que é mentira. Diga. Agora. -- rosno.
-- Ian, o que está fazendo, me solte agora mesmo! -- ela insiste tentando, sem muito afinco, se soltar.
-- Não. -- dou alguns passos e a pressiono ainda mais, agora entre a parede e meu corpo -- Não vou soltá-la pois não é isso que você quer, não é? Diga-me o que quer, Missy.
Finalmente ela abandona aquela máscara de indiferença, e vejo o quão irada ela está, quase tanto quanto eu.
-- Eu quero sentir-me mulher. Quero o corpo de um homem despertando meu prazer, quero sentir o suor escorrendo em meu corpo enquanto grito de desejo e arranho suas costas. Eu quero isso com você, seu idiota, mas se não quiser encontrarei alguém interessado.
Com essas palavras percebo claramente meu erro. Missy não será conquistada com floreios e belas palavras, mas sim entre os lençóis enquanto a faço gemer o meu nome.
-- Ao inferno que encontrará.
Vejo uma expressão de vitória e desejo surgir em seu belo rosto, mas por apenas um segundo, pois logo tomo sua boca na minha, faminto por ela e, dessa vez, não irei me conter. Sem perder tempo Missy enrosca as mãos em meus cabelos, puxando-me para ainda mais perto de si, como se fosse possível virarmos um só corpo. Inicio uma trilha de beijos em seu queixo, seguindo pelo pescoço e depois até sua orelha, que mordisco delicadamente.
-- Ah, Ian… você não vai parar dessa vez, não é? -- ela sussurra, manhosa.
-- Só quando você se cansar, querida. Ou quando ficar dolorida demais. -- mordisco o local exato da junção de seu pescoço e ombros e ela arqueia as costas
-- Promessas, promessas… -- sem pudor algum, ela acaricia meu membro, já enrijecido, por sobre a calça -- Talvez seu amiguinho aqui não dê conta do trabalho, já que está há, o que, dois meses sem se exercitar?
Começo a mexer o quadril seguindo o ritmo de suas carícias enlouquecedoras.
-- Quem disse que ele não tem se divertido esses dias? -- ela para abruptamente e seguro a mão que ameaçou retirar dali, continuando o movimento -- Preciso lidar com uma monstruosa ereção matinal todos os dias, e só tenho alívio quando me toco pensando em você, sua devassa pervertida. Agora, vamos para o seu quarto pois preciso sentir o seu sabor imediatamente.
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