Sentimentos

Tento entrar em contato com o Geovani de todas as formas que consigo pensar, mas nada adianta, passo o dia inteiro enviando mensagens de desculpas e pedindo pra ele me atender, mas não dá pra falar com ele de jeito nenhum.

Na faculdade, tento falar com ele mas não vejo ele em lugar nenhum, até pergunto pra Ana, pois sei que sua irmã trabalha na secretaria.

- Eu e o Geovani brigamos, ontem a noite, o Bernardo apareceu em casa e eu fiz uma besteira... Estou tentando ligar pra ele e mandar mensagens, mas não consigo, você sabe alguma coisa dele?

- Eu sei que ele não veio hoje, trabalhar, e que também não vem amanhã, na sexta eu ainda não sei, minha irmã disse que ele estava de atestado, mas não sei direito o que aconteceu, eu ia perguntar pra você inclusive... Mas pelo visto, você também não sabe...

- Talvez ele esteja na casa dele, eu posso passar lá depois da aula pra ver como ele está, ou você podia perguntar pra Camila né. Você tá me devendo essa, já que vocês duas tentaram me enganar!

- Credo Mel, quanto rancor. Vou mandar mensagem pra ela perguntando, e quando ela te responder eu aviso.

A aula passa, e nada de notícias do Geovani, ou da Camila, cada minuto que passa eu estou mais apreenssiva. Ai meu Deus, tomara que ele esteja bem, por favor Deus, que ele esteja bem. Assim que a aula acaba, Ana vira pra mim e fala.

-Olha, tenho notícias, mas não sei se são boas...

-Ana, pelo amor de deus, desembucha logo, ele está bem? Como ele está?

- Olha, ele tá bem, tá no hospital, e recebe alta na sexta ao que tudo indica. Ele chegou em casa ontem, e não estava se sentindo muito bem, acabou indo pro hospital, parece que ele sofreu uma concussão leve, ele está bem, mas está em observação.

- Em que hospital ele está? Eu posso ir vê-lo? Eu preciso ver que ele está bem Ana, por favor.

-Então amiga, essa é a parte ruim, eu falei que você estava tentando falar com ele, e a Camila disse que ele nem quer tocar no seu nome. Ela nem quis falar o hospital em que ele está pra mim, porque não quer que eu conte pra você. Ela disse que entende que vocês precisam conversar, mas agora não é o momento.

- Não, eu só.... eu... eu só quero ver que ele está bem...

- Ele está bem tá bom, vou falar com a Cami, se ela pode pelo menos mandar uma foto dele pra você. Mas só dá um tempo pra ele, eu não sei o que aconteceu entre vocês, mas da um tempo que tudo vai se resolver.

- O Bernardo, o Bernardo aconteceu... E eu, eu sou uma estúpida, eu fodi com tudo... Eu estraguei tudo Ana, é minha culpa, se ele está com raiva, se está no hospital, é tudo minha culpa. - eu digo chorando copiosamente.

- Ei, não fica assim tá bom, todo mundo comete erros, não sei o que você fez, mas tenho certeza que não é o fim do mundo. Só, espera ele estar pronto pra falar com você. Agora não adianta chorar o leite derramado tá bom. Minha irmã está em casa hoje, então não vamos ter muita privacidade, mas se você quiser podemos ir pra lá e fazer uma noite das meninas, ou podemos ir pra sua casa também. Como você preferir, eu estou aqui com você tá bom. Não é o fim do mundo, independentemente do que acontecer, não é o fim do mundo e eu vou estar aqui com você tá bom.

Eu acabo indo pra casa da Ana, tenho certeza que a irmã dela deve ser uma pessoa incrível e quanto mais gente por perto melhor. Chegando na casa da Ana, ela vai logo fazer um brigadeiro de colher, e quando a irmã dela aparece ela logo se dispõe a ajudar.

- Tá fazendo o que Ana?

- Brigadeiro, noite das meninas hoje. - eu escuto elas falando da sala.

- A Mel tá aí? Eu finalmente vou conhecer ela?

- Sim, ela tá aqui. E ela não tá muito bem, brigou com o namorado. Então, vai com calma.

- Ok, beleza. Vou preparar uma pipoca e uma máscara hidratante caseira. Amo noite das meninas.

A noite passa, e a irmã da Ana é exatamente como eu imaginava, elas se parecem muito e tem a mesma energia positiva. Passamos a noite passando produto na cara umas das outras, comendo besteira e assistindo filme de comédia romântica. Um pouco mais tarde Ana me manda a foto do Geovani que a Camila mandou, pelo que parece ela está com ele o tempo todo no hospital. Fico feliz que ele possa contar com ela, mas devia ser eu ali com ele, devia ser eu.

Vejo a foto, ele está dormindo com a cabeça pro lado, o rosto ainda está meio inchado, mas ele parece bem. Meu coração se aperta no peito ao ver a foto dele, não sei o que estou sentindo, mS não consigo parar de olhar pra foto, pra ele dormindo, em paz. Queria tanto estar ali e poder fazer carinho na cabeça dele, e só, cuidar dele. Eu sei que preciso esperar, eu entendo ele estar magoado comigo, eu entendo até se ele nunca mais quiser falar comigo, eu entendo, e por isso meu coração dói mais ainda.

~ ♡ ~

Os dias passam, e nem sinal do Geovani. Meu coração é um peso que dói em mim, cada momento sem notícias dele, acaba comigo.

A Ana tem falado comigo sobre ele, tem me mantido informada, mas não é a mesma coisa, eu quero ver ele, tocar ele e ter certeza de que ele está bem. Mas já é sexta-feira e até agora nada, ele também não veio pra faculdade hoje, não respondeu nenhuma das minhas mensagens, nem atendeu nenhuma das ligações que eu continuei fazendo, embora com menos frequência.

Chego em casa após a faculdade, e tudo está uma zona. Não arrumo a casa desde o fatídico dia, se por falta de tempo ou força de vontade eu não sei, só sei que o máximo que eu tenho feito é a janta simples e ido direto pro quarto.

Já são quase onze da noite, terminei de jantar e já estou na cama quando batem a porta. Não estou esperando ninguém, e a única pessoa que consigo pensar que viria até aqui uma hora dessas é o Bernardo, e honestamente, eu estou com zero paciência pras gracinhas dele, então decido nem me dar ao trabalho de atender.

Alguns minutos passam e as batidas na porta continuam, estou de péssimo humor, mas se eu não for atender essa porta, é capaz do Bernardo ficar ali a noite toda. Então pego toda minha raiva acumulada e me dirijo à porta.

- Porra cara, vai se foder, você não tem coisa melhor pra...

Fico sem palavras, congelada feito uma estátua, quando eu vejo que não é o Bernardo ali, é o Geovani.

- Boa noite Mellanie, desculpa incomodar.

Eu quero correr pra ele, quero ter ele nos meus braços, beijá-lo e abraçá-lo, quero garantir que ele esteja bem, mas não faço nada disso, eu apenas estendo a mana direção do seu rosto, e ele recua pra longe de mim.

- Me desculpa Geovani, eu... Não achei que fosse você.

- Deixa pra lá Mellanie, não precisa pedir desculpas.

- Você está bem? Eu estava tão preocupada com você.

- Olha, Mellanie, eu só vim buscar meu celular tá bom. Vamos deixar o papo furado de lado, por favor.

- Seu celular? Mas ele não está aqui.

- Está sim, você chegou a procurar? Eu deixei aqui no outro dia, saí sem ele e só percebi quando estava em casa. Não quis falar pra Camila, não queria ter que explicar as coisas, não queria falar de você. Então esperei pra vir eu mesmo buscar, por mais difícil que isso seja. Você pode por favor devolver meu celular?

- Meu Deus, é por isso que você não atendeu, seu celular estava aqui o tempo todo, eu nem acredito nisso.

- Não se preocupe com isso, eu não teria atendido de qualquer forma. Agora, o celular por favor. Estou com pressa.

- Você pode entrar e pegar, eu não sei aonde está. Entra, por favor.

Geovani resiste um pouco mas acabo conseguindo convencer ele a entrar, ele também não lembra onde exatamente deixou o celular, e está no silencioso, obviamente. Então a saída mais fácil é ele entrar e procurar por ele mesmo. Pelo menos a saída mais fácil pra mim. Assim que ele entra eu entro e tranco a porta, não para forçá-lo a ficar, apenas pra ter a chance de conversar com ele e explicar o que aconteceu. Ele precisa saber minha versão dos fatos, não posso deixar que isso acabe assim.

Depois de alguns minutos ele acaba achando o celular próximo a televisão, eu noto sua cara de surpresa, provavelmente por ver a quantidade de ligações perdidas.

- Obrigado Mellanie, agora eu preciso ir embora. - fala ele e se vira em direção a porta fechada.

- Eu, queria conversar com você, só uns 5 minutinhos, por favor.

- Eu não tenho nada pra falar com você Mellanie.

- Mas eu tenho, você não precisa falar, só ouvir. Por favor, só ouve o que eu tenho pra dizer. Eu quase morri de preocupação, eu estava desesperada pra ver você. Eu só tô pedindo 5 minutos da sua atenção, só isso. - ele não responde, apenas continua olhando pra mim, com aqueles lindos olhos, que ainda me olham com mágoa, como quando o vi pela última vez. - Eu quero em primeiro lugar pedir desculpas pelo outro dia, eu não sei o que deu em mim, eu só...

- Desculpas aceitas Mellanie, posso ir agora? - Ele me corta.

- Não, eu não terminei ainda. - falo quase gritando. Eu preciso que ele me escute, por que ele não me escuta? - Olha Geovani, eu errei tá bom, eu não sei porque eu agi daquela forma, mas eu errei. Eu não quis magoar você, eu só... Eu não sabia o que fazer.

- A questão Mellanie, é que eu sei, eu sei por que você agiu daquela forma, é por que na verdade você só está comigo pra passar o tempo, como você disse aquele dia. Você de alguma forma, ainda ama aquele cara e, eu já disse antes e repito agora. Eu não quero um relacionamento assim, eu só queria que você tivesse sido honesta comigo. Mas se você tivesse sido honesta, você não ia ter conseguido me usar, como usou. Então você fez o que podia, eu entendo.

- Você está errado Geovani, eu não estava usando você, eu fui honesta com você o tempo todo, mas que droga! - eu digo chorando.

- Não, não foi. Mas não importa mais Mellanie. Não me importo mais que você não queira admitir a verdade, esse cara, esse Bernardo, você sempre vai acabar correndo pra ele. Você já tinha me dito isso, e eu quis acreditar, em você, mas eu errei, todos cometemos erros. Eu só não quero estar metido no meio disso.

- PARA, CALA A BOCA, VOCÊ NÃO SABE O QUE ESTÁ FALANDO, EU NÃO AMO O BERNARDO VOCÊ ESTÁ ERRADO. EU NEM SEI SE EU REALMENTE AMEI ELE UM DIA, OU SE EU SÓ ERA EXTREMAMENTE DEPENDENTE EMOCIONAL DELE, O QUE EU SENTI, NÃO ERA AMOR, NUNCA FOI. Por favor, só para, por favor. - eu grito chorando, eu só quero que ele pare, que ele me escute. Pelo amor de Deus Geovani me escuta, por favor.

- Não importa Mellanie, vai ser sempre assim, você sempre vai correr pra ele. É mais forte do que você.

- Por que eu tenho medo dele.

- Não, porque você tem medo do que você está sentindo, você tem medo porque você sabe que é apaixonada por ele, eu entendo que você não queria ser, e você até tentou mudar isso, mas não adiantou, adiantou?

- Você, está errado.

- Não, Mellanie, eu não tô errado. Eu tô cansado de ficar correndo atrás de você, e você só dar importância pra um babaca que não vale a porra do prato que come, eu tô cansado. Eu só quero ir pra minha casa sofrer em paz, porra. Agora, você pode só abrir a porcaria da porta e me deixar em paz.

- Não, eu não posso te deixar em paz Geovani.

- Por que, caralho? Por que você quer tanto me ver aqui, eu acabei de sair do hospital, eu não tô bem, eu tô sofrendo caramba, posso saber por que você não pode só me deixar em paz?

- POR QUE EU TE AMO GEOVANI, EU TE AMO PORRA. Eu não quero que você vá embora, porque eu amo você.

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